Mais e mais comentaristas dizem que já passamos do
ponto crítico em relação ao casamento homossexual nos Estados Unidos. Quase que
diariamente um político ou uma celebridade encara um microfone e declaram seu
apoio à causa. Parece que o paradigma mudou, que os valores estão invertidos.
Se o casamento homossexual é politicamente uma realidade indiscutível, eu não sei. O que me preocupa, atualmente, é a tentação entre os cristãos de seguirem a corrente. A premissa é de que a nação não compartilha mais de nossa mesma moralidade e nós não podemos impor nossa visão aos outros ou ultrapassar a linha que divide Estado e Igreja. Além do mais, nós não queremos que nenhuma política impertinente entre no nosso caminho de pregar o evangelho, certo? Então nós também devemos simplesmente engolir essa realidade. E dessa maneira, o pensamento continua.
O quanto os verdadeiros cristãos devem ativamente combater a ideia do casamento homossexual é uma questão de sabedoria. Mas com certeza nós não devemos apoiar isso, e eu adoraria convencê-lo, é uma questão de princípios bíblicos. Votar a favor disso, legislar em favor disso, governar em favor disso, dizer aos seus amigos que você acha isso aceitável – tudo isso é pecado. Apoiá-lo pública ou privadamente é “dar sua aprovação àqueles que praticam” as coisas que Deus prometeu julgar – exatamente aquilo que nos é dito para não fazer em Romanos 1.32.
Além disso, o casamento homossexual estabelece uma definição de humanidade que é menos humana e uma definição de amor que é menor que amor. E não é a liberdade da religião o que os defensores do casamento homossexual querem, eles desejam a repressão de uma religião em favor da outra.
Cristãos, de forma alguma, devem seguir a corrente. Eles precisam amar aqueles que defendem o casamento homossexual mais do que amam a si mesmos precisamente recusando-se a endossar essa prática.
Eu estou dizendo isso para o bem de vocês que são crentes, que afirmam a autoridade das Escrituras, que acreditam que a prática homossexual é errada e que acreditam no julgamento final. Não pretendo aqui convencer ninguém que não compartilhe dessas convicções.
Meu objetivo nisso tudo é encorajar a igreja a ser igreja. Para que serve o sal se não tiver sabor? Ou para que serve a candeia se estiver escondida debaixo de uma vasilha? Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.
Entendimento mais profundo de humanidade
Acredito que Voddie Baucham está extremamente correto ao dizer que “homossexual não é o novo negro”, e que não devemos formalmente equiparar orientação sexual com etnia ou sexo como componente essencial da identidade pessoal. É surpreendente para mim que batalhas legais recentes simplesmente presumem isso sem antes analisar de forma clara.
Há diversas premissas por trás da ideia de que uma pessoa com atrações homossexuais pode dizer “Eu sou homossexual” da mesma forma que alguém pode dizer “Eu sou homem” ou “Eu sou negro”. Primeiro, assume-se que desejos homossexuais estão enraizados na biologia e, portanto, é parte natural do indivíduo. Segundo, assume-se que nossos desejos naturais são basicamente bons, até o ponto em que não machucam os outros. Terceiro, assume-se que saciar esse desejo bom e natural é parte de ser um ser humano completo.
Toda essa discussão sobre “igualdade” depende dessas premissas básicas acerca do que significa ser um humano.
Casamento, então, torna-se um importante prêmio a ser conquistado pelas pessoas com atrações homossexuais porque, sendo uma das mais antigas e mais humanas instituições, casar-se publicamente legitima esses desejos profundos. Todo mundo que participa de um casamento – desde o pai que caminha com a noiva pelo centro do salão, os amigos presentes, o pastor liderando a cerimônia, o estado que certifica a união – participa em uma afirmação positiva e formal da união do casal. É difícil pensar numa maneira melhor de afirmar o desejo homossexual como bom e parte integrante de ser um humano completo do que o poder da celebração de uma cerimônia de casamento.
Não se engane: a questão fundamental em jogo no debate sobre o casamento homossexual não são os direitos de visitação, direitos de adoção, direitos de herança ou toda discussão sobre “união estável” ou “união civil”. Todas essas são questões derivadas. A questão é fundamentalmente sobre serem publicamente e completamente reconhecidos como humanos.
