“Havendo
Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb
1.1,2)
Introdução
Quando
perguntamos “como Deus fala conosco?” diversas respostas podem ser
formuladas. Por exemplo, se olharmos para o texto bíblico acima, algumas
respostas já podem ser dadas. Ao consideramos a progressividade do Antigo
Testamento vemos em algumas passagens Deus falando de forma audível, usando um
anjo, os profetas ou até mesmo com o próprio dedo.
Parece ser
uma questão infantil essa pergunta, mas ela pode definir toda a questão e uma
cosmovisão. E quando olhamos para o passado, por exemplo, na Reforma
Protestante ou até mesmo antes, essa pergunta faria todo o sentido tal como nos
dias de hoje.
Naquela
época os reformadores lutavam pela autoridade das Escrituras e contra o
Catolicismo Romano que comparava a autoridade da Tradição igual ao das
Escrituras. Ou seja, aquilo que a Tradição falava, mesmo que sem referência
bíblica, era como se Deus estivesse falando com o Seu povo.
No entanto,
todo aquele que quisesse lutar pela autoridade das Escrituras sofreram, ao
ponto de darem sua vida em fidelidade a Deus. Em meados de 1173 um mercador,
chamado Pedro Valdo, doou tudo o que tinha e decidiu seguir a vida
eclesiástica, pregando e traduzindo as Escrituras para a língua local; dizendo
que todos deveriam ler a Palavra de Deus. Porém, ele foi proibido de pregar o
Evangelho, pois, com base em Atos 5:39, dizia que devemos, primeiramente,
obedecer a Deus e não aos homens. Ele dizia isso contestando a autoridade da
Igreja. Além desta doutrina, ele contestava a doutrina do Purgatório, culto aos
santos e a importância das relíquias sagradas.
Um outro
exemplo disso é o próprio Jan Hus, o ganso. Esse homem descobre os escritos de
John Wycllif¹ e começa a divulgá-los, sem contar a briga que ele teve contra as
indulgências e a autoridade do papa, dizendo que Cristo sim, era o cabeça da
igreja. Mas em 4 de maio de 1415 ele foi tido como herege. Em 6 de julho do
mesmo ano ele recusou negar seus escritos, e em praça pública ele foi morto.
Portanto,
perceba que não é uma questão simplória perguntar como “Deus fala conosco”.
Quando a Escritura é posta em primeiro lugar, aquele que a defende certamente
sofrerá.
Lutero,
Zwinglio, Calvino, a Tradição e as Escrituras
Por se
tratar da Reforma Protestante, três pessoas nos vem a mente quando tratamos da
Escritura, a Palavra de Deus: Martinho Lutero, Zwinglio e Calvino.
Em 1519,
dois anos após Lutero pregar na porta do castelo de Wittenberg as 95 Teses,
Lutero é convocado para um debate público com Johann Eck o qual acusara o
Reformador de defender as mesmas teses que Jan Huss. E com essa acusação Eck
dizia a Lutero que, o que o alemão estava defendendo já tinha sido condenado
pela a Igreja Católica. Entretanto, para Lutero, com essa afirmação feita por
Eck, o que estava em jogo era a autoridade da Igreja em contraste com a
autoridade das Escrituras. Lutero preferiu ficar com as Escrituras, dizendo:
Respondo que, certa vez, Deus falou por meio da
boca de asno. Direi diretamente o que penso. Sou teólogo cristão, e sinto-me
obrigado a não somente afirmar, como também defender a verdade com meu sangue e
minha morte. Creio livremente e não serei escravo da autoridade de ninguém,
seja concilio, uma universidade ou um papa.
Nem só de
teologia viverá o homem, mas de toda salsicha que ele poderá comer. Em 1522, em
plena Quaresma², período esse que só pode comer verduras, legumes e peixes,
Zwinglio, juntamente com um grupo de, em média, 12 pessoas, se empanturraram de
salsichas. Após sete dias Zwinglio produziu um panfleto no qual argumentou que
o que estava em jogo não era as salsichas, mas que a Bíblia nada diz sobre o
não comer salsichas na Quaresma. E em 1523 Zwinglio escreve suas famosas 67
Conclusões.
