Respondendo às objeções ao amor e perdão em casos difíceis como este
Uma esposa jovem escreve para nós. Ela diz:
“Pastor John Piper, nos últimos dois anos tenho procurado entender na Bíblia como reagir ao que meu marido fez comigo e nossas filhas. Ele me abandonou com três crianças, me trocando por outra mulher.
Ele pediu divorcio logo depois. Ainda não sei a forma correta de agir diante deste abandono. Eu e minhas três filhas sofremos muito com tudo isso. Busco enfrentar essa situação de uma forma que honre a Deus, mesmo diante da lembrança do comportamento pecaminoso e da dor diante do que aconteceu.
Minha mente se divide entre, uma raiva santa e fúria justa como acredito que Jesus tenha exibido quando virou as mesas no templo. Por outro lado gostaria de expressar graça incondicional e ser capaz de oferecer a outra face ou ter um comportamento exemplar como Pedro menciona se referindo a Jesus “Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” (1 Pedro 2.23). O que a Bíblia me ensina sobre como superar o sofrimento, gerado pelo pecado do meu ex-marido?”
Vamos começar com algumas coisas que Jesus falou sobre perdão e amar os inimigos.
Perdão completo e inimigo do amor
O perdão completo envolve duas partes, uma que pecou, e está arrependida e pede perdão. E a outra, que foi vítima do pecado e graciosamente concede o perdão a quem se arrependeu. Lemos isso em Lucas 17.3-4 “Tenham cuidado! Se o seu irmão pecar, repreenda-o; se ele se arrepender, perdoe. Se pecar contra você sete vezes num dia e cada vez vier e disser: “Me arrependo”, então perdoe.” (Lucas 17.3-4) Aí está claro quem são as duas partes envolvidas: Erro, pedido de perdão e perdão. E o perdão completo só é possível quando existe arrependimento.
Então perguntamos “O que devemos fazer se a pessoa que nos ofendeu não se arrepende?” e a resposta é, somos chamados a amar nossos inimigos. Alguns podem chamar isso de um tipo de perdão, porque na essência estamos liberando a pessoa.
Não usamos a situação para causar mal ou ferir quem nos feriu.
Mas essa misericórdia que oferecemos mesmo quando a pessoa que nos ofendeu não mostra arrependimento, não é perdão completo, genuíno, verdadeiro de acordo com a palavra de Deus. O Novo Testamento tem outras formas de tratar pessoas que nos ofendem e que não se importam em se arrepender, ou não acham que pecaram contra nós. O Novo Testamento nos convida a tratar isso de outra forma, e atribuir esse posicionamento nosso e a opção de não retribuir o mal como paciência, perseverança, constância e amar os inimigos.
Quando Jesus fala amar os nossos inimigos” Ele não se refere a admiração ou aprovação, Ele dá três explicações: Em Lucas 6.27-28 ele diz que: “Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: amem os seus inimigos e façam o bem para os que odeiam vocês. Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e orem em favor daqueles que maltratam vocês.” (Lucas 6.27-28) Três coisas: faça o bem, abençoe, e ore por ele.
Somos chamados para desejar o bem para aqueles que nos fazem mal. E isso pode nos fazer mal e gerar dor. não devemos pensar que os pecados vão ficar sem consequência. Talvez ocorra disciplina na igreja, ou alguma justiça vinda da sociedade em que vivemos. O que Jesus está dizendo é “deseje o bem a eles.” Isso quer dizer abençoar, é assim que devemos orar. E então partirmos para a ação fazendo o bem. Tratando eles muito melhor do que merecem.
Quatro objeções para superar
Posso pensar em muitas objeções a oferecer perdão e amor para pessoas que pecaram contra mim. Pense nesse caso da traição de um marido e toda a dor que ele causou. Pode ser que não pareça certo tratar o marido traidor tão bem como Jesus orienta.
Então vamos falar de quatro objeções que podem passar pelo coração de uma esposa traída, e que podem se aplicar a muitas outras situações.
