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quinta-feira, 23 de junho de 2022

A Autoridade da Sociedade Torre De Vigia e a Bíblia


As Testemunhas de Jeová alegam crer na Bíblia como a inerrante Palavra de Deus, e dizem basear todas as suas doutrinas diretamente nas escrituras sagradas.

 

Os cristãos evangélicos estão contentes porque as testemunhas de Jeová reconhecem a Bíblia como a úni­ca autoridade infalível nas questões de fé. Entretanto, crer na Bíblia é mais do que simplesmente reconhecer ser a Bíblia a Palavra de Deus. É, acima de tudo, acreditar naquilo que ela ensina. A alegação das testemunhas de Jeová de serem o único grupo que realmente honra a Palavra de Deus deve, porém, ser examinada pela manei­ra como estão manejando a Palavra de Deus. Será que, pela interpretação que fazem da Escritura, estão aplicando-a corretamente, conforme 2 Timóteo 2.15 (TNM)?

 

Neste artigo apresentaremos evidências que com­provam que as testemunhas de Jeová não somente estão manejando incorretamente as Escrituras como também as estão deturpando. E fazem isso para a sua própria destruição (2Pe 3.16). Ao distorcerem, de modo sistemático, os ensinamentos bíblicos, sua intenção é fazer que os ensinos da Palavra se encai­xem em suas crenças preconcebidas.

 

Atualmente, as testemunhas de Jeová alegam que o único grupo religioso na terra que interpreta correta­mente a Bíblia é a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, com sede em Brooklyn, Nova York. Dessa forma, a Bíblia, para elas, é um livro de organização e pertence à congregação cristã, como organização, e não a indivíduos, não importa quão sinceramente as pessoas creiam poder interpretá-la. Seguindo esse ra­ciocínio, a Bíblia não pode ser devidamente entendida sem a presença da organização visível de Jeová.

 

As testemunhas de Jeová acreditam que a estrutura dos administradores e mestres principais que controlam a Sociedade Torre de Vigia e Tratados (doravante referi­da simplesmente como Sociedade) representa a organi­zação visível de Deus na terra. Segundo as testemunhas de Jeová, essa organização foi nomeada por Deus, que a encarregou da responsabilidade de interpretar a Bíblia para todos aqueles que desejam entendê-la. As publicações da Sociedade advertem as testemunhas de Jeová de que elas não podem entender a Bíblia por conta pró­pria. O conhecimento exato da Bíblia está à disposição somente daqueles que aceitam, sem exceção, tudo quan­to a Sociedade ensina. “Como poderemos conhecer o caminho da verdade se não houvesse a ajuda da organi­zação? Podemos realmente passar sem a orientação da organização? Não, não podemos. Isto inclui ser leal ao ‘escravo fiel e discreto’… Encaremos o fato de que não importa o quanto tenhamos lido a Bíblia, jamais teríamos aprendido a verdade por conta própria. Não há dúvida sobre isso. Todos nós precisamos de ajuda para enten­der a Bíblia, e não podemos encontrar a orientação bíbli­ca de que precisamos fora da organização do ‘escravo fiel e discreto’. A aceitação deve ser total, sem a míni­ma titubeação, mesmo quando o que a Sociedade ensina é posteriormente por ela reconhecido como engano, e mesmo se o que ela ensina parece errôneo na oca­sião: No entanto, a alguns talvez tem parecido que a vereda nem sempre seguiu reto, em frente. Ocasio­nalmente, as explicações dadas pela Organização Vi­sível de Jeová têm indicado ajustes que aparentemente voltam a pontos de vista anteriores”.

 

Argumento em círculo

 

A fim de comprovar que ninguém consegue enten­der os ensinos da Bíblia sem a ajuda da organização de Deus na terra, as testemunhas de Jeová apelam para uma bateria de textos da Bíblia que supostamente di­zem ou deixam subentendido que apoiam tal alegação. Mas esse argumento é contraditório. Vejamos. Se é verdade que ninguém pode entender a Bíblia sem se submeter aos ensinos da organização, logo ninguém pode entender os versículos bíblicos usados pela seita para apoiar essa ideia sem que precise concordar com o que Bíblia está dizendo. Assim, fica claro que nin­guém também poderá saber que tais textos ensinam a necessidade de submissão às doutrinas da organiza­ção, a não ser que a pessoa já esteja submetida a ela!

