“Vinde
a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o
meu fardo é leve”. (Mateus 11.28-30) Esta é uma das mais belas
promessas de Jesus que a Igreja do Senhor tem proclamado aos necessitados.
Oramos por cura e libertação porque é a vontade de Deus socorrer o homem.
Ministramos em outras áreas de necessidade porque está claro que Deus quer
intervir assim na vida do homem.
Nossa ênfase neste estudo não é
diminuir a importância dos milagres e nem tampouco atacar as igrejas que
proclamam esta mensagem. Eu particularmente acredito e pratico esta ênfase. Amo
ministrar cura às pessoas. Amo ministrar libertação. Amo proclamar a fé que
rompe e nos leva à vitória em todas as áreas. A Igreja recebeu esta
comissão de Jesus Cristo: “A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as
seguintes instruções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de
samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de
Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.
Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de
graça recebestes, de graça dai”. (Mateus 10.5-8) Quando o Evangelho
chega a alguém, deve trazer juntamente com a pregação do Reino de Deus a
demonstração do amor e do socorro de Deus aos homens agindo em outras áreas de
necessidade. O apóstolo Paulo classificou a importância dos sinais como
“demonstração de Espírito e poder” para que a fé das pessoas não se apoiasse em
palavras persuasivas de sabedoria humana (1 Co 2.4,5).
DUAS PROPOSTAS DISTINTAS
Mas apesar de tudo isto,
percebo em nossos dias uma ênfase desequilibrada na pregação de Mateus
11.28-30. Os pregadores de uma forma geral, só baseiam suas mensagens na primeira
proposta de Jesus. Contudo, este texto apresenta duas propostas distintas:
1) Vinde a mim todos vós que
estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei;
2) Tomai sobre vós o meu jugo e
encontrareis descanso para as vossas almas;
Mais do que o alívio prometido
para aqueles que vão a Jesus, há uma dimensão de descanso para aqueles que
tomam o seu jugo. Ou seja, por mais clara que seja a ênfase bíblica de se
acentuar a mensagem de intervenção divina nas necessidades humanas, nunca
podemos perder de vista que isto está ligado à chegada ou aproximação das
pessoas ao evangelho. Depois, temos uma mensagem de compromisso, simbolizada na
troca de jugos que Jesus propôs. E para todo aquele que adentra a dimensão de
compromisso, há uma medida maior de manifestações de Deus, que foi chamada de
descanso para a alma.
Qual a diferença entre alívio e
descanso?
Numa certa ocasião precisei
empurrar um carro que não funcionava, e tive que fazer muita força por não
dispor de outros para ajudarem. Quando parei de empurrar o carro tive o alívio;
como foi bom parar de fazer tanta força. O coração tinha vindo na boca! Minhas
pernas estavam moles e terrivelmente afadigadas. Mas o descanso mesmo levou uns
dois dias para acontecer; foi quando as dores das pernas passaram e eu me
recompus de verdade.
Em outra ocasião, vi alguém se
afogando no mar e me atirei na missão de salva-lo. O mar puxava tanto que já
seria difícil voltar nadando sozinho, quanto mais com alguém a tiracolo! Me
esforcei muito consegui fazer metade do trecho de volta à praia, até que os
bombeiros que haviam sido chamados para socorrer o afogado chegaram, e acabaram
tirando nós dois… quando saí da água não conseguia sequer ficar de pé, foi uma
verdadeira exaustão. E deitar naquela areia nos próximos quinze minutos foi o
que chamo de alívio. Mas o descanso mesmo levou uns três dias para se
manifestar por inteiro. Foi quando as dores musculares foram embora e consegui
me imaginar nadando novamente.
VINDE A MIM
Ao dizer “vinde a mim todos os
que estão cansados e oprimidos”, Cristo mostrou a necessidade de levarmos as
pessoas a Ele com uma proposta de solução dos problemas. Portanto, é bíblico
enfatizar os milagres e intervenções de Deus ao pregarmos a Cristo.
Infelizmente há muitas igrejas
que parecem querer fazer com que as pessoas acreditem que o alívio é
proporcionado por elas. Dizem: “venha para a (nossa) igreja tal, e você será
mudado, abençoado, curado, etc”. Mas o verdadeiro alívio só ocorrerá quando a
pessoa for a Cristo, independentemente de onde o encontre. É claro que há
igrejas que atraem as pessoas a si para depois leva-las a Jesus, mas o que não
podemos perder de vista é que não há proposta evangelística sem alívio.
O Senhor Jesus prometeu isto e
se incumbirá de fazer com que seja assim. Não é errado enfatizar isto, mas o
que freqüentemente fazemos de errado é omitir o restante da proposta de Jesus.
EU VOS ALIVIAREI
Como já afirmamos, o alívio é
uma dimensão de socorro. É o toque inicial de Jesus na vida de alguém. É
depois deste toque, que normalmente vemos alguém falando de mudança de vida, do
abandono dos vícios e pecados, da restauração do casamento, da cura recebida ou
da libertação efetuada.
O alívio são o que podemos
chamar de primeiros socorros, mas não englobam tudo aquilo que Deus deseja
fazer na vida de alguém. É um excelente começo, mas não a obra completa.
A Igreja do Senhor em nossos
dias tem amargado a triste experiência de um grande número de crentes que nunca
chegam à plenitude do que Deus tem para suas vidas justamente por nunca ter
oferecido uma proposta que os leve além do alívio.
O alívio se experimenta quando
a pessoa vai a Cristo. Mas o descanso, aquela dimensão mais profunda do que
Deus tem, só se recebe quando a pessoa decide tomar sobre si o jugo proposto
por Jesus.
Portanto, a única forma de ir
além do alívio, é aceitando o jugo de Jesus. É fazendo a troca. Deixamos aos
pés d´Ele o nosso e tomamos sobre nós o jugo d´Ele.
TOMAI SOBRE VÓS O MEU JUGO
O que é tomar o jugo nesta
mensagem de Jesus? Como ilustração natural (de um paralelo espiritual) o
jugo fala de união. O jugo era uma peça de madeira usada pelos agricultores da
época para unir dois animais que puxavam o arado. Com um boi puxando o arado o
trabalho tinha um ritmo mais lento, mas com dois agilizava. Alguns usavam
várias juntas de bois, como é o caso de Eliseu, antes de seu chamado ao
ministério (1 Re 19.19-21). O jugo obrigava os animais a caminharem juntos na
hora do trabalho. Era uma forma de prender um ao outro e força-los a andarem
juntos, no mesmo compasso e direção. As Escrituras usam a expressão “jugo”
para falar de união, vínculo e sociedade: “Não vos ponhais em jugo
desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e
a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo
e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o
santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como
ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo”. (2 Coríntios 6.14-16) Ao usar o termo “jugo
desigual”, a Bíblia está dizendo que assim como não se usava um jugo entre
animais diferentes, como um cavalo e um boi, ou um jumento e um cavalo, por
exemplo, assim também há uniões que estão fadadas a não darem certo entre os
homens. Um jugo com animais diferentes não se encaixava direito, não permitia
igualdade de altura e nem de compasso entre os animais.
O apóstolo Paulo emprega vários
outros termos sinônimos para jugo ao fazer a comparação de união entre crentes
e
incrédulos: sociedade, comunhão, harmonia, união, ligação.
O próprio termo “cônjuge” que
usamos para se referir ao marido ou mulher, quer dizer “companheiro de jugo”,
alguém que anda com o mesmo jugo.
Muitas vezes, por ser uma
ferramenta que prendia o animal, a expressão pode aparecer na Bíblia se
referindo não só a compromisso, mas a uma carga ou peso, ou ainda a algo que
prende alguém:
“E acontecerá, naquele dia, que
a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo, do teu pescoço; e o jugo
será despedaçado por causa da unção”. (Isaías 10.27) Quando o Senhor
Jesus fala do jugo, está falando de tudo isto. Ele se refere a alguém que vêm
com uma carga nos ombros, oprimido pelo peso e cansado. Então promete alívio,
ou seja, se compromete a tirar a prisão e o peso de quem quer que o procure.
Mas a proposta de Jesus não é
deixar os ombros e o pescoço de ninguém livre. Ele se propõe a tirar nosso jugo
para que a gente consiga carregar o dele. Na verdade, Ele está propondo uma
troca: deixe o seu e leve o meu.
Talvez alguém se questione:
qual é a vantagem de trocar os jugos?
A resposta foi dada pelo
próprio Jesus: “o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. O que Ele nos propõe
também é uma prisão e uma união. Porém, diferente da prisão e união com o
pecado e as coisas mundanas, seu jugo nos abençoa. O Senhor está falando
de compromisso.
ACHAREIS DESCANSO PARA A
VOSSA ALMA
O alívio é uma espécie de selo
e aval de Deus para a mensagem evangelística que foi pregada. A Palavra de Deus
sempre é acompanhada de sinais: “E eles, tendo partido, pregaram em toda
parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais,
que se seguiam”. (Marcos 16.20) Além deste relato de Marcos,
encontramos o mesmo princípio em Hebreus: “como escaparemos nós, se
negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente
pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus
testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por
distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade”. (Hebreus 2.3,4)
Mas o compromisso das pessoas
em corresponder com Deus e seus milagres gera um ciclo de milagres, onde
seremos levados a provar manifestações maiores ainda. É a dimensão de descanso
prometida por Jesus.
