Seitas
e novas religiões estão se expandindo em proporções sem precedentes no
horizonte americano. A medida que a luz do cristianismo deixa de brilhar
intensamente, trevas de todas as partes passam a inundar o mundo.
Extraído do livro
Respostas às Seitas de Norman L. Geisler e Ron Rhodes.
Testemunhas
de Jeová, Mórmons e a abundância de religiões da linha da Nova Era estão em
busca das almas dos seres humanos. Cada uma delas professa ser detentora do
mais recente caminho para o esclarecimento, declaram-se profetas de nossos
dias, ou ainda o caminho seguro para o alcance da paz universal.
Alguns especialistas dizem que há cerca de
700 seitas, enquanto outros declaram existir cerca de 3.000. De alguma forma,
as seitas envolvem mais de vinte milhões de pessoas nos Estados Unidos, e estão
se multiplicando a uma razão alarmante. Existem hoje espalhados pelo mundo mais
de 5 milhões de Testemunhas de Jeová (que gastam mais de
um
bilhão de horas-homem por ano no trabalho proselitista), quase 9 milhões de
mórmons (atualmente crescendo à razão de 1.500 novos membros por dia), e
dezenas de milhões de adeptos da Nova Era.
As religiões de alcance mundial que são
diametralmente opostas ao cristianismo também estão crescendo em proporções
assustadoras. Existe, por exemplo, cerca de um bilhão de muçulmanos no mundo.
Isso representa praticamente uma entre cada cinco pessoas na terra! Somente na
América do Norte estima-se que vivam entre 4 a 8 milhões de muçulmanos, e que
haja mais de 1.100 mesquitas muçulmanas.
Está claro que os cristãos devem levar a sério
a ameaça das seitas, e aprender a resguardar o cristianismo face às suas
investidas brutais. Este livro o ajudará a alcançar esse objetivo, mas é
importante compreendermos primeiramente algumas características comuns das
seitas.
0 QUE É UM A SEITA?
Não há uma definição mundial de comum
acordo a respeito do que caracteriza uma seita; existem apenas algumas
características gerais que nos permitem reconhecê-las.
Há hoje três diferentes dimensões de seitas
doutrinárias, sociológicas e morais. Vamos a seguir examinar brevemente cada
uma delas. Tenha em mente, contudo, que nem todas as seitas manifestam cada uma
das características que discutimos.
Características doutrinárias de uma
seita
Existem
várias características doutrinárias nas seitas. Tipicamente dão ênfase a novas
revelações “recebidas de Deus”, negam a autoridade única da Bíblia, negam a Trindade,
possuem uma visão distorcida de Deus e de Jesus, ou ainda rejeitam a salvação
pela graça.
Nova
revelação
— Muitos líderes de seitas afirmam ter um
canal direto de comunicação com Deus. Os ensinamentos das seitas são
frequentemente mudados e, por isso, precisam de novas “revelações” para
justificar tais mudanças. Os mórmons, por exemplo, certa vez excluíram os
afro-americanos do sacerdócio. Quando a pressão social foi exercida sobre a
igreja mórmon por essa espalhafatosa forma de racismo, o presidente dos mórmons
recebeu uma nova “revelação”, revertendo o decreto anterior. As testemunhas
de
Jeová passaram pelo mesmo tipo de mudança cm relação aos ensinos anteriores da
Torre de Vigia, que diziam que a vacinação e o transplante de órgãos eram
proibidos por Jeová.
A
negação da autoridade única da Bíblia —
Muitas seitas negam a autoridade
única da Bíblia. Os mórmons, por exemplo, acreditam que o Livro de Mórmon é uma
escritura superior à Bíblia. Jim Jones, fundador e líder de Jonestown,
colocou-se a si mesmo em posição de autoridade acima da Bíblia. Os cientistas
cristãos elevam o livro de Mary Baker Eddy, intitulado Science and health (Ciência e saúde), à condição de autoridade suprema. O reverendo
Moon estabeleceu o seu livro The Divine principie (O princípio divino) como autoridade sobre todos os seus
seguidores.
