Fragmento
1: "Esse entendimento deveria
ser um ponto básico de nossa teologia, mas infelizmente não é. Deus não fica
feliz com a pobreza de um filho Seu, assim como não fica feliz com um filho
doente ou sem a salvação."
Fragmento
2: "Certamente, alguns
religiosos vão afirmar: mas eu prefiro ser pobre e ter paz, a ser rico e ter
desgostos. Ouça a Boa-Nova do Evangelho: Você pode ter os dois!"
O primeiro
fragmento de texto acima, retirado do artigo intitulado "Vida de
Prosperidade" (a fonte não será informada aqui), afirma que "Deus
não fica feliz com a pobreza de um filho seu". Portanto, em oposição a
este ensinamento, buscarei apresentar as causas da pobreza, que Deus é
glorificado e honrado em nosso auxílio para com os pobres, e que os cristãos
estão sujeitos a passarem por necessidades. O segundo fragmento, retirado do
mesmo artigo, afirma que segundo a Boa-Nova do Evangelho, podemos ter paz e
ficarmos ricos. Em oposição, buscarei apresentar ao leitor o que é o Evangelho
e qual seu objetivo.
A Pobreza
A pobreza
é um mal social que nem sempre é causada por culpa do indivíduo. Os órfãos e as
viúvas, que são vítimas da situação em que vivem, são exemplos deste grupo. Por
outro lado, há o grupo dos indivíduos que recusam trabalhar, e o dos que
decidem abrir mão do ganho de riquezas para abraçarem as causas do reino de
Deus em outras nações com padrões de pobreza muito diferentes dos da nossa.
Os padrões
que determinam riqueza e pobreza mudam de lugar para lugar. Um indivíduo pobre
de nossa nação está em melhor condição de vida do que muitos da população pobre
do mundo. Muitos pobres no Brasil têm acesso a água limpa e eletricidade. Há um
número crescente de indivíduos que empobrecem pelos mais diversos motivos:
vítimas de guerra, de roubos, de endividamento, de governos, etc.
É de
fundamental importância entendermos as causas da pobreza e conhecermos as
maneiras de livrarmos muitos que estão em uma situação de vida inferior a de
muitos de nós que alcançamos melhores condições. Principalmente os que são da
fé cristã, que buscam soluções para os problemas sociais na Palavra de Deus.
As Causas
da Pobreza
Vivemos em
mundo caído, e a pobreza, assim como a doença e a morte, resulta do primeiro
pecado, que destruiu as condições de vida nas quais o homem foi criado. As
árvores davam frutos livremente, e ao homem não era permitido desobedecer a
ordem do Criador que lhe concedeu riquezas e domínio. Contudo, o homem não
permaneceu no cumprimento da ordem e da sua desobediência vieram a morte e
todos os tipos de males sociais.
A punição,
comparada a todas as maravilhas concedidas, foi merecida. Depois da queda o
homem teria que do seu trabalho colher o seu alimento, a terra também
produziria espinhos e cardos. A terra que estava sob o domínio do homem
tornou-se maldita e não mais produziria frutos livremente. A pobreza torna-se
uma realidade inerente a vida na terra.
Para
Calvino, pela queda do homem foi demolida toda ordem social, e em Adão tudo foi
amaldiçoado por Deus, como está escrito em Rm 8.20-23. Calvino denuncia neste
contexto pecados sociais como: estocagem de alimentos (trigo), monopólios, e a
especulação financeira, como tendo origem no egoísmo e na avareza do homem.
Homens e
mulheres pecadores, recusam a obedecer os mandamentos de Deus com respeito ao
trabalho produtivo. Alguns são preguiçosos, ladrões, outros se beneficiam da
pobreza de alguns para benefícios próprios, que é o caso de muitos políticos e
empresários. Portanto, a depravação do homem também é uma das causas da
pobreza.
