A
nota tônica da seita é seu messianismo. Julga-se predestinada, detentora dos
oráculos divinos. Seus membros, imbuídos desse espírito carismático,
candidamente se julgam "enviados divinos" com a missão de restaurar o
nome de Deus, que, segundo entendem, sofreu uma espoliação nominal praticada
pelos "religionistas", por inspiração do diabo.
O
nome intocável "Jeová" foi criminosamente substituído – proclamam –
pelo de "Senhor", e isto é a maior ignomínia da História. E para indicar
esse agravo, surgiram profeticamente as "testemunhas de Jeová" que se
empenham nessa tarefa reabilitadora, redentora!
Como
se disse, têm edição própria das Escrituras. Em 1963, surgiu a edição
brasileira do NT. "Tradução" feita sob medida, alambicada, feita com
vistas a pontos-de-vista preestabelecidos, especialmente ao sabor da doutrina
ariana. Fazem questão de grafar "Jeová", a exemplo da Versão
Brasileira. Espírito e Espírito Santo grafados com inicial minúscula. No NT
especialmente (a que chamam de "Escrituras Gregas Cristãs"), os
textos trinitários e os divinitórios de Jesus sofreram deformações, algumas bem
grosseiras. Os principais deles serão analisados nos capítulos que se seguem.
Antes
de terem tradução própria, utilizavam-se de um sistema eclético, citando de
inúmeras versões, os textos cuja redação melhor calhava com sua dogmática
desconchavada. Ora citavam a Versão Brasileira, ora a Almeida; num ponto, a
Trinitariana, e predominantemente o texto de "The Emphatic Diaglott"; quando convinha,
citavam Matos Soares; e muitas outras versões estrangeiras como King James, Leeser, a "Emphasized" de
Rotherham, etc.
Muitas
delas de autoridade discutível. Uma verdadeira colcha de retalhos.
Pois
bem, agora têm a versão própria que reúne exatamente esses
"retalhos". É a "Novo Mundo" (sempre que lhes favorecem,
contudo, outras versões, delas se servem sem fastio o que é de fácil
verificação na contracapa das revistas que editam). E a edição brasileira, errônea e tendenciosa em inúmeros textos, está
sendo empunhada euforicamente pelas "testemunhas" como arma,
principalmente para "provarem" a falsidade do texto das demais
versões bíblicas existentes. Assumem ares doutorais, inflam a peito, e afirmam
que essa "tradução" segue exatamente o original. Consideremos
rapidamente o NT (Escrituras Gregas
Cristãs).
Diga-se
de passagem, que a "tradução" é de penalizar, tal a sua pobreza
franciscana! Não vem direta; declara-se ser uma retradução da versão inglesa,
portanto, uma obra de segunda mão. Não traz os célebres "Apêndices",
margens e rodapés da versão inglesa. Nem mesmo é obra da Comissão de Tradução
da Bíblia, segundo se declara no prefácio. É o que é: uma traduçãozinha
destituída de valor, vazada num português chocho, canhestro, duro e inatural.
Há expressões deste tipo: "Parai de julgar", "parai de armazenar
tesouros", "pulai de alegria", ou então essa de S. Mar. 2:21:
"Ninguém costura um remendo de pano não pré-encolhido numa velha roupa
exterior", e centenas de outras que não são bem da índole dá língua. Entre
colchetes há palavras com que pretendem suprir a deficiência do original em
relação ao português, mas não raro descambam para a interpretação, o mais das
vezes tendenciosa. Pretendendo tornar o texto "atualizado", consignam
em Apoc. 22:15: "Lá fora estão os cães e os que praticam o espiritismo
..." Isto não é traduzir, é interpretar. O Espírito Santo é grafado sempre
com iniciais minúsculas.
Vamos,
porém, analisar coisa mais maciça. À
página 5, no Prefácio, há este trecho:
"Jeová,
o nome exclusivo de Deus, aparece 237 vezes no texto da Tradução da Novo Mundo
das Escrituras Gregas Cristãs. A razão disso é explicada no Prefácio da
tradução inglesa, sob o cabeçalho 'O Nome Divino'; e nas páginas 10 a 27, junto
com fotografias; e nas páginas 30 a 33 fornece-se uma lista de dezenove
traduções, feitas do grego original para o hebraico, as quais contêm o nome
divino conforme representado pelo tetragrama hebraico (IEVE)".
Antes
de tecermos considerações sobre a fragilidade deste argumento, convém lembrar
que no prefácio da versão inglesa, afirmam que as traduções existentes da
Bíblia têm o vício das tradições religiosas que falseiam o pensamento dos
escritores sagradas. E concluem, no prefácio da versão inglesa: "O esforço
da Comissão de Tradução do Novo Mundo tem sido evitar este embuste do
tradicionalismo religioso".
Desta
forma, procuram os jeovistas incutir na mente dos desavisados a ideia de que a
eles, exclusivamente a eles se reservou, como únicas, verdadeiras e intocáveis
testemunhas de Deus, a supergloriosa tarefa de restaurarem o divino nome
"Jeová" ao texto do Novo Testamento, fraudulentamente omitido pelos
"religionistas". Pois à página 18 da versão inglesa, afirmam com
fumos de erudição:
"A
evidência é, portanto, de que o texto original das Escrituras Gregas Cristãs
foi falsificado, da mesma forma como o foi o texto da Versão dos LXX. E, pelo
menos a partir do terceiro século A.D. o nome divino em tetragrama tem sido
eliminado do texto pelos copistas... Em lugar dele, puseram em substituição as
Palavras KYRIOS (geralmente
traduzida por "O Senhor") e THEOS,
significando "Deus".
