Tenho
estado ausente das mídias sociais esses dias, não apenas por causa da correria
do dia-a-dia, mas porque estive esses dias afundando cada vez mais numa
agonizante ansiedade que me levou a passar dias num estado mental bizarro e
deprimente, sem conseguir levantar ânimo o suficiente para sequer lavar uma
louça ou brincar com meus filhos. O fato é que eu estava sufocando debaixo de
uma pilha cada vez maior de regras e leis que eu acreditava serem essenciais.
Eu já havia crescido num ambiente de
certo escrutínio (por ser filha e neta de pastor famoso) e, no meu profundo
temor a homens, sabendo que eu nunca poderia ser aquela pessoa que eu pensava
que precisava ser, eu rebelei-me secretamente durante um tempo tendo certo
prazer mórbido na ideia de que “ah, se as pessoas me vissem fazendo isso elas
se escandalizariam!”. Mas Deus, na sua infinita graça, pacientemente
resgatou-me.
No entanto, meu coração, ainda
teimosamente temente ao homem, não hesitou em voltar aos maus hábitos.
Conforme fui ganhando um pouco mais de
exposição por causa dos textos e das palestras, fui tentada e engoli novamente
a mentira de que eu precisava ser perfeita no andar e na sabedoria para que as
pessoas me levassem a sério. Comecei a inventar regras e leis na minha cabeça
para mim mesma. Eu precisava saber tudo certinho e nunca poderia errar (quem
confia numa conselheira que erra?). Sentia-me culpada quando dava besteira para
as crianças comerem ou quando passavam o dia com elas dentro de casa ao invés
de brincar no sol lá fora. Questionava constantemente por que eu estava sendo
tão egoísta por não considerar mais futuramente educação domiciliar com as
crianças. Sentia que eu estava desapontando a Deus por não acordar às 5h da
manhã para ler a Bíblia. Sentia-me culpada e envergonhada por desejar tempo
livre para trabalhar e estudar enquanto (eu acreditava) uma boa esposa deveria
estar 100% à disposição do seu marido para que ele tivesse sucesso na vida.
Culpava-me pelos pecados dos meus filhos. Chorava por não conseguir manter uma
rotina minimamente distinguível. Sentia-me horrorizada com minha falta de
vontade ou disposição de brincar com meus filhos ou de fazer rotineiras
atividades lúdicas com minha bebê. E isso acabou imobilizando-me com minhas
listas inacabáveis de afazeres.
Descontente, orgulhosa, envergonhada,
culpada e abatida… por causa de leis que eu acreditava serem necessárias para
que alguém me levasse a sério. Como se isso fosse a fonte de qualquer dom que
eu porventura tivesse.
Mas o fato sempre foi e continua sendo
que apenas uma coisa é necessária. Uma coisa. UMA. Acreditar em Cristo. Por
causa daquele momento em que ele proclamou na cruz, “Está consumado”. Acabou.
Está feito. Não há mais nada que eu precise fazer. Não há mais nada que eu
precise provar para ninguém. Nada que eu faça a mais ou a menos irá somar ao
que Cristo já fez. Por isso, eu posso descansar. De verdade.
Deus mais uma vez me socorreu e
graciosamente colocou no meu caminho dois livros escritos por mulheres falhas
como eu que mais uma vez me serviram como uma tapa na cara. Queria compartilhar
esses com vocês: “Contentamento” de Nancy Wilson e “Good News for Weary Women”
(“Boas novas para mulheres cansadas”) de Elyse Fitzpatrick. O último não está
traduzido ainda, mas creio que vale a pena arriscar o inglês para ler.
Há muitas mulheres aqui que precisam
desse encorajamento, especialmente numa época de mídias sociais onde a
comparação e a criação de regras têm aumentado cada dia mais. Recomendo sua
leitura. Estou sendo imensamente abençoada. Que sede me deu de conhecer mais
ainda meu Salvador! Que Deus nos sustente e nos dê cada dia mais dele! Como ele
é bondoso! Louvado seja.
Hendrika
Vasconcelos é casada com Rev. Ronaldo Vasconcelos e mãe de João
Gabriel, Samantha e Chloe. Ela é graduada em Ciências Biológicas pela UNISA,
cursou Cinema na Universidade Anhembi Morumbi e também é mestranda em Teologia
no Centro de Pós-Graduação do Andrew Jumper.
Fonte: cristaoreformado.com.br
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