Saiba reconhecer um fanático em 14 passos - O Peregrino

O Peregrino

Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade? Gálatas 4:16

test banner

Breaking

Post Top Ad

Minha Rádio

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Saiba reconhecer um fanático em 14 passos

 

Após um bom tempo estudando o comportamento de pessoas na internet que discutem sobre os mais diversos assuntos que você possa imaginar – desde política e religião até futebol e cinema – eu observei duas coisas. A primeira é que, especialmente aqui no Brasil, dificilmente alguém consegue discutir um assunto civilizadamente; tudo vira logo uma “briga de bar”, porque são facilmente fanatizadas por qualquer coisa que seja. E a segunda é que os fanáticos de qualquer tipo e por qualquer coisa apresentam as mesmas características uns dos outros. Aqui veremos 14 delas.


1º O fanático se acha o dono da verdade

O fanático não tolera uma discussão racional porque ele acha que a discussão já foi encerrada antes de começar, e que o vencedor é obviamente ele. Ele não trabalha com a possibilidade de estar errado, e por isso tende a ser dogmático, obstinado, autoritário e pedante. Termos como “provavelmente”, “possivelmente”, “talvez” e o simples “não sei” jamais sairão de sua boca, porque mesmo nos assuntos que ele não domina e nem estudou a respeito ele ainda assim pensa que tem a resposta final, como um gênio da lâmpada mágica. Tudo é tratado em termos absolutos e cabais, e na cabeça dele quem pensa diferente que ele é, no mínimo, um grande idiota.


2º O fanático tem sempre uma postura agressiva e hostil

Este é um dos traços mais característicos de um fanático: antes que você consiga trocar meia dúzia de palavras com ele, ele te encherá de palavrões, deboches, ofensas e ameaças, ainda que você tenha sido gentil e educado com ele. “Respeito” é uma palavra que não existe em seu dicionário, pelo menos não com quem pensa diferente dele. Basta se sentir acuado e sem reposta sobre qualquer assunto, e um festival de ad hominem será vomitado, junto a todas as táticas de escárnio e intimidação, porque se ele não consegue ganhar nos argumentos, pelo menos vai pela força.


3º O fanático não tem segurança das próprias crenças

Este é o ponto mais irônico, pois enquanto a uma primeira vista um fanático aparenta ser alguém plenamente convencido de tudo aquilo que crê, no fundo ele tem são profundas dúvidas que inquietam seu coração, as quais guarda apenas para si. É por isso que precisa apelar aos ataques baixos e às ofensas, numa tentativa de suprir a falta de argumentos. Como ele não é capaz de sustentar uma discussão no campo da razão, joga o debate para o mais baixo nível, onde se sente à vontade, obrigando o oponente a descer ao nível dele (e o debate virar pura baixaria, como ele quer) ou a abandonar o debate (podendo assim dizer que o oponente “fugiu” e declarar vitória). Ou seja, o xingamento é uma forma de suprir sua insegurança e compensar sua incapacidade.

É também uma forma de jogar com o emocional do oponente, pois muita gente não está psicologicamente preparada para lidar com um nível tão baixo. Só há um motivo por que pessoas ameaçam outras de morte por dizerem coisas que elas não querem ouvir: porque aquilo mexeu muito com elas. E só mexeu com elas tanto assim porque a crença delas é instável, o fundamento é bambo e a convicção é zero. Se elas estivessem seguras do que defendem, poderiam ouvir qualquer um dizer o que for contra essas coisas que elas pouco se importariam, mas aquilo mexe tanto com elas que elas acham que precisam matar o outro, para que ele pare de falar e assim suas crenças não sejam mais abaladas. Por detrás de todo “machão de internet” há um menininho frágil e fraco, que precisa apelar a todo tipo de subtefúrgio para se sentir minimamente seguro.


4º O fanático acha que quem prega o contrário o faz sempre por maldade

Qualquer pessoa que critique um fanático será imediatamente taxada de “canalha”, “desonesto”, “imundo” e etc. Já vimos que o fanático não trabalha com a possibilidade de estar enganado, mas a coisa é pior do que isso: ele não trabalha nem mesmo com a possibilidade do seu oponente estar honestamente enganado. Por isso, todos os que discordam dele só discordam porque são monstros humanos que querem deliberadamente destruir a civilização. Um fanático de extrema-esquerda não trabalha com a possibilidade de que os direitistas sejam de direita porque consideram que o liberalismo econômico é o melhor modo de gerar riqueza para toda a sociedade; ele só é de direita porque é um “fascista opressor” que “odeia os pobres” e por isso precisa ser tratado “na ponta do fuzil”. Da mesma forma, um fanático de extrema-direita não trabalha com a possibilidade de que um esquerdista seja de esquerda porque na cabeça dele a ideologia dele é a que mais favorece os pobres; ele só é de esquerda porque é um “comunista vagabundo” que está ali apenas para roubar o dinheiro público e para conspirar contra os cristãos.

