Um
autor que definitivamente me impactou largamente e me desafiou a aprimorar
meu conhecimento teológico e minha habilidade de defender a fé foi Norman Geisler. Sua capacidade
de pesquisa e síntese sempre me deixaram impressionado. Eu li quase todos os
livros que ele publicou em português e garanto que ele estava presente em
diversas das aulas que ministrei. Sua Enciclopédia de Apologética ilustra
claramente o calibre desse homem: Ele
é por excelência um Defensor da Fé Cristã.
Um
dos seus livros mais conhecidos chama-se Não tenho fé suficiente para ser
um ateu, e não sei quantas vezes eu o li, comprei para presentear
amigos e quantas vezes usei conceitos que aprendi com esse livro em
oportunidades evangelisticas com pessoas céticas em relação a fé cristã. O
livro é claro, bem dividido e progressivamente aponta para Jesus Cristo. De
fato o livro não resolve todos os dilemas relacionados ao ateísmo ou cetismo
que se opõe a fé cristã, mas oferece um caso cumulativo em favor da fé cristã
que vale a pena ser lido.
Entretanto, nem tudo o
que o livro apresenta merece o mesmo aplauso. Aliás, existem alguns equívocos
relacionados à Crítica Textual do Novo Testamento presentes no livro que se
tornaram persistentes no ministério apologético online dentro e fora do Brasil
que merecem ser reavaliados. Como o estudo da crítica textual do NT é
fundamental para uma boa defesa da fé cristã, especialmente quando relacionada
a confiabilidade do texto do NT, é necessário que o cristão que se propõe a
defender este texto tenham em suas mãos informações acertadas e atualizadas.
Durante
meu estágio no Center for the
Studies of the New Testament Manuscripts (CSNTM) eu tive a
oportunidade de participar de uma interação virtual entre Norman
Geisler e Daniel Wallace, que
além de crítico textual é o diretor do CSNTM. Na ocasião Wallace apontou alguns
dos argumentos que Geisler usa no livro que estão ou incorretos ou
desatualizados. Geisler por sua vez, não apenas recebeu a crítica como também
escreveu o artigo Updating
the Manuscript Evidence for the New Testament em
Setembro de 2013, no qual atualizou e corrigiu as informações apresentadas no
capítulo 9 do livro Não tenho fé suficiente para ser
um ateu.
Como
a maioria dos leitores brasileiros do material produzido pelo Norman Geisler
não terão acesso as atualizações e correções necessárias, nesse post apresento
tanto as sugestões e críticas de Wallace, bem como as correções realizadas por
Geisler. Também aproveito para fazer algumas considerações que não estão
presentes nem nas críticas de Wallace e portanto, não presentes na resposta do
Geisler. Também deixo uma série de referências bibliográficas instituições de
referência no texto que servem como um guia para a pesquisa da crítica textual
do NT (o leitor fará
bem em clicar nos links para conhecer um pouco mais sobre os livros citados
nesse artigo). Por fim, pretendo oferecer algumas sugestões para o
estudante de teologia e apologética com a intenção de melhorar a qualidade do
ministério apologético online no Brasil, especialmente no que se refere à
confiabilidade do Novo Testamento.
1. Atualizações
Necessárias
a. Quantidade de Manuscritos Neo-Testamentários:
De
acordo com a última contagem, existem cerca de 5.700 manuscritos
gregos do NT
escritos à mão. Além disso, existem mais de 9 mil manuscritos em
outras línguas
(e.g. siríaco, copta, latim, árabe). Alguns desses quase 15 mil manuscritos são
bíblicas completas, outros são livros ou páginas, e somente alguns são apenas
fragmentos. (p.230)
Os
números apresentados aqui são significativamente menores do que a última contagem. De
fato, de acordo com o Institut für Neutestamenttlche Testforshung
(INTF) em Münster na Alemanhã, o instituto responsável pela produção da texto
crítico Nestlè-Aland,
hoje existem 5.824 manuscritos gregos catalogados. Desses, nós temos a nossa
disposição 1.299 páginas de papiros, 25.576 páginas de manuscritos maiúsculos,
1.295.568 páginas de manuscritos minúsculos, 784.152 páginas de lectionários
que nos oferecem um total de 2.110.595 páginas de documentos gregos datados a
partir do segundo século até o século 18. Mas, não pense você que essa é
toda a evidência conhecida para os documentos gregos do NT, pois nos últimos
anos o CSNTM tem descoberto novos manuscritos
gregos que ainda não foram catalogados pelo INTF. Hoje o Centro possui 17
manuscritos gregos publicados no site que ainda não fazem parte da contagem
oficial do INTF.