No Evangelho e do Evangelho aprendemos que as
doutrinas e os preceitos humanos não ajudam em absolutamente nada para a
salvação. (Artigo 16)
Cada cristão é livre para fazer qualquer obra que
não esteja ordenada por Deus, podendo comer a qualquer tempo, qualquer alimento
que quiser. E, disto deduzimos que as datas estabelecidas quanto ao comer
queijo e a manteiga, é um engano papista. (Artigo 25)
Os poderes do Papado e do episcopado, junto à
exigência, prepotência e orgulho espiritual que ostentam, não tem nenhum
fundamento na sagrada letra, nem na doutrina de Cristo. (Artigo 34)³
O que um
herege precisa, manicômio ou refutação? Quando olhamos para Calvino, tanto em
suas Institutas ou a carta em Resposta ao Sacerdote
Sadoleto, ele é curto e grosso.
Ao tratar
sobre a autoridade da igreja romana, Calvino diz que tais tradições serviam
para “estrangular das míseras almas”⁴, pois elas
oprimem tiranicamente a consciência dos fiéis.
Importa reconhecer um Rei único, Cristo, seu
libertador, e que sejam regidos somente por uma lei da liberdade, isto é, da
sagrada Palavra do Evangelho.⁵
Ou seja,
para Calvino, além da tradição ser algo que vai contra o Evangelho, ela também
colocava um fardo pesado sobre as costas do fiel, fazendo com que tal pessoa
ficasse escravizada e a consciência sobrecarregada.
Quando
Sadoleto, sacerdote católico, escreve para o povo de Genebra, ele faz seu
argumento contra Calvino dizendo que o mesmo fez com que o povo se desviasse,
não primeiramente de Cristo, mas “do caminho dos pais e seus ancestrais, da
eterna doutrina da Igreja Católica e que tudo encheram com suas querelas e
sedições; aliás, esse sempre foi o costume daqueles que atacam a autoridade da
Igreja”.⁶
Perceba,
quando Sadoleto acusa Calvino de fazer o povo desviar, o foco dele não é Cristo
e Sua Palavra, mas os pais [da igreja], os ancestrais, a doutrina da Igreja
Católica e da tradição. Em nenhum momento esse sacerdote diz que Calvino fizera
o povo desviar de Cristo. E Calvino responde:
Pomos a Palavra de Deus acima de qualquer juízo dos
homens, temos, finalmente, concedido que os concílios e os santos Pais têm
certa autoridade, desde que estejam de acordo com a Palavra de Deus; portanto,
julgamos esses concílios e os santos pais dignos de honra e do lugar que
ocupam, tão somente se estiverem razoavelmente sob Cristo.⁷
Os Livros
Apócrifos
Para os
teólogos medievais, as Escrituras eram as obras incluídas na Vulgata⁸, isso incluía os livros apócrifos. No entanto, os Reformadores questionaram essa definição. Eles entenderam que os livros apócrifos não poderiam fazer parte do cânon bíblico, pois
na Bíblia
hebraica eles não apareciam,
somente na Bíblia grega e latina.
