“Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o
Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e
eles também te levarão.” Atos 5:9
O episódio narrado em Atos 5 é
um hiato chocante na vida de uma comunidade feliz. A igreja de Jerusalém vivia
um profundo mover de generosidade produzido pelo Espírito Santo. Movidas por
amor, sem nenhuma pressão legalista, as pessoas ofertavam seus bens em meio a
milagres e muitas conversões. De repente, a festa é interrompida pelo juízo de
Deus sobre um casal.
A cena, mais parecida com as
histórias do Antigo Testamento, é para marcar a memória da igreja. Deus poderia
tratar Ananias e Safira mais “discretamente”, ou até mesmo “deixar passar” sua
atitude, mas não o fez porque queria gritar, não apenas no meio daquela
congregação, mas para toda a igreja: “Eu não tolero crentes de mentira!”.
A reprovação radical à atitude
de Ananias e Safira deve ser entendida por nós como uma rejeição radical a todo
suposto cristão que não viva uma vida autêntica na presença do Senhor e do seu
povo.
Crentes de mentira investem em
aparentar o que não são. O grande pecado desse casal não foi não dar tudo o que
tinha em mãos como oferta, mas aparentar que estavam dando. Eles queriam
parecer mais espirituais do que estavam realmente dispostos a ser, queriam
apenas construir uma imagem diante da igreja.
Ou pagamos o preço para ser ou
teremos que pagar o preço por simplesmente aparentar. Saul é um exemplo de
alguém que tornou-se crente de mentira preocupado apenas com a sua imagem. Rei
de Israel levantado por Deus, ele perdeu o trono porque, a partir de certo
momento, estabeleceu seu próprio padrão de viver, à revelia da Palavra, mas
quis apresentar-se diante do profeta Samuel e do povo como um servo fiel, coisa
que ele já havia deixado de lado.
O chamado cristão é para a
autenticidade. Deus não quer que a igreja seja um grande teatro de pessoas que
encenam bem. Paulo, escrevendo I Coríntios 5:8, diz: “Por isso, celebremos a
festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e
sim com os asmos da sinceridade e da verdade”.
Outra característica comum nos
crentes de mentira é que eles entregam ofertas parciais, mantém com Deus um
relacionamento cheio de reservas, com o freio de mão puxado. Eles nunca pulam
de cabeça, nunca aceitam tudo, nunca entregam tudo. Não há inteireza em suas
vidas espirituais.
Diz a Bíblia que Ananias “em
acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o restante, depositou-o
aos pés dos apóstolos” (vs. 2). Sua mentalidade é semelhante a de Caim, que
quis conquistar espaço diante de Deus sem dar o melhor, sem consagrar tudo.
Enquanto Abel trazia primícias, ele trazia restos e esperava ser aceito da
mesma forma.
Aprendemos com o episódio de
Ananias e Safira que crentes de mentira permitem que Satanás lhes encha o
coração. Como eles não têm um pacto radical com a Verdade (que é Cristo),
mantém uma conexão aberta com o pai da mentira, Satanás, e se abrem para uma
constante ministração maligna. Foi esta a sentença que Pedro deu, ao dizer:
“Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito
Santo, reservando parte do valor do campo?” (vs. 3).
Toda vez que admitimos a
falsidade, em qualquer nível, abrimos brechas para a ação demoníaca em nossas
vidas. Jesus em Mateus 5:3, disse: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não,
não. O que disto passar vem do maligno”. Claramente Ele está apontando a fonte
geradora e fomentadora de toda falsidade e engano: o reino das trevas. Não
tenho dúvida em afirmar que muitos crentes permanecem com áreas de suas vidas
sob regência demoníaca por não andarem na luz e manterem o engano em seu
comportamento.
Crentes de mentira comumente
não reconhecem o manto de Deus na vida de seus pastores. Ao tentarem enganar
seus líderes espirituais, Ananias e Safira mentiram ao Espírito Santo. Foi isso
que Pedro disse, ao sentenciar: “Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (vs. 4).
Sabemos que a rigor eles estavam tentando enganar os apóstolos, mas quando
tomamos esta atitude diante de autoridades levantadas por Deus, é como se o
fizéssemos ao Senhor. Nossa relação com nossos líderes espirituais é um reflexo
de nossa relação com Deus. Se os honramos, honramos a Deus. Se tentamos
enganá-los, escarnecemos do Espírito Santo que os levantou.
O mais terrível é que chega uma
hora em que os crentes de mentira não se quebrantam diante do tratamento de
Deus. Ao ser confrontado, Ananias deveria lançar-se ao arrependimento. Deus é
um Deus de perdão. Mas ele estava tão refém do espírito de falsidade que não
esboçou nenhuma confissão. Por isso morreu.
A confissão é a única maneira
de quebrar o poder da falsidade. Em Tiago 5:16,19-20, lemos: “Confessai, pois,
os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados... Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o
converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado
salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.”
Crentes de mentira também fazem
pactos de falsidade. Ananias buscou e encontrou uma parceira para sua farsa.
Safira, sua mulher, entregou-se ao mesmo espírito. E os dois fizeram um acordo
de morte! É isso que vemos nos versículos 2, e do 7 ao 9.
Cuidado com os pactos de
engano! Toda vez que um crente decide acobertar na vida de outro algo que fere
a santidade da igreja, está se tornando cúmplice e se colocando debaixo do
mesmo juízo de quem peca. Esse, mais cedo ou mais tarde, será desmascarado e
cairá, pois Deus não se deixa escarnecer. Ele sabe o poder que a falsidade tem
de minar a vida da igreja. Por isso sempre se colocará como Juiz contra tudo o
que não se baseia na verdade. “Nada há encoberto que não venha a ser revelado;
e oculto que não venha a ser conhecido. Porque tudo o que dissestes às escuras
será ouvido em plena luz; e o que dissestes aos ouvidos no interior da casa
será proclamado dos eirados” (Lc 12:2-3).
Danilo Figueira é um dos pais da Comunidade Cristã de
Ribeirão Preto onde tem exercido um ministério profético e de ensino, liderando
a equipe de pastores juntamente com sua esposa Mônica. Ele tem atuado como
conferencista pelo Brasil e exterior, com forte ênfase na formação de
liderança, e provido cobertura apostólica para muitos ministérios. Os escritos
do Pr. Danilo, especialmente a série de livros "LIDERANÇA PARA A ÚLTIMA
COLHEITA", têm sido ferramenta para inúmeras igrejas e suas Escolas de
Líderes, já tendo sido traduzidos para outros idiomas como o Inglês, o Francês
e o Espanhol.
Fonte: regenerados.com.br
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