É quando nosso caráter
realmente passa por mudanças; não só naquelas áreas de “grandes erros” mas
também nos pequenos detalhes.
É quando o casamento recebe
mais do que os primeiros socorros e passa por um momento de profunda reforma e
restauração.
É quando vencemos o pecado, em
vez de só receber perdão por eles.
É quando caminhamos em vitórias
constantes e vemos milagres maiores.
Tanta coisa podia ser dita
desta dimensão de intervenção de Deus! Mas a que talvez mais mereça a nossa
atenção é o fato de que, com tudo o que provamos na dimensão de alívio, nosso
coração ainda tem fome e sede por mais. Fomos desenhados e planejados por Deus
desde a criação para andarmos na sua abundância, e nada contentará nosso
coração enquanto não rompermos de fato neste nível.
Vemos este ciclo progressivo
acontecendo também a Éfeso, mediante o ministério do apóstolo Paulo. Quando o
apóstolo Paulo chegou em Éfeso e começou a pregar o evangelho, os sinais
estavam acompanhando-o. No primeiro batismo que realizou, foram todos batizados
no Espírito Santo e profetizaram (At 19.5,6). Os sinais estavam indicando o
caminho. Paulo continua pregando na sinagoga, mas não existe correspondência
por parte da maioria do povo, e nada mais parece ter acontecido nos próximos
três meses. Então Paulo chama os comprometidos e investe em suas vidas para firmá-los
ainda mais: “Durante três meses Paulo frequentou a sinagoga, onde falava
ousadamente, dissertando e persuadindo, com respeito ao reino de Deus. Visto
que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho
diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando
a discorrer diariamente na escola de Tirano.” (Atos 19.8) Durante
dois anos este grupo foi diariamente ministrado, e a correspondência deles
gerou o ciclo progressivo de milagres, e eles entraram numa dimensão
aparentemente inédita tanto para eles como para o apóstolo Paulo. A Bíblia
chama de milagres “extraordinários” o que este grupo de irmãos de Éfeso passou
a experimentar e, com isto define dois tipos de milagres: o ordinário e o
extraordinário. Milagre ordinário é aquele que pertence ao cotidiano da igreja
e das pregações. Trata-se daquele tipo de manifestação que é mais frequente e
comum. Há, porém, um outro nível de manifestação do sobrenatural que é
classificada como incomum, ocasional. Não é aquele tipo de milagre que se vê
com frequência, está num nível mais elevado, por assim dizer. O ciclo
progressivo de milagres em Éfeso os levou a esta dimensão depois do compromisso
com o caminho: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários,
a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante
dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se
retiravam.” (Atos 19.11,12) Se conscientizarmos a Igreja do Senhor
em nossos dias a voltar-se para Deus em compromisso genuíno e verdadeiro com
Jesus (e seu jugo), entraremos numa dimensão ainda maior de milagres. Muitas
curas, milagres, libertações e manifestações do poder de Deus tem sido provadas
na igreja brasileira e também ao redor do mundo. Mas não podemos parar por
aqui. Senão, além de desperdiçarmos o mover de Deus, ainda impediremos os
milagres extraordinários de terem seu lugar em nosso meio.
PORQUE MEU JUGO É SUAVE
Compromisso é compromisso, e o
que Jesus está propondo é isto. O compromisso nunca é totalmente agradável;
sempre terá um caráter de jugo, porém diferente de qualquer outro, pode ser
chamado de leve e suave.
Não há como fugir do senhorio
de Cristo. Não como querer uma vida vitoriosa, na plenitude de Deus, sem
obediência a Ele. O apóstolo João falou sobre isto em sua primeira epístola:
“Porque este é o amor de Deus:
que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos,
porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence
o mundo: a nossa fé”. (1 João 5.3,4) Ao falar que os mandamentos de
Deus não são penosos, o apóstolo está enfatizando que, embora haja uma dimensão
de compromisso, ela não chega a ser pesada. E que podemos ter uma fé firme que
vence o mundo e nos guarda em obediência à verdade.
Vale a pena se comprometer com
Deus. A recompensa para quem permanece firme e compromissado com Cristo, é
muito maior do que a recompensa que aquele que vai a Ele pela primeira vez
chega a desfrutar.
Deus não é injusto. O descanso
para aquele que se firma é uma dimensão muito mais rica e profunda do que o
alívio que recebem os que estão se chegando a Cristo agora.
Que isto lhe sirva de estímulo
à medida que você se consagra e se compromete mais e mais com o Senhor Jesus!
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Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com –
um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da
Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos:
Israel e Lissa.
Fonte: regenerados.com.br
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