Eu
fico impressionado com a atual geração de crentes. Creio que nunca tivemos
tanto conhecimento bíblico, tantas informações, e tanta revelação das
Escrituras. Entretanto, como disse certo pregador, “temos nos tornado numa
geração de crentes ‘cabeções’; a cabeça cheia de teoria desenvolveu-se, mas o
corpo limitado a tão pouca prática da Palavra atrofiou-se!” Precisamos entender
o que Deus espera de nós. Não estou falando contrariamente ao ensino que tem
sido oferecido à nossa geração, pois creio que é um privilégio recebermos o que
temos recebido. Eu aguardo o dia em que se cumprirá a palavra divina, segundo a
qual, assim como as águas cobrem o mar, assim também toda a terra se encherá do
conhecimento da glória de Deus! Quanto mais intensamente a Palavra de Deus for
pregada e ensinada, melhor! O nosso erro não está em recebermos os ensinos, mas
em não fazermos o que deveria ser feito com relação ao que temos recebido
nesses ensinos!
“Por
que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” – Lucas
6.46 Observe que a nossa confissão de Jesus Cristo como Senhor das nossas
vidas é a essência do nosso recebimento da salvação pela fé (Rm 10.9,10). Não O
chamamos de “Senhor” como um mero título! É este reconhecimento do senhorio de
Cristo, o ato de nos rendermos ao Seu governo sobre as nossas vidas, que nos
introduz no Reino de Deus! A palavra “senhor” significa “amo”, “dono”. Para nós
hoje, que não vivenciamos a realidade da escravatura, este significado pode ser
diferente, mas os discípulos de Jesus e todas as demais pessoas dessa época
conheciam bem este termo! Portanto, todos sabiam que o reconhecimento de Jesus
como “Senhor” significava a decisão de obedecê-Lo!
CHAMADOS
À OBEDIÊNCIA
Desde
a primeira vez em que foi proclamada, a fé em Cristo traz consigo o sentido da
obediência. Por isso nos deparamos com a indagação (e indignação) do Senhor
Jesus: “Por que não fazeis aquilo que eu mando?” (Lc 6.46). Se O reconhecemos
como “Senhor”, então devemos obediência a Ele, e ponto final! Foi para isto que
fomos chamados: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho ordenado. E eis que estou convosco
todos os dias até a consumação dos séculos.” – Mateus 28.19,20 Jesus
ordenou que a Sua Igreja guardasse os Seus ensinos e também reproduzisse esta
visão de obediência nas próximas gerações de discípulos. Ele esperava que cada
um dos discípulos (que seriam feitos nas nações) entendesse que a
responsabilidade de cada um deles seria guardar (obedecer, praticar) o que Ele
ensinou. O que caracteriza um discípulo de Cristo é a sua obediência ao
Seu ensino. O ministério de ensino é importantíssimo e foi ordenado pelo
próprio Cristo, mas deve levar as pessoas à prática!
O
apóstolo Paulo se referiu à fé como um ato de obediência em dois textos
bíblicos distintos:
“Por
intermédio de quem viemos a receber graça e o apostolado por amor do seu nome,
para a obediência por fé entre todos os gentios.” – Romanos 1.5 “E que
agora se tornou manifesto, e foi dado a conhecer por meio das Escrituras
proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé,
entre todas as nações.” – Romanos 16.26 Fomos chamados à obediência pela
fé! Esta deve ser a forma de caminhar de todo cristão! Escrevendo aos efésios,
Paulo menciona a condição anterior à nossa conversão, e, para descrever a forma
como vivíamos, ele usa o termo “filhos da desobediência”: “Ele vos deu
vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes
outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do
espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos
nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade
da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também
os demais.” – Efésios 2.1-3 Esta era a nossa condição antes de nascermos
de novo. Era um problema da nossa natureza! Estávamos escravizados pela vontade
da carne e andávamos segundo o curso do mundo. E, salientando algo mais grave
ainda, a Bíblia diz que andávamos “segundo o príncipe da potestade do ar, do
espírito que agora atua nos filhos da desobediência”! Em outras palavras,
éramos diretamente influenciados por um espírito maligno!
Isto
deveria fazer com que refletíssemos melhor! Poderíamos esperar então que a
correta terminologia a ser empregada com relação aos crentes em Cristo seria a
de chamá-los de “filhos da obediência”! É o termo que deveria ser aplicado a
nós! Contudo, eu pergunto: “Será que a maioria dos cristãos de hoje reflete
este espírito de submissão e obediência a Deus e à Sua Palavra?” Infelizmente
devemos admitir que não! Nunca vimos a fé evangélica propagando-se em nossa
nação como atualmente. Milhares de brasileiros se convertem todos os dias,
graças a Deus! Entretanto, este é um momento muito sensível à formação de toda
uma nova geração de discípulos! Assim sendo, os líderes devem ser muito
enfáticos no sentido de chamarem as pessoas de volta a um compromisso de
obediência total ao Senhor!
