O
princípio de Deus concernente à liderança masculina sobre a mulher é uma das
doutrinas mais incompreendidas das Escrituras Sagradas. Por causa disto, duas
atitudes pecaminosas e antibíblicas são assumidas pelos homens dentro da
família, Igreja e sociedade.
A
primeira é a omissão total do seu papel de líder. Como é desastroso um marido
omisso que não toma as rédeas de seu próprio lar, deixando de conduzir a esposa
e os filhos por meio da autoridade concedida por Deus, causando insegurança e
instabilidade emocional e prática nos que habitam o lar. É sofrível também
contemplar uma igreja onde as mulheres são obrigadas a assumir o papel que não
lhes pertence pela omissão dos homens. São os “bananas” que criam vacância no
espaço do poder, obrigando ou favorecendo as mulheres a assumirem o papel
exclusivamente masculino, promovendo a inversão pecaminosa daquilo que o Senhor
ordenou para a economia familiar, social e eclesiástica.
A
segunda é a manifestação machista que provém do chauvinismo asqueroso onde o
homem se sente no direito de, não apenas se sentir melhor, mas agir como se a
mulher estivesse abaixo dele. É a falsa sensação de superioridade que inexiste
na estrutura divina. É o pecado do orgulho que afronta a santidade do Senhor
Deus, levando-o à ira e à indignação. Neste caso encontramos a violência contra
a mulher que tanto ocorre no Brasil. Homens que violentam mulheres são
asquerosos e sequer devem ser vistos como pessoas, são animais que devem viver
em jaulas.
Mas
onde está o equilíbrio bíblico? É aqui que encontramos um terreno minado onde
se deve ter o maior cuidado para não ser mal interpretado, ao mesmo tempo em
que se deve andar firmemente nas Escrituras e somente nela construir o fulcro
seguro para a perfeita compreensão desta realidade funcional.
Nesse contexto, gostaria de tratar esse
complexo assunto em quatro reflexões sobre o que significa a autoridade
masculina e, por inferência, o que significa a submissão feminina:
- A autoridade masculina não tem o
direto de suprimir as qualidades femininas: Muitos homens pensam que liderar é o mesmo
que desvalorizar. Acham que possuem o direito de impor o seu comando à
mulher que, por sua vez, deve se resignar à sua condição de empregada ou
objeto sem valor. Não é difícil perceber como este comportamento é pior
que o adotado nas repartições de trabalho onde há o respeito e a
consideração por todos e por todas.
Mesmo
que muitos não aceitem, a mulher possui dons e talentos que devem ser
reconhecidos e até estimulados. A capacidade dada por Deus faz com elas sejam
mestras do bem [1], instrutoras da verdade [2], inteligentes na administração
da casa [3], negociadora e lucrativa [4], para citar apenas algumas. O marido
bíblico é aquele que reconhece e incentiva a atuação da mulher dentro da sua
esfera de atuação, pois é exatamente isso que Deus faz quando coloca sobre nós
os ministérios do Reino, Ele nos dá liberdade de atuação dentro da nossa esfera
de atuação.
- A autoridade masculina faz do
homem um servo da mulher:
Muitos
homens certamente torcerão o nariz aqui, mas é isso mesmo o que as Escrituras
ensinam. Comecemos com algumas palavras do Senhor Jesus:
Então,
Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e
que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo
contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos
sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o
Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
em resgate por muitos. [5]
Ouçamos
um pouco mais do Mestre:
Vós
me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo
o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés
uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do
que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis
estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. [6]
Agora
vejamos o que Paulo nos ensina:
Nada
façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando
cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é
propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. [7]
Minha
pergunta é: será que estes princípios não se aplicariam ao relacionamento entre
o homem e a mulher? Bem que muitos homens de belial pensam mesmo que não, mas
para desespero deles, a resposta é clara e indubitável: sim, os textos
supracitados se aplicam ao relacionamento entre um homem e uma mulher!
Vejamos
outra passagem importante de Paulo:
Por
esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade
do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos
do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao
Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso
Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns
aos outros no temor de Cristo. E as mulheres sejam ao seu próprio
marido, como ao Senhor… [8]
Note
que Paulo menciona a submissão da mulher como conseqüência da submissão mútua
no Corpo de Cristo, logo, em certa medida, as atitudes do marido para com a
mulher devem ser as de um servo. O marido deve servir a mulher, e o que
diferenciar disso é pecado do egoísmo e do orgulho. Por falar nisso, vejamos a
terceira reflexão.