Certamente há indivíduos desses dois tipos, mas entre eles há muitos que defendem uma ideologia errônea apenas e tão-somente porque foram ensinados assim desde sempre, ou por ingenuidade e ignorância, ou porque não estudaram tanto, ou simplesmente porque na cabeça deles as explicações apresentadas fazem mais sentido para o lado deles do que para o outro. Mas o fanático não entende isso, e por isso trata o diferente como um típico vilão de cinema, contra quem trava uma cruzada mortal. O fanático é incapaz de um diálogo com quem pensa diferente, porque acha que quem pensa diferente é alguém que merece ser exterminado. Fanático não aceita a divergência, não aceita ser contrariado. Por isso você nunca verá dois fanáticos de pólos diferentes fazendo o crossover que o Pirula e o Yago fizeram no canal deles, porque o fanático só é capaz de diálogo com quem pensa igual.


5º O fanático tende a seguir gurus com todas as respostas

Independente de qual fanático você esteja falando, uma coisa você poderá notar: ele nunca será um “livre pensador”, com uma mente individual e livre, capaz de pensar por si mesmo e chegar às suas próprias conclusões sem estar condicionado a aceitar o que algum “guru” diz por aí. Quase sempre pessoas fanáticas formam seu pensamento a partir do que um ou mais indivíduos disseram a ela, e seguem esses indivíduos como se fossem Deus, como se estivessem sempre com a razão em tudo, como estando acima do bem e do mal. E se alguém criticar o guru delas, elas se sentirão ainda mais ofendidas do que se a ofensa fosse contra elas mesmas.

Uma mente livre tende a não ser fanática porque entende suas limitações e sabe que ninguém é perfeito, e assim pode estudar todas as vertentes e autores sem comprar todas as ideias de alguém em particular. Já uma mente cativa a alguém condiciona seus pensamentos a essa pessoa, fazendo dela o seu senhor e deus, mesmo quando é um simples mortal tão falho quanto ela mesma. Também nota-se a extrema facilidade que é alguém se fanatizar por uma modinha do momento, a respeito da qual ele estudou pouco ou nada, mas como muitos dos seus amigos aderiram à modinha, ele entra na modinha também (a hilária “volta da monarquia” é um exemplo perfeito disso). Tão logo a modinha passe, ele passa a se fanatizar por outra coisa (a nova modinha, seja ela qual for). É o típico gado que segue o “efeito manada”, seja em torno de um guru ou de uma modinha (isso quando o próprio guru não é a própria modinha!).


6º Um fanático está preso numa bolha e é cego ao que acontece fora dela

Um fanático nunca irá acompanhar de forma mais ou menos igualitária todos os lados de uma discussão; em vez disso, ele se fechará em seu casulo e só ouvirá aquilo que lhe convém (lembre-se que um fanático é no fundo uma pessoa insegura, então precisa do viés de confirmação). Todos os canais que ele segue no youtube, todas as páginas que ele acompanha no facebook, e até mesmo todas as suas companhias e amizades (no caso dos fanáticos que tem alguma) são de dentro dessa “bolha”, ou seja, vem de pessoas que reproduzem exatamente o mesmo discurso uns dos outros, sobre qualquer assunto que seja. Tudo o que ele lê, ouve e assiste é aquilo que confirma suas crenças prévias, que em nenhuma hipótese podem ser desafiadas. Como ele sempre ouve as mesmas opiniões sobre tudo, considera um tremendo absurdo quando ocasionalmente ouve alguém dando uma opinião divergente sobre alguma coisa. Ela se isola completamente, de modo a reforçar o “nós contra eles” (“nós” como sendo a bolha na qual ele está inserido, e “eles” como todos os outros).


7º O fanático ataca em bando

Um fanático é geralmente um covarde, e um covarde não tem peito para comprar suas próprias brigas sozinho. Por isso ele precisa recorrer à tática do “ataque em bando”, convocando os “companheiros” ou “irmãos de batalha” para atacar, ofender, ameaçar, humilhar, intimidar e perseguir a vida de quem conflita com ele. Gente assim, se tiver muitos seguidores, cria uma atmosfera de seita e usa esses seguidores como massa de manobra para atuar contra seus desafetos, e recorre a essa “milícia virtual” sempre que lhe convém, na tentativa de calar seus opositores na marra. Se o fanático em questão for um anônimo qualquer, ele fará toda a questão de ir ao vídeo ou ao post do guru a quem segue apenas para comentar que o oponente foi “humilhado” (mesmo sem ter visto o vídeo), e fará o mesmo com o oponente em questão, esculhambando o quanto puder.


