“Sou a favor do ministério
feminino, mas sou contra o ministério feminino ordenado” (Augustus Nicodemus)
A história nos ajuda a compreender
o presente. Na história das religiões mundiais, percebemos a presença das
mulheres como deusas, sacerdotisas, exercendo em muitas delas autoridade
espiritual.
No Egito, na Suméria, na
Babilônia, na cultura Chinesa, na Hindu, na Ilha de Creta (crentenses), nas
civilizações minóicas, Persas, nas civilizações Grega e Romana todas estas eram
politeístas (crença em vários deuses).
Já na história do povo judeu,
temos a Bíblia (Velho Testamento), como a principal fonte de estudo dessa
civilização, encontramos uma ruptura com esta prática, e gostaria de juntos
fazermos uma reflexão.
Abraão, que veio da Suméria,
conhecedor de um panteão de deuses e deusas, sendo os primeiros grandes poemas
sumérios escritos por uma mulher, Enheduanna, que foi tanto uma sacerdotisa
(EN) do deus Nanna na cidade de Ur, e princesa real, filha do rei Sargão, o
Acádio. Esta deusa tinha uma grande influência em toda aquela região. O que nos
leva a pensar é por que Abraão não continuou com esta prática a partir do seu
chamado em Gênesis 12:1-5 “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da
tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E
far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu
serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; e em ti serão bendita s todas as famílias da terra. Assim partiu
Abrão como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de
setenta e cinco anos quando saiu de Harã. E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e
a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que
lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra
de Canaã.”
Moisés nasceu e viveu na cultura
egípcia (África) dividida em alguns níveis, cada uma com suas atividades
próprias. Nessa sociedade a mulher era muito prestigiada. O Antigo Egito, por
exemplo, ficava no nordeste da África onde é hoje a República Árabe do Egito. O
nordeste da África é a região onde o Antigo Egito, propriamente dito, começou a
se desenvolver. O rio Nilo (6 500 km e 6 cataratas) cortava o seu antigo
território. Situa-se entre os dois desertos (deserto da Lídia e deserto da
Arábia). O faraó era um rei onipotente, proprietário do todo o país. Ele era a
um só tempo, ou seja, simultaneamente, monarca, autoridade judiciária,
sacerdote, tesoureiro, general. Era ele que fazia as decisões e a direção de
tudo o que via, porém não podendo ter condições de ir a todos os lugares do
reino, distribuía ocupações para mais de cem funcionários que o assessoravam na
administração do Egito. A imagem divina do faraó era subsídio essencial para a
unidade de todo o Egito. O povo acre ditava que o faraó era a certeza de que
ele próprio sobreviveria ao longo dos tempos e esperava ser feliz.
Os sacerdotes eram grandemente
prestigiados e poderosos, tanto espiritualmente como materialmente, pois
dirigiam as riquezas e os bens dos valiosos templos de dimensões avantajadas.
Eram também homens intelectualmente privilegiados (vulgo sábios) do Egito,
guardiões dos segredos científicos e dos mistérios da religião que se
relacionavam com seus numerosos deuses.
Os egípcios eram um povo
profundamente religioso, portanto, acreditavam em vários deuses. Esta era a
importância da formação civilizatória e organizacional da sociedade. O tipo de
crença era o politeísmo. A partir dos primeiros tempos da história da
humanidade, os cidadãos do Antigo Egito prestavam culto a inúmeras e estranhas
divindades. Os mais antigos foram indivíduos do reino Animal e cada ser humano
tinha o seu animal-deus como protetor. Prestavam cultos a gatos, bois,
serpentes, crocodilos, touros, chacais, gazelas, escaravelhos, entre outros.
O que me impressiona é o porquê
Moisés não leva todo esse panteão de deuses e deusas para o deserto junto com o
povo, pelo contrário recebe uma orientação de Deus para construir o tabernáculo
no deserto e praticar uma religião e uma espiritualidade diferentemente do que
viu no Egito, ou seja, Moisés segue a religião monoteísta.
