ELIAS, UM HERÓI FEITO DE BARRO - O Peregrino

O Peregrino

Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade? Gálatas 4:16

test banner

Breaking

Post Top Ad

Minha Rádio

sexta-feira, 14 de junho de 2024

ELIAS, UM HERÓI FEITO DE BARRO

Texto base: 1 Reis 19.1-10

INTRODUÇÃO

Elias (Meu Deus é Yahweh) nasceu na cidade de Tisbe - cidade esta que ninguém sabe ao certo onde estava localizada - ele foi levantado por Deus como profeta para confrontar a idolatria em que vivia o povo de Israel. Governado pelo rei Acabe e sua esposa Jezabel os israelitas se afastaram do Deus vivo e começaram a adorar Baal. No confronto com o rei Acabe, Elias disse que durante três anos e meio não choveria sobre a face da terra e que nem orvalho cairia (1Rs 17.1; Tg 5.17). É interessante destacar que o orvalho simboliza as bênçãos espirituais que caem sobre nós todos os dias que não vemos e nem percebemos

A seca profetizada por Elias era o reflexo da sequidão do coração povo de Israel em relação a Deus. A Palavra de Deus não inundava mais o coração do povo, pois a idolatria havia tomado por completo a vida deles. A Palavra de Deus era, para o povo de Israel, como a chuva do céu, mas há muito que o coração do povo havia se tornado sequidão de estio.

Veja a comparação da Palavra de Deus com a chuva (Dt 32.1,2; Is 55.10,11):

Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva (Dt 32.1,2).

Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei (Is 55.10,11).

Baal foi só mais um deus a ser adorado com a ida de Jesabel para Israel. E este se tornou o principal deles (1Rs 18.19). Baal quer dizer “senhor” e “marido”, e esta entidade estava usurpando o título que o Deus de Israel tinha. Baal era conhecido também como o deus da fertilidade, por isso que foi profetizado que não choveria sobre a face da terra. Se Baal é o senhor e o deus da fertilidade então ele tem poder para fazer chover sobre a face da terra. O SENHOR usou de lógica nessa batalha, ou seja, destronou Baal naquilo que ele dizia ser senhor e deus.

Depois de profetizar a respeito dessa seca, Elias foi levado por Deus a se esconder junto ao ribeiro de Querite e ali o Senhor o sustentou com pão e carne através dos corvos, de manhã e a noite, durante muitos dias. Não sabemos quanto tempo Elias esteve ali, mas sabemos que ele fico neste lugar até que o ribeiro secasse. Esses ribeiros eram formados pelas chuvas e pela neve que derretia, como não chovia há muito tempo, o ribeiro secou. Dali o Senhor o envia a Serepta, onde havia ordenado a uma viúva que o sustentasse (1Rs 17.9). Observe que em todo o tempo o Senhor é quem orienta o que Elias devia fazer, quando fazer e para onde deveria ir. Em momento algum Elias tomou a iniciativa, mas foi guiado pelo Senhor.

O profeta Elias foi um homem que ousou desafiar o rei Acabe e sua esposa Jesabel. Desafiou os profetas de Baal e de Aserá. Orou e durante três anos e meio não choveu, orou de novo e a chuva voltou cair em abundância sobre a terra de Israel; orou e o Senhor fez cair fogo do céu. Orou e o Senhor ressuscitou o filho da viúva. Enfim, Elias era não só um homem de oração, mas um homem que orava segundo a vontade de Deus. Como nos fala 1 João 5.14:

E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”.

Mas diante de tudo isso Elias fraquejou diante da ameaça de Jezabel. É sobre este assunto que quero pensar com você e quais as lições que podemos tirar desse episódio na vida de Elias. Vejamos:

1 – A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR NÃO DÁ SUA GLÓRIA A OUTREM (Is 42.8).

A Bíblia nos fala em Isaías 42.8: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura”.

Diante de tanta idolatria que havia em Israel e diante de tantos milagres realizados por Elias, para o povo se voltar para Elias de forma a adorá-lo era só uma questão de tempo. Hoje temos visto isso acontecer em nosso meio. Quantos líderes são comparados a “deuses” e fazem questão de serem vistos assim. Como foi o caso de um determinado “apóstolo” que sofreu um atentado e depois começaram a dizer que o sangue dele operava milagres. O ser humano, como um todo, vive em busca do divino e tem necessidade de estar em sintonia com algum ser espiritual. Por isso que é tão comum encontramos as pessoas mergulhadas na idolatria, pois além de buscarem um ser divino, a maioria quer ver e tocar nesse “ser” ou naquilo que o represente. Por isso vemos as vendas de objetos consagrados por aí.

