Um Evangelho de amor ou um de ódio? - O Peregrino

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Um Evangelho de amor ou um de ódio?

Como as Testemunhas de Jeová são instruídas a:
  • odiar ex-membros e evitá-los
  • odiar todas as outras religiões e abominá-las
  • odiar o resto do mundo e desejar a sua destruição
A literatura das Testemunhas de Jeová não está desprovida de referências a amor e aplicações de textos bíblicos sobre amor. Em geral, evidentemente, elas concordariam que a mera menção de “amor” não torna uma religião amorosa. A liderança das Testemunhas de Jeová, a Sociedade Torre de Vigia, empresa que movimenta muitos biliões de dólares, geralmente censura “o mundo” por causa de todo o ódio e pergunta quando haverá um fim do ódio:

“Mas, quando se vê o desespero, a desesperança, a agonia de incontáveis vítimas do preconceito e da violência instilados pelo ódio, bem que se poderia perguntar, angustiado: ‘Por quê? Por que há tanto ódio? Poderá alguma vez acabar? Será que o mundo ficará alguma vez livre inteiramente do ódio?’” (Despertai!, 22 de dezembro de 1984, p. 4)

A Sociedade Torre de Vigia também aponta para o fato de a religião, entre outras coisas, ser uma fonte frequente de ódio:
“No mundo todo, as sementes do ódio são plantadas e regadas pela injustiça, pelo preconceito, pelo nacionalismo e pela religião. Seus frutos inevitáveis são a ira, a agressão, a guerra e a destruição. A declaração da Bíblia em 1 João 3:15 ajuda-nos a entender a seriedade disso: “Todo aquele que odeia seu irmão é homicida.”" (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 4)

Porém, estranho como isto possa parecer, uma investigação no Índice de Publicações da Torre de Vigia revela que muitos dos artigos que tratam de ódio estão na realidade tentando explicar o que é “ódio correto” para um cristão. À luz do texto bíblico citado acima, ficamos a pensar como é que uma organização alegadamente cristã pode usar a expressão “ódio correto”. De fato, em alguns casos a Sociedade Torre de Vigia distingue entre o caso e a pessoa, tal como fazem muitos outros cristãos, e encorajam a ‘odiar a ação errada mas amar o malfeitor’. Isso, porém, não é a história toda.

Odiar ex-membros

Sendo uma religião ativamente proselitista, uma parte significativa das Testemunhas de Jeová vieram de outras religiões. Em muitos casos, aqueles que trocam uma religião por outra são sujeitos a escárnio, ira e por vezes violência aberta da parte das suas famílias. As Testemunhas de Jeová estão familiarizadas com esta “perseguição” e encontramos muitas referências a isto na literatura da Sociedade Torre de Vigia. Num caso, falam de uma jovem mulher e sua mãe, que começaram a “estudar” com as Testemunhas de Jeová. O pai, no entanto, não aprovava isso:

“O pai dela proibiu a mãe de estudar a Bíblia com ela e seu irmão e irmã. Ele batia neles e queimava os livros.” (A Sentinela, 1.º de outubro de 1992, p. 22)

Face a tais exemplos, seria de esperar que em casos onde as Testemunhas de Jeová ou os seus filhos querem juntar-se a outro grupo religioso, encontrariam alguma tolerância. Não é assim! Não só podemos apontar para numerosos exemplos de perseguição severa da parte da família Testemunha de Jeová, como também essa é a política oficial da Torre de Vigia!

O que devem fazer os pais que são Testemunhas de Jeová nos casos em que os seus filhos adotam outra opinião religiosa diferente da opinião da Sociedade Torre de Vigia?

“Que dizer se o filho começar a proclamar ou profetizar algo contrário à mensagem do Reino e tentar influenciar erradamente a organização, fazendo isto em nome de Jeová?

Que devem fazer o pai ou mãe dedicados e batizados? Eles não ousariam deixar suas emoções descontroladas, eles não ousariam poupar mesmo esta pessoa querida cujo nascimento carnal causaram. Têm de lhe declarar a pecaminosidade mortal do seu falso profetizar ou oposição ao profetizar do Reino. Eles não podem aguentar ter mesmo o seu próprio filho falando falsidades em nome de Jeová. Eles têm de o trespassar devido ao seu falso profetizar. Eles têm de considerá-lo como espiritualmente morto para si mesmos, como alguém com quem não se deve ter qualquer associação religiosa e convivência e cujas profecias devem ser rejeitadas.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de outubro de 1961, p. 596 [em inglês]; bold acrescentado, tal como em todas as citações que se seguem.)

