– Por Gary Fisher
O dia do juízo abalará muitas pessoas
religiosas. A maioria das pessoas supõe que zelo e fervor nas atividades da
igreja garantem sua aceitação por Deus. Ouçam as surpreendentes palavras de
Jesus: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos
céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus
7:21-23). Em outra ocasião Jesus observou: “Então, direis: comíamos
e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas. Mas ele vos dirá: Não
sei donde vós sois; apartai-vos de mim todos os que praticais
iniquidades” (Lucas 13:26-27). Poderiam as pessoas ativas, religiosas
e empenhadas serem realmente perdidas no último dia? Jesus diz que sim, e ele é
quem irá julgar.
Amós profetizou durante uma era de paz
e prosperidade em Israel. O povo se sentia seguro (Amós 6:1), mantinha uma vida
espiritualmente ativa e oferecia sacrifícios constantemente. Mesmo assim, Amós
repreendia o povo contundentemente, e predizia uma rápida destruição tanto do
povo como dos seus lugares de adoração (Amós 7:7-9; 8:1-3). Cerca de quarenta
anos depois de Amós ter falado, a nação de Israel foi derrotada e exilada,
justamente como ele havia previsto. Precisamos analisar os fatores que levaram
à rejeição da adoração do povo na época de Amós.
Interesseira
Hoje em dia, muitos buscam adorar o
Senhor do modo que lhes convenha. Eles até admitem que procuram uma igreja onde
possam sentir-se confortáveis, uma na qual sintam que se ajustam perfeitamente.
Eles buscam formas de adoração que pareçam estimulantes e que lhes deem
satisfação. As igrejas se acomodam buscando satisfazer os desejos dos
adoradores. Mas onde está o Senhor em tudo isto? Por definição, a meta da
adoração é agradá-lo. Faz pouca diferença quão satisfeitos possamos estar.
Amós enfrentou o mesmo problema: “Vinde
a Betel e transgredi, a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e, cada manhã,
trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos dízimos; e
oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai ofertas
voluntárias, e publicai-as, porque disto gostais, ó filhos de Israel, disse o
Senhor Deus” (Amós 4:4-5). Betel e Gilgal eram os dois mais
sagrados locais de adoração. Eles estavam oferecendo mais adoração do que o
Senhor exigia. Em vez de sacrificar uma vez por ano, eles sacrificavam todas as
manhãs. Em vez de trazer o dízimo de três em três anos, eles o traziam de três
em três dias. Não obstante, Deus rejeitava a adoração deles dizendo que quando
vinham a esses lugares, eles multiplicavam as transgressões. Por quê? O
problema deles é que estavam fazendo o que queriam fazer. A adoração, e não o
Senhor, se tornara o objeto da veneração deles. Sua adoração nada tinha a ver
com Deus, seus desejos, sua vontade ou seu serviço. Eles estavam fazendo o
que lhes agradava. Uma vez que os adoradores comiam uma porção da oferta
de agradecimento e da oferenda voluntária, eles apreciavam ir ao templo e
partilhar do que não passava de um piquenique familiar. Mas tinham esquecido o
objeto de sua adoração: o Senhor.
Não é errado gostar de adorar o Senhor.
Mas é errado quando nossos gostos na adoração têm precedência sobre a vontade
do Senhor ou quando o foco da adoração está em nós mesmos. É errado quando
“adoramos” com música de que gostamos em vez de cantar louvor a Deus como ele
instruiu. É errado quando os sermões tratam dos nossos gostos em vez de
refletirem a pura mensagem do evangelho de Cristo. É errado quando nossa
adoração apresenta numerosas atividades que praticamos sem a autorização do
Senhor simplesmente porque agradam a nós ou aos nossos vizinhos. Dê mais uma
olhada na adoração na congregação à qual você pertence. A adoração agrada
primeiramente a nós ou honra ao Senhor?
Não autorizada
Quando o reino de Israel se dividiu em
1 Reis 12, Jeroboão inventou sua própria religião. Ele estabeleceu novos
centros de adoração em Dã e Betel, em lugar de Jerusalém. Ele estabeleceu novos
objetos de adoração, bezerros de ouro, em vez do Deus vivo que era um objeto de
adoração invisível. Ele concebeu sua própria festa no décimo quinto dia do
oitavo mês, parodiando a verdadeira festa dos tabernáculos que Deus tinha
ordenado para o sétimo mês. E ele consagrou os seus próprios sacerdotes,
ignorando o desejo de Deus de que os sacerdotes fossem da tribo de Levi.
Jeroboão era uma pessoa altamente religiosa, mas sua religião foi baseada em
suas próprias ideias e não se apoiou na vontade revelada do Senhor.