O
nosso problema não é apenas a desobediência, mas também a religiosidade que nos
cega e nos leva a fingirmos a obediência. Eu acho que é impressionante, não
somente a nossa rebeldia (porque é assim que a nossa desobediência deve ser
chamada), mas também a nossa capacidade de fingirmos a obediência quando ela
não estiver presente!
A
OBEDIÊNCIA “APARENTE” É DESOBEDIÊNCIA
À
semelhança dos fariseus dos dias de Jesus, nós também pecamos hoje pela nossa
religiosidade. Aprendemos a falar e a nos comportar com ares de bons cristãos,
e, com isso, encobrimos a nossa desobediência. O Senhor Jesus contou uma
parábola que denuncia este nosso comportamento com exatidão:
“E
que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse:
Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu. Sim, senhor, porém não foi.
Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não
quero; depois, arrependido, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram:
O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes
vos precedem no reino de Deus. Porque João veio a vós outros no caminho da
justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram.
Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes
nele.” – Mateus 21.28-32 Com relação a estes dois filhos, quem demonstrou
ser obediente? Aparentemente foi o primeiro, que respondeu afirmativamente ao
chamado do pai. Porém, na prática, o filho obediente foi o segundo. Ainda que a
princípio ele tenha se rebelado e dito que não faria o que o pai havia pedido,
depois, arrependido, foi e obedeceu. Jesus compara estes dois filhos a dois
grupos de pessoas: os fariseus (o grupo religioso mais severo dentro do
judaísmo) e os pecadores (os coletores de impostos e as prostitutas, que
recebiam os piores rótulos sociais e espirituais naqueles dias), e conclui
dizendo que este último grupo entraria no Reino de Deus antes do primeiro
grupo, dos fariseus, que eram os beatos e carolas daquela época!
Concluímos
assim que não adianta passarmos horas a fio, sentados na igreja, ouvindo a
Palavra de Deus, agindo como quem diz “sim” a tudo o que o nosso Pai Celestial
nos ordena que façamos, se, depois, não obedecermos e não fizermos essas
coisas! A aparência de obediência não está entre os pecadores, e sim entre os
cristãos! No entanto, a obediência verdadeira nem sempre está conosco!
A
Igreja dos nossos dias é como o primeiro filho. Preocupa-se com a aparência e
com o conceito dado pelos outros, e, assim sendo, sempre responde “sim” às
ordens do Pai, mas nem sempre faz o que disse que faria! Não basta termos uma
aparência de religiosidade! Precisamos praticar a Palavra!
“Tornai-vos,
pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se
ao homem que contempla num espelho o seu rosto natural; pois a si mesmo se
contempla e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas
aquele que considera atentamente na lei perfeita, lei da liberdade, e nela
persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será
bem-aventurado no que realizar.” – Tiago 1.22-25 Note que a Bíblia diz que
a pessoa que não pratica a Palavra engana a si mesma! Ela não está enganando
outras pessoas, e tampouco a Deus! Está enganando a si mesma! Muitos acreditam
que, pelo fato de terem uma “aparência de santidade” ao frequentarem os cultos
ou ao estudarem a Bíblia sozinhos, alcançarão um lugar de aprovação em Deus,
mas isto não é verdade! A única coisa que legitima a nossa entrada no Reino de
Deus é o reconhecimento do senhorio de Jesus, o qual, por sua vez, somente se
evidencia através da nossa obediência e sujeição total a Cristo!
O
fato de alguém meramente ouvir a Palavra de Deus aparentemente autentica a sua
religiosidade, mas é a prática da Palavra que autentica a obediência em sua
vida como cristão. Há também o aspecto do resultado provado por cada um. Tiago
fala do “ouvinte negligente” e do “operoso praticante”, mas deixa claro que o
abençoado na história é o que ouviu, aprendeu, e perseverou em obedecer aos
mandamentos do Senhor!
