por
Leonardo Dâmaso
Uma crença
que foi amplamente difundida pelo movimento de batalha espiritual americano a
partir da década de 60, e que se tornou muito popular no meio evangélico
pentecostal e neopentecostal são os famosos "espíritos do adultério, de
prostituição, da embriaguez e dos vícios". É muito comum vermos pastores e
cristãos pentecostais e neopentecostais com o hábito de orar no seu dia a dia
caso se deparem com alguma situação que seja necessário a “repreensão ou a
amarração” destes “espíritos malignos”. Vemos também nos “cultos de
libertação”, “orações de guerra” em forma de “chavões ou jargões”, do tipo:
espírito do adultério, de prostituição, da embriaguez e dos vícios - saia desta
vida para nunca mais voltar!
Quem nunca presenciou, viu e ouviu alguém fazer uma
“oração” desse tipo? Acredito que todos nós! Todavia, se estudarmos as
Escrituras, especialmente o Novo Testamento diligentemente e meticulosamente,
iremos perceber que não existe um texto sequer que aponte que adultério,
prostituição, embriaguez e vícios de todo o tipo sejam espíritos malignos. Em
contrapartida, os mesmos são classificados por Paulo em Gálatas 5.19-21 como “obras
da carne”, isto é, pecados oriundos da nossa própria natureza pecaminosa, e
não espíritos malignos (para inveja, que também é um pecado, e não
um espírito maligno, veja 1Pe 2.1).
Augustus
Nicodemus Lopes corrobora que os demônios denominados pela batalha espiritual
como sendo demônios da lascívia, do ódio, da vingança, da embriaguez, da inveja
e assim por diante, não aparecem no Novo Testamento. Essas coisas são, na
verdade, as obras da carne mencionadas por Paulo em Gálatas 5.19-21. A solução
para esses pecados não é expulsar demônios que supostamente os produzem, mas
arrependimento, confissão e santificação.
Senão vejamos o que Tiago diz acerca deste assunto.
"Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça [e não por demônios primariamente, porém estes podem influenciar
na tentação em segundo plano] sendo por esta arrastado e seduzido.
Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se
consumado, gera a morte." - Tiago 1.14-15 (NVI)
Paulo, por sua vez, escreve:
"Não sabem que, quando vocês se oferecem a
alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem
obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à
justiça?" Romanos 6.16 (NVI)
Vejamos ainda outro exemplo descrito por Paulo que irá elucidar melhor a nossa compreensão.
"Por toda parte se ouve que há imoralidade
entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém
de vocês possuir a mulher de seu pai. E vocês estão orgulhosos! Não deviam,
porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso?
Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já
condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente. Quando vocês
estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em
espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo,
entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito
seja salvo no dia do Senhor." 1 Coríntios
5.1-5 (NVI)
Vemos que, não somente nas cartas de Paulo, mas em todo o Novo Testamento, os escritores bíblicos enfatizam muito mais a questão de pecados da carne ao invés de espíritos malignos ou possessão, haja vista que existem casos de possessão e de espíritos malignos atuando na vida de uma pessoa. Conforme é dito no texto, um jovem que fazia parte da igreja de Corinto estava mantendo relações sexuais com a mulher de seu pai, isto é, a sua madrasta, diz Paulo.
Apesar deste pecado, o apóstolo não disse que este
jovem estava possuído ou influenciado pelo espírito da imoralidade, e,
tampouco, ordenou que fizessem uma oração de libertação com imposição de mãos
neste jovem, mas que o entregassem a Satanás; ou seja, que ele fosse expulso da
comunhão da igreja para ser disciplinado por Deus através de Satanás, se
arrependesse do seu pecado e retornasse a fé. A imoralidade ou a fornicação,
contudo, é um pecado grave contra o nosso corpo, que é o templo do Espírito
Santo (veja 1 Cor 6.18-20).
Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.
Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.
"'Quando vocês ficarem irados, não pequem'.
Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao diabo." Efésios 4.26-27 (NVI)
Concluímos, então, que, as supostas “orações de libertação” que muitos pastores e cristãos fazem expulsando os espíritos do adultério, prostituição, embriaguez e dos vícios, e o também famoso espírito da depressão [que é um transtorno ou uma doença mental, e não um espírito maligno] é antibíblico e, portanto, uma prática que deve ser diametralmente rejeitada.
Nota:
1. Augustus Nicodemus Lopes. O que vocêprecisa saber sobre Batalha
Espiritual, pág 69.
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Fonte: Bereianos
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Fonte: Bereianos
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