Sebastiana Inácio Lima [1]
Pois
ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu
Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Colossenses
1:13,14
O presente texto, fala
acerca do resgate do homem do caminho das trevas, por causa da queda, e o
caminho novo que o Senhor nos concedeu pela sua maravilhosa graça. Não no
sentido de salvação universal, mas, do resgate de um povo eleito pelo conselho
da sua vontade, para a sua glória.
Sobre ter a redenção em
Cristo e Nele também ter o perdão dos pecados, poderíamos falar de diversas
maneiras, fazer as mais amplas aplicações, mas vamos iniciar demonstrando a
concepção de Barclay sobre os benefícios que os cristãos receberam em Cristo,
através de algumas citações de parte do seu comentário a Colossenses.
Deus concedeu aos
Colossenses participarem da herança dos santos, fazendo-os parte do povo de
Deus:
Deus deu participação aos Colossenses na herança
dos santos em luz. O primeiro privilégio é que aos gentios foi concedido que
participassem da herança do povo escolhido de Deus. Os judeus tinham sido
sempre o povo escolhido de Deus, [...] mas agora as portas estão abertas aos
gentios e a todos os homens; não só os judeus, mas também todos os homens e
todas as nações têm entrada na herança do povo de Deus. BARCLAY, (p.31).
Em segundo lugar Barclay aponta outra ideia chave
sobre o sentido de transladar:
[...] é que Deus nos transladou para o reino do seu
Filho muito amado (v. 13, TB). A palavra que Paulo usa para transladar
é methistemi. (transportar, transferir, mudar). No mundo antigo
quando um império obtinha uma vitória sobre outro havia o costume de trasladar
inteiramente a população do vencido a outro país. Assim, por exemplo, o povo do
reino do Norte tinha sido levado a Assíria e o povo de Jerusalém e do reino do
Sul a Babilônia. Esta transferência de populações inteiras era uma
característica do mundo antigo. Assim é como diz Paulo que Deus transferiu o
cristão a seu próprio domínio e reino: tirou-o do âmbito em que costumava viver
para levá-lo a seu próprio reino e poder. Esta transferência realizada por Deus
não é só um traslado, mas também um resgate com quatro notas características.
(a) É
um traslado das trevas à luz. Em Jesus Cristo Deus
nos deu uma luz para viver e morrer na mesma.
(b)
Significa um traslado da escravidão à liberdade, quer
dizer, da redenção. A palavra usa-se para a emancipação de um escravo e para o
resgate de algo que estava em poder de outro. Sem Deus, os homens são escravos
de seus temores, de seus pecados e de sua própria impotência. Em Jesus Cristo
encontra-se uma libertação que elimina o medo e a frustração.
(c)
Significa um traslado da condenação ao perdão.
(d)
Significa um translado do poder de Satanás ao poder de Deus. Por
Jesus Cristo o homem é liberto do poder de Satanás e se converte em cidadão do
reino de Deus. Assim como o conquistador terrestre transladava os cidadãos do
país conquistado a outro país e outro reino, assim também, Deus em seu amor
triunfante translada os homens do reino do pecado e das trevas ao reino da
santidade, da luz e do amor. BARCLAY, (p.32-33).
O Senhor nos resgatou,
não foi um processo participativo, eu fui resgatado sem que eu agisse, sem que
eu fosse sujeito ativo, Deus, por meio de Cristo me resgatou, não foi um pedido
de socorro que Deus atendeu da minha parte. Há um sujeito agente, Deus, um
paciente (eu), portanto tira totalmente a vaidade de quem pensa que é autor
desse processo por meio da atividade evangelística seja qual for. Não é a nossa
militância eclesiástica que efetua esse processo de resgate, nem as nossas
aptidões e esforço pessoal, ou mesmo o nosso amor pela obra de Deus.
Imerso em trevas, sob o
peso do salário maldito do pecado, a morte, não havia nenhum movimento em
direção a Deus, da minha parte, nada do que eu pensava ou fazia tinha algum
vestígio de graça, nenhum vislumbre de luz poderia indicar o caminho à
divindade de Deus. Não conseguia pedir socorro, pois os meus pecados me
separavam veementemente de Deus. Esse transporte, ou translado, faz toda a diferença
na vida do salvo em Cristo. Foi a providência de Deus, maravilhosa, capaz de
resgatar, de libertar do domínio das trevas e transladar, de um lugar para
outro, methistemi. Só o sacrifício de Jesus poderia fazer isso
por nós, nosso estado de completa morte espiritual pelo pecado, jamais
tomaríamos o rumo da salvação, se Deus não tivesse nos resgatado, arrancado do
domínio das trevas e nos transportar para o reino do seu Filho Amado. Não é
possível que alguém em completo estado de depravação, morto em pecado possa ter
a iniciativa para algo, portanto, só o Senhor poderia intervir, e assim o fez,
vejamos:
E é pelo sangue deste que temos a redenção, a
remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que ele derramou
profusamente sobre nós, infundindo-nos toda a sabedoria e inteligência,
dando-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme decisão prévia que lhe
aprouve tomar para levar o tempo à sua plenitude, a de em Cristo encabeçar
todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra. Nele,
predestinados pelo propósito daquele que tudo opera segundo o conselho da sua
vontade, fomos feitos sua herança, [...]. Efésios 1.7-11.
