Como as Testemunhas de Jeová são instruídas a:
- odiar ex-membros e evitá-los
- odiar todas as outras religiões e abominá-las
- odiar o resto do mundo e desejar
a sua destruição
A literatura das Testemunhas de Jeová não está
desprovida de referências a amor e aplicações de textos
bíblicos sobre amor. Em geral, evidentemente, elas concordariam que a mera
menção de “amor” não torna uma religião amorosa. A liderança das Testemunhas de
Jeová, a Sociedade Torre de Vigia, empresa que movimenta muitos biliões de dólares,
geralmente censura “o mundo” por causa de todo o ódio e pergunta quando haverá
um fim do ódio:
“Mas, quando se vê o desespero, a desesperança, a
agonia de incontáveis vítimas do preconceito e da violência instilados pelo
ódio, bem que se poderia perguntar, angustiado: ‘Por quê? Por que há tanto
ódio? Poderá alguma vez acabar? Será que o mundo ficará alguma vez livre
inteiramente do ódio?’” (Despertai!, 22 de dezembro de 1984, p. 4)
A Sociedade Torre de Vigia também aponta para o
fato de a religião, entre outras coisas, ser uma fonte frequente de ódio:
“No mundo todo, as sementes do ódio são plantadas e
regadas pela injustiça, pelo preconceito, pelo nacionalismo e pela religião.
Seus frutos inevitáveis são a ira, a agressão, a guerra e a destruição. A
declaração da Bíblia em 1 João 3:15 ajuda-nos a entender a seriedade disso:
“Todo aquele que odeia seu irmão é homicida.”" (A Sentinela, 15 de
junho de 1995, p. 4)
Porém, estranho como isto possa parecer, uma
investigação no Índice de Publicações da Torre de Vigia revela
que muitos dos artigos que tratam de ódio estão na realidade tentando explicar
o que é “ódio correto” para um cristão. À luz do texto bíblico
citado acima, ficamos a pensar como é que uma organização alegadamente cristã
pode usar a expressão “ódio correto”. De fato, em alguns casos a Sociedade
Torre de Vigia distingue entre o caso e a pessoa, tal como fazem muitos outros
cristãos, e encorajam a ‘odiar a ação errada mas amar o malfeitor’. Isso,
porém, não é a história toda.
Odiar ex-membros
Sendo uma religião ativamente proselitista, uma
parte significativa das Testemunhas de Jeová vieram de outras religiões. Em
muitos casos, aqueles que trocam uma religião por outra são sujeitos a
escárnio, ira e por vezes violência aberta da parte das suas famílias. As
Testemunhas de Jeová estão familiarizadas com esta “perseguição” e encontramos
muitas referências a isto na literatura da Sociedade Torre de Vigia. Num caso,
falam de uma jovem mulher e sua mãe, que começaram a “estudar” com as
Testemunhas de Jeová. O pai, no entanto, não aprovava isso:
“O pai dela proibiu a mãe de estudar a Bíblia com
ela e seu irmão e irmã. Ele batia neles e queimava os livros.” (A Sentinela,
1.º de outubro de 1992, p. 22)
Face a tais exemplos, seria de esperar que em casos
onde as Testemunhas de Jeová ou os seus filhos querem juntar-se a outro grupo
religioso, encontrariam alguma tolerância. Não é assim! Não só podemos apontar
para numerosos exemplos de perseguição severa da parte da família Testemunha de
Jeová, como também essa é a política oficial da Torre de Vigia!
O que devem fazer os pais que são Testemunhas de
Jeová nos casos em que os seus filhos adotam outra opinião religiosa diferente
da opinião da Sociedade Torre de Vigia?
“Que dizer se o filho começar a proclamar ou
profetizar algo contrário à mensagem do Reino e tentar influenciar erradamente
a organização, fazendo isto em nome de Jeová?
Que devem fazer o pai ou mãe
dedicados e batizados? Eles não ousariam deixar suas emoções descontroladas,
eles não ousariam poupar mesmo esta pessoa querida cujo nascimento carnal
causaram. Têm de lhe declarar a pecaminosidade mortal do seu falso profetizar
ou oposição ao profetizar do Reino. Eles não podem aguentar ter mesmo o
seu próprio filho falando falsidades em nome de Jeová. Eles têm de o trespassar
devido ao seu falso profetizar. Eles têm de considerá-lo como espiritualmente
morto para si mesmos, como alguém com quem não se deve ter qualquer
associação religiosa e convivência e cujas profecias devem ser rejeitadas.” (The
Watchtower [A Sentinela], 1.º de outubro de 1961, p. 596 [em
inglês]; bold acrescentado, tal como em todas as citações que se seguem.)
