Nota do editor: Este é o último de 8 artigos da nova série de Desiring God – Satisfação em Deus em meio ao sofrimento.
“Ser ou não ser — eis a questão.”
O famoso verso de Shakespeare dá voz a corações desesperados. Hamlet se pergunta: Por que enfrentar os ferimentos e as pancadas da vida quando se pode ignorá-los na morte? “Morrer, dormir — nada mais…” (Hamlet , 3.1.64, 68-69).
A morte pode ser uma amiga, ele pensa — mas esse sono o aterroriza. O que acontece depois?
Quem suportaria [fardos],
Grunhindo e suando sob uma vida cansativa,
Senão o medo de algo após a morte,
O país desconhecido…
Nos faz preferir suportar os males que temos
Do que fugir para outros que não conhecemos? (84–90)
Ele descobre que os homens gemem e resmungam sob uma vida cansativa porque são escravizados pelo medo — não da morte, mas do que se segue. São presos à inação por medo das consequências eternas. Melhor suportar os “chicotes e desprezos do tempo” do que mergulhar em um profundo desconhecido (78). Melhor uma decepção conhecida do que uma calamidade velada. O medo de lá o manteve contente aqui: “Assim, a consciência nos torna a todos covardes” (91).
A esperança de Paulo
A inquietação de Hamlet ao encontrar a vida após a morte revela um homem sem Cristo. Ele tem razão em temer. Deus avisa: “A vingança é minha; eu retribuirei”, e Jesus ordena: “Temei aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Romanos 12.19; Mateus 10.28). Mas enquanto o homem perdido se contorce sob a retribuição vindoura, o cristão anseia pela redenção prometida.
Observe as cortinas se abrirem novamente. Outro homem discute esta vida à sombra da próxima.
Para este homem, uma vida longa parece uma decepção. Ele escolheria a morte se consultasse sua própria felicidade. Para ele, a vida poderia acabar agora. Ao contrário de Hamlet, ele estava feliz por não estar ali — pois estar longe do corpo significava estar em casa com seu Senhor.
Paulo conhecia bem o sofrimento — espancamentos, apedrejamentos, naufrágios. No entanto, ele declara que a morte é lucro, não porque anseia por se livrar dos seus sofrimentos, mas porque anseia por estar com Cristo, pois isso é muito melhor. Ouça sua reflexão sobre a morte na prisão e o que se segue:
Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. (Filipenses 1.21–23)
O mesmo estágio que demonstra o desespero do homem perdido demonstra a confiança do cristão. Ele estava dividido entre dois bens, não dois males: continuar servindo à igreja ou entrar na presença de Jesus. Ele permaneceria vivo com alegria, pois a vida era para ele mais do que dificuldades: “Viver é Cristo”. Mas ele preferia “morrer, dormir — não mais” viver com o pecado ou a distância de Jesus. Ele correria para entrar naquele país além, atravessando até mesmo o corredor frio da morte para chegar lá, cantando hinos durante todo o caminho.
Paulo não olhou para um abismo de incerteza — ele viu um Rei misericordioso em seu reino, acenando. A morte era lucro porque Cristo era a vida e o lar celestial. Ele sabia em quem havia crido (2 Timóteo 1.12), sabia a que reino pertencia e, como o ladrão na cruz, ansiava por estar com Cristo no paraíso hoje.
Sua vida no palco
E você, caro leitor? Este mesmo palco agora reúne pessoas como você e eu.
Quando as luzes se apagam e você é deixado para falar com seu coração e ouvir seus verdadeiros pensamentos, o que ele diz? O além ainda é um mistério obscuro? Você suspeita que não está preparado para este sono? Você acordará com um pesadelo?
Ser ou não ser? Eis a questão. Você conhece a Cristo ou não? Eis a resposta.
Você enfrentará o resto da vida como Hamlet — preso em corredeiras e correndo em direção à queda? Ou conhecerá a esperança de Paulo em um Cristo que morreu uma vez pelos pecados e ressuscitou dos mortos? Ele reina sobre o túmulo, e somente o crente pode verdadeiramente dizer que a morte é lucro e esta vida meramente uma passagem para um além melhor.
E que além.
Lá — não há mais fardos para carregar,
Não há mais para grunhir e suar sob uma vida cansativa,
Pela alegria de algo após a morte:
O país desconhecido… o Rei ainda descoberto
Nos faz deixar as alegrias que temos
E voar para outras que não conhecemos completamente.
Morrer, dormir, viver eternamente dentro de um sonho. Num reino, com um povo, vestido de branco. Anjos rodeando o trono. Reinamos com ele. Festejamos com ele. Tristeza, mas uma lembrança meio lembrada. Alegria, eternamente plena, eternamente gratificante. Aqui, a pergunta se perde em riso: Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão? Assim, Cristo nos torna a todos vencedores.
Ó leitor, a sua vida é realmente Cristo e morrer é realmente lucro? Qual será o seu discurso final? Ao fechar a cortina, deixe para trás a lembrança de uma vida que não foi vivida para este mundo e seus prazeres, nem uma vida que temeu o mundo vindouro com seus segredos, mas uma vida que, enquanto respirava, foi vivida para Cristo e sabia que a morte era lucro. Essa vida suscita perguntas. Essa vida aponta para a Resposta. Essa vida, satisfeita em Cristo acima de todo o mundo, o glorifica em todo o mundo e tem um despertar feliz no próximo.
Por: Greg Morse, é redator da equipe do desiringGod.org e graduado no Bethlehem College & Seminary. Ele e sua esposa, Abigail, moram em St. Paul.
Fonte: https://voltemosaoevangelho.com


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