Predita a restauração do Evangelho? Uma resposta para Legrand Richards
Por: Emerson de Oliveira
Esta é uma refutação minha ao texto "Predita a restauração do Evangelho", do livro "Uma Obra Maravilhosa e um Assombro", de Legrand Richards, um autor mórmon. O texto do livro está em preto e minhas respostas em azul.
João não somente viu que o poder de Satanás seria universal por certo período, mas viu também a devolução do evangelho eterno à Terra, o qual deveria ser pregado a todo o povo:
E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo. Dizendo com grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. (Apocalipse 14:6-7)
Assim Legrand Richards inicia sua tese da restauração do Evangelho (uma das maiores doutrinas mórmons). Vejam que ele cita Ap.14.6-7 como sua defesa (um trecho muito usado pelos mórmons neste sentido). Mas afinal, exegeticamente, do quê fala o trecho? Para começar, Legrand usa a KJV, que traduz errado o verso (a ARA, BJ, TEB traduzem correto). A palavra "Evangelho" aqui (ou boas-novas), não tem artigo no grego. Portanto, a melhor tradução seria "um evangelho eterno".
Ap. 14:6-7 diz que o evangelho do anjo voador era "para toda a nação, e tribo, e língua, e povo". Legrand afirma que este texto é uma profecia do anjo Morôni, quando ele deu para Joseph Smith as placas de ouro. Mas este texto não exclui ninguém, nem mesmo os negros, de quem o sacerdócio SUD foi retido até 1978. O evangelho na mão do anjo neste texto era "o Evangelho eterno", não um que estava perdido e então foi restaurado. Se o Evangelho é verdadeiramente "eterno", não precisaria de ser restaurado! O anjo também declarou no versículo 7 que a "hora do juízo é vinda". Isso não aconteceu segundo a afirmação SUD quando o anjo Morôni visitou Joseph Smith nem aconteceu ainda! Em Ap. 14 mais cinco anjos seguiram o primeiro com mais mensagens de juízo, mas isso não aconteceu na História do anjo Morôni. Legrand ignora o contexto, o que resulta em uma interpretação distorcida. Veja o que diz o Robertson's NT Word Pictures (Quadros Verbais do Novo Testamento), do erudito de grego A.T.Robertson:
Ap. 14:6-7 diz que o evangelho do anjo voador era "para toda a nação, e tribo, e língua, e povo". Legrand afirma que este texto é uma profecia do anjo Morôni, quando ele deu para Joseph Smith as placas de ouro. Mas este texto não exclui ninguém, nem mesmo os negros, de quem o sacerdócio SUD foi retido até 1978. O evangelho na mão do anjo neste texto era "o Evangelho eterno", não um que estava perdido e então foi restaurado. Se o Evangelho é verdadeiramente "eterno", não precisaria de ser restaurado! O anjo também declarou no versículo 7 que a "hora do juízo é vinda". Isso não aconteceu segundo a afirmação SUD quando o anjo Morôni visitou Joseph Smith nem aconteceu ainda! Em Ap. 14 mais cinco anjos seguiram o primeiro com mais mensagens de juízo, mas isso não aconteceu na História do anjo Morôni. Legrand ignora o contexto, o que resulta em uma interpretação distorcida. Veja o que diz o Robertson's NT Word Pictures (Quadros Verbais do Novo Testamento), do erudito de grego A.T.Robertson:
{um evangelho eterno} (euaggelion aionion). O único uso de euaggelion nos escritos de João, ainda que o verbo euaggelisai (primeiro aoristo epexegético do infinitivo ativo com econta como Jo. 16:12) ocorre aqui e em Ap.10.7. Aqui não está to euaggelion (o Evangelho), mas só uma proclamação do propósito eterno de Deus (é a única vez que aparece aionios aqui no Apocalipse, ainda que foi comum no Quarto Evangelho e em I João). Orígenes igualmente tomou este "evangelho eterno" como outro livro a ser escrito! Note o uso duplo de epi (com o acusativo depois de euaggelisai e o genitivo con ghv)".