O ódio da Sociedade Torre de Vigia para com
ex-membros até a levou a usar expressões que normalmente estão associadas a
violência. Num caso, a Sociedade Torre de Vigia até lamentou que as leis
cristãs e as leis do país os proibissem de matar ex-membros:
“Nós não estamos vivendo hoje entre as nações
teocráticas onde tais membros da nossa relação familiar carnal podiam ser
exterminados por apostasia de Deus e da sua organização teocrática, como foi
possível e foi ordenado na nação de Israel no deserto do Sinai e na terra da
Palestina [...] Estando limitados pelas leis da nação mundana na qual vivemos e
também pelas leis de Deus [dadas] através de Jesus Cristo, só podemos tomar
ação contra apóstatas até um certo ponto, isto é, consistente com ambos os
conjuntos de leis. A lei da terra e a lei de Deus através de Cristo
proíbem-nos de matar apóstatas, embora eles possam ser membros do nosso
relacionamento familiar de carne e sangue.” (The Watchtower [A
Sentinela], 15 de novembro de 1952, p. 703 [em inglês])
Embora lamentem a sua incapacidade de matar
ex-membros (“apóstatas”), as Testemunhas de Jeová podem pelo menos odiá-los e
fazer o que podem para que eles compreendam o quanto são odiados:
“Odiadores de Deus e do seu povo devem ser
odiados, mas isto não significa que aproveitaremos qualquer oportunidade
para provocar dano físico a eles num espírito de malícia ou rancor, pois tanto
a malícia como o rancor pertencem ao Diabo, ao passo que o ódio puro não
pertence. Temos de odiar no sentido mais verdadeiro, que é encarar com
extrema e ativa aversão, considerar como uma abominação, odioso, nojento,
detestar. Seguramente quaisquer odiadores de Deus não merecem viver
nesta bela terra.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de
outubro de 1952, p. 599 [em inglês])
Note a retórica que eles usam ao inverterem as
posições: aqueles que deixam a religião dever ser, segundo a Sociedade Torre de
Vigia, “odiadores de Deus”. Nunca se admitiu na literatura da Sociedade Torre
de Vigia que uma pessoa pode deixar as Testemunhas de Jeová e continuar a
adorar a Deus, pois para elas a Organização e Deus são a mesma coisa:
“Alguns apóstatas professam
conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua
Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e
tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente
escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é correto, quando o
mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável de sua
constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da
palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os
cristãos verdadeiros compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais
apóstatas; não são curiosos a respeito das ideias dos apóstatas. Ao
contrário, ‘sentem aversão’ para com os que se fazem inimigos
de Deus, mas deixam que Jeová execute a vingança.” (A Sentinela, 1.º de
outubro de 1993, p. 19)
Este nível de ódio torna óbvio por que a Sociedade
Torre de Vigia tem de enfatizar a necessidade de ‘deixar a Deus’ a execução
propriamente dita da pena de morte. Infelizmente, não é muito original as
Testemunhas de Jeová confiarem em Deus como um carrasco, um Deus de Ódio, em
vez de um Deus de Amor. No entanto, exatamente como durante a Inquisição, não
era suficiente que o pecador sofresse às mãos de Deus. O sofrimento tem de
começar nesta vida.
Desassociação e evitar ex-membros
As Testemunhas de Jeová deparam-se com opções
limitadas quando chega a hora de obedecer à ordem de “trespassar”, “magoar” ou
“executar” ex-membros. No entanto, elas podem usar dois métodos, relacionados
de perto: desassociação e evitar ex-membros.