Cristãos com uma mentalidade bíblica, claro, não tem problema em reconhecer pessoas com atrações homossexuais como completamente humanos. Há membros na minha igreja que experimentam atrações homossexuais. Nós adoramos com eles, nós passamos férias com eles, nós os amamos. Todavia, o que o cristianismo não faz é ratificar que satisfazer todos os desejos naturais é o que torna um ser humano completo.
O cristianismo, na verdade, oferece um conceito mais maduro e profundo de humanidade, mais maduro e profundo que a própria pessoa envolvida em um estilo de vida homossexual tem dela mesma.
É mais maduro porque o cristianismo começa com a franca afirmação de que seres humanos pós-queda são completamente corruptos, em todas as áreas da vida. Uma criança afirma que todos os seus desejos são legítimos. Adultos, espero, se conhecem melhor. E um entendimento maduro da natureza caída reconhece que nossa queda afeta completamente tudo, de nossa biologia e fisiologia até nossas ambições e desejos. Atração homossexual é apenas mais uma manifestação dessa realidade. Por isso que Cristo nos ordena a ir e morrer, e porque nós devemos nascer de novo. Devemos ser novas criaturas, um processo que começa na conversão e se completa com a volta de Cristo.
Além do mais, o fato de Jesus ser o Senhor significa que sua autoridade sobre nossas vidas é completa, em todas as facetas de nossa existência. Não temos o direito de estar perante ele e insistir em nossos conceitos de masculinidade, feminilidade, amor, casamento e sexualidade. Ele que define os conceitos, até mesmo quando esses vão contra nossos desejos ou ideias mais profundos de si mesmo.
Enraizado na biologia ou não, existe uma diferença significativa entre gênero, etnia e “orientação”. Orientação consiste primariamente de – é vivida através de – desejo. E o fato de que isso envolve desejo significa que é um objeto de avaliação moral de uma forma que “ser homem” ou “ser asiático” não são.
Aqui está o que frequentemente é esquecido: nem o fato do desejo, nem a possibilidade de base biológica, conferem legitimidade moral. Não confunda “é” com “deve”. Entendemos isso bem quando tratamos, por exemplo, de comportamentos associados a vícios em substâncias ou uma desordem bipolar. O componente biológico dessas doenças certamente clama por compaixão e paciência, mas não torna os comportamentos praticados moralmente legítimos. Assumir que eles são moralmente legítimos significa tratar seres humanos como se eles fossem animais. Ninguém condena moralmente um leopardo por ele agir instintivamente. No entanto, nossos padrões morais para os seres humanos não deveriam envolver algo além do que concordar com a bioquímica do desejo? Somos mais que animais. Somos alma e corpo. Somos criados à imagem de Deus. Legitimar o desejo homossexual simplesmente porque é natural ou biológico, ironicamente, é tratar a pessoa como menos que humana.
Tudo isso para dizer que: o Cristianismo não apenas oferece um conceito mais maduro de humanidade, como também oferece um conceito mais profundo. Ele diz que somos mais do que um composto de nossos desejos, entre os quais alguns são frutos da queda, outros não.
Notavelmente, Jesus diz que nossa humanidade é mais profunda do que sexo e casamento, e certamente mais profunda do que as versões caídas dos mesmos. Ele diz que, na ressurreição, não haverá casamento ou ser dar em casamento. Casamento e sexo, ao que parece, são sombras bidimensionais que apontam para realidades tridimensionais que estão por vir. A humanidade e identidade de alguém não dependem finalmente, de forma alguma, da sombra do casamento. Ousaremos negar a humanidade total de Cristo porque ele não se casou ou teve descendentes? De fato, a humanidade desse segundo Adão não foi plenamente demonstrada pela geração de uma nova humanidade?
Há algo desumano sobre a versão do ser humano oferecida pelo pensamento homossexual. É desumano avaliar moralmente pessoas como se fossem animais, como se seus instintos as definissem.
E há algo de desumano na versão do casamento dada pelo pensamento homossexual. É desumano chamar aquilo que é bom de mau, ou desejos errados de corretos. É desumano equiparar a pessoa com a versão caída dessa pessoa, como se Deus tivesse nos criado para sermos essas versões caídas de nós mesmos. Porém, é exatamente isso que o casamento homossexual nos chama a fazer. Ele nos chama a publicamente afirmar que o mal é bem – a institucionalizar o errado como correto.