Estas práticas culturais,
simbólicas e religiosas migraram para muitos povos, os babilônicos, fenícios,
persas, gregos, romanos, inclusive o Código de Hamurabi influenciou a Cultura
Bíblica, principalmente o Velho Testamento, mas percebemos claramente uma
ruptura com a questão da ordenação do ministério feminino ao sacerdócio em todo
o Velho Testamento não temos a esposa do sacerdote sendo sacerdotisa.
Destacamos algumas mulheres que
exerceram o seu ministério na história do povo judeu, e nenhuma dela exerceu o
sacerdócio ordenado. Vejamos: EVA, a mãe de todos os viventes ( Gênesis ), SARAH,
uma esposa submissa ( Gênesis ). REBECA, uma mulher de fé hesitante, MIRIÃ, uma
líder nata (Êxodo). RAABE, uma salvadora sagaz (Josué ). DÉBORA, uma juíza
diferente. A líder de Israel ( Juízes ), RUTE, uma fiel moabita (livro de Rute
). ANA, uma mãe dedicada ( 1º Samuel ), ABGAIL, uma beldade inteligente ( 1º
Samuel ). RISPA, uma testemunha silenciosa ( 2º Samuel ). A viúva de Sarepta (
1º Reis ). A rainha de Sabá( 1º Reis ). A serva de Naamã, um instrumento de
benção ( 2º Reis ). HULDA, a profetisa que mudou uma nação ( 2º Reis ).
JEOSABEATE (2Cr 22.11), a esposa de um sacerdote ( 2º Crônicas), ESTER, uma
rainha corajosa (livro de Ester ), A noiva sulamita ( Cântico )
“Sou a favor do ministério
feminino, mas sou contra o ministério feminino ordenado” (Augustus Nicodemus,
teólogo, ministro presbiteriano, Profº da Universidade Presbiteriana
Mackenzie). Segundo o citado pastor em uma palestra no Youtube, o mesmo faz um
relato histórico em toda a história bíblica e admite a impossibilidade
doutrinária, histórica, bíblica teológica do ministério feminino ordenado. O
mesmo fala do ministério das mulheres na Bíblia e cita Débora como juíza
(função civil), Hulda como profetisa (o ministério de profeta não era
ordenação). Admite que a mulher é inteligente e dedicada, o seu empenho e papel
na história, principalmente nas religiões que sejam cristãs ou não. Diz que
Jesus Cristo, no momento da escolha dos apóstolos, poderia ter chamado Maria,
sua mãe para ser apóstola, mas não o f ez.
Jesus deu dignidade e valor a mulher,
expulsou demônio de Maria Madalena, permitiu que Maria, a prostituta beijasse
sues pés, as mulheres foram as primeiras a anunciar a ressurreição, utilizou
muitas mulheres nobres a serviço do reino, considerou o ministério feminino,
mas nunca ordenou nenhum delas a liderança espiritual, ou até mesmo permitisse
que uma delas exercesse os atos ministeriais. Quando na escolha do novo
apóstolo, para substituir Judas, os apóstolos poderiam ter escolhido Maria, mãe
de Jesus, mas escolheram homens. Segundo Augustus Nicodemus, o que podemos
concluir é que Deus, na sua soberania, resolveu designar esse ministério
ordenado para os homens. Quando os irmãos reclamaram das viúvas que estavam
sendo desprezadas na distribuição diária, convocou-se uma assembléia (havia
mulheres presentes) e escolheram sete homens de boa reputação (Atos 6), o ideal
seria escolher sete mulheres para cuidar da beneficência e das viúvas, mas não
o fizeram. Isto nos deixa muito claro que na Bíblia não há espaço algum para o
ministério feminino ordenado, e sim todo um incentivo ao ministério feminino.