Fomos transportados para
o reino do Seu Filho amado quando o senhor nos resgata o reino de Deus nas
nossas vidas começa, nessa caminhada aqui na terra e é manifesto de maneira
plena na consumação da sua glória. Dentro de uma cosmovisão cristã, podemos
entender que a obra de Deus é dividida entre: criação, queda, redenção e
consumação. A vida cristã é um prelúdio do que teremos e viveremos na
consumação de toda a sua obra redentora.
“O qual se deu a si mesmo por nós para nos redimir
[3084 lutroo] de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial,
zeloso de boas obras. (Tito 2:14, tradução literal) 18 Sabendo que não foi com
coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã
maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 19 Mas com o
precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado.” 1
Pedro 1:18-19.
Na pessoa de Cristo
Jesus, Nele e somente Nele, por seu intermédio! Ele é a perfeição, a porta, o
perdão, o autor da salvação, o princípio e o fim, por Ele é o Cristo, filho do
Deus vivo. A redenção é somente por Ele. A salvação, ordenada pelo Pai,
administrada pelo Espírito é realizada pelo Filho, o primeiro agente da
salvação é o Deus Filho.
Esse translado significa
que os nossos pecados foram perdoados, aquilo que recebemos justamente, aquela
pena cabível pelo qual fomos distanciados da perfeição criada por Deus, a
atitude mais hedionda diante de um Deus santo, a pena capital, a morte, a qual
toda a humanidade era merecedora, foi aplicada sobre Cristo Jesus, ele levou
sobre si as nossas dores:
E no entanto, eram nossos sofrimentos que ele
levava sobre si, nossas dores que ele carregava. Mas nós o tínhamos como vítima
do castigo, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi trespassado pelas nossas
transgressões, esmagado por causa das nossas iniqüidades. O castigo que havia
de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados.
Isaías 53:4,5.
É difícil para algumas
pessoas aceitarem o fato de que a salvação não é para todas as pessoas em todos
os lugares do mundo, que Deus não dá a chance dos seres humanos decidirem se
querem aceitá-lo ou não, de que pessoas nascem e morrem todos os dias e entre
elas tem salvas e perdidas. Mas precisamos entender quão grande redenção, foi
dada por Deus por meio de Cristo Jesus.
Com a queda dos nossos
primeiros pais, Adão e Eva, toda a humanidade estava perdida e ia justamente
(de forma justa, merecidamente), para o inferno. Nem os salvos eram melhores,
nem os perdidos eram piores, todos estavam na mesma situação de morte
espiritual, não por um acidente, nem por ter sido levado ao pecado por que
alguém lhe impôs, mas por deliberada rebeldia, vontade. Os únicos que tiveram a
opção de escolher, escolheram a morte através do pecado. Mas somos salvos pela
graça, mediante a fé
Pois
vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8,9
Conclusão
Éramos mortos, perdidos,
errantes no deserto, ovelhas sem pastor, condenados a estar eternamente longe
do Senhor, porém pela graça maravilhosa graça, imerecidamente, fomos
resgatados, arrancados do domínio das trevas, transportados, no sentido de
transladados de um lugar de trevas para um lugar de luz, plantados no reino do
Filho de Deus, através do perdão dos nossos pecados. Será que estamos dando o
devido crédito a essa posição de dignidade que o Senhor nos concedeu? Como
temos olhado para Jesus? Será que temos a devida gratidão? Que tipo de cristão nós
somos? Quando falamos em evangelismo, salvação, redenção, senhor que entendemos
a dimensão do que o Senhor fez por nós? Ou será que queremos mérito naquilo que
o Senhor fez? Que possamos nos quebrantar, nos colocar na posição de escravos
comprados pelo sangue, dependentes unicamente de Jesus, para anunciar essa tão
grande redenção. Mas façamos isso com amor, temor e sabedoria na Palavra do
Senhor.
NOTAS E REFERÊNCIAS
[1]
Graduada em Filosofia pela UEPB, Mestranda em Filosofia UFPB, na linha de pesquisa:
Lógica e Epistemologia – (Desenvolve projeto de pesquisa na Ética de Santo
Tomás de Aquino), seminarista do STCNE.
BARCLAY,
William. Colossians. Tradução de Carlos Biagini. Disponível em:
<>. Acessado em 27 de outubro
de 2016, 17h.
BÍBLIA DE
JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. Paulus, 2002.
Imgem: Google
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