No primeiro
ano da edição completa da Bíblia alemã de Lutero, os livros apócrifos foram
colocados no final da Bíblia como livros “mais ou menos úteis para a vida
cristã”.⁹ Para Calvino os livros apócrifos não deveriam
ser tomados como Palavra de Deus:
Portanto, seja este um sólido preceito: não se deve
ter outra Palavra de Deus, a que se dê lugar na Igreja, senão aquela que se
contém, primeiro na Lei e nos Profetas, então nos Escritos apostólicos; nem
outro modo de ensinar a igreja corretamente, senão aquele prescrito e normativo
dessa Palavra.¹⁰
Da mesma
forma, Zwinglio afirmou que os livros apócrifos valem a pena serem lidos, mas
nunca igual as Escrituras, pois se portam como imitação das Escrituras.¹¹
Sendo assim,
como podemos saber que um livro poderia ou não ser colocado como canônico? Mas,
antes de mostrar, de forma básica, como poderemos ver isso; o que dizer do
argumento católico de que os apócrifos são válidos porque são citados no Novo
Testamento? Primeiro, o Novo Testamento também cita livros pseudoepígrafos (Ascensão
de Moisés citado por Judas 9; Livro de Enoque citado
por Judas 14, 15) os quais foram rejeitados pela própria Igreja Católica¹², sem
contar que o apóstolo Paulo cita alguns filósofos: Em Atos 17.28 Paulo faz uma
citação de um poeta do século IV antes de Cristo, Epiménedes de Cnossos; Em 1Co
15.33 Paulo faz uma citação de um provérbio retirado de um poema grego,
Menandro; E em Tito 1.12 Paulo diz que o poema de Epiménedes de Cnossos era
profético.
Segundo, o
fato das Escrituras citar um autor não bíblico, não quer dizer que tudo o que
ele escreveu é inspirado. Como podemos ver acima, Paulo cita filósofos não
cristãos e ainda assim não consideramos todos os seus escritos como Palavra de
Deus, mas só o que fora citado. Da mesma maneira podemos ver o capítulo 4 de
Daniel, o qual foi escrito por Nabucodonosor. Ou seja, somente os textos que
compõem a Sagrada Escritura são inspirados. Se há outros textos de autores
citados na Bíblia que não estão entre os canônicos, esses não são inspirados
por Deus. Portanto, qual o critério que podemos tomar para testar a
canonicidade dos livros? Primeiro, ser escrito por um profeta ou uma pessoa com
o dom de profecia. Segundo, um livro que fosse relevante não só para seu tempo como
para todos os tempos e todas as épocas, bem como escrito de acordo com as
revelações anteriores. Ou seja, esse livro não pode contradizer a mensagem de
outros escritos.¹³
Seguindo o
conselho do Rev. Augustus Nicodemus em uma palestra da Editora Fiel, basta ler
os apócrifos ou os pseudoepígrafos que veremos de cara que não são livros
inspirados. Por exemplo, quando lemos 2Mc 12.44 vemos o texto mostrando que
devemos orar pelos mortos e oferecer sacrifício pelo mesmo para que seus
pecados sejam pagos. Mas se compararmos esse texto com outros da Escritura, ele
ainda assim seria verdadeiro?
“Se ele não esperasse que os mortos que haviam
sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se
considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que
adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar.
Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam
morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s)
Compare:
“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em
juízo,mas passou da morte para a vida.” (João 5.24 – negrito
acrescentado)
“Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu
próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma
eterna redenção.” (Hebreus 9.12 – negrito acrescentado)
“Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no paraíso.” (Lucas 23.43)
“Ora, de um e outro lado, estou constrangido,
tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” (Filipenses
1.23)
Observe que
os textos acima, como João 5.24 e Hebreus 9.12, mostram que Cristo propôs
eterna redenção não estando mais sob o juízo da morte, mas estando sob a vida
eterna (Jo 6.47). Do mesmo modo, Lucas 23.43 e Filipenses 1.23, mostram que
após a morte o salvo vai direto para o encontro de Cristo. Ou seja, esses
textos, bem como outros da Escritura, não mostram uma parada, uma escala entre
o purgatório e o céu, da mesma forma uma escala entre o purgatório e o inferno
(cf. a parábola do Rico e Lázaro – Lucas 16.19-31).