No
que se refere aos manuscritos do NT em outros idiomas o número é
assustadoramente maior. No que se refere aos manuscritos latinos apenas,
existem mais de 10 mil manuscritos conhecidos. Não é de se espantar que tenham
sobrevivido tantos mss latinos, afinal o latim foi o idioma oficial da Igreja
até meados do século XV, quando o texto grego voltou a ter preeminência no
estudo teológico. Também estima-se que existam entre 5-10 mil manuscritos em
outros idiomas, mas ninguém sabe ao certo. Embora fundamentalmente importantes
para a história da transmissão e manutenção do texto do NT, as versões não tem
o mesmo apoio acadêmico que o latim e o grego, e portanto, não dispomos de
dados mais precisos.
É
por isso que no artigo Updating the Manuscript Evidence for the New Testament Geisler
explica que a primeira vez que escreveu sobre o assunto, em 1968, ele afirmou
que existiam cerca de 5 mil manuscritos gregos
disponíveis (Norman L. Geisler and William E. Nix, General Introduction to the
Bible. Moody Press, 1968). Entretanto, quando revisou o mesmo livro em 1986 ele
alterou o dado para 5.366 mss gregos, de
acordo com o segundo apêndice do livro Manuscripts of the Greek Bible (Bruce
Metzger) publicado em 1981. Em 1998, quando participou da revisão do livro Evidências que Exigem um Veredito com Josh
MacDowell, Kurt Aland (o
Aland do Nestlè-Aland) os tinha informado que o número de
manuscritos era de 5.686 mss gregos, o
mesmo número que encontramos na versão em português do livro Não tenho fé suficiente para ser
um ateu (p.232).
Como
você pode perceber, o campo da crítica textual é um campo em desenvolvimento. A
mudança numérica não foi assustadoramente ascendente, até por que não é todo
dia que se descobre um novo manuscrito grego do NT. Entretanto, essas
descobertas tem crescido nos últimos anos e em breve teremos ainda mais
informações a nossa disposição sobre a transmissão e manutenção do texto do NT.
b. Quantidade de Manuscritos de Homero:
A
obra mais próxima é a Ilíada
de Homero, com 643 manuscritos. (p.230).
Essa
é uma informação recorrente em muitos livros apologéticos. Na tentativa de
demonstrar a superioridade da manutenção histórica do NT, apologetas citam que
a obra antiga que recebe maior apoio numérico de evidências seria a Ilíada de Homero.
De acordo com Geisler esse número
foi retirado do livro Chapters In The History Of New Testament Textual Criticism
(Bruce Metzger) publicado em 1963. De modo interessante, o mesmo dado
apresentado no livro The
Text of the New Testament tanto na primeira edição, como nas
duas revisões subsequentes. Apenas na quarta edição do livro The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption,
and Restoration (Metzger-Ehrman), publicado em 2005, que o
número é atualizado para 647 manuscritos
da Ilíada.
Entretanto,
Wallace aponta para o livro Homeri
Ilias, volvmen privs: Rhapsodias I-XII Continens, Bibliotheca Scriptorvm
Graecorvm et Romanorvm Tevbneriana no qual o especialista em
Homero Martin West aponta a existência de
aproximadamente 2.400
manuscritos conhecidos
dos livros de Homero.
Geisler
também retrata o número apresentado e aponta para o livro Studies in the Text and
Transmission of the Iliad, publicado em 2001 também escrito
por Martin West que aponta para a existência de 1758 manuscritos da Ilíada apenas.
Apesar de ainda não fazer frente à quantidade de manuscritos gregos conhecidos
do NT, o número é significativamente maior.
c. Datação do P52:
O
mais antigo e incontestável manuscrito é um segmentode João 18.31-33, 37, 38,
conhecido como o fragmento John Rylands (por que está na Biblioteca John
Rylands, em Machester, Inglaterra). Os estudiosos datam esse documento como
tendo sido escrito entre 117 e 138 d.C., mas alguns
dizem que ele é ainda mais antigo. (p.231)
As
duas observações necessárias aqui são mais técnicas do que numéricas.
Em primeiro lugar, a datação de documentos antigos
dificilmente pode ser cientificamente precisa. No livro Manuscripts of the Greek Bible, Bruce
Metzger demonstra a importância da paleografia na datação de uma manuscrito, e
considerando o importante papel que a paleografia tem na análise de um
manuscrito, é importante notar que tal análise, embora tenha critérios
objetivos, também inclui grande parte de subjetividade. É por isso que antes da
publicação de uma manuscrito, o mesmo é analisado por três diferentes
paleógrafos de modo independente.
Em segundo lugar, a datação de P52 é
eventualmente alvo de controvérsias. Na edição de 1981 do livro The Text of the New Testament
(Kurt & Barbara Aland), Aland aponta par ao fato de que quando Colin
Henderson Roberts publicou o manuscrito na década de 30, ele o datou
aproximadamente em 125 d.C. (p.84). Posteriormente, Aland afirma que essa
data de aproximadamente 125 d.C. inclui uma margem de erro de 25 anos para mais
ou para menos, muito embora, na ocasião consenso acadêmico sugeria que a data
limite do manuscrito fosse 125 d.C. e que P52 poderia ter sido copiado logo
após o evangelho de João ter sido escrito no início da década de 90 d.C.
