Meu alvo neste artigo é mostrar o equívoco do chamado cristianismo light,
o perigo que representa aos seus seguidores. Também pretendo fazer ver
que os pseudos resultados deste tipo de prática, não paga o custo do
juízo de Deus quanto a tal desvio.
Minha oração é que este artigo instigue nossa forma de pensar, conduzindo-nos à Palavra de Deus, “para ver se as coisas” são “de fato assim” (At 17.11). Começo por descrever de forma sucinta o que é cristianismo light, suas idéias, seus resultados e suas conseqüências. E, por fim, o valor de permanecermos fiéis a Deus e a sua Palavra.
Definição - O Cristianismo Light
Atualmente existe um tipo de cristianismo, supostamente evangélico, que, para atingir rapidamente muitos adepto$ e tornar-se bastante popular, adota o que se chama de filosofia da igreja “aconchegante”. Mas o que é uma igreja aconchegante? É aquela cujo alvo principal é converter-se em uma igreja bastante agradável e receptiva às pessoas em geral, não importando o que se tenha de fazer para tal, é a velha idéia de “os fins justificam os meios”.
Nesse contexto, as mudanças são profundas, tanto na visão teológica de Deus e de sua Palavra, quanto no funcionamento da organização e até mesmo na arquitetura dos templos. Tal fato pode ser facilmente comprovado. Observe que em relação à arquitetura de muitas “igrejas” já não se usa os tradicionais bancos de madeira, em seu lugar são colocadas confortáveis poltronas, os púlpitos deram lugar aos palcos e o pior, os cultos a Deus transformaram-se em shows de entretenimento...
A Teologia do Cristianismo Light
Em relação à teologia, esse “cristianismo light” desenvolveu uma série de doutrinas que visam remover os incômodos e as exigências do verdadeiro cristianismo. As “novas” doutrinas são muito populares e amplamente recebidas por seus novos adepto$. No que diz respeito aos cristãos maduros, estes também têm absorvido muitas dessas influências negativas (abrindo um parêntese e falando baixinho, lamentavelmente até alguns dos antigos pastores têm se rendido a essa $edução).
A verdade é que as “novas” doutrinas favorecem a aversão natural que o homem demonstra para com o negar-se a si mesmo, porque ameniza esta aversão na medida em que pratica um tipo de “culto” centrado nos sentimentos. A ênfase é satisfazer os seus adepto$ numa espécie de “culto” do prazer acompanhado de todo tipo de soluções “miraculosas” (mágicas). Nessa perspectiva, acredita-se na ilusão de que esse tipo de cristianismo é autêntico porque os templos se enchem rapidamente, e como conseqüência direta os recursos financeiros se tornam fartos facilmente.
Em outras palavras, está aqui a explicação porque a maioria das orações e cânticos, no cristianismo light, são meios de auto-reconciliação, de auto-ajuda e auto aceitação. O resultado final é a sensação de se ir para casa "descarregado" e sentindo-se bem, contudo, infelizmente, sem se ter verdadeiramente adorado o Eterno.
Jesus e o Cristianismo Light
Todavia, nosso Senhor Jesus nos advertiu sobre isso. Por um lado, ele mostra que o verdadeiro cristianismo seria difícil e impopular, veja: “porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontram”. É estreita por só ter uma mensagem, só se pode adorar um Único Deus, o Senhor, O Eterno Yahweh, não há espaço para adorar a si mesmo nem a líderes. Por outro lado, a imitação do cristianismo, o cristianismo light, seria fácil e muito popular “porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho”.
O problema é que esse caminho fácil “conduz à perdição, e muitos são os que entram por ele”. Há 40 anos atrás Clyde Reid escreveu uma análise dolorosa e incisiva de como as atividades modernas nas igrejas parecem estar estruturadas para favorecerem ao distanciamento de Deus. Ele disse “estruturamos nossas igrejas e as mantemos a fim de nos resguardar de Deus e nos proteger da verdadeira experiência religiosa”(2), de transformar vidas em seguidores de Cristo. Observo que neste ponto a igreja sempre deverá ser uma escola de vida.
Mas a maioria esmagadora das igrejas que adotaram o cristianismo light, não têm EBDs (escolas bíblicas dominicais), não tem ensino da Palavra de Deus nos púlpitos. Em suma, o povo não é alimentado com a Palavra de Deus. É a “onda light” chegando na alimentação espiritual...