Outros
textos que podemos analisar, sem dar risada, são textos que mostram a infância
de Jesus. No livro A infância do Salvador, um livro pseudoepígrafo,
encontramos esse relato:
CERTA VEZ aconteceu que muitos meninos seguiam
Jesus para divertirem-se em sua companhia. Mas havia um pai de família que,
irado ao ver que seu filho ia com Jesus, e para que não o seguisse mais,
prendeu-o numa torre fortíssima e muito sólida, sem buraco nem entrada alguma
além da porta e de uma janelinha estreitíssima, que apenas deixava passar um
pouquinho de luz; e a porta estava bem escondida e trancada. E aconteceu que um
dia Jesus aproximou-se dali com seus companheiros para brincar. Ao ouvi-los, o
menino encarcerado pôs-se a gritar junto à janela da seguinte maneira: “Jesus,
queridíssimo companheiro, ao ouvir tua voz minha alma regozijou-se e senti-me
cheio de alívio. Por que me deixas aqui encarcerado?” Jesus foi até ele e lhe
disse: “Estende-me uma mão ou um dedo pelo buraco”. E tendo feito isto, Jesus
pegou a mão daquele menino e o tirou através daquela estreitíssima janelinha. E
o menino foi embora em sua companhia. Jesus disse-lhe: “Reconhece o poder de
Deus e na tua velhice conta o que Deus te fez na tua infância”.¹⁴
Veja agora
no livro Pseudo-Tomé, Narrações sobre a infância de Jesus:
Encontrava-se ali presente o filho de Anás, o
escriba, e teve a ideia de fazer escoar as águas represadas por Jesus, usando
uma planta de vime. Ante essa atitude, Jesus indignou-se e disse: — Malvado,
ímpio e insensato. Será que as poças e as águas te estorvavam? Ficarás agora
seco como uma árvore, sem que possas dar folhas, nem raiz nem frutos.
Imediatamente o rapaz tornou-se completamente seco. Os pais pegaram o infeliz,
chorando a sua tenra idade, e o levaram ante José, maldizendo-o por ter um
filho que fazia tais coisas.¹⁵
De outra feita, Ele andava em meio ao povo e um
rapaz que vinha correndo esbarrou em suas costas. Irritado, Jesus disse-lhe: —
Não prosseguirás teu caminho. Imediatamente o rapaz caiu morto.¹⁶
Portanto, o
próprio texto desses livros provam que são livros que não foram inspirados por
Deus, pois não se encaixam em nenhuma outra passagem das Escrituras e ferem o
caráter de Cristo.
As
Escrituras, a Autoridade da Igreja e as nossas Confissões. Há alguma
diferença?
Vimos acima
que a Autoridade da Igreja [Católica], ou Tradição, eram detentoras da correta
interpretação das Escrituras e tudo quanto eles decidissem deveria ser aceito e
não revogado.
Mas, e
quando olhamos para as nossas confissões reformadas, como por exemplo, a de
Westminster, e dizemos que a subscrevemos, não estaríamos nós se portando da
mesma maneira como a igreja católica? Por exemplo, a Igreja Presbiteriana do
Brasil no Artigo 1 diz que aceita “como sistema expositivo de doutrina e
prática a sua Confissão de Fé e os Catecismo Maior e Breve”.¹⁷ E também mostra que seus ministros e oficiais devem
aceitar também esses documentos.¹⁸
A
diferenciação começa pelas definições dos termos. Para a Igreja Católica a
Tradição é igualada às Escrituras, contendo toda a doutrina revelada.¹⁹ Já os Símbolos de Fé, como o próprio Manual Presbiteriano os definem, são sistemas expositivos de doutrinas e práticas como
explica o Dr. Heber:
A definição de uma confissão não difere basicamente
da de um credo, senão na forma. Uma confissão contém mais ou menos os mesmos
elementos de um credo, mas de forma bem mais elaborada, com detalhes que um
credo não possui, por ser mais conciso. Uma confissão aborda mais assuntos do
que um credo, e os apresenta de forma mais sistemática.²⁰
Um segundo
ponto que podemos levantar quanto a diferenciação é a possibilidade de mudança.
