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segunda-feira, 26 de março de 2018

O Cristão e a Pobreza

Fragmento 1: "Esse entendimento deveria ser um ponto básico de nossa teologia, mas infelizmente não é. Deus não fica feliz com a pobreza de um filho Seu, assim como não fica feliz com um filho doente ou sem a salvação."

Fragmento 2: "Certamente, alguns religiosos vão afirmar: mas eu prefiro ser pobre e ter paz, a ser rico e ter desgostos. Ouça a Boa-Nova do Evangelho: Você pode ter os dois!"

O primeiro fragmento de texto acima, retirado do artigo intitulado "Vida de Prosperidade" (a fonte não será informada aqui), afirma que "Deus não fica feliz com a pobreza de um filho seu". Portanto, em oposição a este ensinamento, buscarei apresentar as causas da pobreza, que Deus é glorificado e honrado em nosso auxílio para com os pobres, e que os cristãos estão sujeitos a passarem por necessidades. O segundo fragmento, retirado do mesmo artigo, afirma que segundo a Boa-Nova do Evangelho, podemos ter paz e ficarmos ricos. Em oposição, buscarei apresentar ao leitor o que é o Evangelho e qual seu objetivo.

A Pobreza

A pobreza é um mal social que nem sempre é causada por culpa do indivíduo. Os órfãos e as viúvas, que são vítimas da situação em que vivem, são exemplos deste grupo. Por outro lado, há o grupo dos indivíduos que recusam trabalhar, e o dos que decidem abrir mão do ganho de riquezas para abraçarem as causas do reino de Deus em outras nações com padrões de pobreza muito diferentes dos da nossa.

Os padrões que determinam riqueza e pobreza mudam de lugar para lugar. Um indivíduo pobre de nossa nação está em melhor condição de vida do que muitos da população pobre do mundo. Muitos pobres no Brasil têm acesso a água limpa e eletricidade. Há um número crescente de indivíduos que empobrecem pelos mais diversos motivos: vítimas de guerra, de roubos, de endividamento, de governos, etc.

É de fundamental importância entendermos as causas da pobreza e conhecermos as maneiras de livrarmos muitos que estão em uma situação de vida inferior a de muitos de nós que alcançamos melhores condições. Principalmente os que são da fé cristã, que buscam soluções para os problemas sociais na Palavra de Deus.

As Causas da Pobreza

Vivemos em mundo caído, e a pobreza, assim como a doença e a morte, resulta do primeiro pecado, que destruiu as condições de vida nas quais o homem foi criado. As árvores davam frutos livremente, e ao homem não era permitido desobedecer a ordem do Criador que lhe concedeu riquezas e domínio. Contudo, o homem não permaneceu no cumprimento da ordem e da sua desobediência vieram a morte e todos os tipos de males sociais.

A punição, comparada a todas as maravilhas concedidas, foi merecida. Depois da queda o homem teria que do seu trabalho colher o seu alimento, a terra também produziria espinhos e cardos. A terra que estava sob o domínio do homem tornou-se maldita e não mais produziria frutos livremente. A pobreza torna-se uma realidade inerente a vida na terra.

Para Calvino, pela queda do homem foi demolida toda ordem social, e em Adão tudo foi amaldiçoado por Deus, como está escrito em Rm 8.20-23. Calvino denuncia neste contexto pecados sociais como: estocagem de alimentos (trigo), monopólios, e a especulação financeira, como tendo origem no egoísmo e na avareza do homem.

Homens e mulheres pecadores, recusam a obedecer os mandamentos de Deus com respeito ao trabalho produtivo. Alguns são preguiçosos, ladrões, outros se beneficiam da pobreza de alguns para benefícios próprios, que é o caso de muitos políticos e empresários. Portanto, a depravação do homem também é uma das causas da pobreza.