Aqui
está outro tópico que só pode impressionar os que não conhecem os fatos. Aqui
está uma informação destituída de fundamento. Que "evidência" de
falsidade é esta? Sem dúvida os tradutores jeovistas referem-se a um rolo de
papiro da Versão dos Setenta, recentemente descoberto, que contém a segunda
metade do livro de Deuteronômio (entre os chamados "rolos do Mar
Morto"), a qual registra o tetragrama (nome "Jeová"). Além disso,
citam em abono de sua tese Áquila (128 A. D.) e a Orígenes, mencionando que
ambos empregaram o tetragrama, aquele na sua Versão e este na Hexapla. E
finalmente dizem que Jerônimo, no quarto século, mencionou, que o nome
"Jeová" era visto em certos escritos gregos, mesmo no seu tempo. E
baseando-se nesta pequena coleção de "evidências" fragmentárias, as
chamadas "testemunhas de Jeová" assim concluem:
"Isto
prova que o original da versão dos LXX continha a nome divino sempre que ele
acorria no original hebraico. Considerando ser um sacrilégio usar algum
substituto como kyrios ou theos, os escribas inseriram o tetragrama em seu
devido lugar na texto da versão grega". Pág. 12 da prefácio da versão
inglesa.
Ora,
quem conheça ainda que elementarmente a história dos manuscritos sagrados,
percebe logo a calvície dessas afirmações. Para arrasar isto tudo que
reproduzimos de seus livros, basta o seguinte:
1.
Muito facilmente se pode demonstrar que milhares – vejam bem os leitores que
não é força de expressão; são literalmente milhares
mesmo – de manuscritos e fragmentos do Novo Testamento grega em que NENHUMA VEZ
aparece o tetragrama, nem mesmo no Evangelho de S. Mateus que, ao que se crê,
fora originalmente escrito em hebraico ou aramaico e, por conseguinte, mais do
que os outros, propenso a conservar os vestígios do nome divino. No entanto,
tal não se dá. Os famosos códices unciais e os milhares de cursivos não o
consignam.
2. O
citado rolo de papiro que contém a última metade do livro de Deuteronômio,
versão dos LXX, contendo o nome divino só prova que um exemplar continha o nome divino "Jeová" enquanto que –
e isso é de suma importância – OUTROS EXEMPLARES EXISTENTES da mesma versão
empregam kyrios e theos, que os russelitas clamam serem
termos "substitutos".
3. Os
testemunhos de Áquila, Orígenes e Jerônimo, por sua vez, apenas demonstram que ALGUMAS
VEZES se empregava o divino nome, mas a verdade geral, sustentada pelos
eruditos, é que a Septuaginta (ou versão dos Setenta) com raras exceções, SEMPRE
EMPREGA kyrios e theos em lugar do tetragrama, e
o Novo Testamento jamais o emprega. Isto faz ruir a cidadela jeovista!
4. Quanto
às dezenove fontes referidas no prefácio, e citadas na versão inglesa do NT
jeovista, basta notar que todas são
apenas traduções do grego QUE EMPREGAM OS NOMES "KYRIOS" E
"THEOS" E NÃO O TETRAGRAMA, para o hebraico. E a mais antiga destas
versões, isto é, das 19 citadas data de
1385 e, portanto, de valor nulo como prova.
Os
jeovistas são superficiais e dogmáticos, e seus trabalhos indignos de
confiança. Não é verdade que os manuscritos antigos contivessem obrigatoriamente o tetragrama IEVE, e
muito menos que os russelitas foram comissionados por Deus para restabelecer o
nome divino, dolosamente eliminado pelos "religionistas". As
"provas" que citam são insubsistentes.
É de
penalizar que tenham uma religião de
nomenclatura, só preocupada com nomes. Não deveria existir
"Deus", "Senhor", mas unicamente Jeová. Não deve existir
"cruz", mas "estaca de tortura". Não deve existir
"Mestre", mas unicamente "Instrutor" ou "Líder".
Nada de "Bíblia" mas somente "Escrituras Hebraicas e Gregas
Cristãs".
Isto
em nada altera a veracidade dos fatos.
Extraído
do Livro Radiografia do Jeovismo. Uma avaliação do Sistema Denominado
“Testemunhas de Jeová”, autor: Arnaldo B Christianini, paginas 24 a 28.
Imagem: Google
Um comentário:
Prezado senhor, posso lhe chamar de Senhor? Como sabes, no hebraico existem palavras específicas para a tradução do nome Deus, Criador e até literariamente, para Senhor. Mas tem o tetragrama para o nome Divino. Como um honesto tradutor deveria traduzir? (Exemplos modernos) se encontrasse דאוס - Deus; ou a סניור - Senhor; ou a קריאדור - Criador. E ao encontrar o tetragrama יהוה? (Não faça nada! Esqueça! Ignore?!) Seria honesto ou confiável, se arbitrariamente escolhesse como tradução uma expressão que se aplica á outra palavra? (Traduzir יהוה como se fosse סניור – Senhor? A cristandade desconsidera o sentimento do Autor da Bíblia e INESPLICAVELMENTE FICAM DESCONFORTAVEL COM O USO RESPEITOSO DO NOME JEOVÁ. POR QUE? Se ouve alguma erudição neste artigo acima citado, deves saber que o nome Jeová (JEHOVAH Etc. similares) já estava sendo usado (por inúmeras traduções) muito antes de Deus escolher as suas atuais Testemunhas para divulga-lo - Atos 15:14; Êxodo 9:16. ELAS não SE ENVERGONHAM DO PAI e amam seu santo Nome - Mateus 6: 9.
https://traducaodonovomundodefendida.wordpress.com/2017/07/12/o-nome-divino-no-novo-testamento-empregado-em-diversas-traducoes-da-biblia-sagrada/
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