(p.85).
No
livro Studies in the Theory and Method
of New Testament Textual Criticism (Eldon Epp, Gordon Fee), Epp
reafirma a sugestão de Aland e defende que P52 foi escrito entre 100-125 d.C.,
mas defende que provavelmente mais próximo de 100 do que de 125 (pp.278-79). Na terceira edição do The Text of the New Testament, publicada em
1992, Metzger
afirma que embora P52 tenha sido datado na primeira metade do segundo
século, tal datação não é unanime. Ele também completa por dizer que os
paleógrafos Frederic Genyon, W. Shubart, Harold I. Bell, Adolf Deissmann,
Ulrich Wilcken e W.H.P. Hatch parecem concordar com a datação mais antiga (pp.38-9). A mesma datação foi mantida na quarta
edição atualizada por Bart Ehrman (pp.55-6).
Em
2005, Philip Comfort publicou seu livro Encountering the Manuscripts no
qual datou o manuscrito entre 110-125 d.C., enquanto no mesmo ano Brent
Nongbri publicou o artigo “The Use and Abuse of P52”
no Harvard
Theological Review 98, no qual defendeu que a “janela de
oportunidade” para o P52 pode muito bem incluir a segunda metade do segundo
século. Tal datação está de acordo com as estimativas do INTF, que data o P52
entre 125-175 d.C.
Como
fica evidente, a datação do P52 é debatida, e o provável intervalo de
publicação desse documento é atualmente apontado como sendo em algum momento do
segundo século. É interessante notar que no passado o pêndulo da academia
tendia para datas mais antigas, ao passo que atualmente o pêndulo aponta para
datas mais tardias. No apêndice da NA27 (Nestlè-Aland), publicado em 2000 a
datação do P52 é colocada em algum lugar no segundo século, data mantida na
28a. edição publicada em 2012. Bart Ehrman, no livro The Textual Reliability of the New Testament,
data o manuscrito em algum lugar entre 95-155 d.C. Daniel Wallace data o
manuscrito entre 100-150 d.C no livro Reinventing Jesus (p,77) e
agora, Norman Geisler também
adotou essa data como representativa da atual situação do consenso acadêmico
sobre P52.
O manuscrito
P52 continua entre os mais antigos manuscritos do NT e seu valor e antiguidade
continua indisputável, mesmo entre os críticos do NT. Entretanto, avanços no
estudo paleográfico e da crítica textual nos tem oferecido dados e princípios
mais acertados para a datação de manuscritos. Nesse caso, o intervalo de 50
anos serve adequadamente a idéia da “janela
de oportunidade” apresentado por Nongbri.
2. Correções Necessárias
a. Evidência Neo-Testamentária em Qumran:
Existem
nove fragmentos discutíveis,
ainda mais antigos que o fragmento John Rylands, que datam do período que vai
de 50 a 70 d.C., encontrados com os Manuscritos do Mar Morto. Alguns estudiosos
acreditam que esses fragmentos são parte de seis livros do NT, incluindo
Marcos, Atos, Romanos, 1Timóteo, 2 Pedro e Tiago. (p.231).
Essa
é uma afirmação vaga e perigosa. Em primeiro lugar, a própria
cronologia do NT colocaria em risco a conclusão reafirmada na página seguinte
de que esses manuscritos poderiam ser datados entre 50 a.C a 50 d.C. Se essa estimativa
estivesse correta, seriamos obrigados a assumir que Paulo terminou sua
carreira missionária antes de 50 d.C, e que Atos, Romanos e 1Timóteo já teriam
sido escritos. Essa afirmação também contradiz os dados apresentados na Enciclopédia de Apologética (p.645),
no qual Geisler data os documentos referente a esses livros como posteriores a
70 d.C. Tal data não apenas está incorreta, como também é impossível, uma vez
que a comunidade foi desmanchada em aproximadamente 68 d.C.
Em segundo lugar, diferente do
que nos faz pensar Geisler nessa citação, nenhum acadêmico responsável nos
nossos dias afirma que esses documentos não identificados pertencem a
livros do NT. Geisler cita David Estrada & William White, The First New Testment (1978), como
se fossem autoridades inquestionáveis sobre o assunto, mas se esquece de
apresentar que a evidência contrária à essa conclusão é intransponível, como veremos abaixo.
