O que propõe a doutrina da Quebra de Maldição e
como é realizada?
Quebra de Maldição é um dos assuntos mais
proeminentes no meio neopentecostal. Propõe a libertação de diversos males que
afligem os cristãos. A Visão MDA (Modelo de discipulado apostólico), considera
os seguintes tipos de Maldição: Maldição Hereditária - proveniente dos pecados
cometidos por familiares; Maldição Voluntária - consequência do próprio pecado;
Maldição da Nação - é citado a Escravatura e a Idolatria como exemplos de
pecados do Brasil que geraram maldição a todos os brasileiros; Maldição
Involuntária - resultante de ações dos pais para com os filhos, como batismo na
igreja católica ou visita a terreiro de macumba [1].
O
ritual de quebra de maldição é realizado, geralmente, afastando-se os assentos,
para ampliar o espaço do local, alguns ministradores formam um círculo ao redor
das pessoas - isso é chamado de cobertura de oração - enquanto outros ministram
impondo as mãos sobre cada um, “quebrando as maldições”, mencionando desde o
período da fecundação, gestação, infância, adolescência, à 1ª, 2ª, 3ª e 4ª
geração[1].
Segundo a Bíblia, é necessário que o novo convertido se submeta a um
processo de Quebra de Maldição?
A obra redentora de Cristo é perfeita e eficaz, não
necessitando de nenhum complemento. Uma vez que a pessoa foi regenerada (nasceu
de novo), não há necessidade de nenhum ritual para libertação e quebra de
maldições, pois se ela está em Cristo, nenhuma condenação há (cf. Rm 8.1). Se o
texto sagrado garante: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é;
as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17), qual a
necessidade de relembrar ou conjecturar pecados cometidos em fases e gerações
passadas da vida de alguém que já foi liberto pelo Filho de Deus, o qual levou
sobre si toda maldição para torná-lo verdadeiramente livre? “Se, pois, o Filho
vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).
Nenhum ritual é necessário. O que é preciso, é deixar o que ficou para trás e
viver uma vida de santidade. Evidentemente, muitas consequências da vida
pregressa não desaparecerão, se colhe o que planta, um convertido que antes era
consumista e se endividou, vai precisar pagar todas as suas contas; um
criminoso que foi alcançado pelo evangelho, precisa cumprir a sua pena na
cadeia; intrigas, casamentos destruídos, filhos não planejados... são causas a
serem resolvidas e suas sequelas são sofridas mesmo após a conversão, não há
ritual nenhum a ser feito, mas o evangelho agora deve nortear todas as ações do
novo convertido a fim de que ele possa lidar, sabiamente, com as consequências
dos pecados cometidos durante a sua vida e evitar o que desagrada a Deus a
partir de então. O que o novo convertido precisa é conhecer a Deus, é
alimentar-se da Sua Suficiente Palavra.
Quanto aos pecados cometidos por outrem, sejam pelos pais ou gerações passadas
ou pela nação, cabe recordar que os discípulos, ao avistarem um cego de
nascença, questionaram Jesus, para saber se tal doença era consequência de
pecado cometido por ele ou por seus pais e Jesus responde-lhes que nem ele, nem
seu pai, mas aprouve à soberana vontade de Deus que assim fosse para que nele
fossem manifestas as obras de Deus (cf. Jo 9.1-3). A soberania de Deus, e não o
pecado de outra pessoa, é também a explicação para o sofrimento de Jó.
Como
explicar as experiências de famílias que foram amaldiçoadas por causa do pecado
de um de seus membros?
Primeiramente, não se pode fazer doutrina com base
em experiência de vida, depois, é natural que os filhos sigam o exemplo de seus
pais, um pai alcoólatra, uma mãe adúltera, um casamento desequilibrado, podem
ensinar aos filhos o caminho da perdição; no outro extremo, pais, que educam os
seus filhos no caminho em que se deve andar, nem depois de velhos, seus filhos
se esquecerão dele (cf. Pv 22.6). No mais, a Palavra do Senhor testifica:
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai,
nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a
impiedade do ímpio cairá sobre ele. Mas se o ímpio se converter de todos os pecados que
cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e proceder com retidão e justiça,
certamente viverá; não morrerá (Ez 18.20,21).
É preciso considerar também, que Deus é soberano
sobre tudo e todos, podem existir filhos não salvos em uma família cristã e
pode haver um salvo, filho de pais inimigos do evangelho. Assim explica o
apóstolo Paulo:
Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da
parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois
diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de
quem eu tiver misericórdia. Assim, pois,
isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.
Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo
te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja
anunciado em toda a terra. Logo, pois,
compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda?
Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa
formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma
massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? (Rm 9.13-21).
O homem não tem poder para salvar, libertar,
amaldiçoar ou abençoar. O poder pertence a Deus. A salvação vem do Senhor (Jn
2.9). A maldição dentro da família não é quebrada com nada aquém da pregação do
Evangelho, segundo o agir do Espírito Santo de Deus. A doutrina da Quebra de
Maldição é diabólica, pois nega a eficácia do sacrifício de Cristo.
[1] JEFFREY,
P., HUBER, A., FILHO, B. O. G. Manual do Encontro com Deus na Visão do MDA.
Santarém, PA: Igreja da Paz, 2013. Disponível em: https://prandrelda.files.wordpress.com/2013/02/manual-do-encontro-com-deus-mda.pdf.
Acesso em 25 de julho de 2017.
Por: Karoline Evangelista
Imagem: Google
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