Por isso que o Senhor sempre condenou a idolatria. No entanto, apesar dessas ordenanças estarem bem claras nas Escrituras (Êx 20.1-5; 1Co 10.14-21), acabam caindo no esquecimento de muitas pessoas, e, infelizmente, isso têm ocorrido entre muitos cristãos. Os seres humanos são propensos à adoração de heróis, à idolatria, a atribuir às criaturas aquilo que só pode ser conferido ao Criador. Por essa razão é que frequentemente se deparam com frustrações e desapontamentos, e descobrem que o seu ídolo querido é, como eles mesmos, feito de barro. Assim, a expressão “Devagar com o andor, que o santo é de barro”, serve para todos nós.

Por esta razão que o Senhor escolheu como seu próprio povo “as coisas loucas do mundo”, as “coisas fracas do mundo”, as “coisas vis” e as “aquelas que não são”, “a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus” (1Co 1.27-29). E ele chamou homens pecadores, embora regenerados, e não anjos santos, para serem pregadores do seu Evangelho, para que fique absolutamente evidente que, ao chamar pecadores das trevas para a sua maravilhosa luz, “a excelência do poder” não é deles nem procede deles, mas que é somente Ele quem dá o crescimento à semente espalhada por eles. “De modo que nem o que planta (o evangelista) é alguma coisa, nem o que rega (o mestre), mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.7).

Diante disso não deveríamos nos surpreender ao olharmos para os heróis da Bíblia, pois os melhores dentre os homens nunca passaram de homens. Não importa quão cheios de talentos eles sejam, quão eminentes no trabalho de Deus, quão grandemente honrados e usados por Ele, basta que o seu poder sustentador seja removido deles por um só momento, e logo se verá que eles são “vasos de barro”. Nenhum homem fica de pé um minuto sequer, sem ser sustentado pela graça de Deus. Até mesmo o santo mais experimentado, quando é entregue aos seus próprios cuidados, logo mostrará quão frágil e tímido ele é. “Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade” (Sl 39.5).

Então, por que a surpresa, por que achar que é impossível, quando lemos a respeito dos fracassos e das quedas dos mais favorecidos dos santos e dos servos de Deus? A embriaguez de Noé, a carnalidade de Ló e suas filhas, as prevaricações (má fé) de Abraão, a raiva de Moisés, a inveja de Arão, a precipitação de Josué, o adultério de Davi, a desobediência de Jonas, a negação de Pedro, a contenda de Paulo com Barnabé – são tantas ilustrações da solene verdade que “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Ec 7.20). A perfeição só se encontra no céu. Na terra, não a encontramos em lugar nenhum, exceto no Perfeito Homem – Jesus.

Contudo, queremos deixar claro que os fracassos desses homens não estão registrados nas Escrituras para nos escondermos atrás deles, para usá-los como desculpa da nossa própria infidelidade. Pelo contrário. Eles nos são apresentados como sinais de perigo, para prestarmos atenção, como solenes advertências para levarmos em conta (1Co 10.1-13). Ler a respeito desses fracassos deve levar-nos à humilhação e conduzindo-nos a sermos mais desconfiados de nós mesmos. Eles devem imprimir em nosso coração o fato que nossa força se encontra unicamente no Senhor, e que sem ele não podemos fazer nada. Eles devem nos levar a clamar constantemente: “Sustenta-me, e serei salvo” (Sl 119.117). E não somente isso. Eles deveriam nos afastar da indevida confiança nas criaturas e libertar-nos de esperar demais dos outros. Eles deveriam nos tornar diligentes na oração por nossos irmãos em Cristo, especialmente por nossos pastores, para que Deus se agrade em preservá-los de tudo aquilo que traria desonra ao seu nome e faria com que os seus inimigos se regozijassem.

O profeta Elias, por cujas orações as janelas do céu se fecharam completamente por três anos e meio, e por cujas súplicas elas novamente se abriram, não era nenhuma exceção à regra. Ele também era feito de carne e sangue, e Deus permitiu que isso se tornasse evidente de forma dolorosa. Jezabel mandou uma mensagem para informá-lo que, no dia seguinte, ele teria o mesmo destino dos profetas dela. “O que vendo ele, se levantou, e, para escapar com vida, se foi” (1Rs 19.3). 


