Os querubins são mencionados pela primeira vez em Gênesis 3:24, eles desempenharam o papel de guardiães do Paraíso. Ainda no Pentateuco, após o drama do Êxodo, já estabelecidos no deserto, o Senhor ordena que Moisés construa o tabernáculo, no lugar mais santo, restrito ao sumo sacerdote, ficava uma arca, conhecida como da aliança. Nessa arca o Senhor ordenou que fosse feito dois querubins, eles estão ali, simbolizando que a arca deve ser guardada. Essa era a função. (Êxodo 25:18 a 22) O relato tem um contexto, era proposital, para uma especificação litúrgica particular. Note que em nenhum caso, o Senhor ordena que os judeus façam imagens de querubins para levarem para casa, seja como objetos de proteção, oração e invocação, não é ordenado isso. A ordem é restrita e especifica, o texto é descritivo e não prescritivo, assim, não serve como texto para justificar a fabricação de imagens para uso geral, privado ou coletivo. Outro fato importante, os querubins não eram venerados, eles não eram objetos de culto, nenhum sumo sacerdote se prostrava perante eles e dizia a eles invocações, petições e orações, nenhum judeu no deserto fazia isso, pois os querubins da arca não foram feitos para isso! eles não foram feitos pra serem venerados ou adorados. Não há ordem para isso, e se alguém fizesse, estaria no contexto hebraico do Pentateuco, cometendo idolatria. Mas temos no livro de Êxodo 32 a descrição de um agravante caso de idolatria; o bezerro de ouro. Sob a liderança de Araão, foi confeccionado a imagem de um bezerro de ouro (Representando provavelmente o falso deus Apis egípcio) O contraste é evidente, aqui temos uma imagem feita para fins litúrgicos, o bezerro de ouro foi feito intencionalmente motivado pela representação. Representava o Deus de Israel. Na descrição do Êxodo, entra os elementos idolátricos ausentes nos querubins da arca: adoração, culto, veneração, festas litúrgicas, cantos consagrados, reuniões festivas. Note a diferença! Outro fator que não deve ser ignorado, partindo da perspectiva dos querubins da arca, o Senhor nunca ordenou Moisés confeccionar imagens de homens santos como Enoque, Abel, Abraão, nunca! Mesmo que fosse para fins restritos,litúrgicos e representativos, isso seria no contexto do Pentateuco uma pratica de idolatria. Tentar fazer apologia ao uso de imagens usando os querubins da arca é um equivoco, é Torcer as Escrituras e forçá-las a dizer o que o texto nunca quis falar, é praticar eisegese, é colocar uma ideia pré-concebida na passagem de Êxodo 28 na tentativa de justificar no texto o que a bíblia condena no contexto. Lamentável que isso seja feito de forma descarada, induzindo milhões de pessoas ao engano.
A Serpente de Bronze
O outro texto do Pentateuco usado para justificar a confecção e uso de imagens é Êxodo 21, onde Novamente Moisés ordena que seja feita uma serpente seráfica de metal, os hebreus foram mordidos por serpentes no deserto, o antídoto contra o veneno seria olhar para a serpente de metal. A ordem explicita era olhar, somente isso. Aqui também o evento é peculiar , não era a norma vigente cada vez que alguém fosse mordido por uma serpente, fazer uma de metal e olhar para ser imunizado contra venenos de serpentes! Aqui não temos sequer uma imagem litúrgica, só uma representação litúrgica do poder operacional da graça de Deus, em capítulos anteriores a vara de Moisés se transforma em serpente e vence a magia dos feiticeiros egípcios, e em Êxodo 21 tem sentido duplo, apresenta a cura e aponta exclusivamente para Cristo como vimos em João 3:14 e 15. A serpente de bronze não foi feita para ser cultuada, não foi feita para ser venerada, nem adorada, ninguém precisava se prostrar em honra a ela, não se dirigia cânticos e adoração a serpente, o motivo pelo qual ela foi feita não era cultual, é impossível usar o texto de êxodo 21 para tentar justificar o uso de imagens cultuais, Não há nenhum indicação no texto de que todos os hebreus deveriam uso de uma imagem de serpente e levar para casa, como amuleto, proteção e culto litúrgico ou veneração. Isso é impossível, até porque seria mais lógico se esse fosse o caso, que o Senhor mandasse erguer uma imagem de Enoque, já que foi elevado vivo aos céus e seria uma excelente oportunidade de confirmar que um santo presente na Majestade nas Alturas, teria todas as possibilidades de interceder e mediar a causa dos hebreus desesperados naquele momento. Mas isso não aconteceu, pois no contexto do Pentateuco seria idolatria! Qualquer pessoa em são consciência que faça uma exegese séria e esteja em perfeita saúde intelectual entende que essa é a verdade dentro das passagens que mencionam os querubins da arca e a serpente de metal. Mas o caso da serpente não termina aqui. Posteriormente a Serpente virou uma imagem de culto e veneração. Os Hebreus chamaram ela de Neustã (Na Bíblia de Jerusalém: Neostã) está registrado em II Reis 18:4, então, a Neustã se tornou uma entidade mediadora, onde se estabeleceu um culto, adoração, invocação, liturgia e cânticos, como era a práxis nos cultos idolatras que contaminaram a vida espiritual dos hebreus no Antigo Testamento. Antes de concluir, desejo mencionar aqui o fato de que o ato de venerar é descrito no Livro “As Religiões Ontem e Hoje!” escrito pelo Padre Humberto Porto e o Dr Hugo Schlesinger (Editado pela Edições Paulinas) como “Ato cultual de reverencia e devoção” ora, isso significa claramente que venerar é prestar culto! Está muito evidente que se faça o contraste entre os fatos ocorridos no Antigo Testamento e se faça uso da sinceridade, pois tentar justificar um dogma fazendo uso descontextualizado de passagens bíblicas promove erros de proporções devastadoras.
C. J. Jacinto
Fonte: https://heresiolandia.blogspot.com
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