 

Esse problema sempre surgirá, não importa quantos versículos da Bíblia as Testemunhas de Jeová citem para deixar subentendido que eles estão apoi­ando as reivindicações da organização. De maneira nenhuma é correto usar determinados trechos da Bí­blia para comprovar alguma coisa (leia-se doutrina) para as pessoas que não pertencem a certos grupos, como fazem as testemunhas de Jeová, que são insis­tente na questão que somente elas podem entender a Bíblia. Se uma pessoa que não pertence às Testemu­nhas de Jeová pudesse ler e entender (ainda que não estivesse submetida aos líderes dessa seita) semelhantes trechos bíblicos, a alegação desses líderes de que a Bíblia é um livro fechado para quem não se sub­mete às suas doutrinas seria plenamente refutada.

 

Resumindo, tal alegação não passa de um argumen­to em círculo (petitio principiis, que significa “petição de princípios”) conforme segue:

 

A organização de Deus diz que você precisa dela para entender a Bíblia. Isto porque:

 

É a própria Bíblia quem afirma isso. E sabemos que ela diz isso porque:

 

É isso que afirma a organização de Deus.

 

A afirmação das testemunhas de Jeová para escapa­rem desse círculo é que existem alguns textos bíblicos que podem ser entendidos sem a ajuda da organização de Deus, enquanto outros não. E os trechos da Bíblia que, segundo as testemunhas de Jeová, podem ser compreendidos sem o auxílio da organização são justamente aqueles que, sob a ótica dessa seita, ensinam sobre a necessidade de haver na terra uma organização de Deus. O problema é que a Bíblia não diz nada a esse respeito.

 

Outra alternativa das testemunhas de Jeová para apoi­ar esse pensamento é o reconhecimento de que ninguém que não pertença ao seu “arraial” pode entender as refe­ridas passagens bíblicas até que se submeta à organiza­ção. A implicação de semelhante reconhecimento, entretanto, é que nem mesmo as testemunhas de Jeová possuem fundamento escriturístico suficiente para citar as Escrituras e confirmarem, à luz da Bíblia, suas doutrinas quando tentam ganhar alguém para a sua seita. Para que sejam consistentes, as testemunhas de Jeová primeiro precisam persuadir as pessoas a aceitarem a organização a fim de que, futuramente, possam adquirir o entendimento da Bíblia.

 

Existe, ainda, uma terceira alternativa que as Teste­munhas de Jeová podem usar diante desse dilema. A saber: afirmarem que a Bíblia pode ser entendida sem a ajuda da organização, mas que a responsabilidade da organização é orientar o povo de Deus na leitura da Bíblia, e que todo aquele que aceitar os ensinos da Palavra deverá se submeter à organização. Essa reivindicação, entretanto, seria totalmente diferente, e as testemunhas de Jeová não querem correr o risco de fazê-la. De modo geral, as pessoas que questionam tudo quanto a organização diz, simplesmente deixam de acreditar nas doutrinas dessa seita depois de se familiarizarem com a Bíblia. Até mesmo as testemu­nhas de Jeová que foram eficientemente escoladas nas doutrinas da sua organização e que serviram fielmente durante muitos anos tendem a perder a fé nesses ensi­nos quando começam a estudar a Bíblia de forma inde­pendente. E esse fato tem sido reconhecido, em várias ocasiões, pelas próprias publicações da Sociedade.

 

TEXTOS QUE COMPROVAM A SUPOSTA AUTORIDADE DA TORRE DE VIGIA

 

O que, pois, podemos dizer a respeito daquelas pas­sagens da Bíblia que, segundo alegam as Testemunhas de Jeová, afirmam que devemos seguir os ensinos da organização? Uma coisa é o cristão dizer que semelhan­te alegação não faz sentido, outra mais difícil é compro­var que a Bíblia não diz nada a respeito. Logo precisamos, os cristãos, examinar os textos bíblicos em­pregados pelas Testemunhas de Jeová para defenderem suas reivindicações quanto à sua autoridade exclusiva na interpretação da Bíblia.

 

O “escravo fiel e discreto”

 

O principal texto bíblico utilizado pelas testemunhas de Jeová para sua alegação de que a doutrina bíblica acurada só pode ser achada na organização delas é Mateus 24.45-47, onde Jesus oferece a seguinte pará­bola: “Quem é realmente o escravo fiel e discreto a quem o seu amo designou sobre os seus domésticos, para dar-lhes o seu alimento no tempo apropriado? Feliz aquele escravo, se o seu amo, ao chegar, o achar fazen­do assim. Deveras, eu VOS digo: Ele o designará so­bre todos os seus bens” (TNM).

