Sejam bem-vindos a mais um episódio de John Piper Responde! Em minha leitura bíblica, deparei-me com Isaías 56 e pensei que este texto poderia nos servir para um episódio consolador aos crentes que, por motivos de força maior, não podem ter filhos, quer por motivos de infertilidade, saúde, ou até mesmo por não terem conseguido encontrar um cônjuge para formar uma família. Pastor John, o senhor poderia, por meio de Isaías 56, dar uma palavra de consolo aos crentes que por algum motivo não podem ter filhos?
É algo muito, muito precioso ouvir o Criador todo-sábio, todo-bom e todo-poderoso do universo dizer a você pessoalmente: “Não retiro bem algum daqueles que andam retamente” (ver Salmo 84.11), ou “Eu te persigo implacavelmente com bondade e misericórdia todos os teus dias” (ver Salmo 23.6), ou “Eu faço com que todas as circunstâncias da tua vida cooperem para o teu bem” (ver Romanos 8.28) — sabendo o tempo todo que ele também disse: “Eu te fiz ver muitos problemas e calamidades” (ver Salmo 71.20).
É algo precioso ouvir Deus dizer (e saber disso no fundo da sua alma): “Eu sou bom; eu sou sábio; eu sou forte. Nada acontece com você, meu filho ou filha, que não seja para o seu bem”. Essa é uma palavra preciosa de Deus, mas é ainda mais preciosa quando Deus escolhe um problema ou calamidade específica e peculiar que Ele trouxe para nossas vidas e, em seguida, nos diz novamente, especificamente, essa mesma verdade relacionada a esse problema. E nossos ouvintes que estão passando por infertilidade chamam nossa atenção para uma dessas preciosas e específicas palavras de Deus — a saber, uma palavra sobre a infertilidade e ausência de filhos.
Promessa preciosa e específica
Então, aqui está o que Isaías 56.3–5 diz especificamente — não apenas de forma geral; especificamente — sobre essa questão.
Não fale o estrangeiro que se houver chegado ao Senhor, dizendo: O Senhor, com efeito, me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca. Porque assim diz o Senhor: Aos eunucos que guardam os meus sábados, escolhem aquilo que me agrada e abraçam a minha aliança, darei na minha casa e dentro dos meus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.
Agora, o significado imediato de eunuco neste texto é um homem incapaz de gerar filhos. Ele pode ter sido forçado a ser eunuco por castração, ou pode ter havido alguma razão natural ou acidental para que ele não pudesse gerar filhos. De qualquer forma, a questão é esta: havia duas consequências dolorosas relacionadas a ser um eunuco sob a lei no Antigo Testamento. Uma era que ele era excluído da assembleia do Senhor, da casa do Senhor (Deuteronômio 23.1). A outra é que ele não podia gerar descendentes para continuar seu nome. Isso é duplamente sombrio. Ele foi cortado do senso de comunhão com Deus e com seu povo, e seu legado foi cortado de qualquer futuro entre os homens.
Creio que é legítimo aplicar este texto tanto a homens quanto a mulheres de nossos dias que são inférteis e que são crentes em Cristo. Creio que é legítimo dizer que, em Cristo, todas as promessas de Deus (incluindo estes versículos) são “sim” (2 Coríntios 1.20: “todas as promessas são sim em Cristo”) — e dizer que, não apenas elas são “sim” para aqueles que estão em Cristo, mas também que as bênçãos prometidas no Antigo Testamento são maravilhosamente excedidas em Cristo.
Há mais, há algo melhor, porque os profetas do Antigo Testamento ainda não conheciam a Cristo; eles não o conheciam. Eles não conheciam o Messias, o Filho de Deus. Mas agora nossa comunhão com Cristo acompanha cada uma das promessas, então cada promessa ganha um reforço. Ela ganha um enorme aumento de significado porque não apenas todas são compradas por Jesus; todas são acompanhadas por Jesus, e desfrutamos da comunhão com ele em cada cumprimento de cada promessa.