O apóstolo Paulo era conhecedor
profundo da cultura greco-romana, e presenciou nas suas viagens a religiosidade
do povo e os deuses e deusas, (diversidade religiosa), mas não admitiu tal cultura
na pregação do evangelho, e não designou nenhuma mulher para o presbitério,
apesar de contar com o apoio ministerial feminino, e manda saudações e
agradecimentos a várias mulheres que cooperaram com o seu ministério.
Ao examinarmos o Novo Testamento,
descobrimos a posição das mulheres piedosas, honradas e belas no mais alto
grau. Maria –"agraciada"–"bendita entre as mulheres"; sua
prima Isabel, mãe de João Batista. Ana, idosa viúva de oitenta e quatro anos,
dedicada ao serviço de Deus, são as mais belas personagens diretamente ligadas
ao nascimento de Cristo. Maria, irmã de Lázaro,“escolheu a melhor parte”, ao
colocar-se aos pés do Senhor para ouvir-lhe os ensinamentos. Foi ela que O
ungiu para o Seu sepultamento, uma ação que jamais perderá a sua fragrância
“onde quer que este Evangelho for pregado, em todo o mundo,será também contado
o que ela fez para memória sua"(Mt 26:13). Febe, foi uma servidora da
igreja e socorreu a muitos (Rm 16:1). Lídia hospedou o apóstolo Paulo em sua
casa (At 16:40). Priscila, ajudou Áquila a expor com mais exatidão o caminho de
Deus a Apolo (At 18:26). Lembramos também das "mulheres gregas da classe
nobre" que creram (At 17:12). Paulo, no final da carta à igreja em Roma,
faz uma saudação e um claro elogio a Trifena, Trifosa e Pérside, mulheres que
trabalhavam no Senhor (Rm 16:12). A Maria Madalena foi concedida a alta honra
de transmitir aos demais discípulos a ressurreição de Cristo (Jo 20:17). E o
que dizer de “Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras,
as quais lhe prestavam assistência com os seus bens” (Lc 8:3). Mulheres que
foram alcançadas pelo toque, pela presença poderosa de Jesus. Sara, apesar de
não estar na lista das mulheres do Novo Testamento, é nele citada com destaque
e permanece como o exemplo das "santas mulheres que esperavam em Deus, e
estavam sujeitas aos seus próprios maridos", pois lemos que "Sara
obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o
bem" 1Pe 3:5,6.
Considerações Finais
Que belo e honrado caminho foi
trilhado por essas mulheres! Que possamos encontrar as descendentes dessas
piedosas mulheres entre nós! Os apóstolos Paulo e Pedro estabeleceram algumas
qualidades destinadas especificamente às mulheres. Estas características servem
como critérios para avaliar o perfil da mulher no novo testamento:
“Da mesma sorte, quanto a
mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes,
temperantes e fiéis em tudo”. 1Tm 3:11
Pregamos que a Bíblia é a nossa
regra de fé e prática. Então, já que não há na Palavra de Deus nenhuma
orientação clara, com relação ao ministério feminino ordenado, por que avançar
um sinal que não está favorável (verde). Estamos forçando o texto bíblico,
estamos praticando uma cultura religiosa pagã e estamos desobedecendo a Deus,
causando grandes prejuízos para as nossas igrejas, a nossa denominação e a
nossa sociedade, e levando as mulheres a assumir um ministério ordenado que
Deus, o nosso pai não ordena.
Parabéns as mulheres pelo
ministério que o Senhor Jesus tem confiado a cada uma, continuem exercendo com
amor e dedicação. Os sacerdotes, os profetas, os reis, os apóstolos, os
pastores, as igrejas, não teriam produzido, avançado tanto, sem o ministério das
mulheres.
Pastor Pedro Inácio de Lima Neto
1ª Igreja Evangélica Congregacional em Mangabeira -
João Pessoa/PB
Fonte: www.cosmovisaocrista.com
Imagem: Google
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