A Conspiração do Silêncio no Cristianismo Light
Ao lado de muitas outras observações sobre a vida na igreja aconchegante, Reid afirma: “hoje os membros adultos de igrejas raramente levantam sérias questões doutrinárias por medo de revelar as suas dúvidas ou ser tidos como esquisitos. Há nas igrejas uma tácita conspiração do silêncio acerca dos pilares doutrinários(3). As poucas vozes que se levantam são rechaçadas e banidas como se fossem do inimigo, enquanto os verdadeiros inimigos pousam de “santos homens e mulheres de deus”... Vale aqui citar que lamentavelmente essa conspiração do silencio já atinge nossas igrejas a muito tempo e também nossa amada denominação.
Outro aspecto, nos cultos a “servidão da vista” surge travestida na tentativa de “motivar” as pessoas à seguinte pergunta:
“Não foi um culto excelente?”, costuma-se dizer.(4)
Mas o que se quer realmente dizer com essa pergunta? Será que pensamos mesmo no que Deus achou do culto? Qual a relação entre o conceito divino e o conceito humano de um culto excelente? É necessário sermos muito cuidadosos a esse respeito, senão a regra “em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa” poderá se aplicar a nós.
Suponha que eu seja o pastor da igreja A. Se Deus na verdade nada fizesse no culto da minha igreja, ou em resposta ao meu trabalho no ministério, que importância teria o fato de os freqüentadores pensarem e falarem bem das mensagens e dos cânticos e ainda voltarem para o próximo culto trazendo amigos? Eu certamente seria tentado a pensar que tenho de atrair as pessoas para que me ouçam, sem me preocupar com Deus. Será que isso às vezes não acontece conosco?
A esse respeito às palavras do Senhor ao profeta Ezequiel assombram ainda hoje qualquer líder de igreja: “Eles vêm a ti, como povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, quem tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” (Ez 33.31-32).
O mais lamentável, hoje, é que essa palavra do profeta Ezequiel, na questão do lucro, se aplica muito mais aos líderes do que aos adepto$ do cristianismo light.
Conclusão
O primeiro e maior mandamento, ratificado por nosso Senhor Jesus é amar a Deus acima de todas as coisas. Isso indica que em tudo que se refere a nós Deus deve ocupar o primeiro lugar, mas em se tratando de igreja cristã essa ordem é ainda mais indispensável e preponderante.
Seja qual for a nossa posição na vida e na igreja, se queremos que a nossa vida e as nossas obras pertençam ao Reino de Deus, não devemos ter como meta primeira e nem mesmo meta importante a aprovação das pessoas e, muito menos ainda, o nosso próprio intere$$e. Devemos nos manter fiéis a Deus, à sua santa Palavra, a Bíblia, e com amor deixarmos as pessoas pensarem o que quiserem, mesmo que achem que somos retrógrados e atrasados.
Entretanto, devemos tentar ajudar aos nossos irmãos a nos compreender e apreciar o valor da fidelidade ao Novo Testamento. O valor em ser um verdadeiro seguidor de Cristo, capaz de negar-se a si mesmo por amor Cristo. Podemos fazer disso um ato de amor. Mas seja como for, como pastores, só podemos servir as pessoas e a igreja de Deus servindo primeiramente ao Senhor da Igreja e consequentemente sendo submissos à sua santa Palavra. Que o Senhor da Igreja nos conceda essa graça. Amém.
Por: Wilson Franklim. é Pastor da Igreja Batista Vila Jaguaribe - Piabetá-RJ, Doutorando em Teologia.
Email de contato: wilfran@gmail.com
Notas:
Quero
salientar que não há nada de errado, em si mesmo, quando se pode
oferecer mais conforto aos nossos irmãos (seja com ar condicionado seja
com melhores acentos, som...) e se ter uma igreja viva e que
verdadeiramente adore ao Eterno. O erro advém do uso indevido desses
atributos.
2 - REID Clyde H. The God Evaders. New York: Haper & Row, 1966. p.41
3 - REID. The God Evaders. P.19.
4 - WILLARD D. A Conspiração Divina. São Paulo, Mundo Cristão, 2001. p.226.
Fonte do artigo: http://www.revistasadoutrina.com/download/rsd_09.pdf
http://www.sadoutrina.k6.com.br/
Ilustração by: Ruy Marinho
Fonte: https://bereianos.blogspot.com
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