De
todos os documentos não identificados apontados por Geisler em sua Enciclopédia de Apologética (p.645),
o que mais contundente chama-se 7Q5. Nesse pequeno pedaço de manuscrito
descoberto pelo papirólogo e paleógrafo jesuíta Pe. José O’Callaghan
(1972), encontra-se uma pequena porção de texto em grego que foi identificado
por Callaghan como sendo de Marcos 6.52-53. De modo interessante, até meados da
década de 80, Callaghan tinha defendido sua teoria contra todos os
contra-argumentos, mas sem conquistar outros acadêmicos do NT. Entretanto, em
1982 Carsten Peter Thiede publicou a primeira defesa acadêmica da teoria
de Callaghan, que em pouco tempo conseguiu encontrar na academia da Alemanha
algumas respostas positivas. Na década de 90, seu livro The Earliest Gospel Manuscript?
foi publicado em inglês e então encontrou apoio especialmente entre os
conservadores norte-americanos.
Se
Thiede e Callaghan estão corretos, (1) 7Q5 seria o mais antigo manuscrito do
NT; (2) ele colocaria a data do evangelho de Marcos na década de 40 d.C., no
máximo; (3) se essa datação estiver correta, seria virtualmente impossível
afirmar a prioridade de Mateus; e (4) finalmente, sugeriria que os
manuscritos do NT foram rapidamente copiados e distribuídos. Não é à toa que o
papiro 7Q5 é tão controverso e aclamado.
Mas,
o que é realmente preocupante no argumento do Geisler é que ele afirma que a
rejeição de datas mas antigas para esses livros do NT seria uma forma de reação
do liberalismo teológico contra a evidência da confiabilidade neo-testamentária
(p.231). Entretanto, o fato é que a possibilidade de que esse documento
realmente faça referência ao livro de Marcos é tão baixa, que mesmo
autores conservadores e evangélicos tem reagido em oposição a teoria de
O’Callaghan e Thiede.
Por
exemplo, Daniel
Wallace,
no artigo 7Q5: The Earliest NT Papyri?,
apresenta três importantes observações sobre o assunto: Em primeiro lugar,
apenas seis letras são indisputáveis no manuscrito. Em segundo lugar,
apenas uma palavra do manuscrito é indisputável, και, que infelizmente é
extremamente comum. Em
terceiro lugar, para identificar o manuscrito com Marcos 6.52, 53
seriam necessárias duas emendas textuais, substituindo um τ por δ (que seria
relativamente incomum) e assumir a exclusão da expressão ἐπὶ τὴν γῆν
do texto, contra virtualmente todos os manuscritos do evangelho de Marcos. Graham Stanton, no
livro Gospel Truth? (1997),
apresenta claramente que a possibilidade de um desses documentos realmente
fazer parte de documentos do NT é significativamente tão remota que deve ser
tida como altamente improvável. O mesmo parecer é oferecido por Stanley Porter (The Scrolls and the Scriptures,
302), D.A.
Carson
(The King James Version Debate: A
Plea for Realism, 121-23), Craig Evans (Holman QuickSource Guide to the
Dead Sea Scrolls, 369-972) e Gordon Fee, o que sugere
que Norman Geisler está largamente equivocado ao dizer que a reação contrária a
identificação do texto de Marcos em 7Q5 é resultado do liberalismo
teológico. Na verdade, a evidência parece ser consistentemente contrária à tese
de O’Callaghan e Thiede.
Em
outras palavras, ainda que fosse interessante para a academia teológica
encontrar em 7Q5 um texto neo-testamentário, a evidência não parece favorável a
tal conclusão. É por isso que Gordon Fee afirma que a “descoberta” de
O’Callaghan não pode ser sustentada após cuidadosa análise (Studies in the Theory and Method
of New Testament Textual Criticism, p.4). Portanto, é importante que
o apologeta evite usar esse documento como se a identificação de Marcos aqui
fosse indisputável. Infelizmente Geisler não corrige essa informação em
lugar nenhum em seu artigo Updating
the Manuscript Evidence for the New Testament. Caso
o leitor queira mais informações sobre o atual estado da pesquisa relacionada
ao papiro 7Q5, Thomas J. Kraus recentemente (2007) publicou um livro
chamado Ad fontes (Texts and Editions for
New Testament Study), no qual dedica um capítulo apenas para
apresentar a pesquisa acadêmica relacionada ao 7Q5.
b. Data do Primeiro Manuscrito Completo do NT:
Qual
é a idade do mais antigo manuscrito de um livro completo do NT? Manuscritos que
formam livros inteiros do NT sobreviveram a partir do ano 200 d.C. E quanto aos
mais antigos manuscritos do NT completo? A maioria dos manuscritos do NT,
incluindo os quatro evangelhos, sobrevive desde o ano 250, e um manuscrito do
NT (incluindo um Antigo Testamento em grego), chamado Códice Vaticano, sobrevive
desde o ano 325. Esses
manuscritos possuem ortografia e pontuação características que sugerem ser
parte de uma família de manuscritos que pode ter sua origem entre 100 e 150
d.C.