Alguns
não se posicionam para obedecerem! Eles acham que o fato de usarem uma “capa de
cristianismo” é o suficiente! São os que, como eu já afirmei, praticam a
“aparência da obediência”. Contudo, há outros que vão além da aparência e
manifestam uma obediência incompleta. Por obedecerem em algumas áreas, agem
como se estivessem escusados de obedecerem em outras! Assim sendo,
justificam-se, relativizando a obediência! Os fariseus foram acusados por Jesus
de se comportarem desta maneira: “Interpelaram-no os fariseus e os
escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição
dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar? Respondeu-lhes: Bem profetizou
Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com
os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando
doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus,
guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o
preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Pois Moisés disse:
Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja
punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe:
Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor,
então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe,
invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos
transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.” – Marcos
7.5-13 Observe a afirmação que o Senhor Jesus fez aos fariseus:
“Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria
tradição.” A palavra que foi traduzida por “jeitosamente” é “kalos”, que, de
acordo com a Concordância de Strong, possui vários significados: “belamente,
finamente, de forma a não deixar espaço para reclamação, de forma honrosa ou
recomendável.” Isto mostra uma desobediência velada, com aparência de
obediência! Muitas vezes fazemos o mesmo. Pregamos contra o roubo, mas
sonegamos os impostos! Contudo, damos mil explicações para convencermos a nós
mesmos e até mesmo aos outros! Pregamos contra o adultério e a imoralidade, mas
conseguimos nos divertir com filmes com estas práticas! No entanto, temos
sempre uma boa “explicação”, um “kalos”, uma forma jeitosa de mascararmos a
nossa desobediência!
A
OBEDIÊNCIA “PARCIAL” É DESOBEDIÊNCIA
A
relativização da obediência e o cumprimento meramente parcial dos mandamentos
de Deus é uma forma velada da prática da desobediência! A aparência e a
parcialidade levam à desobediência. Algumas pessoas vivem a aparência; outras,
porém, a parcialidade! Outras, ainda, conseguem tropeçar em ambas as coisas! O
rei Saul é um exemplo da pessoa que soma a aparência com a parcialidade e acaba
nos mostrando as consequências desastrosas desta escolha. Ele já havia falhado
e desobedecido antes (1 Sm 13.8-14), mas manteve a sua mesma postura errada de
querer agradar mais ao povo do que a Deus. Ele era alguém que se preocupava
demasiadamente com o conceito que os outros teriam a respeito dele e acabava se
esquecendo do conceito que ele teria diante de Deus!
Numa
outra ocasião, Saul recebeu uma ordem direta do Senhor: “Disse Samuel a
Saul: Enviou-me o Senhor a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; atenta,
pois, agora às palavras do Senhor. Assim diz o Senhor dos exércitos: Castigarei
a Amaleque pelo que fez a Israel; ter-se oposto a Israel no caminho, quando
este subia do Egito. Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente a
tudo o que tiver; nada lhe poupes, porém matarás homem e mulher, meninos e
crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.” – 1 Samuel
15.1-3 A ordem divina era muito específica e fácil de se compreender.
Contudo, uma vez mais, Saul não obedeceu ao que lhe havia sido
ordenado: “Então feriu Saul os amalequitas desde Havilá até chegar a Sur,
que está defronte do Egito. Tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas; porém a
todo o povo destruiu ao fio da espada. E Saul e o povo pouparam a Agague, e o
melhor das ovelhas e dos bois, e os animais gordos e os cordeiros e o melhor
que havia, e não os quiseram destruir totalmente; porém a toda coisa vil e
desprezível destruíram.” – 1 Samuel 15.7-9 Esta foi uma desobediência
direta ao mandamento do Senhor. E foi exatamente assim que Deus enxergou o
ocorrido e declarou a Sua sentença: “Então, veio a palavra do Senhor a
Samuel, dizendo: Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou
de me seguir e não executou as minhas palavras. Então, Samuel se contristou e
toda a noite clamou ao Senhor.” – 1 Samuel 15.10,11 Saul poderia dar a
explicação que quisesse, mas Deus disse que ele havia deixado de seguí-Lo e que
ele não havia obedecido às Suas palavras! Alguns acham que basta obedecermos a
muitos mandamentos do Senhor para agradá-Lo, mas Deus não espera uma obediência
parcial, e sim total! Imagine os noivos, no momento da cerimônia nupcial,
fazendo um juramento de fidelidade para a maior parte do tempo! Por mais que se
amassem, não gostariam disso! Deus também não quer que sejamos obedientes a
muitos mandamentos, mas a todos! Ele não espera que sejamos fiéis na maior
parte do tempo, mas que o sejamos em todo o tempo!
