“O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos
lábios vem do Senhor.” Provérbios 16:1
As palavras do sábio dizem que
“o homem pode fazer planos”. Nossa relação com Deus não nos amarra à condição
de escravos ou robôs programados para viverem apenas a vontade alheia. Não. Ele
nos permite aspirar por algo que esteja em nosso coração. Mais do que isso,
podemos fazer do desejo plano, desenhar o caminho para nossas conquistas.
Eu diria que, mais do que uma
permissão, nossos projetos pessoais acabam sendo considerados pelo coração do
Pai e podem, inclusive, ser uma expressão de fé e honra ao seu Nome.
Fico tentando imaginar o
coração perfeito de Deus a partir do meu coração imperfeito. Se eu me sinto
estimulado quando um discípulo ou um filho se inquieta por uma determinada
conquista em sua vida, desconfio que o Senhor também se alegra com aqueles que,
com o coração correto, almejam algo a mais na vida.
O conformismo não é uma
virtude. Há pessoas que se acomodam com o que têm, com o que são, com o que
fazem. O mínimo para elas já é suficiente. E o pior é que muitos colocam isso
na conta da humildade. Confundem passividade com contentamento.
Uma coisa é sermos gratos a
Deus por aquilo que temos, estarmos contentes em nosso espírito, sabendo que
não merecíamos e, portanto, o que temos e somos até aqui é obra da graça, fruto
da vontade de Deus. Outra coisa é não almejar mais nada, ter a alma estéril,
sem vontade, entregue ao “Deus dará”.
Eu vibro ao ver que um
discípulo não se acomoda, que ele é capaz de lutar por progresso em sua vida. E
não estou falando apenas das coisas “espirituais”. Vejo como um sinal de saúde
quando alguém está buscando meios de dar mais conforto à sua família, trabalhando
para comprar uma casa ou um carro melhor, estudando para galgar níveis mais
destacados, seja no ministério ou na vida profissional. Isso revela uma alma
saudável!
Há muito de romantismo na visão
de que a vida cristã deve ser absolutamente despojada, sem conquistas
materiais. A vida monástica, os votos de pobreza, o celibato e tantas outras
“renúncias ao prazer” podem ser a escolha de alguns e até mesmo o chamado particular
que Deus faz a certas pessoas, mas nunca foram colocadas na Palavra de Deus
como padrão para toda a igreja e como marca necessária a uma verdadeira
espiritualidade.
Obviamente, no extremo oposto
desse exagero está o outro, da chamada teologia da prosperidade, que resume a
graça de Deus nas coisas temporais, coloca o material como meta principal da
vida cristã e induz as pessoas a confundirem bênção com riquezas terrenas.
Há um lugar saudável, de
equilíbrio, entre esse dois extremos e é nesse lugar que “o coração do homem
pode fazer planos”. O desejo de conquistar, dentro das regras de Deus,
estabelecidas em sua Palavra, não apenas faz parte dos nossos direitos, mas
alegra o coração do Pai, que quer o melhor para seus filhos e encheu a Bíblia
com promessas que dizem respeito, não só à vida espiritual e às riquezas da
eternidade, mas a uma trajetória bem-sucedida e feliz na terra.
Sonhar, projetar e trabalhar
por ideais é, portanto, um sinal de vida. Só os medíocres nada almejam.
Entretanto, tudo isso tem que curvar-se a uma verdade maior: “a resposta certa
dos lábios vem do Senhor”. Nossos desejos e planos são livres, mas não são
soberanos. Eles estão sujeitos a uma palavra final e essa palavra vem de Deus.
Nós, os que queremos viver para Ele e agradá-lo, precisamos decidir curvar-nos
alegremente à sua vontade, ainda que construamos nossas metas na vida.
Para alguns dos nossos planos,
Deus dirá ”não”. E quando o fizer, não estará simplesmente castrando nossa
vontade, desconsiderando nosso coração ou tentando impor sobre nós a
pseudo-espiritualidade do despojamento. Quando, o nosso Pai, que nos ama com amor
extremo, veta algum dos nossos projetos, Ele tem um motivo.
Às vezes, a negativa de Deus
virá porque, conhecedor do caminho inteiro como Ele é, sabendo o que nós não
sabemos, enxergando o que está depois da curva e que nós não enxergamos, ele
quer livrar-nos. Sim, em muitas situações, aquilo que nos parece muito bom
agora, nas verdade nos causará tremendos prejuízos amanhã e por isso o Pai, em
seu amor, nos diz “não”.
Em outras situações, a negativa
de Deus, que pode vir por uma palavra ou pelo desmoronar dos nossos castelos de
areia, se dará pelo fato de que aquilo que nós estamos construindo está em rota
de colisão ou seja um empecilho ao plano particular que Ele tem para nós. Aí
sim, em sua soberania, e não abrindo mão de sua vontade, Ele nos impedirá de
seguir em nossos planos, uma vez que estes nos desviam do seu propósito.
Sabendo perfeitamente de tudo
isso, eu decidi viver a vida sob duas decisões. Primeiro, vou projetar e lutar
por tudo o que o meu coração deseja e que não tenha uma reprovação na Palavra
de Deus, a Bíblia Sagrada. Segundo, vou desistir submissamente de tudo o que
Deus me diga para parar ou que a sua própria mão destruir em minha vida,
confiando sempre que o melhor que eu tenho é a sua presença e vontade.
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Danilo Figueira é um dos pais da Comunidade Cristã de
Ribeirão Preto onde tem exercido um ministério profético e de ensino, liderando
a equipe de pastores juntamente com sua esposa Mônica. Ele tem atuado como
conferencista pelo Brasil e exterior, com forte ênfase na formação de
liderança, e provido cobertura apostólica para muitos ministérios. Os escritos
do Pr. Danilo, especialmente a série de livros "LIDERANÇA PARA A ÚLTIMA
COLHEITA", têm sido ferramenta para inúmeras igrejas e suas Escolas de
Líderes, já tendo sido traduzidos para outros idiomas como o Inglês, o Francês
e o Espanhol.
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