A
respeito desse comentário, três observações são importantes: (1) As informações de
Geisler aqui poderiam ser melhores e precisam ser mais específicas.
Infelizmente, as informações apresentadas por Geisler aqui não correspondem a
realidade. P66, por
exemplo, é um mss do Evangelho de João normalmente datado “cerca de 200
d.C.” (cf.
Ehrman-Metzger, p.57; Aland-Aland, p.87), mas infelizmente o mesmo é
incompleto. P75, que
foi datado entre 175-225 d.C. por Victor Martin e Rodolphe
Kasser quando publicado pela primeira vez, contém apenas parte do evangelho de
Lucas e o evangelho de João. Novamente, o documento é incompleto. O mesmo pode
ser dito do P46, que foi
datado por Bruce W. Griffin entre 175-200 d.C, contém grande parte das
cartas paulinas, mas o mesmo também é incompleto. Para piorar, não existem
livros completos do NT em 250 d.C., exceto talvez por P72, que contém o
livro de Judas e sua datação pode ser ainda mais tardia. Outro problema grave é
que o Códice
Vaticano,
que é datado no quarto século, contém vários dos livros do NT não é um códico
do NT completo. Talvez, o Geisler tivesse em mente o Códice Sinaítico,
que é o mais antigo manuscrito com o NT completo, também datado no quarto
século. Mas, vale notar que o Sinaítico, além do NT, contém a LXX com os livros
apócrifos do AT e alguns dos livros apócrifos como O Pastor de Hermas e a Epístola
de Barnabé. Ou seja, apesar de conter todo o NT, o Códice Sinaítico não é
apenas um códice do NT.
(2) A datação do Códice Vaticano está
equivocada:
A data sugerida por Geisler para o Códice Vaticano em 325 d.C. é provavelmente
resultado do mito
de que o Códice Vaticano e Sinaítico são exemplares sobreviventes das 50
bíblias que Constantino teria requerido de Eusébio de Cesaréia (Vita Constantini, IV,36-37). Constantin
von Tischendorf (1844) foi o primeiro a sugerir tal hipótese em função da
proximidade da datação entre o evento e a possível data do Códice
Sinaítico. Frederick Henry Ambrose Scrivener (1877), por outro lado
rejeitou tal possibilidade baseado nas diferenças entres os dois manuscritos.
Westcott e Hort (1881) também rejeitaram a conclusão de Tischendorf baseado nas
diferenças entre o Canon de Eusébio e os livros incluídos nos dois documentos.
Desde então, a hipótese levantada por Tischendorf não tem encontrado defensores
entre os Críticos Textuais (cf.
Metzger-Ehrman, The Text of the New Testament. pp. 15–16),
embora eventualmente apareça em livros apologéticos populares.
(3) O critério usado por Geisler para
autenticar uma datação mais antiga está equivocado. Nem
ortografia nem pontuação fazem parte do critério de datação desses manuscritos.
Em primeiro lugar,
durante os primeiros séculos de cópias dos manuscritos do NT, não existia
qualquer acordo ortográfico. Não é à toa que é possível encontrar nesses
manuscritos ocasiões que na mesma página nomes são escritos de forma
diferentes. Em segundo
lugar, os manuscritos desse período não eram possuíam sinais
diacríticos ou pontuação. Em outras palavras, nem pontuação nem ortografia são
critérios para definir a antiguidade de um mss. Eles podem atestar um período
mais antigo exatamente pela falta de acordo ortográfico ou pela ausência de
pontuação. Mas, é incorreto afirmar que a análise dessas características
ausentes nos mss são critérios válidos para datar os documentos entre 100-150
d.C.
Em
outras palavras, existem entre 10-12 manuscritos gregos do NT datados no
segundo século, e considerando apenas o testemunho dessa evidência, nós podemos
reconstruir cerca de 43% do texto do NT. Considerando os manuscritos datados
até o terceiro século, existem pouco mais de 100 manuscritos incluindo o
primeiro manuscrito completo do NT. Ou seja, a evidência em prol da
confiabilidade do NT é absurdamente sólida, mas as afirmações de Geisler podem
levar o estudante a um nível de convicção que não é suportado pelas evidências.
E infelizmente, esse tipo de convicção infundada pode torna-se terreno fértil
para levar o estudante despreparado à desconfiança da preservação do texto do
NT.
c. Quantidade de leituras variantes no NT:
Com
o objetivo de abordar a questão da precisão, temos de esclarecer alguns
mal-entendidos de muitos críticos em relação a “erros” nos manuscritos
bíblicos. Alguns já chegaram a estimar que existem cerca de 200 mil erros nos
manuscritos do NT. Primeiro de tudo, eles não são “erros”, mas
leituras variantes, a maioria das quais de natureza estritamente gramatical
(i.e., pontuação e
ortografia). Segundo, essas leituras estão espalhadas por cerca de 5.700
manuscritos, de modo que a variação na ortografia de uma letra de uma palavra em um versículo em 2mil
manuscritos é considerada 2 mil “erros”. (pp.234-5)
Geisler
está correto quando diz que uma variante textual não é necessariamente um erro,
mas está completamente equivocado sobre como essas variantes são quantificadas.