Que incrível declaração! Robertson nota que o versículo não fala DO EVANGELHO (com as doutrinas cristãs) mas só uma proclamação. E também que Orígenes o tomou por outro livro a ser escrito (como os mórmons fazem com o Livro de Mórmon?). Parafraseando um ditado corrido: "isto põe um prego no caixão do assunto de precisar de outro livro".
Se existisse uma nação, tribo, língua ou povo na Terra que ainda tivesse o evangelho eterno, não teria sido necessário que um anjo o trouxesse de volta à Terra.
Como o erudito A.T.Roberton apontou no grego aí em cima, não se trata DO EVANGELHO, mas de uma proclamação.
Esse anjo também deveria chamar os habitantes da Terra para adorarem novamente o Deus que "fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas". Já mencionamos que o evangelho deveria ser tirado da Terra, e agora testemunhamos que foi restaurado à Terra por um anjo por meio do Profeta Joseph Smith, e vindo de Deus nos céus.
Por "este anjo", Legrand se refere a Morôni. É preciso analisar o verso DENTRO DE SEU CONTEXTO, e tem algo a ver com a queda de Babilônia (a Roma pagã) e o anticristo, senão cai-se no mesmo erro dos adventistas, que alegaram que o Papa é o anticristo pela suposta inscrição em sua coroa. Aqui, o anjo pede para que os verdadeiros adoradores adorem a Deus e não ao anticristo. Parece um cenário diferente do retalho mórmon. Wesley diz aqui apropriadamente: "Tinha o evangelho eterno - Não o evangelho, corretamente assim chamado; mas um evangelho, ou boa nova, que teria uma grande influência em todas as épocas. Pregar a toda nação, e tribo, e língua, e as povos - Para os judeus e gentios, até mesmo até onde a autoridade da besta tinha se estendido."
Na visão de João, "a colheita da terra" é realizada em conjunto com mensagens vigorosas proclamadas por anjos. Um dos anjos declara uma mensagem de "boas novas eternas". Outro anuncia a queda de "Babilônia, a Grande". E um terceiro alerta contra a adoração da "fera", o sistema de coisas político de Satanás. (Ap. 14:6-10). Portanto, DENTRO do contexto, este trecho não fala nada de um evangelho precisando ser restaurado ou de que a Igreja entrou INTEIRA numa apostasia. Os mórmons usam este trecho ISOLADO (o que não é correto) para provar suas idéias.
O profeta Malaquias também viu esse dia prometido de restauração por intermédio de mensageiros enviados de Deus, descrevendo-o nas seguintes palavras:
Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. (Malaquias 3: I )
Agora Legrand faz um malabarismo com interpretações. Parece que ele quer dizer que o "mensageiro" aí seria... Joseph Smith! Mas deixemos a explicação para o próprio Jesus Cristo dar:
"Este (João Batista) é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti." (Mt 11:10).
Eis aí Jesus dizendo que Malaquias se referia a João Batista. A que interpretação prefere escolher: a de Legrand Richards, ou a de Jesus?
O exame desse versículo e daqueles que o seguem, leva à conclusão de que essa promessa se referia a segunda vinda de Jesus Cristo e não à primeira, visto que Ele deveria vir repentinamente ao Seu templo, o que não fez na primeira vinda.
Não fez? O "de repente virá ao seu templo" aqui se refere à Nova Dispensação do santuário de Deus: a primeira no jardim do Éden, depois no Tabernáculo e depois do Templo, seria a Igreja (1 Cor 3:16-17; Ef. 2:21; 1 Pd. 2:5).
Portanto, vemos por esta refutação, que Legrand não pode usar estes versos isolados como prova de que o Evangelho foi tirado da Terra e restaurado depois. Somente por uma versão que traduz errado o verso, tomando fora do contexto e tirando o sentido é que se chega a conclusão que ele quer.
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