O Cristianismo diz que nós não somos integralmente definidos por etnia, sexo, casamento, ou até mesmo por desejos pecaminosos. Somos imagem e embaixadores de Deus, chamados para mostrar ao cosmos como a trina justiça de Deus, Sua santidade e Seu amor são. A mensagem cristã a uma pessoa que tem um estilo de vida homossexual é que cremos que ela é mais humana do que ela mesma acredita.
Amor mais profundo
O Cristianismo também oferece um conceito mais maduro e profundo de amor. O amor não é fundamentalmente uma narrativa de expressão e realização pessoal. Não é sobre achar alguém que “me completa”, no qual eu suponho que o “eu sou” é um axioma, e que alguém autenticamente “me” ama somente se esse alguém me respeitar exatamente como eu sou, como se o “eu” fosse de alguma forma sagrado.
O amor cristão não é tão ingênuo. É muito mais maduro (veja 1Coríntios 13.11). Ele reconhece como as pessoas são após a queda, quebradas pelo pecado, e as ama em sua própria fragilidade. Ele é oferecido contrariamente ao que as pessoas merecem. Nós alimentamos, vestimos e somos amigos delas, até mesmo quando nos atacam. Porém o amor cristão, com maturidade, convida essas pessoas à santidade. Através da oração e da disciplina, o amor cristão chama pessoas à mudança – ao arrependimento. Esse amor reconhece que os amados por ele terão verdadeira alegria apenas quando, cada vez mais, eles se moldarem conforme a imagem de Deus, pois Deus é amor. É por isso que Jesus nos diz que, se nós o amamos, vamos obedecer aos seus mandamentos, como ele ama o Pai e, assim, obedece a Seus mandamentos.
O amor cristão também é mais profundo que o conceito de amor na nossa cultura. Ele sabe que o amor verdadeiro foi demonstrado perfeitamente quando Jesus deu sua vida pela igreja para fazê-la santa, um ato que Paulo faz analogia com o amor de marido e esposa e o chamado do marido de conduzir sua esposa com a Palavra (Rm 5.8; Ef 5.22-32). A figura central do verdadeiro amor na Bíblia é perdida no casamento homossexual, assim como é perdida também quando um marido trai sua esposa.
A posição progressista pode chamar a visão ortodoxa cristã acerca do casamento gay de intolerante. Porém cristãos devem reconhecer que a posição progressista é oposta ao amor e é desumana. E assim nós devemos ama-los mais verdadeiramente do que eles amam a si próprios.
Esfera Pública e a Religião Idólatra
O que então devemos dizer sobre a esfera pública? O nosso entendimento sobre a separação entre Estado e Igreja e liberdade religiosa não deveria evitar que “impuséssemos” nossas ideias sobre os outros? Porque a igreja sendo igreja afetaria nossa postura na esfera pública entre os incrédulos?
O que as pessoas parecem perder é a distinção entre as leis que criminalizam uma atividade e as leis que incentivam ou promovem uma atividade. As leis que cercam o casamento pertencem a última categoria. O governo se envolve nessa área do casamento – para irritação dos liberais – porque pensa ter algum interesse em proteger e promover o casamento. Ele vê que o casamento contribui para a ordem, paz, e o bem da sociedade em geral. E por isso, oferece incentivos financeiros para o casamento, como incentivos fiscais ou direitos de herança.
Em outras palavras, institucionalizar o casamento gay não torna o governo meramente neutro em relação à iniquidade; significa que o governo está promovendo e protegendo a iniquidade. A decisão de 2003 da Suprema Corte Americana de derrubar as leis que criminalizavam o comportamento homossexual, pelo contrário, não precisa ser interpretada como uma promoção ou proteção desse comportamento. A ironia da posição progressista sobre o casamento do mesmo sexo é que ela se baseia na linguagem da neutralidade política, quando na verdade é exatamente o oposto. É uma afirmação positiva de um rótulo de moralidade e de todo um arcabouço de pressupostos teológicos por trás dessa moralidade.
