Os
libertinos existem há muito tempo dentro da Igreja Cristã. Não vamos
confundi-los com aqueles que procuram a liberdade da escravidão do
pecado, da carne, do mundo e da lei, que é a liberdade cristã
propriamente dita, encontrada em Cristo. Nesse sentido, todo crente
verdadeiro é livre, ao mesmo tempo em que é escravo de Deus e servo dos
seus semelhantes. Paulo fala disso em Romanos 6.
Nós os encontramos em todos os períodos da Igreja. Quem não lembra de Balaão, o falso profeta que ensinou os filhos de Israel a se prostituir com as cananitas e a praticar a religião delas, como se fosse algo aceitável a Deus? (Num 31.16).
Encontramos os libertinos infiltrados nas comunidades cristãs primitivas, ensinando que a graça de Deus permitia ao cristão a participação nos sacrifícios pagãos oferecidos nos templos. Paulo encontrou um grupo de libertinos em Corinto, que achava que tudo era lícito ao crente, inclusive participar dos festivais pagãos oferecidos nos templos dos idólatras (1Cor 8—10). O livro de Apocalipse menciona os nicolaítas e os seguidores de Jezabel, grupos libertinos que ensinavam os cristãos a participar das “profundezas de Satanás” (Ap 2.24). Menciona também a “doutrina de Balaão”, que parece ter sido uma designação relativamente comum no séc. I para os libertinos (cf. Ap 2.14). Judas escreveu sua carta para denunciar e enfrentar “certos indivíduos que se introduziram com dissimulação… homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 4).
Na época da Reforma, Calvino referiu-se em uma de suas cartas ao partidos dos libertinos na igreja de Genebra, que usava a “comunhão dos santos” para troca de esposas (mencionado no livro de Piper, Alegria Soberana).
Os libertinos modernos não são diferentes e mantém basicamente as mesmas características dos libertinos denunciados no Novo Testamento, particularmente na carta de Judas, a saber:
1.
Os libertinos estão introduzidos nas igrejas e comunidades cristãs,
mesmo não sendo verdadeiros crentes em Cristo Jesus, dissimulando suas
crenças e práticas até se sentirem seguros para manifestar abertamente o
que são. Eles estão presentes nos cultos e festividades como “rochas
submersas” (Jd 12), que representam um perigo para a navegação.
2.
São pessoas ímpias – isto é, sem piedade pessoal, sem temor a Deus e
sem verdadeiro relacionamento com o Senhor Jesus Cristo – que se
apresentam travestidas de cristãos, usando a linguagem cristã e
engajadas em práticas cristãs. São arrogantes e aduladores dos outros
por interesses (Jd 16). São “sensuais” e “promovem divisões” no corpo de
Cristo com suas ideias heréticas (Jd 19).
3.
A doutrina libertina é que a graça de Cristo faz com que tudo seja
lícito ao cristão, inclusive a prática da imoralidade – que naturalmente
não é chamada por esse nome, mas por eufemismos e outros nomes, como
sexo livre, amor, etc. Essa doutrina transforma essa graça em
libertinagem – é daí que vem o nome “libertinos”.
4.
Em última análise, a doutrina dos libertinos nega a Jesus Cristo, que
sofreu na cruz para livrar seu povo não somente da culpa do pecado, mas
do poder do pecado em suas vidas, conduzindo-os à santidade e pureza. Os
libertinos vivem sem nenhum recato (Jd 12).
5.
A fonte de autoridade para essa doutrina não é a Escritura, que em todo
lugar condena a imoralidade, a concupiscência, a prostituição e o
adultério, mas suas experiências pessoais. Judas chama os libertinos de
“sonhadores alucinados que contaminam a carne” (Jd 8). O
“cristianismo” dos libertinos não é oriundo da revelação de Deus nas
Escrituras, mas é fruto da sua mente carnal, “instinto natural, como
brutos sem razão” (Jd 10).
Libertinos costumam construir uma imagem de Jesus como uma pessoa inclusivista, que amou a todos sem distinção, jamais condenou ninguém nem se pronunciou contra o pecado de ninguém. Todavia, o Jesus libertino é diferente do Jesus da Bíblia, que o Cristianismo histórico vem anunciando faz dois mil anos.
Se Jesus foi o que os libertinos dizem, ele foi um fracasso, pois seus discípulos mais chegados se tornaram o oposto do que ele queria: Pedro passou a ensinar que a vida nas paixões carnais era pecaminosa (1Pedro 1:13-19), João passou a dizer que a paixão pelas coisas do mundo e da carne não procedem de Deus (1João 2.15-17), Tiago condenou o mundanismo (Tiago 4), o autor de Hebreus disse que temos que lutar até o sangue contra o pecado que nos rodeia (Hebreus 12.1-4) e Paulo declarou que os sodomitas e efeminados não entrarão no Reino de Deus (1Coríntios 6:9-11). Eles certamente não aprenderam essas coisas com o Jesus libertino.
Os libertinos convenientemente calam-se sobre determinadas passagens nos Evangelhos onde Jesus, ao receber prostitutas, cobradores de impostos e pecadores em geral, os ensinava a segui-lo, não cometendo mais pecados, tomando a sua cruz, negando a si próprios e se tornando sal e luz desse mundo em trevas. Nenhuma prostituta, imoral, ladrão, que conheceu Jesus e se tornou seu discípulo continuou na sua vida imoral. Zaqueu, Mateus e Madalena que o digam.
Fonte: cristaoreformado.com.br


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