A Pobreza
e o Cristão
O cristão
deve se compadecer dos irmãos necessitados e dos pobres. Se um irmão estiver
necessitado, devemos ajudá-lo em obediência a Deus. Mas pode um cristão sofrer
com a pobreza? Para as Igrejas da Prosperidade não. Portanto, por questões
lógicas, as Igrejas da Prosperidade ao ajudarem os irmãos necessitados, não
vivem segundo o que pregam: que todo cristão deve ser rico pela fé.
Os irmãos
mais necessitados devem ser ajudados. Estas obras mostram que nossa fé não é
morta, e portanto, glorifica a Deus. Deus é glorificado e honrado em nosso
cuidado pelos pobres. Como cristãos, é fundamental entendermos que sempre
haverá pobreza no mundo (Dt. 15.11), e que devemos conduzir os necessitados
para o Evangelho de Cristo, que é o alimento eterno que necessitam, ajudando-os
em suas necessidades nesta vida.
A Palavra
Prosperidade no Salmo 35.27
A palavra
hebraica para prosperidade do Salmo 35.27 é shalom, que fala de "estar
completo", "estar são", "estar bem em todos
os sentidos", "ser próspero e feliz". Prosperidade
bíblica tem a ver com o bem-estar em todas as áreas da vida de uma pessoa. Deus
promete ajudar-nos em nossas necessidades, mas não que ficaremos ricos.
Há
cristãos pobres em várias partes do mundo, mas Deus em sua graça tem sustentado
como promete. Cristãos perseguidos, em países em guerra, oprimidos por líderes
tiranos, mas que são supridos em suas necessidades, e isto é prosperidade, pois
são consolados em suas dores, livres da morte, edificados na fé para não
negarem ao Senhor, etc.
A Salvação
O autor
afirma que "Deus não fica feliz com um filho doente ou sem a
salvação.". Tal afirmação é sem lógica, pois não podemos imaginar um
filho de Deus sem salvação. Sendo Deus pai, como deixaria um filho ir para o
Inferno? A Palavra de Deus nos revela que os seus filhos são salvos por ele em
Cristo.
O
Evangelho
O autor
afirma que é possível ter paz e ser rico. ("Ouça a Boa-Nova do
Evangelho: Você pode ter os dois!"). Primeiro, isto não é o Evangelho.
Segundo, o evangelho não vem resolver a nossa situação financeira. Portanto, o
que é o Evangelho? O Evangelho é quem Cristo é e o que Cristo fez. Ele é
endereçado para resolver um problema comum a nós humanos: Deus é santo, e eu
não sou. Estarei diante de um Deus Santo e serei julgado com base na minha
justiça ou na justiça de outro.
O
Evangelho não é: Deus tem um plano para sua vida; Deus te ama; Deus quer lhe
salvar. O Evangelho é a boa nova de que Deus irá salvar pecadores, aqueles que
quebraram os seus mandamentos e que estão debaixo da Sua Implacável Ira,
através da fé no Filho de Deus que veio ao mundo e viveu uma vida de perfeita
obediência em favor do seu povo. Cristo é o Evangelho.
Conclusão
Deus é
glorificado no sofrimento assim como na regeneração do homem. Mas, precisamos
entender que o sofrimento não é um fim, mas um meio pelo qual Deus trabalha em
nossas vidas. A questão principal não é: “Deus fica triste com um filho pobre”.
Mas o que Deus quer que façamos para ajudar os mais necessitados a alcançarem
melhores condições de vida. Deus é o nosso ajudador em meio a dificuldades e
necessidades.
A Cristo
toda glória!
Notas
[1] DEMAR, Gary. As Causas da
Pobreza. Documento eletrônico: http://www.monergismo.com/textos/politica/as-causas-pobreza_demar.pdf
[3] NICODEMOS, Augustus. O Ensino de
Calvino sobre a Responsabilidade da Igreja. Site: http://www.monergismo.com
por Pedro Henrique
Fonte: www.cosmovisaocrista.com
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