Se a Tradição é igualitária às Escrituras, logo elas não possuem erros e não
podem ser mudadas. Mas, como vimos acima, a doutrina do Purgatório, por
exemplo, é facilmente contestada por outras passagens do Novo Testamento, bem
como também a utilização dos livros apócrifos. No entanto, quando se trata
da Confissão de Fé de Westminster já houveram mudanças e
acréscimos. Uma mudança que é discutida até hoje por alguns foi a retirada de
um trecho do capítulo XXIII sobre o Magistrado Civil e a utilização das
autoridades seculares para suprimir pessoas que blasfemam e propagam
heresias.²¹ Entretanto, essa mudança que fora feito pode ser explicada de duas
maneiras: As formas de aplicação de punição contra aqueles que pervertiam as
doutrinas na Antiga Aliança não são as mesmas que o Estado aplica e o sistema
de Governo são totalmente diferentes e é uma contradição em si mesmo. O texto
III do Magistrado Civil mostra que os magistrados não podem assumir para si a
administração da Palavra, dos Sacramentos e das chaves do Reino dos céus, mas
podem suprimir todo tipo de perversão. Com base no quê?
Sendo assim,
há uma enorme diferença entre a Tradição Católica e a subscrição dos Símbolos
de Fé.
Quando nós
invalidamos a autoridade das Escrituras
De que
maneira nós invalidamos a autoridade das Escrituras? De duas maneiras.
Em primeiro
lugar nós podemos nos remeter ao Éden, quando os nossos primeiros pais
desobedeceram a Palavra de Deus. Deus, ao criar tudo e o primeiro casal,
deu-lhes ordens para que não comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem
e do mal (Gn 2.17) que estava no jardim. No entanto, ao estarem diante da
serpente a autoridade da Palavra de Deus tinha sido colocada em xeque. Pois,
Deus havia dito que se eles comessem certamente morreriam, mas a serpente disse
que se eles comessem “certamente não morreriam” (Gn 3.4). De que maneira
o casal poderia analisar tal confrontação? Por achismo? Pela circunstância? Ou
pela relatividade da verdade? Na verdade, o casal fez uma investigação apurada
dos fatos e concluiu: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se
comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe
do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” (Gn 3.6)
O final nós
já sabemos. Eles desobedeceram a Deus, mas essa desobediência não trouxe condenação
somente aos dois, mas a toda posteridade depois deles, pois julgaram o que eles
decidiram como certo e a Palavra de Deus errada.
Ao longo da
história bíblica vemos os personagens bíblicos sofrendo porque invalidaram a
autoridade das Escrituras e até mesmo o povo escolhido de Deus, sendo levado
para o exílio porque transgrediram os mandamentos do Senhor.
Por que se
submeter à autoridade das Escrituras?
PORQUE ELA É
A PALAVRA DE DEUS
O próprio
Deus a inspirou (2Timóteo 3.16) sendo uma revelação d’Ele mesmo. A Bíblia
revela a vontade de Deus para com o Seu povo como um manual de instruções. Os
manuais que conhecemos, como os de eletrodomésticos, mostram diversas páginas
de como usar tal equipamento e algumas páginas no final mostrando a quem devemos
recorrer caso algo dê errado. As Escrituras, como manual, aponta algumas
páginas de como Deus disse para usarmos aquilo que Ele criou, bem como
demonstra em mais de 90% desse manual o que fazer caso algo dê errado. A
Escritura é trinitariana. Ela é inspirada por Deus, mediante a ação do Espírito
Santo em seus servos para revelar a Jesus Cristo (cf. 1Pedro 1.10-12).
CRISTO E A
SUA PALAVRA SÃO UM
Quando
afirmamos que Cristo e a Sua Palavra são um, isso não quer dizer que estamos
venerando um livro, estamos afirmando que nele encontramos – não em uma parte,
mas em toda a Escritura – a voz de Cristo e as ações do nosso Salvador desde a
Antiga Aliança.