8º Um fanático raramente lida com o argumento

O fanático é mestre na arte de “vencer um debate sem ter a razão”, recorrendo para isso a todas as estratégias de ataque pessoal, de desmoralização, de assassinato de reputação e todo o arsenal de falácias e sofismas, mas raramente vai lidar com o argumento em si, de forma racional e séria. Mesmo que dedique parte da sua fala à argumentação, ela nunca vai ultrapassar uns 5% do vídeo. O resto será ocupado com deboche, escárnio, zombaria, palavras chulas, imitaçõezinhas pejorativas e artifícios de criança de quinta série, que só atraem a atenção de outros fanáticos como ele, mas que não tem efeito algum em uma discussão de nível acadêmico.


9º Um fanático nunca admite que está errado

Essa é também uma das marcas principais, senão a maior: a impossibilidade de assumir um erro. Todo mundo pode errar, mas ele não. Ele é infalível, ainda que não se defina assim (embora alguns até se definam...). Mesmo que o erro seja uma coisa escandalosa e notória, patente e indiscutível, ele ainda assim fará todos os contorcionismos possíveis para negar que cometeu um erro mesmo. Dirá que era uma “hipérbole”, ou que “distorceram” suas palavras, ou que “tiraram do contexto”, ou que para ser mesmo refutado precisa antes refutar por completo todos os livros que ele já escreveu na vida, e outras manobras do tipo. É criada toda uma cerca em torno do sujeito, de modo a torná-lo “irrefutável” aos olhos dos outros. Palavras como “eu errei”, “eu me desculpo” ou “mudei de opinião sobre isso” são coisas que você raramente ou nunca verá sair de sua boca. Ele vai insistir até o final, mesmo que implique em negar que a grama é verde e que a terra gira em torno do sol.


10º Um fanático tem uma necessidade compulsiva em criticar e contrariar

Às vezes eu posto um vídeo de uma ou duas horas de duração, e menos de dois minutos depois já tem um dislike de algum hater. Com o tempo, notei que essa é uma prática habitual de um fanático: ele nunca espera um vídeo acabar para decidir que ele é ruim; ele nem mesmo espera o vídeo começar, ele já está tão fanatizado que todas as suas convicções são pré-concebidas e não tem qualquer interesse em procurar a verdade, numa atitude típica de torcedor de futebol que já escolheu um time. Muitas e muitas vezes eu já vi vídeos muito bons com 95% de likes contra 5% de dislikes, mas então quando ia ler os comentários só tinha gente detonando o cara (ou seja, só esses 5% é que comentavam).

Como o mesmo padrão é recorrente em cada vídeo que assisto sobre qualquer tema polêmico, percebi que quem gosta de um conteúdo tem uma propensão relativamente baixa de manifestar seu gosto, enquanto em contrapartida o hater tem uma necessidade compulsiva e incontrolável de manifestar abertamente sua discórdia, ou seja, ele simplesmente não consegue ficar calado. Por isso há tantos vídeos onde as críticas são completamente desproporcionais ao percentual de likes/dislikes. Um fanático não suporta ver suas opiniões sendo refutadas em qualquer lugar que seja; onde ele ver uma coisa dessas, irá imediatamente partir para o ataque, furiosa e impetuosamente.


11º Um fanático leva tudo aos extremos

Se você observar com atenção, o discurso de um fanático está sempre cheio de superlativos. Tudo é dito de forma propositalmente exagerada e ganha proporções abismais, de modo que mesmo quando ele acerta no conteúdo, erra na dose, pois perdeu o senso de proporção. Como ele exagera tudo, ele quase certamente estará em algum extremo da discussão. Por isso dificilmente você se depara com um “católico de IBGE” fanático, mas encontra muitos tradicionalistas fanáticos. Da mesma forma, dificilmente você encontra um fanático de centro-esquerda ou de centro-direita, mas nos extremos fanático é o que não falta, com um discurso explosivo e, acima de tudo, exagerado. Para o fanático, o seu time é o melhor de todos, só o seu estilo musical é aceitável, só o seu político de estimação pode salvar o país e sua igreja é a única verdadeira. Não existem ressalvas, meio-termos, reservas ou ponderações; é tudo trabalhado na base do 8 ou 80.

