Deus não precisa de
campanhas para agir
Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas
de toda palavra que sai da boca de Deus”. (Mateus 4.4)
Fico
boquiaberto com a criatividade dos mercadejadores do evangelho em suas
campanhas de prosperidade! As pessoas são levadas como gado a se ajuntarem em
busca de benesses materiais, e são envolvidas em um clima de delírio coletivo
que leva muitos deles a sacrificarem tudo, incluindo a própria razão.
A primeira
tentação a que Jesus foi submetido foi justamente a de sacrificar a simples
presença de Deus pela satisfação plena de suas necessidades legítimas. Repare
comigo pelo contexto da passagem citada que Jesus estava há 40 dias sem comer,
e foi sugestionado por Satanás a transformar várias daquelas pedras (em forma
de pães) que abundavam naquele deserto em pão de verdade. Nada mais legítimo!
Nada mais compreensivel! Nada mais tentador!
Mas, Jesus
fez questão de reorientar o seu foco: até aquele momento ele havia sido
sustentado apenas pela palavra de seu Pai, e não deveria ser diferente no
decorrer de sua vida. Naquele momento o passado beija o futuro, mas Jesus
firmado no presente diz: o pão saciaria minha fome urgente, mas não abro mão do
que é importante, o próprio Deus. Jesus não sacrifica sua comunhão com o Pai no
atendimento de uma necessidade puramente humana (embora necessária, pois repare
que Jesus disse “nem só de pão”, o que
implica em “também de pão”).
Fazendo uma
aplicação rápida percebo que esses obreiros
fraudulentos que têm usado a palavra do Senhor para sugestionar rebanhos
inteiros a confiarem na satisfação de suas necessidades imediatas estão na
realidade emprestando seus lábios ao próprio Satanás. São servos do
diabo, que persiste em seu propósito funesto de desviar homens e mulheres a uma
busca desenfreada por sucesso pessoal e satisfação apenas de seus caprichos
egoístas! Suas igrejas são grandes “shopping centers da fé” onde a mercadoria é
um evangelho barato de Jesus que não salva ninguém do inferno, apenas torna a
vida mais confortável aqui na terra!
Gosto de
fazer pontuações pelo grego bíblico, e descubro que “palavra que sai da boca de Deus” aqui no texto tem a ver com
“rhema” e não com “logos” para
traduzir “palavra”. O que isto pode significar? Não quero ficar me atendo às
grandes discussões se esses termos no grego são sinônimos ou não, mas me parece
que “rhema” tem a ver com “palavras
específicas” e não com discursos bem elaborados (“logos”, radical da nossa
palavra “lógica”).
Caso meu
pensamento esteja na direção correta o que vem a gerar vida no coração do
crente não é a elaboração de um pensamento doutrinário sistemático (embora isso
seja sobejamente importante!), mas sim a lembrança de princípios bíblicos que
podem ser aplicados no nosso cotidiano. Em outras palavras, temos de abrir mão
tanto do irracionalismo neo pentecostal quanto do superracionalismo
tradicional, pois ambos conduzem o homem ao pecado mãe de outros pecados: o
orgulho.
Gosto de
pensar no orgulho como sugere Jonathan
Edwards: “a pior víbora que há no coração, e o
maior perturbador da paz da alma e da doce comunhão com Cristo, é a mais
escondida, secreta e enganosa de todas as lascívias”.
Temos de
vigiar o nosso coração constantemente para não sermos escravos de milagreiros travestidos de evangelistas, que
enganam o povo com promessas de soluções para os seus problemas humanos, que
não apontem para Cristo, o “homem de dores”. E, da mesma forma temos de cuidar
para não sermos legalistas que apontam para a letra da lei como se ela pudesse
criar vida em ossos que já estão secos de esperança, à espera do sopro do poder
do Espírito Santo de Deus.
O equilíbrio
está em Jesus. Sem campanhas, sem “cultos de
libertação”, sem “noites de vitória ou
de conquista”, apenas Jesus!
Ele nos basta! Faça como o próprio Jesus orienta:
Mas tu,
quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará!”.
O que passar
disso, é invencionice humana, palavras de lobos fantasiados de pastores!
Tenho dito.
Por Pr.Ezequias A. Marins
Publicado originalmente no site da ADIBERJ
Associação dos Diáconos Batistas do Estado do Rio de Janeiro
Publicado originalmente no site da ADIBERJ
Associação dos Diáconos Batistas do Estado do Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário