Pense na última vez em que você visitou um museu. Quantas obras de arte você viu nessa visita, entre quadros, esculturas e outras peças? Algumas dezenas? Talvez mais de cem? Agora, por favor, tente identificar de quantas dessas obras você ainda se lembra. Tire um tempo fazendo isso.
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Terminou? Bem, eu me arriscaria a dizer que dificilmente você se lembrará de mais do que dez a vinte peças, acertei? Sabe por que isso acontece? Porque nosso cérebro é extremamente seletivo e mais descarta lembranças do que armazena. Possivelmente, as poucas obras de arte de que você mais se lembra são aquelas que o impressionaram por alguma razão específica, que tiveram alguma história pessoal sua relacionada a elas, ou que de algum modo se destacaram das demais. A grande maioria você simplesmente olhou por alguns segundos e nem mesmo se lembra, estou certo? Esse exemplo enfatiza algo muito importante em nossa vida: a necessidade de construir memórias. O que, aliás, o próprio Jesus fez.
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Assim como ocorre em um passeio no museu, ao longo da nossa vida experimentamos uma quantidade inumerável de situações; porém, só nos lembramos de uma minoria delas. Isso ocorre pela mesma razão: nosso cérebro só vai transformar em memórias os episódios mais significativos. Ouso dizer que você não conseguirá se lembrar, por exemplo, da roupa que usou no dia 4 de dezembro do ano passado. Porém, se dia 4 de dezembro foi o seu aniversário, provavelmente você se lembrará da roupa que estava vestindo, e mais, se recordará dos sapatos que usava, do penteado, da comida que almoçou e outros detalhes que passariam batido num dia qualquer. E por quê? Porque aquela foi uma data que teve significado, que representou algo especial, que fugiu da sua rotina e, por tudo isso, mereceu um registro diferenciado na sua lembrança.
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Isso não lhe dá uma certa sensação de impotência? Afinal, não é você que controla ou não quais fatos e vivências da sua rotina seu cérebro decidirá transformar em memórias. Porém, existe um jeito de burlar isso: você pode construir as suas memórias. Como? Criando algo especial que o faça guardar o que deseja na lembrança.
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Lembro-me (repare o verbo que usei) de um aniversário de minha esposa em que lhe dei de presente um voo de helicóptero sobre a cidade do Rio. De todos os vinte aniversários dela que passei ao seu lado, esse foi o que mais ficou fixado em minha memória. Lembro do clima desse dia, do rosto de Alessandra sorrindo, de coisas que conversamos, de momentos antes e depois do voo… enfim, o fato de ter associado aquela data a algo extremamente marcante como um voo sobre uma cidade tão bela como o Rio de Janeiro fez esse aniversário de minha esposa ser o mais lembrado de todos os que vivi ao seu lado. E o que fez isso? Eu construí toda uma situação que tornou aquele dia muito mais marcado na lembrança do que se apenas tivesse posto uma velinha em um bolo qualquer e cantado parabéns. Aliás, naquele dia devemos ter cantado parabéns para ela e comido um bolo, mas, sinceramente? Eu não me lembro. Mas do voo? Ah, esse foi inesquecível.
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Portanto, meu irmão, minha irmã, você tem a capacidade de construir memórias, para si e para aqueles que ama. E essa capacidade se traduz em poder para fixar na mente das pessoas aquilo que você quer que seja fixado. Permita-me perguntar: ao conviver com sua família, seus jantares são como em um bandejão, em que cada um pega um prato, come onde e na hora em que quer, vendo televisão? Lamento dizer que, se assim for, no futuro seus filhos não terão muitas lembranças dos momentos em família, o que não acontece com quem faz da hora das refeições um momento de comunhão, troca, brincadeira e conversas, em que todos começam a comer e acabam juntos. Outra pergunta: nas suas pregações e aulas bíblicas, você meramente joga algumas informações em cima dos ouvintes e pronto? Lamento dizer que, no dia seguinte, eles não se lembrarão do que você pregou ou ensinou. E mais, será que sua vida impacta a do próximo? O que você faz e fala deixa uma consequência transformadora na vida das pessoas e será lembrado por elas ou sua vida tem passado em branco e não será lembrada após a sua morte, sem que nada do que você tenha feito gere qualquer consequência na vida de ninguém?
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Jesus nos ensinou a construir memórias: “Tomou o pão e agradeceu a Deus. Depois, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Este é o meu corpo, entregue por vocês. Façam isto em memória de mim’” (Lc 22.19). Ao instituir a ceia do Senhor, Cristo nos fez lembrar da cruz. Recordamos seu sacrifício, logo, sua graça; logo, seu amor; logo, quem ele é. O simples ato de comer pão e beber vinho na companhia de nossos irmãos e irmãs, em nome de Cristo, traz à nossa memória as mais extraordinárias realidades do Universo: a essência do Criador, quem somos para ele, do que ele é capaz, o que devemos fazer pelo próximo, de onde viemos e para onde vamos e tanto mais. Louvado seja Deus por ter construído em nós memórias tão vitais.
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Meu irmão, minha irmã, Deus nos ensinou a construir memórias. Então construa! O que está esperando? Construa memórias familiares. Ministeriais. Conjugais. Pessoais. Faça por onde as coisas importantes da vida serem gravadas de modo inesquecível na lembrança de todos os que o rodeiam. Com isso, no dia em que você deixar esta vida, com o seu último suspiro deixará um legado nesta terra e, com ele, a certeza de ter vivido uma vida consequente, que valeu a pena ser vivida e que será lembrada por muitos e muitos anos.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
Fonte: https://apenas1.wordpress.com
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