Quando o estatuto legal da Torre de Vigia é questionado em países à volta do
mundo, ela esconde-se atrás do termo excomunhão, que não é usado
internamente. O ponto em questão, muitas vezes distorcido por apologistas das
Testemunhas de Jeová, não é a terminação do estatuto de membro numa comunidade
religiosa. Poucos negarão a uma organização o direito de terminarem o estatuto
de membro de uma pessoa. A atividade não ética é o controlo que a organização
insiste em ter depois de o estatuto de membro ter sido terminado:
“Portanto, as Testemunhas de Jeová chamam
apropriadamente de “desassociação” a expulsão de tal transgressor impenitente e
ser ele depois evitado. Sua recusa de terem associação com alguém
expulso, em qualquer nível espiritual ou social, demonstra lealdade às normas
de Deus e obediência à sua ordem”. (A Sentinela, 15 de dezembro de 1981,
p. 18)
A palavra-chave é evitado, e a
Sociedade Torre de Vigia argumenta seriamente que, como a desassociação é de
fato o mesmo que executar (matar) a pessoa, todas as amizades e
vínculos familiares serão cortados. A pessoa desassociada será tratada como se
não existisse. Esta é a realidade por detrás da expressão “desassociação”:
“Deus certamente se dá conta de que o cumprimento
das suas leis justas referentes ao desligamento de transgressores muitas
vezes envolve e afeta parentes. Conforme já mencionado, quando um transgressor
israelita era executado, não era mais possível manter contatos familiares [...]
Pode compreender que isso não deve ter sido fácil para eles. Pense também em
como se sentiam os irmãos, as irmãs ou os avós do transgressor. Todavia,
colocarem a lealdade ao seu justo Deus à frente da afeição familiar podia
salvar-lhes a vida.” (A Sentinela, 15 de abril de 1988, p. 28)
As únicas exceções são membros da família que ainda
vivem sob o mesmo teto com o desassociado. Mas, considerando a forma como se
ordena às Testemunhas de Jeová que vejam a pessoa desassociada, podemos ver que
os relacionamentos ficam irreparavelmente danificados:
“O desligamento de alguém da congregação cristã não
envolve a morte imediata, de modo que os vínculos familiares continuam a
existir. Assim, um homem que é desassociado ou que se dissociou ainda pode
morar com a sua esposa cristã e seus filhos fiéis. O respeito pelos julgamentos
de Deus e pela ação da congregação induzirá a esposa e os filhos a
reconhecerem que ele, pelo seu proceder, alterou o vínculo espiritual
que existia entre eles.” (A Sentinela, 15 de abril de 1988, p. 28)
Podemos imaginar, claro, que num casamento esse
“conselho” conforme dado nas frases acima fará maravilhas para melhorar a vida
familiar. A Sociedade Torre de Vigia na prática ordena à esposa e filhos da
pessoa desassociada que evitem “espiritualmente” a pessoa, enquanto ainda vivem
e tentam continuar a funcionar como família. Não deve ser difícil imaginar o
resultado deste tratamento.
Membros individuais não são livres de exercer o seu
julgamento nestas matérias. Se eles deixam de seguir a linha do partido e forem
apanhados associando-se com ex-membros, arriscam-se a ser sujeitos ao mesmo
tratamento:
“Se um publicador se recusa a fazer isto e ignora a
proibição de se associar com o desassociado, esse publicador está a rebelar-se
contra a congregação de Jeová, e “rebelião é o pecado de bruxaria, e teimosia é
como idolatria e terafins.” Ele deve ser fortemente admoestado, ficando
impressionado com os fatos de que por se associar com o desassociado ele é
partícipe da iniquidade e que pelo seu modo de proceder ele está a separar-se
da congregação para estar com o malfeitor. Se depois de suficientes avisos o
publicador persistir em se associar com a pessoa desassociada em vez de se
alinhar com a organização de Jeová, ele também deve ser desassociado.” (The
Watchtower [A Sentinela], 1.º de outubro de 1955, p. 607 [em
inglês])
Também não adianta tentar sair de livre vontade, se
a pessoa não acredita mais no evangelho da Sociedade Torre de Vigia:
“Alguém que tem sido verdadeiro cristão talvez
renuncie ao caminho da verdade, declarando que não se considera mais como
Testemunha de Jeová, nem quer ser conhecido como tal. [...] Ou pode ser que
alguém renuncie ao seu lugar na congregação cristã por meio de suas ações, tais
como por tornar-se parte duma organização cujo objetivo é contrário à Bíblia,
e, por isso, vem sob o julgamento de Jeová Deus. [...] Os que se tornam ‘não
dos nossos’ por deliberadamente rejeitarem a fé e as crenças das Testemunhas de
Jeová devem ser encarados e tratados apropriadamente como aqueles que foram
desassociados por causa duma transgressão.” (A Sentinela, 15 de dezembro
de 1981, p. 19)
O texto acima diz que uma pessoa que renuncie ao
seu estatuto de membro, ou que se junte a outra comunidade religiosa, a um
partido político ou a uma instituição militar, ou que vote numa eleição, deve
ser evitado como pecador ou malfeitor.