A Pobreza e o Cristão

O cristão deve se compadecer dos irmãos necessitados e dos pobres. Se um irmão estiver necessitado, devemos ajudá-lo em obediência a Deus. Mas pode um cristão sofrer com a pobreza? Para as Igrejas da Prosperidade não. Portanto, por questões lógicas, as Igrejas da Prosperidade ao ajudarem os irmãos necessitados, não vivem segundo o que pregam: que todo cristão deve ser rico pela fé.

Os irmãos mais necessitados devem ser ajudados. Estas obras mostram que nossa fé não é morta, e portanto, glorifica a Deus. Deus é glorificado e honrado em nosso cuidado pelos pobres. Como cristãos, é fundamental entendermos que sempre haverá pobreza no mundo (Dt. 15.11), e que devemos conduzir os necessitados para o Evangelho de Cristo, que é o alimento eterno que necessitam, ajudando-os em suas necessidades nesta vida.

A Palavra Prosperidade no Salmo 35.27

A palavra hebraica para prosperidade do Salmo 35.27 é shalom, que fala de "estar completo", "estar são", "estar bem em todos os sentidos", "ser próspero e feliz". Prosperidade bíblica tem a ver com o bem-estar em todas as áreas da vida de uma pessoa. Deus promete ajudar-nos em nossas necessidades, mas não que ficaremos ricos.

Há cristãos pobres em várias partes do mundo, mas Deus em sua graça tem sustentado como promete. Cristãos perseguidos, em países em guerra, oprimidos por líderes tiranos, mas que são supridos em suas necessidades, e isto é prosperidade, pois são consolados em suas dores, livres da morte, edificados na fé para não negarem ao Senhor, etc.

A Salvação

O autor afirma que "Deus não fica feliz com um filho doente ou sem a salvação.". Tal afirmação é sem lógica, pois não podemos imaginar um filho de Deus sem salvação. Sendo Deus pai, como deixaria um filho ir para o Inferno? A Palavra de Deus nos revela que os seus filhos são salvos por ele em Cristo.

O Evangelho

O autor afirma que é possível ter paz e ser rico. ("Ouça a Boa-Nova do Evangelho: Você pode ter os dois!"). Primeiro, isto não é o Evangelho. Segundo, o evangelho não vem resolver a nossa situação financeira. Portanto, o que é o Evangelho? O Evangelho é quem Cristo é e o que Cristo fez. Ele é endereçado para resolver um problema comum a nós humanos: Deus é santo, e eu não sou. Estarei diante de um Deus Santo e serei julgado com base na minha justiça ou na justiça de outro.

O Evangelho não é: Deus tem um plano para sua vida; Deus te ama; Deus quer lhe salvar. O Evangelho é a boa nova de que Deus irá salvar pecadores, aqueles que quebraram os seus mandamentos e que estão debaixo da Sua Implacável Ira, através da fé no Filho de Deus que veio ao mundo e viveu uma vida de perfeita obediência em favor do seu povo. Cristo é o Evangelho.

Conclusão

Deus é glorificado no sofrimento assim como na regeneração do homem. Mas, precisamos entender que o sofrimento não é um fim, mas um meio pelo qual Deus trabalha em nossas vidas. A questão principal não é: “Deus fica triste com um filho pobre”. Mas o que Deus quer que façamos para ajudar os mais necessitados a alcançarem melhores condições de vida. Deus é o nosso ajudador em meio a dificuldades e necessidades.

A Cristo toda glória!


Notas

[1] DEMAR, Gary. As Causas da Pobreza. Documento eletrônico: http://www.monergismo.com/textos/politica/as-causas-pobreza_demar.pdf

[2] Reasons for Poverty. Devocional: 
http://www.ligonier.org/learn/devotionals/reasons-poverty/

[3] NICODEMOS, Augustus. O Ensino de Calvino sobre a Responsabilidade da Igreja. Site: http://www.monergismo.com

[4] SPROUL, RC. What the Gospel? Artigo: http://www.ligonier.org/learn/articles/what-gospel/

por Pedro Henrique

Fonte: www.cosmovisaocrista.com

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