Colocando em termos bíblicos, institucionalizar o casamento gay não é nada mais nada menos que “consentir com aqueles que praticam” as coisas que a Palavra de Deus condena (Rm 1.32). E, Paulo afirma, por trás dessa afirmação moral está a “troca [religiosa] da glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (Rm 1.23). Estabelecer o casamento homossexual é, em outras palavras, um clamoroso e total ato religioso, pelo fato de ser idólatra.
Para o cristão, portanto, o argumento é muito simples: Deus julgará toda a injustiça e idolatria. Logo, os cristãos não devem privada ou publicamente endossar, incentivar ou promover a injustiça e a idolatria, que o casamento homossexual pratica. Deus julgará tal idolatria, mesmo entre aqueles que não acreditam Nele.
Deus julgará as nações
Deixe-me explicar melhor. Velho e Novo Testamentos prometem que Deus julgará as nações e seus governos por terem abandonado o Seu padrão de justiça e retidão. Os presidentes e parlamentos, eleitores e juízes de todo o mundo são integralmente responsáveis perante Ele. Não há nenhuma área da vida fora da avaliação divina.
Por isso, Deus julgou os contemporâneos de Noé, Sodoma e Gomorra, Faraó do Egito, Senaqueribe na Assíria, Nabucodonosor na Babilônia, e a lista continua. Você pode ler sobre os julgamentos de Deus contra as nações em passagens como Isaías 13-19 ou Jeremias 46-52.
Consequentemente, não é surpreendente que o Salmo 96 e muitas outras passagens deixam clara a natureza transnacional de Deus: “Dizei entre as nações: O Senhor reina! (…) Ele julgará os povos com retidão.” (Sl 96.10; veja também Sl 2 e Jer 10.6-10).
O mesmo princípio se aplica no tempo do Novo Testamento? SIM! Os governantes do mundo tem sua autoridade derivada de Deus e serão julgados por Deus pelo modo como usam tal autoridade: César não menos que Nabucodonosor, presidentes não menos que o Faraó:
Se o casamento homossexual é politicamente uma realidade indiscutível, eu não sei. O que me preocupa, atualmente, é a tentação entre os cristãos de seguirem a corrente. A premissa é de que a nação não compartilha mais de nossa mesma moralidade e nós não podemos impor nossa visão aos outros ou ultrapassar a linha que divide Estado e Igreja. Além do mais, nós não queremos que nenhuma política impertinente entre no nosso caminho de pregar o evangelho, certo? Então nós também devemos simplesmente engolir essa realidade. E dessa maneira, o pensamento continua.
O quanto os verdadeiros cristãos devem ativamente combater a ideia do casamento homossexual é uma questão de sabedoria. Mas com certeza nós não devemos apoiar isso, e eu adoraria convencê-lo, é uma questão de princípios bíblicos. Votar a favor disso, legislar em favor disso, governar em favor disso, dizer aos seus amigos que você acha isso aceitável – tudo isso é pecado. Apoiá-lo pública ou privadamente é “dar sua aprovação àqueles que praticam” as coisas que Deus prometeu julgar – exatamente aquilo que nos é dito para não fazer em Romanos 1.32.
Além disso, o casamento homossexual estabelece uma definição de humanidade que é menos humana e uma definição de amor que é menor que amor. E não é a liberdade da religião o que os defensores do casamento homossexual querem, eles desejam a repressão de uma religião em favor da outra.
Cristãos, de forma alguma, devem seguir a corrente. Eles precisam amar aqueles que defendem o casamento homossexual mais do que amam a si mesmos precisamente recusando-se a endossar essa prática.
Eu estou dizendo isso para o bem de vocês que são crentes, que afirmam a autoridade das Escrituras, que acreditam que a prática homossexual é errada e que acreditam no julgamento final. Não pretendo aqui convencer ninguém que não compartilhe dessas convicções.
Meu objetivo nisso tudo é encorajar a igreja a ser igreja. Para que serve o sal se não tiver sabor? Ou para que serve a candeia se estiver escondida debaixo de uma vasilha? Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.