Nenhuma injustiça na eternidade
A primeira é que parece injusto que a pessoa que pecou contra mim saia impune sem sofrer nenhum dano ou pague pelo que fez. Agora a resposta Bíblica para esta objeção é que Deus no seu universo nunca vai permitir que alguém que pecou escape sem castigo. Nunca. Paulo diz isso em Romanos 12.19 “Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me vingarei, eu acertarei contas com eles, diz o Senhor.” (Romanos 12.19)
A promessa é: Eu vou retribuir. Isso quer dizer que Deus vai acertar todas as contas com absoluta justiça, e ninguém vai escapar de nada que fez quando entrarmos na eternidade. Precisamos entender que quando não nos vingamos de quem pecou contra nós, Deus olha para essa situação e age, fazendo tudo para que seja feita justiça. Ele tira dos nossos ombros esse peso. E a justiça é feita, ou no inferno, ou pela morte de Jesus Cristo na cruz. Ninguém vai escapar de nada e essa primeira objeção cai diante dessa promessa de justiça.
Perdão e Confiança
A segunda objeção para esse tipo de perdão e amor ao inimigo, é que simplesmente não podemos confiar na pessoa que pecou contra nós. A resposta a essa objeção é que perdão, e confiança, são coisas diferentes. Então você pode perdoar, mas não confiar na pessoa perdoada.
“A resposta a essa objeção é que perdão, e confiança, são coisas diferentes. Então você pode perdoar, mas não confiar na pessoa perdoada.”
Eu não digo que isso será fácil. Uma pessoa pode dizer: “Você realmente não me perdoou porque não confia mais em mim”. Mas a nossa resposta deve ser: “Eu te perdoei, mas não esqueci. Eu perdoo você pelo que você fez, e oro para que Deus te abençoe, e quero seu bem. Mas você precisa entender que eu não estou levando isso em consideração o passado, mas estou preocupado com o futuro. Estou preocupado que o seu caráter hoje, ainda não me inspira confiança. Pode ser que no futuro isso mude, mas ainda não aconteceu.
Esta é minha única resposta para a objeção de “é difícil confiar”. Estou falando que perdão e confiança não são a mesma coisa.
Amor e aversão
A terceira objeção ao perdão e ao amor é muito difícil de colocar em ação, porque o pecado contra nós fez tão mal ao nosso coração que lá no fundo ainda sentimos nojo e ódio dele. Agora a resposta a esta objeção é que amor genuíno e aversão ao mal não são mutuamente excludentes, elas podem existir no mesmo coração na mesma hora. Sempre fico maravilhado quando leio Romanos 12.9, escute o que Paulo coloca lado a lado: “Que o amor de vocês não seja fingido. Odeiem o mal e sigam o que é bom.” É maravilhoso como ele coloca amor e aversão ao pecado, ou ódio ao pecado como lemos em algumas versões da Bíblia, como ele coloca os dois lado a lado. “Que o amor seja genuíno. Odeie o mal” Odiar é uma palavra forte. Não é apenas odiar como conhecemos, é ter nojo, é ter aversão ao mal.
“É possível amar, abençoar, odiar e ter aversão ao mal ao mesmo tempo.”
É possível amar, abençoar, odiar e ter aversão ao mal ao mesmo tempo. Essa é a minha resposta à terceira objeção.
Maldade profunda, perdão glorioso
A quarta objeção poderia ser exemplificada com essa frase “Pastor John, minhas crianças foram abandonadas e traídas pelo seu pai, elas precisam saber o quanto seu pai foi maligno naquilo que fez e essa ação maligna do pai deles não foi uma expressão de amor de seu pai por eles mas também não vai ser uma expressão de amor minha quando eu contar o que o pai fez para nós.” Acho que uma das coisas mais difíceis em um divorcio; e tentar manter um bom relacionamento entre os filhos e os pais separados, principalmente quando um deles, teve atitudes malignas, odiosas, e pecaminosas. Tudo vai depender de como os filhos são. Do quanto eles são capazes de entender. E da maturidade espiritual de cada um.
Mas eu diria que é essencial que a malignidade da traição não deve ser minimizada para facilitar o perdão. Por mais que perdoar seja algo glorioso. O mal deve ser tratado com toda severidade que merece. Assim, quando tratarmos com os filhos, e de acordo com a capacidade de cada um, devemos deixar claro a perversidade do pecado e a beleza de oferecer perdão. Por causa do perdão que recebemos do Senhor.
Ao olharmos para todos esses pontos, podemos concluir que: em meio às dores ou a parte mais dolorosa dos nossos problemas, a palavra de Deus irá brilhar forte e iluminar a vida e os caminhos dos nossos filhos.
Por: John Piper
Fonte: https://voltemosaoevangelho.com
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