Pelo menos uma vez na vida com
certeza você já viu esta cena: Ao abrir um refrigerante e depositar o líquido
no copo, rapidamente sobem até a superfície aquelas bolhinhas que
costumeiramente chamamos de espuma. Algumas pessoas quando inadequadamente
despejam o líquido no copo se assustam com a quantidade de espuma imaginando
ser o tão precioso líquido quando na verdade não passa de gás carbônico
evaporando. Resultado, tudo não passou de uma falsa impressão. Desta cena tão
corriqueira podemos retirar pelo menos uma lição: “nem tudo que parece é ”.
Pensando nesta cena, recordei do tipo
de fé manifestada por alguns cristãos e que podemos fazer uma analogia com o
que o Senhor Jesus afirmou na parábola do semeador. Quando ao explicar tal tipo
de espiritualidade, Ele afirmou: “..este é aquele que ouve a palavra e logo a
recebe com alegria.Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece por
pouco tempo Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra,
logo a abandona.” (Mateus 13:20,21) Parece um paradoxo, mas a suposta fé que
transbordava em alegria se transformou em desânimo e abandono da mesma. Qual
seria o motivo disso tudo? O versículo de forma clara o expõe: “não tem raiz.”
Não precisa ser um profundo
conhecedor de teologia para entender o significado do que Jesus esta dizendo. A
ausência de raiz em uma planta é sinal de uma morte prematura, superficialidade
e ausência de profundidade. Infelizmente, assim tem sido a espiritualidade de
muitos que querem seguir a Cristo, mas não estão dispostos a enfrentar as
adversidades e dificuldades de levar a sua palavra a sério. Ou seja, é uma
espiritualidade incapaz de ultrapassar as portas de um templo religioso, pois
assim como a espuma de um refrigerante se dissolve facilmente ao primeiro
contato com o mundo fora da garrafa, assim é a fé destes em relação à vida
cristã fora dos portões de suas igrejas.
É a espiritualidade do “oba-oba”,
programações, louvorzão, congressos, acampamentos, encontros de casais ou de
jovens e tantos outros “encontros” com Cristo. Da performance, do canta, pula,
grita, gira, da espiritualidade exposta apenas na camisa de marketing daquele
evento famoso, mas que não é fruto de um coração sincero para com Deus. É a
espiritualidade da euforia provocada pela adrenalina do momento, porém desprovida
de profundidade e intimidade com o Senhor através da oração diária e da devoção
e obediência a sua Palavra. O problema dessa espiritualidade é sua fragilidade
e artificialidade, além de ser viciada em doses cada vez mais fortes da
“adrenalina gospel”. Os reflexos desse tipo de espiritualidade são perceptíveis
tanto na vida do indivíduo quanto na própria igreja, pois essa mesma euforia e
entusiasmo não são demonstrados quando o palco é desarmado, as luzes se apagam
e é chegada a hora de por em prática tudo aquilo que foi pregado. O que resta é
uma apatia em relação ao envolvimento, seriedade e comprometimento com as
verdades do evangelho de Cristo e com sua igreja.
Talvez o que mais nos atraía nos
refrigerantes seja seu sabor adocicado e a sensação de prazer causada pelo
mesmo. Todavia, com o passar dos anos, surgem às consequências para a saúde - e
caso não sejam tratadas podem levar ao óbito. Que possamos parar de nos iludir
com a espiritualidade da espuma de refrigerante, ao invés dela, nos aprofundemos
mais em nosso relacionamento com o Senhor através da oração, leitura e
obediência a sua Palavra. Só assim estaremos isentos desta triste estatística
relatada pelo Senhor Jesus de uma espiritualidade sem vida, sem profundidade,
superficial, sem raiz e morta.
O autor é seminarista do Seminário
Presbiteriano do Norte e membro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Rio Doce,
Olinda-PE.
Fonte: Electus
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