Entendimento mais profundo de humanidade
Acredito que Voddie Baucham está extremamente correto ao dizer que “homossexual não é o novo negro”, e que não devemos formalmente equiparar orientação sexual com etnia ou sexo como componente essencial da identidade pessoal. É surpreendente para mim que batalhas legais recentes simplesmente presumem isso sem antes analisar de forma clara.
Há diversas premissas por trás da ideia de que uma pessoa com atrações homossexuais pode dizer “Eu sou homossexual” da mesma forma que alguém pode dizer “Eu sou homem” ou “Eu sou negro”. Primeiro, assume-se que desejos homossexuais estão enraizados na biologia e, portanto, é parte natural do indivíduo. Segundo, assume-se que nossos desejos naturais são basicamente bons, até o ponto em que não machucam os outros. Terceiro, assume-se que saciar esse desejo bom e natural é parte de ser um ser humano completo.
Toda essa discussão sobre “igualdade” depende dessas premissas básicas acerca do que significa ser um humano.
Casamento, então, torna-se um importante prêmio a ser conquistado pelas pessoas com atrações homossexuais porque, sendo uma das mais antigas e mais humanas instituições, casar-se publicamente legitima esses desejos profundos. Todo mundo que participa de um casamento – desde o pai que caminha com a noiva pelo centro do salão, os amigos presentes, o pastor liderando a cerimônia, o estado que certifica a união – participa em uma afirmação positiva e formal da união do casal. É difícil pensar numa maneira melhor de afirmar o desejo homossexual como bom e parte integrante de ser um humano completo do que o poder da celebração de uma cerimônia de casamento.
Não se engane: a questão fundamental em jogo no debate sobre o casamento homossexual não são os direitos de visitação, direitos de adoção, direitos de herança ou toda discussão sobre “união estável” ou “união civil”. Todas essas são questões derivadas. A questão é fundamentalmente sobre serem publicamente e completamente reconhecidos como humanos.
Cristãos com uma mentalidade bíblica, claro, não tem problema em reconhecer pessoas com atrações homossexuais como completamente humanos. Há membros na minha igreja que experimentam atrações homossexuais. Nós adoramos com eles, nós passamos férias com eles, nós os amamos. Todavia, o que o cristianismo não faz é ratificar que satisfazer todos os desejos naturais é o que torna um ser humano completo.
O cristianismo, na verdade, oferece um conceito mais maduro e profundo de humanidade, mais maduro e profundo que a própria pessoa envolvida em um estilo de vida homossexual tem dela mesma.
É mais maduro porque o cristianismo começa com a franca afirmação de que seres humanos pós-queda são completamente corruptos, em todas as áreas da vida. Uma criança afirma que todos os seus desejos são legítimos. Adultos, espero, se conhecem melhor. E um entendimento maduro da natureza caída reconhece que nossa queda afeta completamente tudo, de nossa biologia e fisiologia até nossas ambições e desejos. Atração homossexual é apenas mais uma manifestação dessa realidade. Por isso que Cristo nos ordena a ir e morrer, e porque nós devemos nascer de novo. Devemos ser novas criaturas, um processo que começa na conversão e se completa com a volta de Cristo.
Além do mais, o fato de Jesus ser o Senhor significa que sua autoridade sobre nossas vidas é completa, em todas as facetas de nossa existência. Não temos o direito de estar perante ele e insistir em nossos conceitos de masculinidade, feminilidade, amor, casamento e sexualidade. Ele que define os conceitos, até mesmo quando esses vão contra nossos desejos ou ideias mais profundos de si mesmo.
Enraizado na biologia ou não, existe uma diferença significativa entre gênero, etnia e “orientação”. Orientação consiste primariamente de – é vivida através de – desejo. E o fato de que isso envolve desejo significa que é um objeto de avaliação moral de uma forma que “ser homem” ou “ser asiático” não são.
Aqui está o que frequentemente é esquecido: nem o fato do desejo, nem a possibilidade de base biológica, conferem legitimidade moral. Não confunda “é” com “deve”. Entendemos isso bem quando tratamos, por exemplo, de comportamentos associados a vícios em substâncias ou uma desordem bipolar. O componente biológico dessas doenças certamente clama por compaixão e paciência, mas não torna os comportamentos praticados moralmente legítimos. Assumir que eles são moralmente legítimos significa tratar seres humanos como se eles fossem animais. Ninguém condena moralmente um leopardo por ele agir instintivamente. No entanto, nossos padrões morais para os seres humanos não deveriam envolver algo além do que concordar com a bioquímica do desejo? Somos mais que animais. Somos alma e corpo. Somos criados à imagem de Deus. Legitimar o desejo homossexual simplesmente porque é natural ou biológico, ironicamente, é tratar a pessoa como menos que humana.