Um exemplo
disso é quando olhamos para Atos 1.1. Lucas começa o seu relato afirmando que
eram “…todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar”. Ou seja,
o Evangelho de Lucas não é só Palavra de Deus, mas são as ações do próprio
Cristo, a Palavra encarnada.
Outro texto
que mostra essa relação do nosso Senhor e de Sua Palavra, é João 15.4,7: “permanecei
em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si
mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não
permanecerdes em mim. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras
permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” Veja,
o texto mostra que os discípulos de Jesus devem estar unidos a Ele, da mesma
maneira unidos à Sua Palavra. Não existe a possibilidade de dizer que está
unido a Cristo e distante da Palavra, ou estar unida à Palavra e distante de
Cristo.
Respondendo
a pergunta feita no início, “Como Deus fala conosco?”: Ele fala por meio de Sua
Palavra.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade.” João 17.7
Notas:
[1]
Wycllif foi tido como o precursor da Reforma Protestante, não somente como
tradutor das Escrituras, mas como aquele que lutou contra a autoridade do papa.
Cf. “História da Teologia Cristã“, Roger Olson, Ed. Vida, páginas 365 a
370.
[2] A
Quaresma é o período de preparação para a Páscoa do Senhor, cuja duração é de
40 dias. Tal período, portanto, inicia-se na Quarta-Feira de Cinzas e se
estende até o Domingo de Ramos, uma semana antes da Páscoa. O período é, assim,
marcado pela penitência, pela realização constante de jejuns, pela conversão e
pela preparação dos catecúmenos para o batismo. Fonte: < http://www.portalcatolico.org.br/single-post/2017/02/28/O-tempo-da-Quaresma>
Acesso em: 07/09/17
[3] As
67 Conclusões de Ulrico Zwinglio. Traduzido por: Rev. Ewerton B. Tokashiki.
Fonte: <https://www.academia.edu/2419171/As_67_Conclus%C3%B5es_de_Ulrich_Zwingli>
Acesso em: 07/09/17
[4] Institutas,
IV, 10, 1
[5] Institutas,
IV, 10, 1
[6] Carta
de Calvino ao cardeal Sadoleto. Disponível em: <http://projetocasteloforte.com.br/wp-content/uploads/2017/03/DE-CALVINO-AO-CARDEAL-SADOLETO-COM-CAPA.pdf>
Acesso em: 08/09/17
[7] Ibid.
[8] Cf.
MCGRATH, Alister E. Teologia Histórica: Uma introdução à História do
Pensamento Cristão. São Paulo: CEP, 2007, p.196
[9]
BACKUS, Irena. Apócrifos. In: GISEL, Pierre (Org.) Enciclopédia do
protestantismo: teologia, eclesiologia, filosofia, história, cultura,
sociedade, política. – São Paulo: Hagnos, 2006, p.82
[10] Institutas,
III, 8, 8
[11]
JACKSON, S. Zwingli’s Influence, and His View of the Apocrypha. Fonte:
<https://zwingliusredivivus.wordpress.com/2013/10/21/zwinglis-influence-and-his-view-of-the-apocrypha/>
Acesso em: 09/09/17
[12] Cf.
Sessão IV – Os Livros Sagrados e a Tradição dos Apóstolos. Fonte:
<http://www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/trento/#sessao4>
Acesso em: 09/09/17
[13] Cf.
ARNOLD, Bill T. e BEYER, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento: uma
perspectiva cristã. – São Paulo: CEP, 2001, p.22
[14] A
infância do Salvador. In: PROENÇA Eduardo de (Org). Apócrifos e
pseudoepígrafos da Bíblia – vol. 1. 17ª ed. – São Paulo: Fonte
Editorial, 2017, p. 431
[15] Evangelho
Pseudo-Tomé, 2017, ibid. p. 509-510
[16] Ibid. p.