Nos dias de Amós, o povo ainda estava
seguindo a adoração de Jeroboão em Betel: “Pois assim diz o Senhor à
casa de Israel, “Buscai-me e vivei. Porém não busqueis a Betel nem venhais a
Gilgal, nem passeis a Berseba, porque Gilgal, certamente, será levada cativa, e
Betel será desfeita em nada. Buscai ao Senhor e vivei, para que não irrompa na
casa de José como um fogo que a consuma, e não haja em Betel quem o
apague” (Amós 5:4-6). Para muitos dos ouvintes de Amós esta
mensagem deve ter sido desconcertante. Ele estava dizendo-lhes que buscassem a
Deus, mas proibindo-os de ir aos próprios santuários onde eles acreditavam que
o Senhor poderia ser encontrado. Depois de gerações de adoradores betelitas, o
povo tinha ficado acostumado a suas formas tradicionais e nunca tinham pensado
na possibilidade de que o Senhor pudesse estar desagradado com elas. Mas Deus
disse que ele rejeitava sua adoração não autorizada.
Hoje em dia muitas pessoas adoram o
Senhor de modos que ele nunca autorizou. Elas aceitam as mudanças que
penetraram através dos séculos, sem voltar à revelação original para encontrar
o que agrada a ele. Hoje em dia as pessoas precisam ser exortadas a buscar o
Senhor, porém não indo aos lugares de costume para fazer isso. Não se
perturbariam as pessoas se hoje o Senhor voltasse e lhes dissesse que o
buscassem, mas que não fossem a esta igreja ou a esta denominação para fazer
isso? Contudo, muitas igrejas modernas praticam dúzias, talvez centenas, de
coisas para as quais nenhuma permissão foi dada nas Escrituras. Veja você mesmo
na Bíblia. Onde você encontra autorização para batizar recém-nascidos, ou para
alguém ser aspergido? Onde você encontra aprovação para solteiros ou jovens
servirem como pastores? Onde, no novo testamento você encontra permissão para
igrejas usarem água benta, música instrumental ou exigir dízimos? Onde Deus
indica que ele quer igrejas que têm cultos devotados a prosperidade, família ou
libertação de demônios? Deus rejeita adoração não autorizada.
Contudo, o povo não quis ouvir as
repreensões dos profetas. Israel queria continuar adorando a Deus da maneira
que escolheu. Disse aos profetas que não profetizassem: “Mas vós aos
nazireus destes a beber vinho e aos profetas ordenastes, dizendo: Não
profetizeis” (Amós 2:12).
Amazias, sacerdote de Betel, ordenou a
Amós que saísse e não falasse contra Betel: “Então, Amazias disse a
Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali
profetiza; mas em Betel, daqui por diante, já não profetizarás, porque é o
santuário do rei e o templo do reino” (Amós 7:12-13). As pessoas
hoje em dia, especialmente os chefes religiosos, não querem ouvir críticas a
suas práticas de adoração estabelecidas. Ouviríamos a Amós, ou teríamos
continuado adorando em Betel mesmo sem aprovação de Deus?
Exterior
O povo na época de Amós apenas
executava alguns rituais de adoração, porém não mudava suas vidas: “Aborreço,
desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum
prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não
me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais
cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as
melodias das tuas liras. Antes corra o juízo como as águas; e a justiça, como o
ribeiro perene” (Amós 5:21-24). Aqui Amós considerou cada um dos
elementos essenciais da adoração israelita: festivais, sacrifícios e louvor.
Deus rejeitou todos eles e indicou seu desprazer referindo-se aos festivais,
assembleias e oferendas deles.
Por que Deus rejeitou sua adoração?
Porque suas vidas eram corruptas. Deus queria um compromisso sem esmorecimento
com a justiça e a retidão. O terreno de Israel era cheio de “vádis”, as
correntes intermitentes. Deus não queria “vádis” ou justiça intermitente, mas
um firme e contínuo transbordamento de obediência na vida. Quando eles adoravam
no sábado mas tratavam mal os outros durante a semana (veja 2:6-8; 8:4-6), Deus
rejeitava até a adoração que eles ofereciam no sábado. Para o Senhor, a
fidelidade era uma exigência diária. Um homem não pode cometer adultério de vez
em quando e declarar que o resto do tempo é fiel a sua esposa. Assim também um
homem não pode ser infiel ao Senhor de vez em quando e adorá-lo no fim de
semana como se nunca pecasse.
Jamais imaginemos que o Senhor aceitará
automaticamente nossa adoração, não importa como ela seja oferecida. Adoração
interesseira, não autorizada ou meramente exterior ele rejeitará.
Fonte: cristaoreformado.com.br
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