Tudo isso para dizer que: o Cristianismo não apenas oferece um conceito mais maduro de humanidade, como também oferece um conceito mais profundo. Ele diz que somos mais do que um composto de nossos desejos, entre os quais alguns são frutos da queda, outros não.
Notavelmente, Jesus diz que nossa humanidade é mais profunda do que sexo e casamento, e certamente mais profunda do que as versões caídas dos mesmos. Ele diz que, na ressurreição, não haverá casamento ou ser dar em casamento. Casamento e sexo, ao que parece, são sombras bidimensionais que apontam para realidades tridimensionais que estão por vir. A humanidade e identidade de alguém não dependem finalmente, de forma alguma, da sombra do casamento. Ousaremos negar a humanidade total de Cristo porque ele não se casou ou teve descendentes? De fato, a humanidade desse segundo Adão não foi plenamente demonstrada pela geração de uma nova humanidade?
Há algo desumano sobre a versão do ser humano oferecida pelo pensamento homossexual. É desumano avaliar moralmente pessoas como se fossem animais, como se seus instintos as definissem.
E há algo de desumano na versão do casamento dada pelo pensamento homossexual. É desumano chamar aquilo que é bom de mau, ou desejos errados de corretos. É desumano equiparar a pessoa com a versão caída dessa pessoa, como se Deus tivesse nos criado para sermos essas versões caídas de nós mesmos. Porém, é exatamente isso que o casamento homossexual nos chama a fazer. Ele nos chama a publicamente afirmar que o mal é bem – a institucionalizar o errado como correto.
O Cristianismo diz que nós não somos integralmente definidos por etnia, sexo, casamento, ou até mesmo por desejos pecaminosos. Somos imagem e embaixadores de Deus, chamados para mostrar ao cosmos como a trina justiça de Deus, Sua santidade e Seu amor são. A mensagem cristã a uma pessoa que tem um estilo de vida homossexual é que cremos que ela é mais humana do que ela mesma acredita.
Amor mais profundo
O Cristianismo também oferece um conceito mais maduro e profundo de amor. O amor não é fundamentalmente uma narrativa de expressão e realização pessoal. Não é sobre achar alguém que “me completa”, no qual eu suponho que o “eu sou” é um axioma, e que alguém autenticamente “me” ama somente se esse alguém me respeitar exatamente como eu sou, como se o “eu” fosse de alguma forma sagrado.
O amor cristão não é tão ingênuo. É muito mais maduro (veja 1Coríntios 13.11). Ele reconhece como as pessoas são após a queda, quebradas pelo pecado, e as ama em sua própria fragilidade. Ele é oferecido contrariamente ao que as pessoas merecem. Nós alimentamos, vestimos e somos amigos delas, até mesmo quando nos atacam. Porém o amor cristão, com maturidade, convida essas pessoas à santidade. Através da oração e da disciplina, o amor cristão chama pessoas à mudança – ao arrependimento. Esse amor reconhece que os amados por ele terão verdadeira alegria apenas quando, cada vez mais, eles se moldarem conforme a imagem de Deus, pois Deus é amor. É por isso que Jesus nos diz que, se nós o amamos, vamos obedecer aos seus mandamentos, como ele ama o Pai e, assim, obedece a Seus mandamentos.
O amor cristão também é mais profundo que o conceito de amor na nossa cultura. Ele sabe que o amor verdadeiro foi demonstrado perfeitamente quando Jesus deu sua vida pela igreja para fazê-la santa, um ato que Paulo faz analogia com o amor de marido e esposa e o chamado do marido de conduzir sua esposa com a Palavra (Rm 5.8; Ef 5.22-32). A figura central do verdadeiro amor na Bíblia é perdida no casamento homossexual, assim como é perdida também quando um marido trai sua esposa.