O ódio da Sociedade Torre de Vigia para com ex-membros até a levou a usar expressões que normalmente estão associadas a violência. Num caso, a Sociedade Torre de Vigia até lamentou que as leis cristãs e as leis do país os proibissem de matar ex-membros:

“Nós não estamos vivendo hoje entre as nações teocráticas onde tais membros da nossa relação familiar carnal podiam ser exterminados por apostasia de Deus e da sua organização teocrática, como foi possível e foi ordenado na nação de Israel no deserto do Sinai e na terra da Palestina [...] Estando limitados pelas leis da nação mundana na qual vivemos e também pelas leis de Deus [dadas] através de Jesus Cristo, só podemos tomar ação contra apóstatas até um certo ponto, isto é, consistente com ambos os conjuntos de leis. A lei da terra e a lei de Deus através de Cristo proíbem-nos de matar apóstatas, embora eles possam ser membros do nosso relacionamento familiar de carne e sangue.” (The Watchtower [A Sentinela], 15 de novembro de 1952, p. 703 [em inglês])

Embora lamentem a sua incapacidade de matar ex-membros (“apóstatas”), as Testemunhas de Jeová podem pelo menos odiá-los e fazer o que podem para que eles compreendam o quanto são odiados:

Odiadores de Deus e do seu povo devem ser odiados, mas isto não significa que aproveitaremos qualquer oportunidade para provocar dano físico a eles num espírito de malícia ou rancor, pois tanto a malícia como o rancor pertencem ao Diabo, ao passo que o ódio puro não pertence. Temos de odiar no sentido mais verdadeiro, que é encarar com extrema e ativa aversão, considerar como uma abominação, odioso, nojento, detestar. Seguramente quaisquer odiadores de Deus não merecem viver nesta bela terra.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de outubro de 1952, p. 599 [em inglês])

Note a retórica que eles usam ao inverterem as posições: aqueles que deixam a religião dever ser, segundo a Sociedade Torre de Vigia, “odiadores de Deus”. Nunca se admitiu na literatura da Sociedade Torre de Vigia que uma pessoa pode deixar as Testemunhas de Jeová e continuar a adorar a Deus, pois para elas a Organização e Deus são a mesma coisa:

“Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é correto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável de sua constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os cristãos verdadeiros compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais apóstatas; não são curiosos a respeito das ideias dos apóstatas. Ao contrário, ‘sentem aversão’ para com os que se fazem inimigos de Deus, mas deixam que Jeová execute a vingança.” (A Sentinela, 1.º de outubro de 1993, p. 19)

Este nível de ódio torna óbvio por que a Sociedade Torre de Vigia tem de enfatizar a necessidade de ‘deixar a Deus’ a execução propriamente dita da pena de morte. Infelizmente, não é muito original as Testemunhas de Jeová confiarem em Deus como um carrasco, um Deus de Ódio, em vez de um Deus de Amor. No entanto, exatamente como durante a Inquisição, não era suficiente que o pecador sofresse às mãos de Deus. O sofrimento tem de começar nesta vida.

Desassociação e evitar ex-membros

As Testemunhas de Jeová deparam-se com opções limitadas quando chega a hora de obedecer à ordem de “trespassar”, “magoar” ou “executar” ex-membros. No entanto, elas podem usar dois métodos, relacionados de perto: desassociação e evitar ex-membros. Quando o estatuto legal da Torre de Vigia é questionado em países à volta do mundo, ela esconde-se atrás do termo excomunhão, que não é usado internamente. O ponto em questão, muitas vezes distorcido por apologistas das Testemunhas de Jeová, não é a terminação do estatuto de membro numa comunidade religiosa. Poucos negarão a uma organização o direito de terminarem o estatuto de membro de uma pessoa. A atividade não ética é o controlo que a organização insiste em ter depois de o estatuto de membro ter sido terminado:

“Portanto, as Testemunhas de Jeová chamam apropriadamente de “desassociação” a expulsão de tal transgressor impenitente e ser ele depois evitado. Sua recusa de terem associação com alguém expulso, em qualquer nível espiritual ou social, demonstra lealdade às normas de Deus e obediência à sua ordem”. (A Sentinela, 15 de dezembro de 1981, p. 18)

A palavra-chave é evitado, e a Sociedade Torre de Vigia argumenta seriamente que, como a desassociação é de fato o mesmo que executar (matar) a pessoa, todas as amizades e vínculos familiares serão cortados. A pessoa desassociada será tratada como se não existisse. Esta é a realidade por detrás da expressão “desassociação”:

“Deus certamente se dá conta de que o cumprimento das suas leis justas referentes ao desligamento de transgressores muitas vezes envolve e afeta parentes. Conforme já mencionado, quando um transgressor israelita era executado, não era mais possível manter contatos familiares [...] Pode compreender que isso não deve ter sido fácil para eles. Pense também em como se sentiam os irmãos, as irmãs ou os avós do transgressor. Todavia, colocarem a lealdade ao seu justo Deus à frente da afeição familiar podia salvar-lhes a vida.” (A Sentinela, 15 de abril de 1988, p. 28)

As únicas exceções são membros da família que ainda vivem sob o mesmo teto com o desassociado. Mas, considerando a forma como se ordena às Testemunhas de Jeová que vejam a pessoa desassociada, podemos ver que os relacionamentos ficam irreparavelmente danificados:

“O desligamento de alguém da congregação cristã não envolve a morte imediata, de modo que os vínculos familiares continuam a existir. Assim, um homem que é desassociado ou que se dissociou ainda pode morar com a sua esposa cristã e seus filhos fiéis. O respeito pelos julgamentos de Deus e pela ação da congregação induzirá a esposa e os filhos a reconhecerem que ele, pelo seu proceder, alterou o vínculo espiritual que existia entre eles.” (A Sentinela, 15 de abril de 1988, p. 28)
Podemos imaginar, claro, que num casamento esse “conselho” conforme dado nas frases acima fará maravilhas para melhorar a vida familiar. A Sociedade Torre de Vigia na prática ordena à esposa e filhos da pessoa desassociada que evitem “espiritualmente” a pessoa, enquanto ainda vivem e tentam continuar a funcionar como família. Não deve ser difícil imaginar o resultado deste tratamento.

Membros individuais não são livres de exercer o seu julgamento nestas matérias. Se eles deixam de seguir a linha do partido e forem apanhados associando-se com ex-membros, arriscam-se a ser sujeitos ao mesmo tratamento:

“Se um publicador se recusa a fazer isto e ignora a proibição de se associar com o desassociado, esse publicador está a rebelar-se contra a congregação de Jeová, e “rebelião é o pecado de bruxaria, e teimosia é como idolatria e terafins.” Ele deve ser fortemente admoestado, ficando impressionado com os fatos de que por se associar com o desassociado ele é partícipe da iniquidade e que pelo seu modo de proceder ele está a separar-se da congregação para estar com o malfeitor. Se depois de suficientes avisos o publicador persistir em se associar com a pessoa desassociada em vez de se alinhar com a organização de Jeová, ele também deve ser desassociado.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de outubro de 1955, p. 607 [em inglês])

Também não adianta tentar sair de livre vontade, se a pessoa não acredita mais no evangelho da Sociedade Torre de Vigia:

“Alguém que tem sido verdadeiro cristão talvez renuncie ao caminho da verdade, declarando que não se considera mais como Testemunha de Jeová, nem quer ser conhecido como tal. [...] Ou pode ser que alguém renuncie ao seu lugar na congregação cristã por meio de suas ações, tais como por tornar-se parte duma organização cujo objetivo é contrário à Bíblia, e, por isso, vem sob o julgamento de Jeová Deus. [...] Os que se tornam ‘não dos nossos’ por deliberadamente rejeitarem a fé e as crenças das Testemunhas de Jeová devem ser encarados e tratados apropriadamente como aqueles que foram desassociados por causa duma transgressão.” (A Sentinela, 15 de dezembro de 1981, p. 19)

O texto acima diz que uma pessoa que renuncie ao seu estatuto de membro, ou que se junte a outra comunidade religiosa, a um partido político ou a uma instituição militar, ou que vote numa eleição, deve ser evitado como pecador ou malfeitor.