Em
primeiro lugar,
diferença de pontuação não faz parte da contagem de variantes textuais. Uma vez
que os manuscritos passaram consistentemente a ter algum tipo de pontuação após
o século IX, essas diferenças não fazem parte do critério para se definir uma
variante textual. Na verdade, edições críticas contemporâneas (como a UBS4 2001, UBS5, 2014) usam notas
de rodapé para indicar diferentes pontuações em relação a diferentes traduções
contemporâneas.
Em segundo lugar, é necessário
dizer que a estimativa de 200 mil erros está provavelmente equivocada. A
verdade é que ninguém sabe ao certo quantas variantes textuais existem, por
dois motivos: (1) A quantidade de material existente não foi analisada
exaustivamente e (2) O critério que define variante textual não foi
homogeneamente definido. Por exemplo, Eldon Jay Epp no artigo Clarification of the term
“Textual Variant” (1975), sugere que o termo variante textual deve
ser usado para descrever apenas variações textuais “importantes” ou
“significantivas” (significant
or meaningful), mas que tal definição logo levanta a questão da
definição de importante e significativa (Studies in the Theory and Method
of New Testament Textual Criticism, p.48). O que pode-se ter
por certo, por outro lado, é que uma estimativa conservadora diria que existem
entre 300-400 mil leituras variantes na tradição manuscrita do NT (Daniel
Wallace, Reinventing Jesus, p.54).
Em terceiro lugar, o modo como
Geisler conta as variantes textuais aqui é absurdamente equivocado. Dizer
que uma
letra, de uma
palavra em 2mil mss significa 2mil erros é um absurdo. Uma variante textual não
é quantificada pelo número de manuscrito que contém determinada variação
textual, mas pela existência de variações textuais conhecidas na tradição
manuscrita. Por exemplo, no artigo O que dizer do problema
textual de João 1.18? (ebook) nós tratamos da
forma textual de Jo.1.18, identificamos 5 variantes textuais conhecidas na
tradição manuscritas e então apresentamos a evidência de acordo com a tabela
abaixo:
Leituras Possíveis
|
Documentos
|
μονογενὴς θεὸς
Deus Unigênito
|
p66 א*
B C* L pc syrp syrh(mg) geo2 Diatessarona
Valentiniansaccording to Irenaeus Valentiniansaccording to
Clement Ptolemy Heracleon Origengr(2/4) Ariusaccording
to Epiphanius Apostolic Constitutions Didymus Ps-Ignatius Synesiusaccording
to Epiphanius Cyril1/4
|
ὁ μονογενὴς
θεὸς
O Deus Unigênito
|
p75 א2
33 pc copbo Theodotusaccording to Clement(1/2) Clement2/3
Origengr(2/4) Eusebius3/7 Serapion1/2 Basil1/2
Gregory-Nyssa Epiphanius Cyril3/4
|
ὁ μονογενὴς
υἱὸς
O Filho Unigênito
|
A C E F G H K Wsupp X Δ Θ Π Ψ 063
0141 f1 f13 28 157 180 205 565 579 597 700 892 1006 1009 1010 1071 1079 1195
1216 1230 1241 1242 1243 1253 1292 1342 1344 1365 1424 1505 1546 1646 2148
Byz Lect ita itaur itb itc ite
itf itff2 itl vg syrc syrh
syrpal arm eth geo1 slav Theodotusaccording to
Clement(1/2) Theodotus Irenaeuslat(1/3) Clement1/3
Tertullian Hippolytus Origenlat(1/2) Letter of Hymenaeus Alexander
Eustathius Eusebius4/7 Hegemonius Ambrosiaster Faustinus Serapion1/2
Victorinus-Rome Hilary5/7 Athanasius Titus-Bostra Basil1/2
Gregory-Nazianzus Gregory-Elvira Phoebadius Ambrose10/11
Chrysostom Synesius Jerome Theodore Augustine Nonnus Cyril1/4
Proclus Varimadum Theodoret Fulgentius Caesarius John-Damascus Ps-Priscillian
ς
|
μονογενὴς υἱὸς
θεοῦ
Filho Unigênito de Deus
|
itq (copsa? θεὸς)
Irenaeuslat(1/3) Ambrose1/11(vid)
|
ὁ μονογενὴς
O Unigênito
|
vgms Diatessaron Jacob-Nisibis
Ephraem Cyril-Jerusalem Ps-Ignatius Ps-Vigilius1/2 Nonnus
Nestorius
|
De
acordo com a proposta feita por Geisler, nós teríamos em Jo.1.18 mais de 100 variantes
textuais!