2 – A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE ELIAS PENSOU QUE OS MILAGRES ERAM O FIM EM SI MESMO (1Rs 19.3).

No meio do glorioso triunfo sobre os inimigos do Senhor, no exato momento em que o povo precisava dele para liderá-los para abandonar completamente a idolatria e para estabelecer a verdadeira adoração em Israel, ele se vê terrificado pela ameaça da rainha e foge.

Creio que Elias não havia entendido que o seu ministério não havia acabado no momento que a chuva havia começado a cair. A chuva era o início do grande avivamento que o Senhor começaria em Israel através dele. Muitas vezes agimos tal qual o profeta Elias, pensando que o nosso ministério se limita a alguns episódios de sucesso. Muitas pessoas têm perdido a visão do todo, da continuidade, da perseverança, do ir mais além quando contemplam algum milagre em seus ministérios.

O milagre não é o fim em si mesmo, mas muitas vezes eles ocorrem como uma porta que se abre para que algo maior aconteça, o verdadeiro milagre, a conversão de almas. Podemos ver isso em Atos dos apóstolos quando Pedro e João estão indo ao templo para orar e encontram aquele coxo mendigo em uma das portas do templo, e, pela misericórdia e graça, ele alcança a cura através de Pedro e João. Mas a cura não foi um fim em si mesmo, tanto o mendigo quanto uma multidão através do discurso de Pedro alcançam a salvação. Esse era o verdadeiro milagre que o Senhor queria operar naquele lugar. Mas a porta para que isso ocorresse foi a cura do coxo mendigo.

Paulo escrevendo ao seu filho na fé, Timóteo, disse para ele cumprir “cabalmente” ou “plenamente” o seu ministério (2Tm 4.5). Devemos tomar cuidado para não realizarmos somente uma parte do “todo” que o Senhor quer realizar através de nós. Podemos ver isso na vida de Elias, observe o que nos diz em 1Rs 19.15-19. Depois que Elias comissiona Eliseu ainda ficou mais quatro anos exercendo o seu ministério. Entenda uma coisa, o tempo e a hora de encerrarmos o ministério que o Senhor colocou em nossas mãos pertence a Ele. Não nos compete dar fim aquilo que o Senhor ainda não disse nada.

Da mesma maneira como o Senhor que tinha trazido o profeta Elias a Jezreel (1Rs 18.46), ele não recebeu nenhuma indicação de Deus para sair dali. Com toda certeza, era tanto privilégio como dever de Elias buscar a proteção do seu Senhor contra a fúria de Jezabel, assim como ele fizera em relação à ira de Acabe. Se Elias tivesse confiado a própria vida nas mãos de Deus, este não o desampararia; e, provavelmente, um grande benefício se concretizaria, se Elias permanecesse na posição em que o Senhor o havia colocado.

3 – A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE ELIAS TITUBEOU NA SUA FÉ (1Rs 19-1-3).

Em Tiago 4.17 nos diz que “Elias era homem sujeito as mesmas paixões que nós...”.

A Bíblia não nos deixa esquecer isso para que não venhamos a pensar que a nossa força é suficiente para alcançarmos os picos mais altos da fé. Elias, pela graça de Deus, operou grandes sinais e prodígios, e entrou para a história dos grandes profetas de Israel. Mas entenda uma coisa, ainda que os homens ímpios não saibam, mas é pela graça comum que muitos chegam a algum lugar de destaque na sociedade e na história. Como disse o Senhor Jesus a Pilatos: “Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado (João 19.10,11).

Por Elias ser como cada um de nós ele também titubeou na sua fé. Ele passou a olhar para a força do vento em meio “ao mar revolto” e tirou os olhos do Senhor, assim como Pedro o fez anos mais tarde (Mt 14,30).

Os seus olhos não estavam mais fixos em Deus; ele só via a furiosa Jezabel. Ele se esqueceu daquele que o tinha alimentado milagrosamente no ribeiro de Querite, daquele que tão maravilhosamente o tinha sustentado na casa da viúva em Sarepta, aquele que de forma tão destacada o fortalecera no Carmelo. Pensando apenas em si mesmo, Elias foge do lugar do testemunho.