Em toda a sua história a Sociedade Torre de Vigia nunca expressou qualquer preocupação pelos sentimentos e circunstâncias da pessoa que é desassociada. Pelo contrário, encontramos artigos como este:

“Devemos em especial dar apoio aos membros da família que são cristãos fiéis. Eles talvez já se vejam confrontados com dor e obstáculos por viverem numa casa com uma pessoa expulsa, que talvez realmente desestimule seus empenhos espirituais. Esta talvez não deseje receber a visita de cristãos na sua casa; ou, se eles visitarem os membros leais da família, talvez não tenha a cortesia de manter-se afastada dos visitantes.” (A Sentinela, 15 de abril de 1991, p. 24)

A atitude arrogante da liderança das Testemunhas de Jeová em nenhum lado é tão óbvia como aqui, onde eles se mostram muito indignados de que a pessoa seja tão rude a ponto de discordar da Sociedade Torre de Vigia, apesar da ameaça de ser desassociada e passar pela experiência de nenhum dos seus amigos lhe falar e a sua família se recusar a ter associação “espiritual” com ela, e ainda por cima “talvez não tenha a cortesia” de se manter longe no seu próprio quarto enquanto os visitantes Testemunhas de Jeová comem a sua comida, sentam-se no seu sofá e vêem a sua televisão! Que as Testemunhas de Jeová esperem seriamente passear pela casa que não é sua, sem se arriscarem a encontrar esta pessoa ‘impura’ e ‘iníqua’ que se atreveu a questionar a Torre de Vigia, é uma demonstração de uma arrogância que só pode ser explicada pelo fato de eles verem a pessoa desassociada como algo menos que humano.

Numa notável demonstração de duplo pensamento, a Sociedade Torre de Vigia até afirma:

A desassociação é por isso realmente um ato de amor, amor da parte de Jeová Deus e de Cristo Jesus, da parte da própria organização teocrática e da parte dos servos da congregação que apropriadamente tomam a ação diretamente.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de novembro de 1956, p. 667 [em inglês])

Isto é só para o caso de alguém pensar que George Orwell exagerou quando, na sua famosa novela Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, fez o Partido autoritário dar ao seu departamento de perseguição e subsequente execução de todos os dissidentes o nome de Ministério do Amor.

Odiando outras religiões

O “evangelho” da Torre de Vigia não limita o “ódio correto” aos ex-membros. As Testemunhas de Jeová certamente não ensinam que há mais de um caminho que conduz a Deus. Todos os que não são Testemunhas de Jeová têm de morrer quando o Armagedom chegar (e como sempre na história da Sociedade Torre de Vigia, o Armagedom está mesmo ao virar da esquina!), e mesmo eles precisam de se manter junto da Organização, significando a Sociedade Torre de Vigia:

“Nunca se esqueça de que apenas a organização de Deus é que sobreviverá ao fim deste sistema moribundo. Portanto, aja sabiamente e faça planos para a vida eterna por construir seu futuro em harmonia com a organização de Jeová.” (A Sentinela, 15 de fevereiro de 1985, p. 31)

“Mas, o que precisam fazer para sobreviver à destruição violenta do velho mundo de Satanás e entrar no prometido novo mundo sob o Josué Maior, Jesus Cristo? (2 Pedro 3:13) Eles precisam ajustar-se aos arranjos organizacionais do núcleo da organização visível de Jeová, o restante ungido.” (A Sentinela, 1.º de setembro de 1989, p. 15)

Claro que isto se aplica a todas as pessoas fora da Sociedade Torre de Vigia, no entanto, o mal deste mundo é particularmente aplicado a outras religiões, visto que as Testemunhas de Jeová proclamam que essas religiões coletivamente são “o império mundial da religião falsa”. Tal como muitas seitas pseudo-cristãs, a Sociedade Torre de Vigia constrói a sua teologia essencialmente sobre uma interpretação especial dos simbolismos no livro de Revelação, na qual todas as outras religiões constituem a “Prostituta de Babilônia” e a Imagem da Fera são as Nações Unidas! A literatura da Torre de Vigia está cheia de tiradas como esta:

“A cristandade, igual a uma meretriz profissional, tem tentado tornar-se o mais atraente possível para o mundo, de fato, até mesmo para os mais rebaixados, iguais a ‘beberrões procedentes do ermo’. Suas seitas têm tornado a religião fácil para tais mundanos. Estes podem tornar-se membros das igrejas dela e ao mesmo tempo continuar a fazer parte deste mundo egoísta, idólatra e manchado de sangue. Em pagamento pelos favores religiosos que lhes dão prazer sensual, eles glorificam a cristandade. Como que para embelezar as mãos dela, manchadas de sangue, põem pulseiras nos pulsos dela e colocam coroas nas cabeças de suas seitas, concedendo aos clérigos chefia religiosa sobre elas.” (A Sentinela, 1.º de agosto de 1973, p. 477)

O que se aplica a toda a religião em geral, aplica-se ainda mais fortemente às religiões cristãs, que ganharam títulos especiais de honra:

“Não é de admirar que a classe clerical da cristandade seja identificada como ‘o homem que é contra a lei’! (2 Tessalonicenses 2:3) Esta parte dominante da meretrícia Babilônia, a Grande, será plenamente exposta e devastada, junto com todo o restante da religião falsa.” (A Sentinela, 15 de janeiro de 1990, pp. 18, 19)

A Torre de Vigia ensina que a religião nem sequer sobreviverá para ser aniquilada por Deus no Armagedom, será devastada pelos líderes políticos antes disso (aqueles que conhecem as teorias conspirativas de grupos americanos de extrema-direita, nas quais os governos federais, a O.N.U., tanques negros e uma “nova ordem mundial” têm papéis especiais a desempenhar, podem acenar com a cabeça em reconhecimento ao lerem estas idéias):

“Até este ano de 1980, papas e prelados têm continuado a tentar conseguir favores da ONU. Mas, de que fazem parte tais clérigos? Estão relacionados com a “meretriz” religiosa descrita em Revelação como “Babilônia, a Grande, a mãe das meretrizes e das coisas repugnantes da terra”. (Rev. 17:1, 3-6) Como império mundial da religião falsa, esta “mulher” meretrícia exerce seu ofício junto aos líderes políticos das nações, ao passo que proclama sua fé na ONU, a “fera”, presumindo até mesmo ‘estar sentada como rainha’ na “fera”, para mandar nela. (Rev. 18:7) Mas, assim que ela parecer estar ‘com tudo’ junto aos seus “amantes” políticos, os “dez chifres” radicais desta ONU passarão a ‘odiar a meretriz e a farão devastada e nua’, desolada completamente.” (A Sentinela, 15 de abril de 1980, p. 15)

O resultado desta teologia (ou, mais propriamente, ideologia) é que as Testemunhas de Jeová odeiam outras religiões. Se antes não odiavam, então o fato de se esperar delas que leiam em voz alta e “aclamem” nos seus congressos de distrito resoluções como esta seguramente convencê-las-á:
“Uma resolução [...]

Como TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, testificamos que:

(1) ABOMINAMOS o vitupério que Babilônia, a Grande, e especialmente a cristandade, tem lançado sobre o nome do único Deus vivente e verdadeiro, Jeová. [...]

(2) ABOMINAMOS a aderência da cristandade a ensinos babilônicos, notavelmente os dum deus trino, da imortalidade da alma humana, do tormento eterno no inferno, dum purgatório ardente e da adoração de imagens — tais como as de Nossa Senhora e a cruz. [...]

(3) ABOMINAMOS as filosofias e práticas contrárias a Deus, tão comuns na cristandade, como a evolução, as transfusões de sangue, os abortos, a mentira, a ganância e a desonestidade.” (A Sentinela, 15 de abril de 1989, p. 18)

E assim continuou, até que as Testemunhas de Jeová e outros na assistência, cerca de 6.500.000 pessoas, tivessem anunciado que ABOMINAM a “religião falsa” SETE vezes (algumas tiradas similares nas décadas de 1920 e 1930 de fato acabaram por ser incluídas na interpretação especial que a Torre de Vigia tem sobre Revelação!) Isto foi parte de um discurso no qual o livro Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo! foi anunciado. A mensagem básica nessa publicação da Torre de Vigia, conforme já deve ter adivinhado, é que as Testemunhas de Jeová de fato abominam todas as religiões exceto a delas.