No entanto, é importante destacar que nenhum extremista se vê como um extremista. Até hoje eu nunca vi ninguém se intitular de “extrema-esquerda” ou de “extrema-direita” (mesmo quando é o caso). Para o fanático, ele sempre é o “ponderado” e o extremista é sempre o outro, por isso ele sempre enxerga as coisas nos extremos. Há alguns dias um leitor do site me disse que o professor dele (um militante do PSTU, de extrema-esquerda) alegou que “o PT é de direita”. De um certo modo, ele está certo: como o PSTU é a esquerda mais radical que existe, o PT está à direita deles. Obviamente, o PT é um partido assumidamente e universalmente reconhecido como de esquerda, mas aos olhos de um extremista, qualquer coisa que seja um pouco mais “light” que a visão dele já é taxada para o extremo oposto.

O mesmo ocorre com quem está no outro extremo, não sendo poucos os casos de gente que diz que o PSDB é um “partido comunista”. Até mesmo o Paulo Guedes não escapou da acusação de “comunista” pelo Paulo Kogos (aquele gordinho doidão que defende o anarcocapitalismo). O fanatismo político deixa as pessoas míopes a tal ponto que só conseguem enxergar 8 ou 80. Se alguém é "9" já é o bastante para ser enquadrado no grupo dos "80" (e para os "80", qualquer um de 79 pra baixo já é rotulado no grupo dos "8"). Em síntese: quanto mais fanático alguém é em suas posições, mais ele tende a enxergar o mundo de uma forma bipolarizada e míope, sem racionalidade ou imparcialidade.


12º Um fanático é incapaz de pensar, fazer ou falar sobre outra coisa

Um fanático é um ser unidimensional. Um fanático sobre futebol só é capaz de assistir coisas sobre futebol, de falar sobre futebol e de brigar por futebol; um fanático por política só assiste coisas sobre política, só fala de política e só briga por política; um fanático religioso só assiste canais religiosos, só fala de religião e só briga por religião, e assim por diante. Se você conversa com um fanático sobre qualquer coisa que fuja minimamente da área dele, ele não sabe desenvolver a conversa nem tem conteúdo pra isso. Um fanático é quase que por definição um viciado, um bitolado em uma coisa só – aquilo que caracteriza o seu fanatismo. Não há variedade; sua mente está concentrada em uma única coisa, e ela irá dedicar toda a sua vida nisso.


13º Um fanático não “constrói”, apenas “destrói”

Há tempos atrás um fanático religioso decidiu criar um site inteiro só para me atacar (literalmente, um site inteiro só para isso, com o meu nome de título e tudo). Isso me levou a pensar que raios passa na cabeça de alguém que decide criar um site inteiro apenas de ataques pessoais a alguém em específico. Li o tal site uma vez, e lá ele defendia a matança de mulheres e crianças muçulmanas, o massacre de ortodoxos gregos e o extermínio de protestantes, e entendi tudo. Um fanático dificilmente conseguirá construir algo para si próprio porque para isso seria preciso atrair a atenção de muitos outros fanáticos tão doentes quanto ele, então para compensar ele tenta derrubar alguém que conseguiu chegar a algum lugar que ele é incapaz de chegar. É como uma criança que sonha em construir um castelinho de areia, mas como não consegue, se contenta em destruir o castelinho da outra criança, e concentra todas suas energias nisso.

Por isso um fanático nunca dará uma palavra de exortação, edificação ou crescimento espiritual, nem nada que agregue ou acrescente minimamente a vida de alguém. Tudo o que ele fará é atacar, atacar e atacar mais ainda a todos que odeia, numa lista que quase não tem fim. Seu objetivo na vida é assassinar a reputação dos outros, isso quando não é assassiná-los fisicamente. Não raramente nem ele mesmo acredita nas aberrações que diz, apenas diz porque quer desesperadamente destruir alguém, numa necessidade obsessiva e patológica de atacar alguém até o ponto em que essa pessoa desista de prosseguir, como um alpinista que não consegue subir uma montanha e então corta a corda do outro alpinista para não ter o desprazer de vê-lo conseguir o que ele não pôde.


14º Um fanático é alguém consumido pelo ódio

Essa última característica é de longe a mais notória (e triste) de um fanático: ele é inteiramente consumido pelo ódio. Naturalmente, todos nós temos momentos de ira e raiva em nosso cotidiano, mas o fanático vive permanentemente no ódio, um ódio contínuo e incessante que lhe consome por dentro, até o ponto de perder a própria humanidade. Ódio é tudo o que tem em seu coração e que passa pela sua cabeça. Para não pensar que eu estou exagerando, usarei como exemplo prático e objetivo o mesmo cidadão que criou o tal blog para me atacar (não se preocupe, eu censurei as palavras mais feias):

 

Fonte: lucasbanzoli.com

Nenhum comentário:


Campanha:

Leia um livro!

Ad Bottom