Em toda a sua história a Sociedade Torre de
Vigia nunca expressou qualquer preocupação pelos
sentimentos e circunstâncias da pessoa que é desassociada. Pelo contrário,
encontramos artigos como este:
“Devemos em especial dar apoio aos membros da
família que são cristãos fiéis. Eles talvez já se vejam confrontados com dor e
obstáculos por viverem numa casa com uma pessoa expulsa, que talvez realmente
desestimule seus empenhos espirituais. Esta talvez não deseje receber a visita
de cristãos na sua casa; ou, se eles visitarem os membros leais da família,
talvez não tenha a cortesia de manter-se afastada dos visitantes.” (A
Sentinela, 15 de abril de 1991, p. 24)
A atitude arrogante da liderança das Testemunhas de
Jeová em nenhum lado é tão óbvia como aqui, onde eles se mostram muito
indignados de que a pessoa seja tão rude a ponto de discordar da Sociedade
Torre de Vigia, apesar da ameaça de ser desassociada e passar pela experiência
de nenhum dos seus amigos lhe falar e a sua família se recusar a ter associação
“espiritual” com ela, e ainda por cima “talvez não tenha a cortesia” de se
manter longe no seu próprio quarto enquanto os visitantes Testemunhas de Jeová
comem a sua comida, sentam-se no seu sofá e vêem a sua televisão! Que as
Testemunhas de Jeová esperem seriamente passear pela casa que não é sua, sem se
arriscarem a encontrar esta pessoa ‘impura’ e ‘iníqua’ que se atreveu a questionar
a Torre de Vigia, é uma demonstração de uma arrogância que só pode ser
explicada pelo fato de eles verem a pessoa desassociada como algo menos que
humano.
Numa notável demonstração de duplo pensamento, a
Sociedade Torre de Vigia até afirma:
“A desassociação é por isso realmente um ato de
amor, amor da parte de Jeová Deus e de Cristo Jesus, da parte da própria
organização teocrática e da parte dos servos da congregação que apropriadamente
tomam a ação diretamente.” (The Watchtower [A Sentinela],
1.º de novembro de 1956, p. 667 [em inglês])
Isto é só para o caso de alguém pensar que George
Orwell exagerou quando, na sua famosa novela Mil Novecentos e Oitenta e
Quatro, fez o Partido autoritário dar ao seu departamento de perseguição e
subsequente execução de todos os dissidentes o nome de Ministério do
Amor.
Odiando outras religiões
O “evangelho” da Torre de Vigia não limita o “ódio
correto” aos ex-membros. As Testemunhas de Jeová certamente não ensinam que há
mais de um caminho que conduz a Deus. Todos os que não são Testemunhas de Jeová
têm de morrer quando o Armagedom chegar (e como sempre na história da Sociedade
Torre de Vigia, o Armagedom está mesmo ao virar da esquina!), e mesmo eles
precisam de se manter junto da Organização, significando a Sociedade Torre de
Vigia:
“Nunca se esqueça de que apenas a organização de
Deus é que sobreviverá ao fim deste sistema moribundo. Portanto, aja sabiamente
e faça planos para a vida eterna por construir seu futuro em harmonia com a
organização de Jeová.” (A Sentinela, 15 de fevereiro de 1985, p. 31)
“Mas, o que precisam fazer para sobreviver à
destruição violenta do velho mundo de Satanás e entrar no prometido novo mundo
sob o Josué Maior, Jesus Cristo? (2 Pedro 3:13) Eles precisam ajustar-se aos
arranjos organizacionais do núcleo da organização visível de Jeová, o restante
ungido.” (A Sentinela, 1.º de setembro de 1989, p. 15)
Claro que isto se aplica a todas as pessoas fora da
Sociedade Torre de Vigia, no entanto, o mal deste mundo é particularmente
aplicado a outras religiões, visto que as Testemunhas de Jeová proclamam que
essas religiões coletivamente são “o império mundial da religião falsa”. Tal
como muitas seitas pseudo-cristãs, a Sociedade Torre de Vigia constrói a sua
teologia essencialmente sobre uma interpretação especial dos simbolismos no
livro de Revelação, na qual todas as outras religiões constituem
a “Prostituta de Babilônia” e a Imagem da Fera são as Nações