No entanto, esta abominação e ódio não se limita às religiões. Estende-se igualmente a todas as outras pessoas.

Odiando o resto do mundo

Conforme observamos, todas as pessoas fora da organização das Testemunhas de Jeová serão destruídas por Deus no Armagedom que virá em breve. As Testemunhas de Jeová não têm náuseas sobre a magnitude desta limpeza étnica definitiva:
“Do lado de Satanás estará todo o resto da humanidade, mais de 99,9%, tal como lemos: ‘O mundo inteiro jaz no poder do iníquo.’ Isto inclui todos os governos do mundo junto com os seus apoiantes, as instituições comerciais, religiosas e sociais. Mesmo as organizações que professam ser cristãs? Sim, porque todos esses que são amigos do mundo estão a fazer-se inimigos de Deus.” (The Watchtower [A Sentinela], 15 de Outubro de 1958, pp. 614, 615 [em inglês])

As Testemunhas de Jeová podem não ser rigorosamente as únicas que esperam a morte e a destruição de todos os outros, mas elas elevaram a novas alturas as descrições gráficas deste maior de todos os holocaustos:

“Nos tempos bíblicos, as pessoas que eram consideradas como merecendo uma ressurreição recebiam um funeral respeitável. Os mortos no Armagedom são deixados como comida para as aves dos céus que se alimentam de cadáveres. Eles não serão enterrados com honras militares, nem terão túmulos com lápides para serem lembrados por pesarosos e idólatras. Aqueles destruídos nesta guerra não serão chorados, por se ter mostrado que não merecem misericórdia. Pela sua remoção, a terra é limpa.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de julho de 1967, pp. 407, 408 [em inglês])

“Os homens conseguem pulverizar um campo com químicos que matam as ervas daninhas mas poupam as colheitas; é pena que eles não consigam pulverizar as cidades com bombas que desfaçam os maus em pedaços mas deixem os inocentes intactos.” (The Watchtower [A Sentinela], 15 de Julho de 1955, p. 436 [em inglês])

“Desde a sua habitação celestial, Sião, a Jerusalém celestial, ele [Jeová] troveja com um grito de guerra suficientemente alto para lançar o céu e a terra em convulsões devido às ondas de choque. Ele ordena ao seu Rei, Jesus Cristo, que espezinhe os seus inimigos, que foram feitos em escabelo para os seus pés. Para o vale da decisão, como para um vasto lagar, o Rei avança com o seu exército de santos anjos. SQUASH! Começa o pisoteio das nações, incluindo a cristandade [...] Nunca antes em toda a história humana terão sido mortas tantas criaturas. O sangue, representando as vidas humanas derramadas, correrá em profundidade e ao longo de uma vasta distância. Revelação 14:20 descreve a imagem aterradora, dizendo: “E o lagar foi pisado fora da cidade [a organização de Deus], e saiu sangue do lagar, até à altura dos freios dos cavalos, ao longo de um distância de mil e seiscentos estádios [ou 296 km].” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Dezembro de 1961, pp. 725, 726 [em inglês])

Toda a logística de remover este monte de cadáveres é deixada ao cuidado dos pássaros dos céus:

“Virá um benefício literal prático de se permitir que os pássaros limpem os ossos destes inimigos de Deus — um benefício saudável. Muitas têm sido as epidemias causadas pela destruição completa e devastação de guerras passadas. [...] Esta vitória será uma festa, não apenas para os pássaros literais, mas também, num certo sentido, para aqueles que sobreviverem, pois eles festejarão devido ao fim da iniquidade.” (The Watchtower [A Sentinela], 1.º de julho de 1967, p. 408 [em inglês])