510
[17] Manual
Presbiteriano, Art. 1
[18] Manual
Presbiteriano, Art. 119
[19] A
Escritura e a Tradição da Igreja são Palavra de Deus, ensinamentos divinos. Fonte:
<https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-e-a-tradicao-da-igreja/>
Acesso em: 09/09/17
[20]
CAMPOS, Heber Carlos de. A Relevância dos Credos e Confissões. In: Fides
Reformata II:2 (jul-dez 1997), 97.
[21] III. Os magistrados não podem assumir para si a administração da Palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu (2Cr 26:18 com Mt 18:17 e Mt 16:19; 1Co 12:28,29; Ef 4:11,12; 1Co 4:1,2; Rm 10:15; Hb 5:4); mas, ele tem autoridade, e é o seu dever, fazer com que a paz e a unidade sejam preservados na igreja, que a verdade de Deus seja mantida pura e inteira; que todas as blasfêmias e heresias sejam suprimidas; todas as corrupções e abusos do culto e da disciplina sejam impedidos ou reformados; e todas as ordenanças de Deus sejam devidamente estabelecidas, administradas e observadas (Is 49:23; Sl 122:9; Ed 7:23,25-28; Lv 24:16; Dt 13:5,6,12; 2Rs 18:4; 1Cr 13:1-9; 2Rs 23:1-26; 2Cr 34:33; 2Cr 15:12,13). Para uma melhor eficácia destas coisas, ele tem poder para convocar sínodos, estar presentes neles, e providenciar para que o que quer que tenha sido decidido neles esteja de acordo com a mente de Deus (2Cr 19:8-11; 2Cr 29 e 30; Mt 2:4,5) <https://goo.gl/FCgaRw>. Compare com a Confissão adotada pela IPB: II. Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu, nem de modo algum intervir em matéria de fé; contudo, como pais solícitos, devem proteger a Igreja do nosso comum Senhor, sem dar preferência a qualquer denominação cristã sobre as outras, para que todos os eclesiásticos sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade de cumprir todas as partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e crença de cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa; e bem assim providenciar para que todas as assembléias religiosas e eclesiásticas possam reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas. <http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm>
[21] III. Os magistrados não podem assumir para si a administração da Palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu (2Cr 26:18 com Mt 18:17 e Mt 16:19; 1Co 12:28,29; Ef 4:11,12; 1Co 4:1,2; Rm 10:15; Hb 5:4); mas, ele tem autoridade, e é o seu dever, fazer com que a paz e a unidade sejam preservados na igreja, que a verdade de Deus seja mantida pura e inteira; que todas as blasfêmias e heresias sejam suprimidas; todas as corrupções e abusos do culto e da disciplina sejam impedidos ou reformados; e todas as ordenanças de Deus sejam devidamente estabelecidas, administradas e observadas (Is 49:23; Sl 122:9; Ed 7:23,25-28; Lv 24:16; Dt 13:5,6,12; 2Rs 18:4; 1Cr 13:1-9; 2Rs 23:1-26; 2Cr 34:33; 2Cr 15:12,13). Para uma melhor eficácia destas coisas, ele tem poder para convocar sínodos, estar presentes neles, e providenciar para que o que quer que tenha sido decidido neles esteja de acordo com a mente de Deus (2Cr 19:8-11; 2Cr 29 e 30; Mt 2:4,5) <https://goo.gl/FCgaRw>. Compare com a Confissão adotada pela IPB: II. Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu, nem de modo algum intervir em matéria de fé; contudo, como pais solícitos, devem proteger a Igreja do nosso comum Senhor, sem dar preferência a qualquer denominação cristã sobre as outras, para que todos os eclesiásticos sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade de cumprir todas as partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e crença de cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa; e bem assim providenciar para que todas as assembléias religiosas e eclesiásticas possam reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas. <http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm>
Fonte: www.napec.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário