Por AJWRB
The
Associated Jehovah's Witnesses for Reform for Blood
A maioria das testemunhas de Jeová acredita
sinceramente que é um pecado grave aceitar uma transfusão de sangue, pois a
Bíblia declara: “Abstende-vos de sangue” (At 15.29). É perfeitamente
compreensível que muitos estejam confusos, devido à posição adotada pela
Sociedade Torre de Vigia a respeito dos vários componentes do sangue ou
produtos sanguíneos, como albumina, EPO (Erythropoietins) não sintético, vacinas,
imunoglobulinas e tratamentos hemofílicos. Não parece ser possível explicar
porque a Sociedade Torre de Vigia permite que uma testemunha aceite estes
componentes, enquanto é uma violação da lei de Deus aceitar outros, como
plasma, plaquetas, glóbulos vermelhos e glóbulos brancos. Estas contradições
fizeram que vários anciãos e membros de Comissões de Ligação com Hospitais
renunciassem discretamente a esses cargos.
Além disso, a tendência, em anos recentes, tem sido
permitir mais e mais produtos sanguíneos. Essa tendência e a declaração da
Sociedade Torre de Vigia perante a Comissão Europeia dos Direitos Humanos, de
que não há “controle ou sanções” para uma testemunha que aceite sangue e ainda
o fato de menores de idade não poderem usar “Declarações Médicas Antecipadas”
proibindo as transfusões de sangue, são indicações significativas de que a
Sociedade Torre de Vigia pode modificar drasticamente a sua política em relação
ao sangue ou abandoná-la completamente em breve.
Perguntas
importantes que ficam sem resposta
Por meio da revista Despertai, edição de 22 de
outubro de 1990, a Sociedade Torre de Vigia afirma permitir que as testemunhas
aceitem os componentes do plasma separadamente. Assim sendo, é legítimo
perguntar: “Por que proíbem o uso do próprio plasma se aceitam seus
componentes?”.
Médicos de todas as partes do mundo fizeram esta
pergunta a membros de Comissões de Ligação com Hospitais. Por sua vez, estes
procuraram uma resposta do Betel de Brooklyn e de várias filiais da Watchtower.
Até agora, ordena-se-lhes simplesmente que não mencionem mais o assunto, nem
façam mais perguntas. Por que é que a Sociedade Torre de Vigia não pode
responder a esta pergunta tão importante?
Visto que não é possível encontrar na Bíblia
qualquer apoio para permitir certas frações ou produtos do sangue, é razoável
perguntar: “Onde é que a Sociedade Torre de Vigia encontra apoio para a sua
proibição parcial do sangue?”.
Aprendendo
com a criação de Jeová
Atualmente, o ensino da Torre de Vigia é que os
componentes do sangue permitidos estão apenas limitados àqueles que passam pela
barreira da placenta, durante a gravidez, e que, baseando-se nisto, uma
testemunha pode aceitá-los de boa consciência. O raciocínio é este: como Jeová
Deus permite que estes componentes sanguíneos passem da mãe para o feto, é
lógico concluir que Deus não violaria a sua própria lei a respeito do sangue.
Isto seria razoável, mas o fato é que a ciência médica mostrou que,
praticamente, todos os componentes do sangue passam pela barreira da placenta.
Será que só são permitidas os menores componentes
do sangue?
Às vezes, argumenta-se que os componentes do sangue
permitidos pela Sociedade Torre de Vigia são frações do sangue muito pequenas.
Mas, mesmo este argumento não pode ser usado, pois a albumina, que está no
plasma do sangue e cujo uso é aprovado pela Sociedade Torre de Vigia, ocupa uma
porcentagem do volume do sangue (2,2%) muito maior do que os componentes que a
Sociedade Torre de Vigia proíbe, como os glóbulos brancos (1%) e plaquetas
(0,17%), que as testemunhas têm de rejeitar.
Além disso, tratamentos hemofílicos, que são
permitidos, requerem o recolhimento e armazenagem de quantidades de sangue
muito grandes (mais de 2.500 doadores de sangue para um único tratamento) e,
apesar disso, a Sociedade Torre de Vigia proíbe que as testemunhas armazenem o
seu próprio sangue. Por que é que existe esta duplicidade de critérios?
Aprendendo
com o contexto bíblico sobre o sangue
Se nos dedicarmos a estudar cuidadosamente todos os
relatos bíblicos a respeito do sangue, torna-se muito claro que sempre que é
mencionado o uso incorreto do sangue é no contexto de comer sangue, conforme a
própria Sociedade Torre de Vigia tem reconhecido em várias ocasiões.
“De cada vez que a proibição do sangue é mencionada
nas Escrituras, é em relação com tomá-lo como alimento e, por isso, é na sua
qualidade de nutriente que estamos preocupados em ser ele proibido”.
Será que uma transfusão de sangue é o mesmo que se
alimentar de sangue?
Em certo momento de sua história, a Sociedade Torre
de Vigia ensinou que a transfusão de sangue é o mesmo que se alimentar de
sangue. Então, em meados da década de 1960, eles aprenderam que o sangue
transfundido não é digerido, mas é retido no corpo de forma muito semelhante a
um órgão transplantado. Tragicamente, nessa altura já tinham morrido muitas
testemunhas de Jeová.
Como o Corpo Governante acreditava que o fim estava
extremamente próximo e que a ciência encontraria rapidamente uma alternativa
eficaz ao sangue, a proibição do sangue foi mantida, mas foram sendo permitidos
cada vez mais produtos sanguíneos, se tomados separadamente.
A política atual tem sido desenvolvida de forma
desleixada ao longo dos anos e existem muitas similaridades com as proibições
anteriores que a Sociedade Torre de Vigia decretou sobre as vacinas e os
transplantes de órgãos.
Dito de forma simples, para conseguir obter
nutrição a partir do sangue, seria necessário comê-lo e digeri-lo, para poder
decompô-lo e usá-lo como alimento. De uma transfusão de sangue não resulta
qualquer benefício nutritivo.
A Sociedade Torre de Vigia tem tentado contornar
este fato argumentando que receber uma transfusão de sangue não é diferente de
ser alimentado intravenosamente com dextrose ou álcool. Mas estas comparações
são enganadoras, pois o açúcar e o álcool podem, de fato, ser usados pelo corpo
como alimento, sem digestão. O sangue, que é transfundido, não pode ser usado
pelo nosso corpo como alimento, da mesma forma que um transplante de coração ou
de rim não pode ser usado como alimento.
Considere dois pacientes incapacitados de comer e,
por isso, são internados em um hospital. A um deles é dada uma transfusão de
sangue e ao outro, alimentação intravenosa. Qual deles está recebendo alimento
e sobreviverá? Claramente, os médicos não prescrevem transfusões de sangue para
tratar a má nutrição, antes, é para substituir algo que o corpo perdeu,
geralmente os glóbulos vermelhos, que são necessários para transportar oxigênio
e manter a pessoa viva.
Como não é verdade que uma transfusão de sangue
seja o mesmo que se alimentar de sangue e muito menos é equivalente a comer
sangue, então, não existe o elo crítico necessário para apoiar biblicamente a
política da Sociedade Torre de Vigia a respeito do sangue.
Como a STV
justifica a proibição parcial de sangue
Nenhum médico ou cientista reputado diria
atualmente que uma transfusão de sangue é alimentar-se de sangue, ou que é
equivalente a comer sangue; diria, em vez disso, que é um transplante de órgão
ou de tecido líquido, conforme a própria Sociedade Torre de Vigia reconhece
agora.
Para contornar este fato, a Sociedade Torre de
Vigia criou uma nova lei para as testemunhas ao dizer que é errado sustentar a
vida por meio do sangue. Aqui, o problema é que, em nenhuma parte da Bíblia,
encontramos tal restrição sobre o sangue nesses termos. Será que comer e
sustentar a vida são a mesma coisa, conforme a Sociedade Torre de Vigia
argumenta?
Bem, existem muitas coisas que fazemos para
sustentar a nossa vida, por exemplo: beber, respirar, dormir, etc. Comer é
apenas uma das coisas necessárias para sustentar a vida. Esse palavreado
confuso da Sociedade Torre de Vigia é tanto desonesto como irresponsável e
obscurece a verdade da Palavra de Deus, indo “além das coisas que estão
escritas” (1Co 4.6).
As
testemunhas de Jeová realmente se abstêm de sangue?
A maioria das testemunhas de Jeová responderia a
essa pergunta de forma decidida: Sim! Mas, conforme esta breve consideração dos
fatos mostrou, a resposta é não. As testemunhas não conseguem explicar por que
é que a Sociedade Torre de Vigia permite o uso de produtos sanguíneos, como:
albumina, EPO, soros de sangue/imunoglobulinas e tratamentos hemofílicos
(agentes coagulantes VIII e IX), se estes são claramente tomados para sustentar
a vida.
Como é que isso pode ser honestamente considerado
como “abster-se de sangue”? A resposta óbvia é que não pode. Se o uso médico do
sangue é errado, não podemos escolher, a nosso bel-prazer, quais são as frações
ou produtos do sangue dos quais nos absteremos, nem mesmo argumentando que são
“pequenas frações”, da mesma forma que não nos podemos envolver numa “pequena
fração” de fornicação ou numa “pequena fração” de adoração a ídolos. Tal raciocínio
está seriamente errado.
Será que as
mortes deles eram mesmo necessárias?
Em décadas passadas, inúmeras testemunhas de Jeová
apoiaram lealmente as proibições sobre vacinas e transplantes de órgãos. Em
alguns casos, esse apoio leal custou-lhes a vida, e ficamos imaginando como
terão reagido suas famílias quando a Sociedade Torre de Vigia finalmente
recebeu “nova luz” e revogou a sua posição anterior.
Ornamentando a capa da edição de 22 de maio de 1994
da revista Despertai! estão as fotos de 26 crianças, com idades até 17 anos,
com a legenda: “Jovens que colocaram Deus em primeiro lugar”. No interior, a
revista proclama: “No passado, milhares de jovens morreram porque colocaram
Deus em primeiro lugar. Ainda há jovens assim. Só que hoje o drama acontece em
hospitais e tribunais, tendo como questão as transfusões de sangue” (p. 2). O
artigo destacado na página 9, intitulado “Jovens com poder além do normal”,
conta a história de três destas crianças que morreram depois de recusarem
tratamento com sangue. Será que a morte deles era mesmo necessária?
A aderência leal à doutrina do sangue custou a vida
a milhares de testemunhas. Apesar desse fato, muitos anciãos, membros das
Comissões de Ligação com Hospitais e pessoas que já há muito tempo observam a
STV, acreditam que é só uma questão de tempo até a organização revogar
[abandonar] a sua política a respeito do sangue e o uso de todos os produtos do
sangue se tornar um assunto de consciência.
Entretanto, o leitor da Defesa da Fé é encorajado a
informar-se completamente sobre este assunto para que possa fazer uma escolha
consciente a respeito do uso do sangue e de produtos sanguíneos. Procure
terapias alternativas sem sangue sob o conselho de profissionais médicos
qualificados, quem melhor podem informar acerca dos riscos e potenciais
benefícios tanto de aceitar como de rejeitar o uso de produtos sanguíneos,
independentemente de o uso destes produtos ser presentemente aprovado ou não
pela Sociedade Torre de Vigia.
Para saber mais, acesse o site:
http://osarsif.blogspot.com/
“Na década de 1960, a STV aprendeu que o sangue
transfundido não é digerido, mas retido no corpo de forma muito semelhante a um
órgão transplantado. Tragicamente, nessa altura já havia morrido muitas
testemunhas de Jeová”
“O sangue transfundido não pode ser usado pelo
nosso corpo como alimento, da mesma forma que um transplante de coração ou de
rim não pode ser usado como alimento”
Notas:
1
Decision on Admissibility of Application 28626/95, p. 22, p. 6; Information
note no 148, B. II. (a); Commission Report on Application 28626/95 adotada em 9
de março de 1998, p. 4,17.II. The Council of Europe - European Commission of
Human Rights [Conselho da Europa - Comissão Europeia dos Direitos Humanos].
2 A
Sentinela, 1.º de junho de 1990, p. 31.
3
Walknowska, J., Conte, F.A., Grumback, M.M. (1969). Practical and theoretical
implications of fetal/maternal lymphocyte transfer [“Implicações práticas e
teóricas da transferência de linfócitos feto/mãe”]; Lancet, 1, 1119-1122;
Simpson JL; Elias S., JAMA 1993 Nov. 17; 270 (19):2357-61; Isolating Fetal
Cells in Maternal Circulation For Prenatal Diagnosis [“Isolando células de feto
na circulação materna para diagnóstico pré-natal”]; Early Human Development [“Desenvolvimento
Humano Inicial”] 47 Suppl. (1996) S73-S77.
4 The
Watchtower [“A Sentinela”], 15 de junho de 1985, p. 30.
5 The
Watchtower [“A Sentinela”], 15 de setembro de 1958, p. 575.
6 Make
Sure of All Things, revisto em 1.º de abril de 1957, p. 47; Watchtower, 15 de
setembro de 1961, p. 558. Embora a Sociedade Torre de Vigia ainda insinue
ocasionalmente que uma transfusão de sangue é o mesmo que se alimentar de
sangue, essa posição foi discretamente abandonada no início da década de 1960 e
é frequente lermos declarações do tipo “é errado sustentar a nossa vida com
sangue”, embora essa expressão ou ideia não se encontre nas Escrituras.
7 The
Watchtower [“A Sentinela”], 1.º de Maio de 1968, p.272 parágrafo 7 [em
português: w01/11/1968]; The Watchtower [“A Sentinela”], 15 de Agosto de 1968,
p.499 [em português: w15/02/1969]; As nações terão de saber que eu sou Jeová:
Como? 1973, p. 200, par. 9.
8 Awake!
[“Despertai!”] 22 de junho de 1972, p. 29-30.
9 Awake!
[Despertai!] 22 de junho de 1982, p. 25.
10 Awake!
[Despertai!], 22 de outubro de 1990, p. 9.
Fonte ICP
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