As Testemunhas de Jeová, tal como todos os que consideram os méritos de uma limpeza étnica dos seus vizinhos, esperam desfrutar dos despojos de guerra depois do Armagedom, quando as casas e outras propriedades dos seus vizinhos ricos estiverem à disposição delas. Nenhuma Testemunha de Jeová se lembrará de falar com os “irmãos” sobre que casa devem ter depois do Armagedom quando estão lá fora em bairros ricos tocando às portas. No entanto, o cenário descrito acima obviamente suscitou problemas a algumas delas. Ver-se livre de cadáveres tem sido um problema em pequena escala para os gangsters, e em grande escala para os nazis, e esta monumental matança sem dúvida produzirá uma quantidade formidável de cadáveres. Não tem graça nenhuma estar sentado no alpendre da sua villa recém ocupada se a maravilhosa vista for estragada por milhares de cadáveres sendo comidos por pássaros, um processo que consome muito tempo e não é muito agradável de contemplar.

Depois de considerar estes problemas, a liderança da Torre de Vigia chegou à conclusão de que Deus afinal não se podia contentar com meros pássaros. Deus usaria “outros meios” para se ver livre dos cadáveres:

“Os cadáveres dos mortos não se desfarão em sepulcros honrosos. Sem serem enterrados, sua carne será consumida de cima dos ossos, além de se poderem identificar os meros esqueletos. Por causa da multidão dos mortos, será um enorme banquete para os necrófagos. [...] É bastante evidente que haverá muito mais cadáveres espalhados pela terra, em resultado da guerra no Har-Magedon, do que haverá aves necrófagas para eliminá-los dentro dum tempo razoável por motivos de saúde humana. Por isso é razoável esperar-se que Deus elimine os cadáveres excedentes por outros meios. [...] Assim, em vez de seus ossos serem limpos de toda a carne em decomposição pelos gusanos no Vale de Hinom (ou: na Geena), os cadáveres dos inimigos mortos no Har-Magedon como que serão consumidos até os ossos pela força de saneamento da natureza, as aves e os animais necrófagos. Que fim desprezível e bem merecido de todos os opositores de Jeová e de seu reino messiânico no Har-Magedon!” (Está Próxima a Salvação do Homem da Aflição Mundial!, 1976, pp. 269, 270, parágrafos 6-8)

Este problema foi obviamente fonte de muita especulação na sede da Torre de Vigia. Certa vez, eles especularam que Deus usaria meios “altamente científicos” para se ver livre dos restos mortais das vítimas. Ao mesmo tempo, começaram a argumentar que raios cósmicos estavam a ser usados por Deus atualmente para provocar loucura neste mundo:
“Qual é a procedência destes raios cósmicos? Não as estrelas. Foi cientificamente estabelecido que a energia total levada por todas as partículas de raios cósmicos é muito superior a toda a energia irradiada pelas estrelas. Os raios cósmicos parecem vir de todas as direções com energia tão grande, que os cientistas ainda não chegaram a uma explicação satisfatória de sua origem. Os de maior energia vem evidentemente de além de nossa Via-Láctea. Realizaram-se estudos sobre o efeito dos raios cósmicos sobre as células vivas em corpos animais, especialmente no que se refere a desarranjos mentais. Que efeito tem ou terão sobre o comportamento dos homens aqui na terra? É certo que o Criador dos raios cósmicos, Jeová Deus, poderia usá-los para afetar as mentes dos seus inimigos inclusive o rei do norte e o rei do sul, e poderia induzi-los a matança mútua: “A espada de cada um se voltará contra o seu irmão.” (Ezequiel 38:21) Nesta profecia Deus avisa que ele usará também outras forças naturais à sua disposição, possivelmente uma chuva de antimatéria, que tem a propriedade de aniquilar qualquer coisa que encontrar. Ele avisa todos os zombadores que fará uma ‘obra incomum’.” (‘Seja Feita a Tua Vontade na Terra’, 1962, pp. 297, 298, parágrafos 24, 25)

Portanto, esta aniquilação será mais limpa do que as câmaras de gás e os crematórios usados pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, mas bem vistas as coisas, esta é uma solução final para 99,9% da Humanidade, não apenas para os judeus. Alguns talvez pensem que este paralelo com o holocausto nazi é forçado e especulativo, mas de fato a própria Sociedade Torre de Vigia usa esse termo:

“Dentre todos os grupos religiosos que afirmam ser cristãos, qual é o que emprega livremente o nome de Deus, Jeová, que deposita plena confiança nele e em suas promessas e incentiva corajosamente seus membros a testemunhar sobre Ele? (Isaías 43:10) Sem dúvida, estes são os que ‘procuram a Jeová’. Instam com outros a juntar-se a eles em aprender qual é a única forma segura de sobrevivência ao vindouro holocausto global.” (Despertai!, 8 de maio de 1985, p. 16)

Que a Sociedade Torre de Vigia use para descrever as ações do seu próprio Deus o termo que designa a exterminação dos judeus pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, deixará desconcertada qualquer pessoa que pense que o Deus do cristianismo é um Deus de amor.

