por Rafael de Lima
O evangelicalismo
pós-moderno tem sido marcado por inúmeras características, a maior parte delas,
desastrosas. Numa corrida desenfreada em busca de “crescimento”, e este,
pretendendo demonstrar poderio, riqueza, fartura material, etc., muitos têm se
aplicado em desenvolver fórmulas ou adotado outras já existentes afim de que o
seu grupo se multiplique instantaneamente.
Questões como doutrina,
espiritualidade sadia, conhecimento teológico, comunhão verdadeira, adoração
genuína, etc., estão num plano insignificante para estes grupos. Os números são
mais importantes. Números em termos de membros, em termos de finanças, em
termos de congregações.
A todos aqueles que
desejam encher suas igrejas a qualquer custo, abrindo mão de toda
espiritualidade sadia e da pregação genuína do evangelho, adote as dicas
abaixo, faça sua congregação inchar e abrace os inúmeros problemas que tal
crescimento trará.
v
Adote a Teologia da Prosperidade: As
pessoas estão ávidas em terem os seus egos massageados. Fale a elas que
serão ricas e saudáveis, que terão seus problemas resolvidos. Fale a elas que a
sua congregação é o lugar da benção e que ao entrar ali pararão de sofrer.
Certo pastor, prosélito desta medíocre teologia, afirmou: “Em minha igreja
não prego sobre o inferno nem sobre o pecado, meus membros têm muitos problemas
para que eu acrescente estes outros!”. Sabe qual o resultado da concepção
deste “pastor”? Uma mega igreja, abarrotada de pessoas.
v
Implante a “Visão” Celular: Antes
de discorrer a cerca deste ponto, vale a ressalva de que o trabalho feito
em pequenos grupos não é de todo mau, quando realizado por pessoas capacitadas
e com o foco correto, todavia não é o que normalmente se tem percebido.
Há alguns anos atrás,
quando o Movimento do G12 começou a ser implantado no Brasil, sofrendo
influência direta de movimentos semelhantes na Coreia do Sul e Colômbia, muitos
dos que abraçaram tal concepção a dispuseram como sendo a “visão de Deus”, não
apenas mais uma visão, estratégia ou concepção, mas a única e correta forma de
trabalho a que toda igreja deveria se adequar. O resultado de tais movimentos
(que hoje são tantos: G12, M12 e todos os outros “dozes”) são atualmente
muitíssimo claro, seria redundante relembrar quanto de pensamento controvertido
e heresia surgiu no seio de tais grupos.
Todavia, o que se
percebe com clareza é que tal “visão” proporciona um inchaço imponente nas
congregações que o adotam, desta forma, se o seu intuito é fazer sua
congregação crescer a qualquer custo, implante a famigerada “visão celular dos
12” em sua igreja. Divida sua congregação em células, disponha líder sobre
elas, e não apenas isto, incite a concorrência e a rivalidade entre tais
líderes e respectivos grupos, transforme o ato de propagar o evangelho num tipo
de “gincana gospel”, crie gritos de guerra para cada célula, camisas e
logotipos. Conceda prêmios aos que obtiverem maior crescimento. Sem dúvida,
dentro de pouco tempo, sua igreja estará superlotada, todavia, esteja certo de
que tal crescimento trará inúmeros problemas em termos de desconhecimento
teológico e de deformação do caráter espiritual de seus membros.
v
Transforme o culto jovem em uma casa de show: Se
deseja que sua igreja tenha muitos jovens pense como a maioria dos
líderes: “Os jovens precisam de entretenimento, afinal são jovens!”. Transforme
o culto da juventude num tipo de show gospel, reserve 90% do “culto” para que
os jovens descarreguem suas energias: pular, gritar, correr, dançar... isso é o
importante! Preencha todo o horário com música, peça, dança, filmes... e, quem
sabe, reserve, 10 minutinhos para a leitura de um texto bíblico. Agindo assim,
sem dúvidas, você terá uma igreja repleta de jovens. É relevante citar a
reflexão que o Pr. Paul Washer fez em um de seus sermões: “A igreja usa
meios carnais para atrair pessoas carnais”. Tais jovens estarão ali por
todo entretenimento que você estará oferecendo, mas não estarão pelo que Cristo
os oferece.
v
Transforme a reunião de homens e mulheres em
palestras de autoajuda: Não apenas os jovens,
mas os homens e mulheres de sua igreja também precisam de um
trabalho específico. Transforme as reuniões destes em grupos de autoajuda.
Ensine a eles a como lidar com o stress do dia a dia, a como gerir sua empresa,
a como dominar os seus filhos. Como já mencionado, eles não precisam de sermões
que tratem do inferno nem de seus pecados, afinal o seu dia a dia já é muito
cansativo e atordoante para que a igreja trate de assuntos ainda mais
perturbadores. Todavia, esteja certo, de que de Deus não se zomba (Gl 6:7) e de
que o julgamento de Deus sobre você, que, como líder, age assim, será ainda
mais rigoroso (Tg 3:1).
Por fim, ditas tantas
formas equivocadas de como se encher uma igreja, fica a pergunta: Qual o padrão
bíblico para o crescimento verdadeiro de uma igreja? Prefiro manter silêncio e
deixar que o médico Lucas nos responda, grifo apenas algumas expressões que
penso serem palavras-chave do texto:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os
que criam estavam juntos, e tinham tudo
em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo,
e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria
e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E
todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”
(At 2:42-47 – ACF)[1].
Notas
[1] A versão utilizada neste artigo é a Almeida
Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original (ACF) publicada pela Sociedade
Bíblica Trinitariana do Brasil.
Fonte: www.cosmovisaocrista.com
Imagem: Google
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