Três presentes para os sem filhos
Então, sim, este texto é um presente; é uma promessa ao cristão ou cristã que não é capaz de gerar filhos. Acredito que há pelo menos três implicações deste texto para aqueles que são chamados a conviver com a tristeza e a decepção de não poder dar à luz ou gerar filhos.
1. Na Casa de Deus
No versículo 5, diz: “darei na minha casa e dentro dos meus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filha” aos eunucos crentes, aos que não têm filhos. E a razão pela qual “em minha casa” e “dentro dos meus muros” são importantes é por causa daquela exclusão do Antigo Testamento da casa de Deus. E aqui temos uma inversão do que a lei estabelecia temporariamente. “Vocês não serão excluídos da família, da casa de Deus, da presença do Deus vivo.”
E o Novo Testamento leva essa promessa a um patamar quase inacreditável quando diz que não apenas estaremos na casa de Deus, mas seremos a casa, a família de Deus. Seremos filhos de Deus na casa de Deus. Em outras palavras, a Bíblia nos lembra que ser incapaz de gerar filhos não é um castigo ou uma maldição, visto que Cristo suportou o nosso castigo, suportou a nossa maldição, tornou-se a nossa maldição. Em vez disso, Deus diz: “Vocês não apenas não são amaldiçoados: vocês são adotados; vocês estão dentro das paredes; vocês estão na casa; vocês estão na família. Não há como me separar dos meus filhos que não tem filhos.” Esse é o primeiro ponto.
2. Levando o Nome de Deus
O versículo 5 diz: “um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.” Pode ser verdade que seu sobrenome não será perpetuado na Terra. Esse tipo de legado pode ser negado a você. Mas Apocalipse 3.12 diz que Deus lhe dará o seu próprio nome. Isso é melhor do que o nome Piper ou qualquer outro nome que você possa imaginar, infinitamente melhor do que qualquer nome na Terra.
Jesus disse que não haverá casamento nem entrega em casamento no céu (Mateus 22.30), e creio que, por implicação, não haverá criação de filhos nem comparação de legados genealógicos. Haverá um grande legado, um grande nome: o nome de Deus, o nome de Jesus. Seremos seus filhos e carregaremos seu nome — e seu nome, nossa adoção e nossa herança serão um monumento melhor do que filhos e filhas, infinitamente melhor.
3. Uma Plantação do Senhor
Por fim, o versículo 3 diz: “Não diga o eunuco: Eis que sou uma árvore seca.” Em outras palavras, este texto não se preocupa apenas com a realidade objetiva de que em Cristo há um nome melhor e um legado melhor para os cristãos do que filhos e filhas. Este texto também se preocupa com a forma como pensamos sobre nós mesmos, como nos sentimos a esse respeito, como falamos sobre nós mesmos a esse respeito. Que os cristãos inférteis não digam: “Sou uma árvore seca.” Não diga isso. Por quê? Porque você não é; você não é uma árvore seca. Você é uma árvore verde, uma árvore frutífera.
Você sabe quantas das árvores do Salmo 1, que se deleitam na lei do Senhor dia e noite, foram inférteis? Dezenas de milhares, talvez milhões. “Ele [ou ela] é como uma árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo, e cujas folhas não murcham. Em tudo o que ele [ou ela] faz, ele [ou ela] prospera.” Isso é Salmo 1.3. Não diga: “Sou uma árvore seca”. Diga, em vez disso: “Sou uma árvore verde, plantada pelo Senhor, junto a ribeiros de verdade e graça, e a minha vida dará frutos eternos.”
Por: John Piper, é o fundador e professor do desiringGod.org e chanceler do Bethlehem College & Seminary. Por 33 anos, serviu como pastor da igreja Bethlehem Baptist Church, em Mineápolis, Minessota. Ele é autor de mais de 50 livros, incluindo Em busca de Deus: Meditações de um hedonista cristão e o mais recente Providência.
Fonte: https://voltemosaoevangelho.com


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