 

O argumento das testemunhas de Jeová é, em re­sumo, que essa passagem ensina que ninguém pode entender a Bíblia sem a ajuda desse escravo fiel e discreto, que, segundo a interpretação dessa seita, são os seguidores ungidos de Cristo que compõem o grupo identificado como mestres principais e ad­ministrados das testemunhas de Jeová.

 

Podemos, aqui, mencionar várias dificuldades ine­rentes à essa interpretação equivocada de Mateus 24.45-47 por parte das testemunhas de Jeová. Jesus não termina a parábola no versículo 47. Ao contrá­rio, o texto segue e, nos versículos 48 a 51, Cristo adverte o seguinte: “Mas, se é que aquele escravo mau disser no seu coração: ‘Meu amo demora’, e principiar a espancar os seus co-escravos, e a comer e a beber com os beberrões inveterados, o amo da­quele escravo virá num dia em que não sabe…”.

 

A interpretação usual feita pelas testemunhas de Jeová da segunda parte da parábola é que o es­cravo mau refere-se à cristandade, ou seja, todas as religiões e denominações professas do cristianismo que não pertençam a essa seita. Entretanto, a ex­pressão usada por Jesus: “aquele escravo mau” diz respeito, de forma genérica, a dois tipos de pessoas que professam servir a Ele – as fiéis e as más… A lição da parábola, porém, é que os líderes cristãos devem ser fiéis no seu serviço. Se assim agirem, Cris­to lhes dará mais responsabilidades. Caso contrá­rio, ou seja, se forem infiéis, serão castigados.

 

Essa lição fica ainda mais clara na passagem paralela de Lucas 12.41-48. Depois de elogiar o servo fiel com as palavras: “Feliz aquele escravo…”, e prometer que o amo o designará sobre todos os seus bens, Jesus conti­nua seu discurso, dizendo: “Mas se aquele escravo chegar a dizer no seu coração: ‘Meu amo demora em vir’, e principiar a espancar os servos e as servas e a comer e a beber e ficar embriagado, o amo daquele escravo virá num dia em que não espera…”. Quando, pois, comparamos entre si as duas versões da mesma parábo­la, fica claro que Jesus não está falando do escravo fiel e discreto como uma organização ou um grupo distinto de outro grupo (ou grupos) específico com o nome de escravo mau. Absolutamente. A mensagem integral de Jesus nessa passagem é que existe a possibilidade de as pessoas, individualmente falando, que forem chamadas para alimentar o povo de Deus podem ser infiéis e, por­tanto, más, não importa a organização que representem.

 

Além disso, a exortação dessa parábola é dirigida àqueles que se consideram escravos de Cristo, e não àqueles que são alimentados pelo escravo. Nenhum ponto nessa parábola sugere aquilo que a Sociedade quer dar a entender, que o corpo de assistentes (Lc 12.42) é obrigado a comer tudo quanto (ou talvez nada) o es­cravo coloca diante dele, sem reclamar de nada. As re­compensas e os castigos mencionados no final da parábola são distribuídos aos escravos segundo sua fidelidade ou infidelidade, e não aos assistentes, por terem concordado em comer de tudo que os escravos lhes dão a comer. Assim, a parábola nada mais é do que uma advertência àqueles que ensinam a Palavra de Deus, exortando-os para que sejam fiéis. Não se trata de uma exortação aos crentes para que aceitem, sem críticas ou questionamentos, as coisas que alguns mestres ou gru­pos de mestres lhes ensinam sobre a Palavra de Deus.

 

Embora de tipo de diferente, podemos, ainda, men­cionar outro problema relacionado à interpretação des­sa seita. A saber. As testemunhas de Jeová argumentam que ninguém pode entender corretamen­te a Palavra de Deus sem submeter-se aos ensinos do escravo fiel e discreto. Entretanto, segundo a própria teoria da seita, não existe nenhum escravo desse tipo há quase 19 séculos. E bem fácil comprovar isso. Conforme reza a teoria das testemunhas de Jeová, o escravo é uma organização que fala em nome de Jeová – não se trata meramente de indivíduos ou grupos de estudos em casa, existentes em diferentes lugares, mas, sim, de uma única organização responsável pela di­vulgação do evangelho por toda a face da terra.