Mas observe que apenas 5 leituras são conhecidas e a quantidade de
vezes que tal leitura é repetida na tradição manuscrita não afeta o modo como
se quantifica as variantes textuais. Vale notar ainda que apesar de serem cinco
as variantes textuais possíveis, a diferença entre 1 e 2, e 3 e 4 é nada mais
nada menos que a presença/ausência de artigo.
Em
outras palavras, se o método de quantificação de variantes textuais apresentado
por Geisler fosse de fato o método usado para quantificar as variantes
textuais, nós teríamos milhões de variantes textuais. Apenas a título de
comparação, no texto crítico The Greek New Testament according to the Majority Text editado por Hodges e Farstad,
nós encontramos 6.577 variantes textuais analisadas, enquanto no UBS4 nós
encontramos pouco mais de 1.400, ao passo que no Nestlè-Aland 28
pouco mais de 10.000. Em outras palavras, das variantes textuais conhecidas
(300-400 mil), apenas uma pequena fração é considerada importante e
significante para ser considerada nos textos críticos.
Por
fim, é importante dizer que Geisler reconhece o equívoco no artigo Updating
the Manuscript Evidence for the New Testament, e
afirma que a origem do equívoco é encontrada no livro de Neil R.
Lightfoot, How We Got Our Bible (1963),
que foi usado na primeira edição General Introduction to the Bible,
e repetida diversas vezes nos livros que escreveu.
d. Variantes Textuais e a doutrina cristã
Nenhum
livro antigo é tão bem autenticado. O grande estudioso do NT e professor da
Universidade de Princeton, Bruce Metzger, estimou que o Mahabharata, do
hinduísmo, foi copiado com apenas 90% de precisão e que a Ilíada de Homero,
com cerca de 95%. Por comparação, ele estimou que o NT é cerca de 99,5%
preciso. Mais
uma vez, o 0,5% em questão não afeta uma única doutrina da fé cristã (p.235).
De
fato, nenhum livro antigo é tão bem autenticado como o NT. Entretanto, a
afirmação destacada acima é realmente perigosa. Do modo como está ela sugere
que nenhuma doutrina é afetada por uma variante textual, mas essa conclusão
está largamente equivocada. Nós sabemos que o texto conhecido como Comma Iohanneum (1Jo.5.7-8:
Porque três são os
que testificam [no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três
são um. E três são os que testificam na terra:] o Espírito, e a
água e o sangue; e estes três concordam num), um texto que
claramente afirma a doutrina da trindade é na verdade um texto tardio e
consequentemente espúrio. Também sabemos que o texto de 1Tim.3.16 (E, sem dúvida alguma, grande é
o mistério da piedade: [Deus] Aquele que se manifestou em
carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido
no mundo, recebido acima na glória) que parece afirmar a
divina encarnação de Cristo, na verdade apresenta a encarnação de Cristo, mas
não testemunha sua divindade. Ou seja, essas variantes textuais afetam textos
que testemunha doutrinas fundamentais do cristianismo.
Por
outro lado, nem a doutrina da trindade nem da divindade de Cristo é afetada em
função da existência dessas variantes textuais. É evidente que nós temos
variantes textuais em textos doutrinarimente importantes, mas nós não temos
variantes textuais em todos os textos doutrinariamente importantes. Nós não
temos variantes em Jo.1.1, 20.28 que claramente atestam a divindade de Cristo.
Também não temos variantes textuais significantes em Mat.28.20 que afirma a doutrina da trindade.
Nesse sentido, é possível afirmar que as variantes textuais conhecidas não
afetam as doutrinas cristãs como um todo, embora afetem textos que compõe o
corpo de evidências de determinada doutrina.
Essa
pequena distinção, que aparentemente é técnica, é fundamentalmente importante
para o estudo do NT. Uma fé fundada no conhecimento equivocado da evidência
pode levar o estudante despreparado para o agnosticismo. Foi o que aconteceu
com o livro O que Jesus Disse? O que Jesus
não Disse? de Bart Ehrman, que embora não tenha apresentado nenhuma
informação nova nem assustadora, influenciou negativamente uma legião de
cristãos despreparados para lidar com as informações apresentadas no livro. Uma
resposta a esse livro pode ser encontrado no post O que Ehrman disse? O que Ehrman
não disse? aqui mesmo no Teologando.