A falta de fé que o levou a ficar com medo. Elias esperava resultados imediatos do milagre que havia ocorrido. Ele esperava que não somente a nação se voltasse para Deus, mas também a liderança. O erro de Elias é o mesmo nosso, esperarmos das outras pessoas aquilo que Deus tem feito em nossas vidas. Esperamos que as pessoas correspondam ao chamado de Deus com o mesmo afinco que nós. Mas, infelizmente, isso não ocorre, por isso nos decepcionamos com as pessoas, ou seja, nós criamos falsas expectativas em relação as outras pessoas.

Foi a sua preocupação com as circunstâncias que provocou a triste queda de Elias. A filosofia deste mundo diz: “O homem é produto do seu meio (das suas circunstâncias)”. Não há dúvida de que isso se aplica muito bem ao homem natural, mas não deveria ser verdade a respeito do cristão, pelo menos não o é enquanto as suas virtudes permanecerem em condição saudável. A fé se ocupa com aquele que ordena as nossas circunstâncias, a esperança olha além da cena atual, a paciência concede força para suportar as provas, e o amor se deleita naquele que não é afetado pelas circunstâncias. O apóstolo Paulo é um exemplo disso (Fl 4.10-13).

Enquanto Elias tinha o Senhor diante de si, não temeu, embora se acampasse contra ele um exército. Mas quando ele olhou para a criatura e ponderou no perigo que corria ele pensou mais na própria segurança do que na causa de Deus.

Estar ocupado com as circunstâncias é andar por vista, e isso é fatal tanto para nossa paz como para nossa prosperidade espiritual. Por mais desagradáveis ou desesperadoras que sejam nossas circunstâncias, Deus é capaz de nos preservar nelas, como ele fez com Daniel na cova dos leões e com seus companheiros na fornalha de fogo. Sim, ele é competente para fazer o coração triunfar sobre tudo isso, como testemunham os cânticos dos apóstolos na prisão em Filipos.

Como é grande o contraste entre a fuga de Elias e a fé de Eliseu! Quando o rei da Síria enviou uma grande multidão para prender Eliseu e o seu servo disse: “Ai! Meu senhor! Que faremos?”, o profeta respondeu: “Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles” (2Rs 6.15,16). Quando a Imperatriz Eudósia (ano 440 d.C) enviou uma mensagem ameaçadora a Crisóstomo, ele disse ao oficial dela: “Vá, diga a ela que eu nada temo além do pecado”. Quando os amigos de Lutero insistentemente lhe suplicaram que não comparecesse à Dieta de Worms, à qual tinha sido convocado pelo Imperador, ele replicou: “Ainda que cada telha das casas daquela cidade fosse um demônio, eu não me acovardaria”, e ele foi, e Deus o libertou das mãos dos seus inimigos. Contudo, as fraquezas de Crisóstomo e de Lutero se manifestaram em outras ocasiões.

Oh! Como precisamos clamar: “Senhor, aumenta-nos a fé”, pois somente somos fortes e estamos salvos enquanto exercemos fé em Deus! Se ele é esquecido e não percebemos a sua presença conosco no momento em que somos ameaçados por grandes perigos, então, com certeza, agiremos de forma indigna da nossa confissão cristã. É pela fé que estamos em pé (2Co 1.24):

Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé”.

4 – A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR ESTAVA QUEBRANDO O ORGULHO DE ELIAS (1Rs 19.8-10,14,18,19).

Muitas vezes corremos o risco de confundirmos zelo com orgulho. Vemos isso de forma clara na vida de Elias de três formas:

1o – Em primeiro lugar, que ele tinha um conceito demasiadamente elevado da sua própria importância (Só eu fiquei).
2o – Em segundo lugar, que ele estava excessivamente envolvido em seu trabalho: “eu, somente eu, fiquei” para cuidar da tua causa.
3o – E, em terceiro lugar, que ele estava decepcionado com a ausência dos resultados que esperava que acontecessem.

As operações do orgulho abafaram a prática da fé – a tripla insistência no “Eu”.. Observe como Elias repetiu essas declarações (v. 14), e como a resposta de Deus tem como objetivo descrever a doença que havia tomado o seu coração, o ego – Elias foi posto no seu lugar!