Unidas! A literatura da Torre de Vigia está cheia de tiradas como esta:
“A cristandade, igual a uma meretriz profissional,
tem tentado tornar-se o mais atraente possível para o mundo, de fato, até mesmo
para os mais rebaixados, iguais a ‘beberrões procedentes do ermo’. Suas seitas
têm tornado a religião fácil para tais mundanos. Estes podem tornar-se membros
das igrejas dela e ao mesmo tempo continuar a fazer parte deste mundo egoísta,
idólatra e manchado de sangue. Em pagamento pelos favores religiosos que lhes
dão prazer sensual, eles glorificam a cristandade. Como que para embelezar as
mãos dela, manchadas de sangue, põem pulseiras nos pulsos dela e colocam coroas
nas cabeças de suas seitas, concedendo aos clérigos chefia religiosa sobre
elas.” (A Sentinela, 1.º de agosto de 1973, p. 477)
O que se aplica a toda a religião em geral,
aplica-se ainda mais fortemente às religiões cristãs, que ganharam títulos
especiais de honra:
“Não é de admirar que a classe clerical da
cristandade seja identificada como ‘o homem que é contra a lei’! (2
Tessalonicenses 2:3) Esta parte dominante da meretrícia Babilônia, a Grande,
será plenamente exposta e devastada, junto com todo o restante da religião
falsa.” (A Sentinela, 15 de janeiro de 1990, pp. 18, 19)
A Torre de Vigia ensina que a religião nem sequer
sobreviverá para ser aniquilada por Deus no Armagedom, será devastada pelos
líderes políticos antes disso (aqueles que conhecem as teorias conspirativas de
grupos americanos de extrema-direita, nas quais os governos federais, a O.N.U.,
tanques negros e uma “nova ordem mundial” têm papéis especiais a desempenhar, podem
acenar com a cabeça em reconhecimento ao lerem estas idéias):
“Até este ano de 1980, papas e prelados têm
continuado a tentar conseguir favores da ONU. Mas, de que fazem parte tais
clérigos? Estão relacionados com a “meretriz” religiosa descrita em Revelação
como “Babilônia, a Grande, a mãe das meretrizes e das coisas repugnantes da
terra”. (Rev. 17:1, 3-6) Como império mundial da religião falsa, esta “mulher”
meretrícia exerce seu ofício junto aos líderes políticos das nações, ao passo
que proclama sua fé na ONU, a “fera”, presumindo até mesmo ‘estar sentada como
rainha’ na “fera”, para mandar nela. (Rev. 18:7) Mas, assim que ela parecer
estar ‘com tudo’ junto aos seus “amantes” políticos, os “dez chifres” radicais
desta ONU passarão a ‘odiar a meretriz e a farão devastada e nua’, desolada
completamente.” (A Sentinela, 15 de abril de 1980, p. 15)
O resultado desta teologia (ou, mais propriamente,
ideologia) é que as Testemunhas de Jeová odeiam outras religiões. Se antes não
odiavam, então o fato de se esperar delas que leiam em voz alta e “aclamem” nos
seus congressos de distrito resoluções como esta seguramente convencê-las-á:
“Uma resolução [...]
Como TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, testificamos que:
(1) ABOMINAMOS o vitupério que Babilônia, a Grande,
e especialmente a cristandade, tem lançado sobre o nome do único Deus vivente e
verdadeiro, Jeová. [...]
(2) ABOMINAMOS a aderência da cristandade a ensinos
babilônicos, notavelmente os dum deus trino, da imortalidade da alma humana, do
tormento eterno no inferno, dum purgatório ardente e da adoração de imagens —
tais como as de Nossa Senhora e a cruz. [...]
(3) ABOMINAMOS as filosofias e práticas contrárias
a Deus, tão comuns na cristandade, como a evolução, as transfusões de sangue,
os abortos, a mentira, a ganância e a desonestidade.” (A Sentinela, 15
de abril de 1989, p. 18)
E assim continuou, até que as Testemunhas de Jeová
e outros na assistência, cerca de 6.500.000 pessoas, tivessem anunciado
que ABOMINAM a “religião falsa” SETE vezes
(algumas tiradas similares nas décadas de 1920 e 1930 de fato acabaram por ser
incluídas na interpretação especial que a Torre de Vigia tem sobre Revelação!)