3. Sugestões para Apologetas
Como
vimos acima, o conhecimento adequado e atualizado da crítica textual é
fundamental para uma defesa apropriada da fé cristã. Não se pode defender a
confiabilidade das escrituras a partir de dados não confiáveis. Por
isso, gostaria de deixar algumas sugestões para apologetas online, que embora
seja específicas para o estudo da confiabilidade do NT, podem ser usadas para
outras áreas da apologética:
(1) Cheque sempre suas Fontes: Na pesquisa
teológica é fundamental que o apologeta conheça suas fontes. É impressionante o
quanto da apologética online é feita a partir de um recorte de frases de
teólogos ‘famosos’. Em algumas ocasiões é possível perceber que o autor nunca
leu os livros que cita. Esse tipo de pesquisa é vergonhosa! Nós temos que
modelar a excelência na metodologia de pesquisa por que nosso objetivo é mais
do que apenas apresentar um bom argumento, mas é apresentar evidências que
auxiliem cristãos duvidosos a firmarem sua fé, ou a críticos a repensarem sua
oposição ao cristianismo. Honestidade acadêmica é fundamental, bem como a
excelência.
(2) Conheça as evidências primárias da
sua pesquisa:
Um dos equívocos recorrentes entre apologetas é o uso exclusivo de literatura
apologética como base para suas pesquisas. Observe que no livro Não Tenho Fé
Suficiente para ser Ateu, Geisler basicamente cita seus próprios livros no
capítulo 9 e outros livros igualmente apologéticos. O problema desse tipo de
prática é que o apologeta é um especialista em defesa da fé e não um
especialista em todas as áreas do conhecimento necessárias para se fazer a
defesa da fé. Ao fazer isso, ele passa longe da evidência primária de sua
pesquisa e apresenta apenas a evidência digerida
por outros apologetas. Foi esse tipo de método de pesquisa que levou Geisler a
publicar repetidas vezes dados equivocados sobre a quantidade de variantes
textuais conhecidas no NT.
Um
excelente modelo para a apologética é dada por Lee Strobel no livro Em Defesa de Cristo, no qual entrevista
especialistas de diferentes áreas do conhecimento para apresentar a defesa da
doutrina de Cristo. Por isso, é importante que o apologeta tenha conhecimento
das evidências primárias de sua pesquisa, mesmo que seja pela instrumentação da
teólogos e pesquisadores nas áreas do conhecimento nas quais são especialistas.
É fundamental que o apologeta saiba onde buscar tais referências para sua
pesquisa.
(3) Conheça bem os argumentos em oposição: Outro
problema recorrente é que muitos apologetas não profissionais, não conhecem
exatamente o que pensam aqueles que discordam de nós. Não há como fazer uma boa
defesa da fé sem saber onde estão os ataques a nossa fé. É por isso que a
tarefa da defesa da fé não pode ser entregue a cristão imaturos e
despreparados. É necessário que o apologeta seja um cristão consciente, capaz
de pesquisar em nível acadêmico com excelência e habilitado a compreender os
argumentos da oposição. A intenção do apologeta não é publicar muitos artigos,
mas publicar bons artigos. No submundo da internet o que menos se precisa são
artigos mal escritos e mal pesquisados. É hora dos apologetas cristãos implementarem
um padrão exemplar na pesquisa acadêmica para que possam ser considerados como
dignos no tratamento da evidência, mesmo por aqueles que discordam do
cristianismo. Que não seja nossa inabilidade de pesquisa a razão da rejeição de
Cristo, mas a exclusiva volição daqueles que a Cristo se opõem.
(4) O Apologeta deve ser propagador do
melhor da academia cristã: Infelizmente, nem tudo que se
publica em defesa da fé é digno dessa tarefa. Existem na academia cristã
excelentes livros de referência para a pesquisa teológica e o apologeta deve
ser capaz de tornar público o melhor desse material. Para fazer isso, o
apologeta deve desenvolver o hábito de se expor ao conhecimento teológico para
aprender a diferenciar um livro ruim de um livro bom. É fundamental que a
igreja brasileira tenha acesso a materiais bem escritos, bem pesquisados e que
tenham contato com a produção cristã de nível acadêmico. Como defensores da fé,
nós precisamos tornar público e acessível aquilo que a academia tem produzido
de melhor.
(5) Reconheça e corrija seus erros: Ninguém é
infalível! Nem mesmo Norman Geisler. Apesar da qualidade dos materiais
apologéticos que escreveu, Geisler reconheceu vários dos erros que cometeu no
livro e prontamente os corrigiu. Na defesa da fé cristã, esse tipo de humildade
é fundamental. É necessário que os homens e mulheres de Deus que estão
defendendo a fé cristã tenham esse tipo de atitude. Mais do conhecer as
evidências, mais do que excelência e honestidade na pesquisa, humildade para
lidar com as diferentes opiniões e disposição para reconhecimento e correção
dos equívocos.
A
tarefa da apologética é necessária no Brasil, e por isso, aqueles que se
dedicam a ela devem realizar tal tarefa com excelência acadêmica. Nós
precisamos que homens e mulheres que levem o cristianismo a sério se dediquem a
pesquisa em nível acadêmico para defender aquilo que consideramos fundamental:
A nossa fé em Cristo.
Soli Deo Gloria!
Fonte: Teologando
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