“E,
assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas." II Coríntios 5:17
Jesus certa vez teve uma
conversa com um doutor da Lei chamado Nicodemos, um homem de padrão moral e
vida religiosa invejáveis. O Senhor o surpreendeu com uma afirmação: “Em
verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”
(Jo 3:3).
Se Jesus tivesse dito isto a
Maria Madalena (que foi uma endemoninhada) ou a Zaqueu (um publicano
trapaceiro), poderíamos pensar que eram pessoas de vida tão irregular que
necessitavam de uma mudança radical. Entretanto Jesus disse isso a um homem
admirável, deixando claro que todos precisam de uma nova vida.
Quando Nicodemos ouviu aquelas
palavras, ficou confuso. Tentou entender sob uma perspectiva natural e
perguntou: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao
ventre materno e nascer segunda vez?” (Jo 3:4). Mas Jesus não estava falando de
reencarnação ou coisa parecida. Estava falando de um nascimento espiritual. Por
isso, lhe disse: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no
reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito
é espírito” (Jo 3:5-6).
O novo nascimento ocorre quando
nos arrependemos, cremos em Cristo e lhe entregamos nossas vidas. Imediatamente
o Espírito Santo, que é Deus, vem habitar em nós e nos regenera (Tt 3:5),
fazendo com que o nosso espírito que estava separado, morto (Ef 2:1,5), seja
vivificado. Trata-se de um ato divino (o homem não pode produzi-lo por si
mesmo) e espiritual (não é físico, mas interior), através do qual somos
regenerados no espírito para uma nova vida.
Antes de nascermos de novo,
vivemos sob a natureza herdada de Adão. A Bíblia a chama também de “carne” ou
“velho homem”. Éramos governados por ela e por isso servíamos ao pecado (Ef
2:3). Paulo faz uma descrição bastante apropriada desta velha natureza em Ef
4:17-21. Ela é marcada pela vaidade dos pensamentos, falta de entendimento
espiritual, alienação da vida de Deus, dureza de coração, dissolução (confusão)
e compulsão pelo pecado. Na nossa carne não habita bem algum (Rm 7:18). Ela não
se sujeita à lei de Deus e nem pode sujeitar-se porque está corrompida (Rm
8:7,8). Suas obras são “prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas” (Gl
5:19-21).
Quando nascemos de novo, somos
introduzidos numa nova vida. Uma espécie de “metamorfose” acontece em nosso
interior (II Co 5:17) e somos liberados do poder do pecado para viver segundo
Deus (Rm 6:22). Isso não significa que nos tornamos perfeitos ou impecáveis,
mas que não estamos mais debaixo do domínio do pecado como antes. A presença do
Espírito Santo em nosso interior libera virtudes que não tínhamos e nos conduz
num processo de santificação pelo qual vamos sendo transformados mais e mais na
imagem de Cristo (II Co 3:18).
Uma pessoa que nasceu de novo
traz evidências disso em seu comportamento. Embora o novo nascimento não
produza perfeição automática na vida do homem, ele deflagra mudanças
importantes e perceptíveis. Que marcas são essas?
A primeira delas é
sensibilidade. A nova criatura em Cristo recebe um coração sensível à vontade e
à presença de Deus (Ez 11:19; 36:26) e passa a reagir aos estímulos do Espírito
Santo em sua mente e coração. O amor por Deus é despertado.
Outra evidência do novo
nascimento é entendimento espiritual. Antes vivíamos sem compreensão das coisas
espirituais (I Co 2:14). Satanás havia cegado a nossa mente (II Co 4:4)
para não compreendermos o evangelho. Quando nascemos de novo, esse véu é tirado
e somos liberados para discernir as verdades espirituais (I Co 2:9-12)
A obediência é outra marca do
verdadeiro convertido. A nova vida é uma vida de sujeição ao Senhor. Aquele que
professa fé em Cristo, mas não busca submeter-se à sua Palavra, não nasceu de
novo, pois tem uma fé morta, ineficaz (Ef 3:26; Lc 6:46). Na verdade, a
presença do Espírito Santo na vida do crente provoca nele uma rejeição pelo
pecado. É uma questão de natureza. Assim como uma ovelha não se sentirá à
vontade no meio da lama, aquele que se tornou participante da natureza divina
(II Pe 1:4) não se sente bem na prática ou no ambiente do pecado.
A última qualidade distintiva
do homem que nasceu de novo é a fé. O justo vive pela sua fé (Gl 3:11). Isso
quer dizer que a vida do verdadeiro cristão não se baseia nas coisas visíveis,
mas na Palavra de Deus, nas verdades espirituais. Poderíamos dizer que os olhos
do novo homem são a fé. É através dela que percebemos as realidades invisíveis
do reino espiritual e temos uma vida de vitória, usando-a como chave para
acessarmos o poder sobrenatural do Espírito Santo.
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Danilo Figueira é um dos pais da Comunidade Cristã de
Ribeirão Preto onde tem exercido um ministério profético e de ensino, liderando
a equipe de pastores juntamente com sua esposa Mônica. Ele tem atuado como
conferencista pelo Brasil e exterior, com forte ênfase na formação de
liderança, e provido cobertura apostólica para muitos ministérios. Os escritos
do Pr. Danilo, especialmente a série de livros "LIDERANÇA PARA A ÚLTIMA
COLHEITA", têm sido ferramenta para inúmeras igrejas e suas Escolas de
Líderes, já tendo sido traduzidos para outros idiomas como o Inglês, o Francês
e o Espanhol
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