“Todo
evangélico é alienado e idiota”; “todo crente é imbecil”; “todo cristão é
ignorante” –pelo menos
é isso que muita gente pensa. Quantas frases como essas eu já
escutei durante minha vida. As pessoas dizem as coisas mais absurdas sem o
mínimo de bom senso. Será que todo evangélico é um ser que não pensa?
Logicamente que não. Nem todo religioso é ignorante por ser religioso, como também,
nem todo que se julga racional é inteligente de fato. Não podemos generalizar.
Como disse certa vez o filósofo Mário Sérgio Cortella: “Religião não é coisa de gente
tonta. Religião é coisa de gente, só que tem gente tonta em todo lugar”.
Mas, precisamos dar a mão à
palmatória. Muitos, não todos, se comportam como se fosse realmente proibido
pensar. E, nesses casos, as acusações são verdadeiras. Muitos cristãos são
zelosos em sua fé, sinceros em sua prática, mas falta-lhes o entendimento.
Muitos têm zelo sem conhecimento e outros, conhecimento sem zelo. Não é uma
escolha, uma opção de este ou aquele, é preciso ter ambos. John Stott no livro
“Crer é também pensar”, diz o seguinte: “Dou
graças a Deus pelo zelo. Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do
zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo
conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo”.
Crer
é também pensar. O cristão não precisa esconder sua razão e inteligência quando
tratar de coisas relativas à sua crença. Muitos têm a fé como algo mítico ou um
salto no escuro. Alguns comparam a história cristã com fábulas infantis. A fé
cristã não está fundamentada em mitos e histórias fantasiosas. São fatos
históricos, arqueológicos, antropológicos, geográficos e racionais.
No
outro polo estão aqueles que se deixam levar por qualquer vento de doutrina,
que não têm alicerçado sua fé na Rocha que é Cristo. O cantor João Alexandre
numa música chamada “É proibido pensar”, expressa bem esse tipo de cristão.
Para ele, são pessoas que estão sempre em busca de alguém para resolver seus
problemas e que precisam se encaixar no sistema gospel atual. Buscam sempre as
variações de um mesmo tema no afã de solucionar suas angústias existenciais.
Nessas meras repetições. Buscam extravagantes “profetas”, querem reconstruir o
que Jesus derrubou, misturando ritos judaicos com a Graça de Cristo ou nas
palavras do hino: “ressuscitando a lei, pisando na graça”. Pessoas negociando
com Deus para obtenção de bênçãos; buscando apenas o show da fé e milagres
extraordinários. Devotam culto aos pastores e apóstolos que parecem clones do
“líder-papa” imitando até mesmo o jeito de falar e suas expressões corporais.
Ou seguem a mais um líder importado que dita as regras para escravizar os
incautos.
A
boa notícia é que você não precisa ser como diz a letra da canção. Muitos
cristãos na história deram provas cabais de que a inteligência não precisa
estar divorciada da fé. Crer e pensar é definitivamente possível. Basta
olharmos grandes personagens cristãos que, como disse Agostinho de Hipona
(354-430), no sermão 43: “eu
creio para compreender e compreendo para crer melhor” (intellige
ut credas, crede ut intelligas). Homens como Jonathan Edwards
(considerado um dos maiores pensadores dos EUA); Martin Luther King Jr (o mais
jovem a conquistar um prêmio Nobel da paz); William Wilbeforce (foi membro do
parlamento Britânico e que militou por 30 anos contra o tráfico negreiro e
abolição da escravatura); Robert Boyle (considerado o fundador da química
moderna), o inglês Isaac Newton (um dos maiores gênios da História); o
apologista e filósofo contemporâneo William Lane Craig (já debateu com grandes
ateus da atualidade); isso só pra citar alguns. A lista é imensa.
Alguém
com conhecimento sem Graça vira legalista e alguém com Graça sem conhecimento
vira um fanático. Para os líderes em geral existe uma séria advertência na
Palavra de Deus: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento;
porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não
sejas sacerdote diante de mim…” Oséias 4.6.
Existem
evangélicos burros, políticos corruptos, padres pedófilos e pastores ladrões.
Mas, nem todo evangélico é burro, nem todo político é corrupto, nem todo padre
é pedófilo, nem todo pastor é ladrão, portanto, cuidado com as generalizações.
Fonte: Napec.org
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