A Congregação Cristã no Brasil (CCB) trocou seu hinário pela última vez em 2010, mudando vários hinos, e na página da Confissão de Fé da Igreja, alterou dois pontos importantes. No primeiro ponto de doutrina, onde explicava sobre a Bíblia, antes era defendido: “A Bíblia é a infalível Palavra de Deus”. Na nova Confissão de Fé ficou assim: “A Bíblia contém a Palavra de Deus”. A objeção do Conselho de Anciãos da CCB é que a Bíblia contém vários textos onde não foi Deus quem falou. Usam como exemplo a tentação de Jesus no deserto pelo diabo – segundo eles, as palavras proferidas por Satanás não são palavras de Deus. Outra objeção é de que a Bíblia tem palavras adicionadas pelos tradutores e copistas. Os Anciãos da CCB alegam que chegaram nesta posição depois de buscarem a revelação do Espírito Santo, de que o adequado é proferir que a Bíblia apenas contém a palavra de Deus e que palavra pregada pelo ministro no púlpito, através do Espírito Santo, é que se torna a Palavra de Deus revelada ao seu povo.
Antes de tudo, isso não se encaixa no que a Bíblia
diz sobre si mesma. A coleção de 66 livros, que a Igreja Cristã reconheceu como
inspirada, fala como as próprias palavras de Deus em muitos lugares:
“Assim diz o Senhor” ocorre mais de 400 vezes no
Antigo Testamento.
“Deus disse” ocorre 42 vezes no Antigo Testamento e
quatro vezes no Novo Testamento.
“Deus falou” ocorre 9 vezes no Antigo Testamento e
3 vezes no Novo Testamento.
“O Espírito do Senhor falou” através das pessoas
(II Samuel 23.2; I Reis 22.24; II Crônicas 20.14).
Certamente, os críticos (aqueles que dizem que os
documentos originais da Bíblia têm erros) rejeitarão a precisão das Escrituras,
isto é, eles negarão que a Palavra de Deus não tem erros, claudicação mesmo nos
originais.
Em II Timóteo 3.16 o apóstolo Paulo diz: “toda
Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,
para corrigir, para instruir em justiça.
Vamos considerar o que Jesus disse sobre as
Escrituras. Em João 10.35, Jesus diz que a Lei, os Profetas e os Salmos (todo o
Antigo Testamento) eram Escrituras, e que as Escrituras não podem ser
quebradas.
Jesus disse em Lucas 24.44-45: “Depois lhe
disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que
importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés,
nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem
as Escrituras”.
Observe que Jesus fala sobre o que está escrito
sobre ele no Antigo Testamento. Então Lucas escreve que Jesus abriu a mente
deles para entender as Escrituras. Quais Escrituras? A Lei (Moisés), os
Profetas e os Salmos. Essa era uma designação comum para o Antigo Testamento.
Portanto, Jesus diz que a forma escrita do Antigo Testamento é a Escritura.
Jesus continua a lidar com os líderes religiosos que violariam essas Escrituras
que ele chamou de “a palavra de Deus“.
– Mateus 15.6 “E assim por causa da vossa
tradição invalidastes a palavra de Deus”.
– Marcos 7.13 “Invalidando assim a palavra de
Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas
semelhantes fazeis”.
– João 10.35 “Se a lei chamou deuses àqueles a
quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada) “Jesus nunca disse que as Escrituras contêm a
palavra de Deus. Ele disse que elas eram a palavra de Deus. Portanto, podemos
ver que a palavra de Deus é a forma escrita das Escrituras.
A Bíblia está cheia de referências onde cita Deus.
No entanto, também possui referências de indivíduos não inspirados, como Judas,
Herodes etc. Satanás, por exemplo, mentiu ao se dirigir a Eva no Jardim do
Éden. Isso significa que a Bíblia contém um registro de uma mentira. Mas, como
esse relato de um ato do diabo pode ser incluído na Palavra de Deus e ainda a
palavra de Deus ser considerada inerrante, já que Satanás só diz mentiras?
Obviamente que quando nos referimos às Escrituras, significa que toda a
revelação foi dada por Deus, mesmo que personagens como Satanás estivessem tentando
Jesus. Deus quer nos revelar o contexto de toda a narrativa. Diante dos fatos,
não faz o menor sentido aquilo que o ministério da CCB vem defendendo, de que
algumas palavras não são de Deus – tudo registrado na Bíblia é “A Palavra de
Deus” para nós!
A Bíblia registra inerentemente mentiras,
entretanto não comete erros ao relatar eventos, proclamar a verdade e revelar a
vontade de Deus. Onde ela pode registrar as mentiras, falhas, enganos etc. de
vários indivíduos, o faz perfeitamente e sem erros. Da mesma forma, quando
registra eventos históricos, genealogias etc., o faz usando as expressões
idiomáticas e as normas culturais da época – mas sem desacertos!
O problema da subjetividade
Se a Bíblia contém a palavra de Deus, mas não é a
palavra de Deus, devemos perguntar: “Quais partes da Bíblia são a Palavra de
Deus e quais não são?”. O problema em responder a essa pergunta é que quem
procura fazê-lo inadvertidamente se coloca como juiz do que é e do que não é
inspirado e sem erro. Mas por qual padrão essa pessoa faria esse julgamento? O
Homem vai passar a ser Juiz da palavra de Deus?
Conclusão
Quando afirmações de que a Bíblia contém a palavra
de Deus, mas não é a palavra de Deus, são feitas, geralmente é porque o crítico
da inspiração quer afirmar que os documentos originais da Bíblia continham
erros. É padrão de toda seita fazer ataques às Escrituras, para justificar sua
outra fonte de autoridade e para criar suas doutrinas. No caso da CCB ficou
explícita, com esta nova Confissão de Fé, que ela rejeita a veracidade das
Escrituras, e usa como fonte de autoridade para a igreja a busca de sonhos,
visões e revelações. Um dos motivos de não terem estudo bíblico é a alegação de
que a Bíblia é letra morta, e que a letra mata o espírito! Alardeiam isso a
partir de uma interpretação equivocada de que o apóstolo Paulo teria dito que a
letra matava o espírito. Hoje, com esta nova Confissão de Fé, ficou mais que
provado o fato de que a Bíblia na CCB não tem muita relevância, mas sim as
revelações do ministério.
Fonte: CACP
Nenhum comentário:
Postar um comentário