 

Todavia, se tal organização tivesse existido no final do século XIX, C. T. Russell e seus colegas não teriam a mínima necessidade de se separar da cristandade e começar uma obra moderna. Tão logo os estudantes da Bíblia descobrissem a organização terrestre, sim­plesmente teriam se aliado a ela. Posto que, pelo contrário, criaram uma organização nova, segue-se que não existia na terra, há séculos, nenhum escravo fiel e discreto. A explicação da seita para esse fato é que Deus não tinha nenhum representante genuíno na terra por não querer que as pessoas entendessem a Bíblia, a não ser depois do surgimento de Russell e seus amigos. Esta conclusão é muito difícil de ser justificada pela Bíblia (Ver Mt 16.18; 28.20; Jd 3).

 

OUTRAS PROVAS CONTUNDENTES 

 

Vários outros textos bíblicos citados pelas Testemu­nhas de Jeová para defenderem a autoridade exclusiva de interpretação da Bíblia que dão à Sociedade Torre de Vigia podem ser examinados aqui, ainda que resumida­mente. Em Atos 8.30-31. Filipe pergunta ao eunuco etíope se ele compreende o que está lendo em Is 53.7-8. E a resposta que obtém é a seguinte: “Realmente, como é que eu posso, a menos que alguém me guie?”. Sem dúvi­da nenhuma, esse texto de Atos indica a necessidade de orientação ou de ajuda no estudo da Bíblia, mas não comprova que existe alguma organização cujos pronun­ciamentos sobre a interpretação bíblica não devam ser questionados. Nessa passagem, vemos um indivíduo pregando a Cristo diretamente por meio da Bíblia (e não uma organização, uma revista ou um livro) e outro con­fessando sua fé, após do que segue seu caminho com alegria, sem precisar filiar-se a uma organização.

 

O texto de 2 Pedro 1.20-21 é frequentemente citado pelas testemunhas de qualquer interpretação particular da Bíblia. Com isso, querem refutar o princípio protestante de que todo e qualquer cristão é responsável pela leitura e obedi­ência à Palavra de Deus. Pedro, no entanto, não está falando nada a respeito de os cristãos interpretarem a Bíblia, mas, sim. de como a Bíblia chegou a ser escrita originalmente. Conforme explicou correta­mente a obra de referência da Torre de Vigia. Ajuda ao entendimento da Bíblia: “Assim, as profecias bíblicas jamais foram produto de deduções e predições astutas dos homens, baseadas em sua análise pessoal dos eventos ou tendências humanas’’.

 

Se continuarmos a nossa leitura em 2 Pedro, as pa­lavras seguintes do apóstolo são uma advertência con­tra os falsos mestres (2.1) que desviam as pessoas, trazendo sobre eles a destruição veloz (2.2-22). A me­lhor maneira de evitar as seitas destrutivas (2.1), de acordo com o que diz Pedro, “é que vos lembreis das declarações anteriormente feitas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador por intermédio dos vossos apóstolos” (3.2). Ou seja, para que al­guém saiba distinguir entre a doutrina verdadeira e a doutrina falsa basta compará-la com o que a própria Bíblia diz, e não com que a organização de Deus alega, conforme argumentam as Testemunhas e Jeová.

 

Finalmente, as testemunhas de Jeová também citam as palavras ditas por Pedro a Jesus: “Para quem havemos de ir?” (João 6.68), e as aplicam da seguinte forma: “Para onde iremos para receber instrução na Bíblia se sairmos da Torre de Vigia?”. As palavras que Pedro diz em se­guida, entretanto, sugerem alguma coisa diferente: “Tu tens declarações de vida eterna: e nós cremos e viemos a saber que tu és o Santo de Deus” (João 6.68-69). A verdade é que as testemunhas de Jeová omitiram a pri­meira palavra da frase bíblica que citam: “Senhor, para quem havemos de ir?”. E o texto completo.

 

Decerto, o problema aqui envolvido não exige muito esclarecimento pormenorizado. Aplicar as pa­lavras que reconhecem Jesus como a única esperan­ça de vida eterna a uma organização humana é tanto estultícia quanto blasfêmia.

 

ROBERT M. BOWMAN, JR, REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO  7 – N° 42

 

Fonte: CACP

 

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