- A autoridade masculina suprime a
vontade egoísta e o orgulho do homem:
Quando
Paulo menciona sobre como o homem deve liderar a mulher, ele diz:
Maridos,
amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou
por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de
água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula,
nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também
os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a
si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta
e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do
seu corpo. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à
sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu
me refiro a Cristo e à igreja. Não obstante, vós, cada um de per si também ame
a própria esposa como a si mesmo… [9]
Todos
sabem que o segundo grande mandamento fala do amor ao próximo que deve ser
igual ao amor próprio, e é exatamente este princípio que Paulo aplica aqui. O
amor do marido à sua mulher deve esmagar os seus desejos particulares e
egoístas e, ao mesmo tempo, preservar a esposa o máximo possível. Na prática, o
marido deve cuidar do bebê por toda a madrugada para que a mãe descanse sem perturbação,
deve lavar a roupa da casa quando a família não dispõe de uma máquina de lavar,
deve lavar a louça quando possível, deve fazer a faxina pesada do final de
semana, deve participar ativamente da criação e da disciplina dos filhos. Ou
seja, o marido deve se gastar ao máximo para preservar sua mulher sem mácula,
nem ruga, nem coisa semelhante.
Nenhum
marido deve se esconder no seu trabalho fora de casa usando o cansaço como
desculpa para satisfazer a preguiça e ficar como um reizinho no centro do lar
enquanto sua companheira dá duro. A autoridade do homem deve fazer com que ele
diga: “deixe isto por minha conta, meu amor, relaxe enquanto eu pego no pesado
aqui em casa”.
O
objetivo da liderança masculina é glorificar a Deus e proteger a mulher, mesmo
que ele tenha que dar a vida para isso. É sempre bom lembrar que a mulher se
submete ao Senhor, à Sua proteção e cuidado, e o instrumento para esta proteção
e cuidado é o homem.
- A autoridade masculina existe
somente porque Deus assim determinou:
É
risível saber que existem homens que acreditam piamente que Deus os colocou na
liderança por seus méritos masculinos. Muitos também dizem que Deus é homem.
Ora, Deus é espírito santíssimo que não se submete a nenhum gênero, quer seja
masculino ou feminino. Se para comunicar os seus atributos, Ele utiliza as
características masculinas, o mesmo Ele faz utilizando as características
femininas ao se comparar, por exemplo, às mães que geram e amamentam. Mas nem
por isso devemos afirmar o absurdo que Deus é mulher. O mesmo absurdo ocorre
com aqueles que atribuem o gênero masculino à pessoa de Deus. Portanto, tal
argumentação é fraca e inconsistente. O princípio bíblico da autoridade
masculina na economia do lar, da Igreja e da sociedade é regido pela lei da
primogenitura. O homem veio primeiro, logo ele é o líder. Também a posição de
poder não faz da mulher um ser inferior de acordo com que Paulo diz:
Quero,
entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça
da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo. (…) Porque o homem não foi feito da
mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por
causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem. (…) No Senhor,
todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da
mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido
da mulher; e tudo vem de Deus.
[10]
Portanto,
não há mérito, mas graça pactual naquilo que o Senhor determinou para o
funcionamento e a interdependência encontrados nos relacionamentos familiares,
eclesiásticos e sociais. E mesmo que haja homens tolos que neguem este
princípio, é bom lembrá-los de um texto iconoclástico para a época em que foi
escrito, um texto de Paulo que diz:
Pois
todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos
quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não
pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus. [11]
Quero
concluir esta postagem dizendo que a posição do homem é muito, mas muito mais
difícil que a da mulher. A responsabilidade é muito grande. Como é sério ter
que cuidar de alguém e servi-la com todo amor e dedicação conforme a vontade do
Senhor Deus. Por isso, homens crentes, lembrem-se da nossa responsabilidade,
pois prestaremos contas ao eterno Juiz. Homens crentes, lembrem-se de que a
mulher deve se submeter ao marido crente que a ama e que por ela se dispõe a
fazer qualquer sacrifício, mesmo que isso traga um profundo gasto.
Tudo
isso é difícil, porém possível!
Sola
Scriptura
- Tt 2: 3
- Pv 31: 26
- Tt 2: 5
- Pv 31 1 – 20
- Mt 20: 25 – 28
- Jo 13: 13 – 17
- Fp 2: 3, 4
- Ef 5: 17 – 22
- Ef 5: 25 – 33
- 1 Co 11: 3, 8, 9, 11, 12
- Gl 3: 26 – 28
Por
Alfredo de Souza
Fonte: www.cristaoreformado.com.br
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