Isto foi parte de um discurso no qual o livro Revelação — Seu Grandioso
Clímax Está Próximo! foi anunciado. A mensagem básica nessa publicação
da Torre de Vigia, conforme já deve ter adivinhado, é que as Testemunhas de
Jeová de fato abominam todas as religiões exceto a
delas.
No entanto, esta abominação e ódio não se limita às
religiões. Estende-se igualmente a todas as outras pessoas.
Odiando o resto do mundo
Conforme observamos, todas as pessoas fora da
organização das Testemunhas de Jeová serão destruídas por Deus no Armagedom que
virá em breve. As Testemunhas de Jeová não têm náuseas sobre a magnitude desta
limpeza étnica definitiva:
“Do lado de Satanás estará todo o resto da
humanidade, mais de 99,9%, tal como lemos: ‘O mundo inteiro jaz no poder do
iníquo.’ Isto inclui todos os governos do mundo junto com os seus apoiantes, as
instituições comerciais, religiosas e sociais. Mesmo as organizações que
professam ser cristãs? Sim, porque todos esses que são amigos do mundo estão a
fazer-se inimigos de Deus.” (The Watchtower [A Sentinela],
15 de Outubro de 1958, pp. 614, 615 [em inglês])
As Testemunhas de Jeová podem não ser rigorosamente
as únicas que esperam a morte e a destruição de todos os outros, mas elas
elevaram a novas alturas as descrições gráficas deste maior de todos os
holocaustos:
“Nos tempos bíblicos, as pessoas que eram
consideradas como merecendo uma ressurreição recebiam um funeral
respeitável. Os mortos no Armagedom são deixados como comida para as
aves dos céus que se alimentam de cadáveres. Eles não serão enterrados
com honras militares, nem terão túmulos com lápides para serem lembrados por
pesarosos e idólatras. Aqueles destruídos nesta guerra não serão chorados, por
se ter mostrado que não merecem misericórdia. Pela sua remoção, a terra é
limpa.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de julho de 1967,
pp. 407, 408 [em inglês])
“Os homens conseguem pulverizar um campo com
químicos que matam as ervas daninhas mas poupam as colheitas; é pena que eles
não consigam pulverizar as cidades com bombas que desfaçam os maus em pedaços
mas deixem os inocentes intactos.” (The Watchtower [A Sentinela],
15 de Julho de 1955, p. 436 [em inglês])
“Desde a sua habitação celestial, Sião, a Jerusalém
celestial, ele [Jeová] troveja com um grito de guerra suficientemente alto para
lançar o céu e a terra em convulsões devido às ondas de choque. Ele ordena ao
seu Rei, Jesus Cristo, que espezinhe os seus inimigos, que foram feitos em
escabelo para os seus pés. Para o vale da decisão, como para um vasto lagar, o
Rei avança com o seu exército de santos anjos. SQUASH! Começa
o pisoteio das nações, incluindo a cristandade [...] Nunca antes em
toda a história humana terão sido mortas tantas criaturas. O sangue,
representando as vidas humanas derramadas, correrá em profundidade e ao longo
de uma vasta distância. Revelação 14:20 descreve a imagem aterradora, dizendo: “E
o lagar foi pisado fora da cidade [a organização de Deus], e saiu sangue do
lagar, até à altura dos freios dos cavalos, ao longo de um distância de mil e
seiscentos estádios [ou 296 km].” (The Watchtower [A Sentinela],
1.º de Dezembro de 1961, pp. 725, 726 [em inglês])
Toda a logística de remover este monte de cadáveres
é deixada ao cuidado dos pássaros dos céus:
“Virá um benefício literal prático de se permitir
que os pássaros limpem os ossos destes inimigos de Deus — um benefício
saudável. Muitas têm sido as epidemias causadas pela destruição completa e
devastação de guerras passadas. [...] Esta vitória será uma festa, não apenas
para os pássaros literais, mas também, num certo sentido, para aqueles que
sobreviverem, pois eles festejarão devido ao fim da iniquidade.” (The
Watchtower [A Sentinela], 1.º de julho de 1967, p. 408 [em
inglês])
As Testemunhas de Jeová, tal como todos os que
consideram os méritos de uma limpeza étnica dos seus vizinhos, esperam
desfrutar dos despojos de guerra depois do Armagedom, quando as casas e outras
propriedades dos seus vizinhos ricos estiverem à disposição delas. Nenhuma
Testemunha de Jeová se lembrará de falar com os “irmãos” sobre que casa devem
ter depois do Armagedom quando estão lá fora em bairros ricos tocando às portas.