Muitas
vezes agimos com uma certa “psicologia de compensação”. Deduzimos que por
sermos obedientes em muitas coisas que o Senhor nos pede, então temos “o direito”
de falharmos em algumas outras “coisinhas”! Entretanto, a desobediência
praticada em qualquer área das nossas vidas anula a obediência que sustentamos
em outras! É isso mesmo! Ou alguém é totalmente obediente, ou é desobediente,
pois não há obediência parcial! Tiago escreveu o seguinte sobre isso:
“Pois
qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos. Porquanto aquele que disse: Não adulterarás, também ordenou: Não
matarás. Ora, se não adulteras, porém, matas, vens a ser transgressor da lei.”
– Tiago 2.10,11 Observe que quem guardasse a maioria dos mandamentos, mas
tropeçasse num só deles, estaria quebrando toda a Lei, até mesmo os mandamentos
que havia obedecido!
Não
temos o direito de escolhermos não perdoar alguém somente porque obedecemos a
maioria dos mandamentos da Bíblia. Não temos o direito de negarmos o perdão a
uma única pessoa somente porque já perdoamos muitas outras que nos ofenderam ao
longo das nossas vidas. Muitos em nossos dias estão tentando devotar uma
obediência parcial à Palavra de Deus. Não temos o direito de não dizimarmos
somente porque já ofertamos! O mesmo Deus que nos ordenou que fizéssemos uma
coisa também nos ordenou que fizéssemos a outra!
É
hora de considerarmos melhor estas questões e consertarmos o que precisa de
conserto em nossas vidas. Sonde o seu coração em oração. Medite nestes textos e
princípios, e assuma uma nova postura de obediência.
O
ORGULHO DA OBEDIÊNCIA
Por
que praticamos esta obediência aparente e parcial? Por que não enxergamos o que
fazemos de errado? Creio que muitas vezes nos orgulhamos tanto da nossa
obediência que até permitimos ficar cegos para outras questões. Observe o que
ocorreu com o apóstolo Pedro: “E, no dia seguinte, indo eles seu caminho e
estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora
sexta. E, tendo fome, quis comer; e, enquanto lhe preparavam, sobreveio-lhe um
arrebatamento de sentidos, e viu o céu aberto e que descia um vaso, como se
fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, vindo para a terra, no qual
havia de todos os animais quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E
foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro disse: De modo
nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez
lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou. E aconteceu isto por
três vezes; e o vaso tornou a recolher-se no céu.” – Atos 10.9-16 Deus deu
uma visão ao apóstolo e mandou que ele matasse e comesse alguns animais. Pedro
reconheceu que era o próprio Deus falando com ele, mas respondeu: “De modo
nenhum, Senhor.” E a razão pela qual ele não obedeceu a essa ordem de Deus foi
justamente o seu histórico de obediência ao mandamento da Lei que proibia o
contato com esses animais! Até aí não é difícil entendermos a Pedro. Não
sabemos se ele chegou a imaginar que talvez ele estivesse sendo testado.
Entretanto, Deus lhe disse claramente para não considerar imundo o que o Senhor
havia purificado. Mesmo assim, Pedro negou-se a obedecer a esta ordem mais duas
vezes seguidas!
O
orgulho da nossa obediência (ou da que achamos que temos) pode nos levar a
agirmos cegamente e a tropeçarmos em outros princípios. Veja uma outra ilustração
bíblica: “E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos,
crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo,
a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava
consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais
homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo
duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano,
porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas
batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que
este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si
mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será
exaltado.” – Lucas 18.9-14 A religiosidade é algo terrível! Eu a defino
como o orgulho da obediência. Contudo, este orgulho nos cega e faz com que
desobedeçamos em outras áreas. Aquele fariseu errava ao confiar em si mesmo.
Errava ao desprezar os outros. E não enxergava os seus próprios tropeços!
Creio
que Deus quer restaurar o nosso entendimento e a nossa prática da obediência
total a Ele. Isto, porém, deve acontecer, sem que nos tornemos propensos ao
orgulho! É por isso que precisamos entender que a nossa obediência ao Senhor
não significa que estejamos fazendo favor algum a Ele! Estamos apenas cumprindo
a nossa obrigação! Eu gostaria de concluir, chamando a sua atenção ao seguinte:
Obedecer é fazer apenas o que deveria ser feito! Não somos melhores por isto,
pois o próprio Jesus nos ensinou: “E qual de vós terá um servo a lavrar ou
a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te e assenta-te à
mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que
tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura, dá graças ao
tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós,
quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque
fizemos somente o que devíamos fazer.” – Lucas 17.7-10 Que o Senhor nos
ajude a vivermos em obediência total, pois esta é uma característica dos que
amam a Deus: “Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus
mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados.” – 1 João 5.3 (NVI)
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Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com –
um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da
Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos:
Israel e Lissa.
Fonte: regenerados.com.br
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