Tenho o mesmo pensamento do
erudito Hank Hanegraaff a respeito do adventismo do sétimo dia: “o adventismo
do sétimo dia é multifacetado” (O Livro das Respostas Bíblicas, CPAD,
p.379). Não generalizo; reconheço que há adventistas ortodoxos, que
aceitam os princípios da fé cristã histórica, e liberais, que
contradizem a encarnação do Verbo, a ressurreição corpórea e a infalibilidade
das Escrituras.
Mas o pior segmento do adventismo
é o sabadólatra, que, além de se especializar em doutrinas
extravagantes, como o sono da alma, confere status de profetisa
a Ellen G. White (1827-1915) e propaga as suas teses sabadolátricas, inclusive
em programas de televisão.
Nas obras da eminente adventista
mencionada há muitas invencionices acerca da guarda do sábado. Ela chega a
considerar a observância do sábado necessária para confirmar a salvação dos que
creem em Jesus Cristo! A sabadolatria, sem dúvida, é a maior heresia do
adventismo do sétimo dia, a qual vem sendo muito propagada mediante certo
programa de televisão.
Ellen G. White afirmou, em sua
obra mais famosa, que a desobediência ao quarto mandamento do Decálogo é a
causa de existirem tantos pecadores no mundo: “Tivesse sido o sábado
universalmente guardado, os pensamentos e afeições dos homens teriam sido
dirigidos ao Criador como objeto de reverência e culto, jamais tendo havido
idólatra, ateu, ou incrédulo” (O Grande Conflito, Casa Publicadora
Brasileira, p.436). Então, por que a Bíblia não diz, em 2 Coríntios 5.17: “Quem
guarda o sábado nova criatura é”? O que liberta o ser humano do poder do pecado
e lhe outorga uma nova vida é o estar em Cristo (2 Co 5.17), e não a guarda do
sábado.
Em outra obra, Patriarcas
e Profetas, a senhora White asseverou: “o sábado é um sinal do poder
de Cristo para nos fazer santos. E é dado a todos quantos Cristo santifica.
Como sinal de Seu poder santificador, o sábado é dado a todos quantos, por meio
de Cristo, se tornam parte do Israel de Deus” (citado no Tratado
de Teologia Adventista do Sétimo Dia, Casa Publicadora Brasileira, p.591).
Nesse caso, os cristãos que não guardam o sábado não podem ser verdadeiramente
santos? Não são mais o sangue de Jesus, a Palavra de Deus e o Espírito Santo
que nos santificam?
Outra invencionice sabadolátrica
da senhora White diz respeito ao ministério terreno do Senhor Jesus: “Cristo,
durante Seu ministério terrestre, deu ênfase aos imperiosos reclamos do sábado;
em todo o Seu ensino Ele mostrou reverência pela instituição que Ele mesmo
dera” (idem, p.590). A bem da verdade, o Senhor Jesus nunca ensinou
a guarda do sábado! No Sermão da Montanha (Mt 5-7) nada foi dito a respeito da
guarda do sábado. E olha que o Senhor aludiu ao Decálogo várias vezes! Ele só
falou do sábado quando foi confrontado pelos fariseus (Mt 12.1-14).
Jesus disse que os verdadeiros
adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23,24). Mas a senhora
White acrescentou: “os adoradores de Deus se distinguirão especialmente
pelo respeito ao quarto mandamento — dado o fato de ser este o sinal de Seu
poder criador, e testemunha de Seu direito à reverência e homenagem do homem” (O
Grande Conflito, p.445).
Aliás, Ellen G. White, em sua
tentativa de sacralizar ou endeusar o sábado, acrescentou várias palavras à
revelação divina contida em Gênesis: “O sábado foi confiado a Adão, pai e
representante de toda a família humana. [...] A instituição do sábado, que se
originou no Éden, é tão antiga como o próprio mundo. Foi observado por todos os
patriarcas, desde a criação”(Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia,
p.589). Ela também disse:“o sábado foi guardado por Adão em sua inocência no
santo Éden; por Adão, depois de caído mas arrependido, quando expulso de sua
feliz morada. Foi guardado por todos os patriarcas, desde Abel até o justo Noé,
até Abraão, Jacó” (O Grande Conflito, p.453).
Onde está escrito, em Gênesis, que
Adão, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó guardaram o sábado? Quando Deus
ordenou que Adão e seus descendentes deveriam guardar o sábado? Em Gênesis
2.1-3 está escrito que o Senhor, após ter concluído a obra da Criação, abençoou
e santificou o sétimo dia. Mas isso não significa que Ele instituiu, ali, um
mandamento eterno para toda a humanidade. Isso é uma grande invencionice da
“profetisa” Ellen G. White, dos pregadores e telepregadores da sabadolatria.
A senhora White afirmou que, ao
ser proclamada a lei, no Sinai, “as primeiras palavras do quarto
mandamento foram: ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar’ (Êx 20:8),
mostrando que o sábado não foi instituído ali; aponta-se-nos a sua origem na
criação” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.589).
Ora, a instituição da guarda do sábado para os israelitas ocorreu após a saída
do Egito — e, por isso, é mencionada em Êxodo 16 —, antes, portanto, do Sinai.
Daí o Senhor ter dito: “Lembra-te”. Mais uma vez a senhora White, valendo-se da
eisegese, falsifica a Palavra de Deus (cf. 2 Co 2.17).
Segundo a Bíblia, a instituição da
guarda do sábado ocorreu após a saída do povo de Israel do Egito: “E ele
[Moisés] disse-lhes [aos israelitas]: Isto é o que o SENHOR tem dito: Amanhã é
repouso, o santo sábado do SENHOR” (Êx 16.23). Aqui, vemos a primeira menção,
no Pentateuco, à guarda do sábado. O mandamento da guarda do sábado está,
claramente, ligado à libertação do Egito (Dt 5.15).
Segue-se que a guarda do sábado
foi dada exclusivamente a Israel e os estrangeiros que habitassem em sua terra
(Êx 20.1,2,8; 31.13; Is 56). O fato de o Criador ter santificado e abençoado o
sábado após a Criação não denota que Ele tenha ordenado que o sétimo dia, a
partir daquele momento, deveria ser guardado por Adão e sua descendência. A
única ordenança de Deus para o homem, em Gênesis 2, foi esta: “De toda a árvore
do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela
não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”
(vv.16,17).
Finalmente, a “profetisa” Ellen G.
White disse, com base em Apocalipse 11.19, que os dez mandamentos estão
guardados dentro da arca, no Céu, e que a guarda do sábado jamais foi abolida.
E acrescenta: “Não puderam achar nas Escrituras prova alguma de que o
quarto mandamento tivesse sido abolido, ou de que o sábado fora mudado” (O
Grande Conflito, p.433). Ora, o Decálogo faz parte da lei mosaica. E esta
foi, sim, abolida, após a manifestação em carne do Senhor Jesus e sua obra
expiatória (Jo 1.14-17; Lc 16.16; Rm 10.4; Cl 2.14-16).
Que Deus nos guarde da
sabadolatria e de todas as formas de idolatria (Gl 5.20; 1 Co 5.11; 10.7,14; 1
Jo 5.21). E que observemos o primeiro e grande mandamento apresentado pelo
Senhor Jesus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37).
Por Ciro Sanches Zibordi.
Imagem: Google
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