No entanto, o cenário descrito acima obviamente suscitou problemas a algumas
delas. Ver-se livre de cadáveres tem sido um problema em pequena escala para
os gangsters, e em grande escala para os nazis, e esta monumental
matança sem dúvida produzirá uma quantidade formidável de cadáveres. Não tem
graça nenhuma estar sentado no alpendre da sua villa recém
ocupada se a maravilhosa vista for estragada por milhares de cadáveres sendo
comidos por pássaros, um processo que consome muito tempo e não é muito agradável
de contemplar.
Depois de considerar estes problemas, a liderança
da Torre de Vigia chegou à conclusão de que Deus afinal não se podia contentar
com meros pássaros. Deus usaria “outros meios” para se ver livre dos cadáveres:
“Os cadáveres dos mortos não se desfarão em
sepulcros honrosos. Sem serem enterrados, sua carne será consumida de cima dos
ossos, além de se poderem identificar os meros esqueletos. Por causa da
multidão dos mortos, será um enorme banquete para os necrófagos. [...] É
bastante evidente que haverá muito mais cadáveres espalhados pela terra, em
resultado da guerra no Har-Magedon, do que haverá aves necrófagas para
eliminá-los dentro dum tempo razoável por motivos de saúde humana. Por isso é
razoável esperar-se que Deus elimine os cadáveres excedentes por outros meios.
[...] Assim, em vez de seus ossos serem limpos de toda a carne em decomposição
pelos gusanos no Vale de Hinom (ou: na Geena), os cadáveres dos inimigos mortos
no Har-Magedon como que serão consumidos até os ossos pela força de saneamento
da natureza, as aves e os animais necrófagos. Que fim desprezível e bem
merecido de todos os opositores de Jeová e de seu reino messiânico no
Har-Magedon!” (Está Próxima a Salvação do Homem da Aflição Mundial!,
1976, pp. 269, 270, parágrafos 6-8)
Este problema foi obviamente fonte de muita
especulação na sede da Torre de Vigia. Certa vez, eles especularam que Deus
usaria meios “altamente científicos” para se ver livre dos restos mortais das
vítimas. Ao mesmo tempo, começaram a argumentar que raios cósmicos estavam
a ser usados por Deus atualmente para provocar loucura neste mundo:
“Qual é a procedência destes raios cósmicos? Não as
estrelas. Foi cientificamente estabelecido que a energia total levada por todas
as partículas de raios cósmicos é muito superior a toda a energia irradiada
pelas estrelas. Os raios cósmicos parecem vir de todas as direções com energia
tão grande, que os cientistas ainda não chegaram a uma explicação satisfatória
de sua origem. Os de maior energia vem evidentemente de além de nossa
Via-Láctea. Realizaram-se estudos sobre o efeito dos raios cósmicos sobre as
células vivas em corpos animais, especialmente no que se refere a desarranjos
mentais. Que efeito tem ou terão sobre o comportamento dos homens aqui na terra?
É certo que o Criador dos raios cósmicos, Jeová Deus, poderia usá-los
para afetar as mentes dos seus inimigos inclusive o rei do norte e o
rei do sul, e poderia induzi-los a matança mútua: “A espada de cada
um se voltará contra o seu irmão.” (Ezequiel 38:21) Nesta profecia Deus avisa
que ele usará também outras forças naturais à sua disposição,
possivelmente uma chuva de antimatéria, que tem a propriedade de
aniquilar qualquer coisa que encontrar. Ele avisa todos os zombadores
que fará uma ‘obra incomum’.” (‘Seja Feita a Tua Vontade na Terra’,
1962, pp. 297, 298, parágrafos 24, 25)
Portanto, esta aniquilação será mais limpa do que
as câmaras de gás e os crematórios usados pelos nazis durante a Segunda Guerra
Mundial, mas bem vistas as coisas, esta é uma solução final para 99,9% da
Humanidade, não apenas para os judeus. Alguns talvez pensem que este paralelo
com o holocausto nazi é forçado e especulativo, mas de fato a própria Sociedade
Torre de Vigia usa esse termo:
“Dentre todos os grupos religiosos que afirmam ser
cristãos, qual é o que emprega livremente o nome de Deus, Jeová, que deposita
plena confiança nele e em suas promessas e incentiva corajosamente seus membros
a testemunhar sobre Ele? (Isaías 43:10) Sem dúvida, estes são os que ‘procuram
a Jeová’. Instam com outros a juntar-se a eles em aprender qual é a única forma
segura de sobrevivência ao vindouro holocausto global.” (Despertai!,
8 de maio de 1985, p. 16)
Que a Sociedade Torre de Vigia use para descrever
as ações do seu próprio Deus o termo que designa a exterminação dos judeus
pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, deixará desconcertada qualquer
pessoa que pense que o Deus do cristianismo é um Deus de amor.
A Sociedade Torre de Vigia não tem náuseas em dar
descrições gráficas desta loucura, nem sequer quando estão presentes crianças.
Espera-se que as crianças das Testemunhas de Jeová estejam presentes em todas
as “reuniões”, incluindo as sessões de Estudo da Sentinela e
do Livro, onde todas as citações apresentadas acima são lidas e repetidas
interminavelmente. Mesmo em livros direcionados especificamente para
crianças encontramos essas descrições de mau gosto, amplamente ilustradas
para fazer as crianças compreenderem a realidade dos seus companheiros de
brincadeiras tornando-se comida para pássaros, ou coisa pior:
“Uma praga que corroerá a carne destruirá a muitos.
[...] Serão consumidas as línguas dos que zombam e escarnecem do aviso do
Armagedon! Serão consumidos os olhos dos que recusam ver o sinal do “tempo do
fim”! Serão consumidas as carnes dos que não querem aprender que o nome do Deus
verdadeiro e vivo é Jeová! Serão consumidas enquanto estiverem ainda de pé!” (Do
Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado, 1959, pp. 208, 209, parágrafo 26)
Que a realidade da morte de todas as pessoas que
não são Testemunhas de Jeová é percebida pelas crianças, pode ser visto em
“experiências” como esta:
“Certo dia sua filha de cinco anos disse: “Papai,
eu quero crescer para poder ser batizada.” Mais tarde ela disse: “Papai, por
favor estude a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, para que o senhor não seja
destruído e daí possa estar conosco no Paraíso.”" (Anuário das
Testemunhas de Jeová de 1983, p. 11)
Algumas Testemunhas de Jeová talvez tenham achado
esta matéria descritiva muito nauseante e de mau gosto. A Sociedade Torre de
Vigia deixou bem claro que essa atitude é errada:
“‘Como tudo isso é horrível!’ Deve esta ser a nossa
reação mental diante desta profecia a respeito da derrota desastrosa do ataque
pérfido de Gogue contra os únicos adoradores pacíficos remanescentes de Jeová
na terra, no fim deste sistema violento de coisas? Não devia ser de direito!” (“As
Nações Terão de Saber que Eu Sou Jeová” — Como?, 1973, pp. 349, 350,
parágrafo 23)
Não só se esperava que as Testemunhas de Jeová não
chorassem perante o pensamento da matança dos seus parentes, colegas de
trabalho, companheiros de brincadeiras e todas as outras pessoas, como também
isso devia ser uma fonte de alegria. Num artigo explicando
quão felizes são as Testemunhas de Jeová, intitulado “A nação alegre”,
encontramos este encorajamento às pessoas que não são Testemunhas de Jeová:
“Você também pode participar nessa alegria.
Pode aprender acerca do dia que rapidamente se aproxima em que o Rei, Cristo
Jesus, removerá homens e governos ruinosos e restaurará o
Paraíso na terra.” (A Sentinela, 1.º de janeiro de 1991, p.4)
Neste linha de propaganda, o sangue e o horror são
escondidos atrás da palavra “removerá”. Ficamos a pensar: que parte do que foi
dito acima dá às Testemunhas de Jeová tal alegria maravilhosa
face à perspectiva de ter 99,9% da população do mundo ‘removida’?
‘Um fim para o ódio?’
Depois de examinarmos esta evidência, podemos
concluir com a pergunta que inicialmente encontramos nas próprias publicações
da Sociedade Torre de Vigia: “Por que há tanto ódio? Poderá alguma vez acabar?”
(Despertai!, 22 de dezembro de 1984, p. 4)
A resposta a essa pergunta talvez tenha algo que
ver com a abolição de ideologias e religiões que promovem o ódio.
Extraído
do site http://corior.blogspot.com em 14/01/2014
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