A posição progressista pode chamar a visão ortodoxa cristã acerca do casamento gay de intolerante. Porém cristãos devem reconhecer que a posição progressista é oposta ao amor e é desumana. E assim nós devemos ama-los mais verdadeiramente do que eles amam a si próprios.
Esfera Pública e a Religião Idólatra
O que então devemos dizer sobre a esfera pública? O nosso entendimento sobre a separação entre Estado e Igreja e liberdade religiosa não deveria evitar que “impuséssemos” nossas ideias sobre os outros? Porque a igreja sendo igreja afetaria nossa postura na esfera pública entre os incrédulos?
O que as pessoas parecem perder é a distinção entre as leis que criminalizam uma atividade e as leis que incentivam ou promovem uma atividade. As leis que cercam o casamento pertencem a última categoria. O governo se envolve nessa área do casamento – para irritação dos liberais – porque pensa ter algum interesse em proteger e promover o casamento. Ele vê que o casamento contribui para a ordem, paz, e o bem da sociedade em geral. E por isso, oferece incentivos financeiros para o casamento, como incentivos fiscais ou direitos de herança.
Em outras palavras, institucionalizar o casamento gay não torna o governo meramente neutro em relação à iniquidade; significa que o governo está promovendo e protegendo a iniquidade. A decisão de 2003 da Suprema Corte Americana de derrubar as leis que criminalizavam o comportamento homossexual, pelo contrário, não precisa ser interpretada como uma promoção ou proteção desse comportamento. A ironia da posição progressista sobre o casamento do mesmo sexo é que ela se baseia na linguagem da neutralidade política, quando na verdade é exatamente o oposto. É uma afirmação positiva de um rótulo de moralidade e de todo um arcabouço de pressupostos teológicos por trás dessa moralidade.
Colocando em termos bíblicos, institucionalizar o casamento gay não é nada mais nada menos que “consentir com aqueles que praticam” as coisas que a Palavra de Deus condena (Rm 1.32). E, Paulo afirma, por trás dessa afirmação moral está a “troca [religiosa] da glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (Rm 1.23). Estabelecer o casamento homossexual é, em outras palavras, um clamoroso e total ato religioso, pelo fato de ser idólatra.
Para o cristão, portanto, o argumento é muito simples: Deus julgará toda a injustiça e idolatria. Logo, os cristãos não devem privada ou publicamente endossar, incentivar ou promover a injustiça e a idolatria, que o casamento homossexual pratica. Deus julgará tal idolatria, mesmo entre aqueles que não acreditam Nele.
Deus julgará as nações
Deixe-me explicar melhor. Velho e Novo Testamentos prometem que Deus julgará as nações e seus governos por terem abandonado o Seu padrão de justiça e retidão. Os presidentes e parlamentos, eleitores e juízes de todo o mundo são integralmente responsáveis perante Ele. Não há nenhuma área da vida fora da avaliação divina.
Por isso, Deus julgou os contemporâneos de Noé, Sodoma e Gomorra, Faraó do Egito, Senaqueribe na Assíria, Nabucodonosor na Babilônia, e a lista continua. Você pode ler sobre os julgamentos de Deus contra as nações em passagens como Isaías 13-19 ou Jeremias 46-52.
Consequentemente, não é surpreendente que o Salmo 96 e muitas outras passagens deixam clara a natureza transnacional de Deus: “Dizei entre as nações: O Senhor reina! (…) Ele julgará os povos com retidão.” (Sl 96.10; veja também Sl 2 e Jer 10.6-10).
O mesmo princípio se aplica no tempo do Novo Testamento? SIM! Os governantes do mundo tem sua autoridade derivada de Deus e serão julgados por Deus pelo modo como usam tal autoridade: César não menos que Nabucodonosor, presidentes não menos que o Faraó:
- Jesus diz a Pilatos que a autoridade de
Pilatos deriva de Deus (João 19)
- Paulo descreve o governo como “servo de Deus”
e um “agente” para trazer a justiça divina. (Romanos 13)
- Jesus é descrito como: “príncipe dos reis da terra”
(Apocalipse 1.5)
- Reis, príncipes e generais sentem a ira do
Cordeiro e se escondem dela (Apocalipse 6.15)
- Os reis da terra são acusados de cometer
adultério com a grande Babilônia (Apocalipse 18.3)
- Cristo virá com uma espada “para ferir com ela
as nações” (Apocalipse 19.15), deixando que os pássaros comam “a carne dos
reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes.” (versículo 18).