Jonathan Edwards (1703-1758) descreve o que é o orgulho espiritual. Diz ele assim:

A primeira e a pior causa de erro que prevalece nos nossos dias é o orgulho espiritual. Essa é a principal porta que o diabo usa para entrar nos corações daqueles que têm zelo pelo avanço da causa de Cristo. É a principal via de entrada de fumaça venenosa que vem do abismo para escurecer a mente e desviar o juízo. É o meio que Satanás usa para controlar cristãos e obstruir uma obra de Deus. Até que essa doença seja curada, em vão se aplicarão remédios para resolver quaisquer outras enfermidades.

O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que qualquer outra fonte de corrupção porque, por sua própria natureza, leva a pessoa a ter um conceito alto demais de si própria. É alguma surpresa, então, verificar que a pessoa que pensa de si acima do que deve está totalmente inconsciente desse fato? Ela pensa, pelo contrário, que a opinião que tem de si está bem fundamentada e que, portanto, não é um conceito elevado demais. Como resultado, não existe outro assunto no qual o coração esteja mais enganado e mais difícil de ser sondado. A própria natureza do orgulho é criar autoconfiança e expulsar qualquer suspeita de mal em relação a si próprio.

O orgulho toma muitas formas e manifestações e envolve o coração como as camadas de uma cebola – ao se arrancar uma camada, existe outra por baixo dela. Por isto, precisamos ter a maior vigilância imaginável sobre nossos corações com respeito a essa questão e clamar àquele que sonda as profundezas do coração para que nos auxilie. Quem confia em seu próprio coração é insensato.

A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia de luz, não necessitando assim de instrução. Assim, terá a tendência de prontamente rejeitar a oferta de ajuda nesse sentido.

As pessoas orgulhosas tendem a falar dos pecados dos outros: o terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos que têm amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A pessoa espiritualmente orgulhosa critica os outros cristãos por sua falta de crescimento na graça.

As pessoas espiritualmente orgulhosas falam frequentemente de quase tudo que percebem nos outros em termos extremamente severos e ásperos. É comum dizerem que a opinião, conduta ou atitude de outra pessoa é do diabo ou do inferno. Muitas vezes, sua crítica é direcionada não só a pessoas ímpias, mas a verdadeiros filhos de Deus e a pessoas que são seus superiores”.

Deus então retirou de Elias a sua força por um momento para que pudesse ser visto em sua fraqueza natural. Ele assim o fez com justiça, pois a graça só é prometida aos humildes (Tg 4.6):

Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”.

Deus atua nisso de forma soberana, pois é somente por sua graça que o homem é mantido humilde e de pé na sua presença. O Senhor reparou o coração de Elias que estava cheio de si, cheio de orgulho, cheio de zelo, mas vazio da graça do Senhor. Elias não era diferente de nenhum de nós. Por isso devemos vigiar para não cairmos nos mesmos erros que ele cometeu.

CONCLUSÃO

Muitas pessoas acham estranho quando leem que os mais destacados e dignos santos da Bíblia fracassam justamente naqueles que são os seus pontos mais fortes. Abraão se destaca por sua fé, sendo chamado “o pai daqueles que creem”; contudo, a fé dele desmoronou no Egito, quando mentiu a Faraó a respeito da sua esposa. Somos informados que Moisés era “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3); contudo, ele foi impedido de entrar em Canaã porque perdeu a paciência e falou de forma imprudente com os seus lábios. João era o apóstolo do amor; contudo, em uma explosão de intolerância e impaciência, ele e o seu irmão Tiago queriam pedir fogo do céu para destruir os samaritanos, pelo que o Senhor os repreendeu (Lc 9.54,55). Elias era famoso por sua coragem; contudo, foi a coragem que lhe faltou nesse momento. Que evidências são essas, de que ninguém pode exercer as graças que mais distinguem o seu caráter sem a direta e constante assistência de Deus, e que, quando em perigo de se exaltar acima da medida, os homens de Deus são muitas vezes deixados a lutar com a tentação sem o seu costumeiro auxílio. É somente quando estamos conscientes da nossa fraqueza e a reconhecemos, que somos fortalecidos.

Pense nisso!
 
Pr. Silas Figueira


Obras consultadas:

A. W. Pink. A Vida do Profeta Elias. Editora os Puritanos, Santo André, SP, 2019.

R. N. Champlin, Ph. D. O Antigo Testamento Interpretado, Volume 2. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2001.

W. W. Wiersbe. Editora Geográfica, Santo André, SP, 6a reimpressão, 2012.

Fonte: http://ministeriobbereia.blogspot.com

Nenhum comentário:


Campanha:

Leia um livro!

Ad Bottom