A Sociedade Torre de Vigia não tem náuseas em dar descrições gráficas desta loucura, nem sequer quando estão presentes crianças. Espera-se que as crianças das Testemunhas de Jeová estejam presentes em todas as “reuniões”, incluindo as sessões de Estudo da Sentinela e do Livro, onde todas as citações apresentadas acima são lidas e repetidas interminavelmente. Mesmo em livros direcionados especificamente para crianças encontramos essas descrições de mau gosto, amplamente ilustradas para fazer as crianças compreenderem a realidade dos seus companheiros de brincadeiras tornando-se comida para pássaros, ou coisa pior:

“Uma praga que corroerá a carne destruirá a muitos. [...] Serão consumidas as línguas dos que zombam e escarnecem do aviso do Armagedon! Serão consumidos os olhos dos que recusam ver o sinal do “tempo do fim”! Serão consumidas as carnes dos que não querem aprender que o nome do Deus verdadeiro e vivo é Jeová! Serão consumidas enquanto estiverem ainda de pé!” (Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado, 1959, pp. 208, 209, parágrafo 26)

Que a realidade da morte de todas as pessoas que não são Testemunhas de Jeová é percebida pelas crianças, pode ser visto em “experiências” como esta:

“Certo dia sua filha de cinco anos disse: “Papai, eu quero crescer para poder ser batizada.” Mais tarde ela disse: “Papai, por favor estude a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, para que o senhor não seja destruído e daí possa estar conosco no Paraíso.”" (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1983, p. 11)
Algumas Testemunhas de Jeová talvez tenham achado esta matéria descritiva muito nauseante e de mau gosto. A Sociedade Torre de Vigia deixou bem claro que essa atitude é errada:

“‘Como tudo isso é horrível!’ Deve esta ser a nossa reação mental diante desta profecia a respeito da derrota desastrosa do ataque pérfido de Gogue contra os únicos adoradores pacíficos remanescentes de Jeová na terra, no fim deste sistema violento de coisas? Não devia ser de direito!” (“As Nações Terão de Saber que Eu Sou Jeová” — Como?, 1973, pp. 349, 350, parágrafo 23)

Não só se esperava que as Testemunhas de Jeová não chorassem perante o pensamento da matança dos seus parentes, colegas de trabalho, companheiros de brincadeiras e todas as outras pessoas, como também isso devia ser uma fonte de alegria. Num artigo explicando quão felizes são as Testemunhas de Jeová, intitulado “A nação alegre”, encontramos este encorajamento às pessoas que não são Testemunhas de Jeová:

“Você também pode participar nessa alegria. Pode aprender acerca do dia que rapidamente se aproxima em que o Rei, Cristo Jesus, removerá homens e governos ruinosos e restaurará o Paraíso na terra.” (A Sentinela, 1.º de janeiro de 1991, p.4)

Neste linha de propaganda, o sangue e o horror são escondidos atrás da palavra “removerá”. Ficamos a pensar: que parte do que foi dito acima dá às Testemunhas de Jeová tal alegria maravilhosa face à perspectiva de ter 99,9% da população do mundo ‘removida’?

‘Um fim para o ódio?’

Depois de examinarmos esta evidência, podemos concluir com a pergunta que inicialmente encontramos nas próprias publicações da Sociedade Torre de Vigia: “Por que há tanto ódio? Poderá alguma vez acabar?” (Despertai!, 22 de dezembro de 1984, p. 4)

A resposta a essa pergunta talvez tenha algo que ver com a abolição de ideologias e religiões que promovem o ódio.



Extraído do site http://corior.blogspot.com em 14/01/2014

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