- Deus julgará todas as nações e governantes.
Eles são politicamente responsáveis perante o padrão de justiça e retidão
de Deus, e não para seus próprios padrões. Afastar-se da justiça e retidão
divina – para todo e qualquer governo, no Velho e no Novo testamento – é
incorrer na ira de Deus.
O fato de vivermos em uma sociedade pluralística na qual muitos não reconhecem o Deus da Bíblia não faz diferença para Deus. “Quem é o Senhor para que eu o obedeça?”, perguntou o Faraó. O Senhor rapidamente demonstrou precisamente quem Ele é. O fato de reconhecermos um governo que governa pela “vontade do povo” também não faz diferença. Um cristão sabe que a verdadeira autoridade emana de Deus, e que ele ou ela jamais devem promover ou incentivar injustiça ou iniquidade, mesmo que 99% dos eleitores pedirem por isso.
Isso não significa que os cristãos devem decretar o juízo de Deus contra todas as formas de injustiça agora, mas significa que nós cristãos não devemos privada ou publicamente envolver-nos com nada que Deus julgará no Dia Final. Sim, a política muitas vezes envolve compromisso, e há momentos em que os eleitores ou políticos cristãos serão obrigados a decidir entre o menor de dois males. E, para tais ocasiões, acreditamos que Deus é misericordioso e compreensivo. Devemos empenhar nossos esforços em não votar em algo que apoia, governar apoiando, ou dizer aos nossos amigos no escritório que apoiamos a injustiça.
Isso significa que podemos impor a nossa fé a descrentes? Não, porém endossar o casamento gay é outra coisa. Endossá-lo é evolver-se pessoalmente com iniquidade e uma falsa religião, e uma iniquidade que Deus prometeu julgar.
Na verdade, o próprio casamento homossexual é um ato de imposição governamental injusta. Martinho Lutero escreveu: “Pois quando alguém faz aquilo para o qual não tem autoridade ou sanção da Palavra de Deus, tal conduta é inaceitável a Deus, e pode ser considerada tanto como vã como inútil.” E Deus nunca deu autoridade aos governos humanos para definir casamento. Ele definiu em Gênesis 2 e não autorizou ninguém a redefini-lo. Qualquer governo que o faz é culpado por usurpação.
Uma vez que o casamento homossexual é completamente fundamentado na religião idólatra (Rm 1.23,32), sua institucionalização representa nada mais nada menos que a postura progressista de impor essa religião idólatra a todos nós.
Eu não estou dizendo quantos recursos os cristãos devem gastar no combate a falsos deuses em praça pública, mas eu estou dizendo que você não deve se juntar com esses deuses. Não há terreno neutro nesse aspecto.
Amem e permaneçam firmes
As igrejas deveriam amar seus irmãos e irmãs que batalham contra a atração homossexual, assim como deveriam amar todos os pecadores arrependidos.
E as igrejas deveriam permanecer firmes em concepções de amor mais profundas e mais bíblicas, amando aqueles que defendem o casamento homossexual mais profundamente do que eles amam a eles mesmos. Fazemos isso ao insistirmos na doce e transformadora natureza da verdade e santidade de Deus.
Em nosso contexto cultural atual, o amor cristão custa caro aos próprios cristãos e à igreja. Mesmo que você reconheça que a Bíblia define homossexualidade como pecado, mas (erroneamente) apoie o casamento gay, sua posição certamente irá ofender alguém. Os desejos pessoais mais fortes – os desejos que as pessoas se recusam em abandonar – revelam suas adorações. Condenar a liberdade sexual atualmente é condenar um dos altares de adoração favoritos da sociedade. E eles não lutarão pelos seus deuses? Eles não vão excomungar todos os hereges?
Entretanto, mesmo quando a Escritura promete perseguição a curto prazo para a igreja, estranhamente e simultaneamente, ela também aponta para louvor a longo prazo: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pedro 2.11-12). Eu não sei como explicar isso, mas eu creio.
Tradução: Luis Felipe Heringer
Fonte: Bereianos
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