Os
adeptos da Nova Era creem em muitas formas modernas de revelações impositivas,
tais como O Evangelho
aquariano de Jesus, o Cristo.
Uma visão distorcida de Deus e de Jesus — Muitas seitas estabelecem uma visão distorcida de Deus e de
Jesus. Os adeptos da Unidade Pentecostal “ Somente Jesus”, por exemplo, negam a
Trindade e aderem a uma forma de modalismo, alegando que Jesus é Deus, e que
“Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” são apenas nomes singulares de Jesus. As
Testemunhas
de
Jeová negam tanto a Trindade como a absoluta divindade de Cristo, dizendo que
Cristo é menor do que o Pai (que é o Deus Todo-Poderoso). Os mórmons dizem que
Jesus foi procriado (por um pai e uma mãe celestiais) em determinada ocasião,
sendo também o espírito-irmão de Lúcifer. Os mórmons falam também de uma
“trindade”, porém a redefinem em forma de triteísmo (ou seja, três deuses). Os
bahais dizem que Jesus foi apenas um dos muitos profetas de Deus. O Jesus dos
espiritualistas (ou espíritas) é apenas um médium avançado. O Jesus dos
teosofistas é uma mera reencarnação do chamado “Mestre do Mundo” (do qual se
diz que periodicamente reencarna no corpo de um discípulo humano). O Jesus do
psíquico Edgar Cayce é um ser que em sua primeira encarnação foi Adão, e em sua
trigésima reencarnação foi “o Cristo”.
Em relação ao exposto acima, as seitas também
negam a ressurreição física de Jesus Cristo. As Testemunhas de Jeová, por exemplo,
dizem que Jesus foi levantado dentre os mortos como uma criatura invisível, um
espírito. Herbert W Armstrong fundador da Worldwide Church of God (Igreja
Mundial de Deus), também negou a ressurreição física de Cristo em corpo humano.
(Observe que há poucos anos a Igreja mundial de Deus repudiou muitos dos
ensinos de Armstrong e tem dado passos significativos em direção à ortodoxia.)
Negar
a salvação pela graça —
As seitas geralmente negam que a salvação é dada pela graça de Deus,
distorcendo assim a pureza do Evangelho. Os mórmons, por exemplo, enfatizam a
necessidade de tornarem-se mais e mais perfeitos nesta vida. As Testemunhas de
Jeová dão ênfase à distribuição de literatura da Torre de Vigia de porta em
porta como parte do trabalho para “alcançar” a sua salvação. Herbert W.
Armstrong disse que a ideia de que as obras não são um requisito para que uma
pessoa alcance a salvação possui raízes em Satanás.
A
partir do breve exame acima, fica claro que todas as seitas negam uma ou mais
das doutrinas básicas do cristianismo.
Características sociológicas de uma
seita
Além
das características doutrinárias das seitas, muitas delas (não todas) também
possuem traços sociológicos que incluem o autoritarismo, o exclusivismo, o
dogmatismo, as mentes fechadas, as susceptibilidades, a compartimentalização, o
isolamento e até mesmo o antagonismo. Vamos considera-los de forma breve.
Autoritarismo — O autoritarismo envolve a aceitação de uma figura de autoridade,
que frequentemente utiliza técnicas de controle mental sobre os membros do
grupo.
Como profeta e/ou fundador, a palavra desse
líder é considerada final. O falecido David Koresh, da seita Branch Davidian
(Ramificação Davidiana) emWaco, no estado do Texas é um exemplo trágico. Outras
seitas que envolvem autoritarismo incluem os Meninos de Deus (agora chamados de
A Família) e a Igreja da Unificação.
Os profetas/fundadores de seitas não devem ser
confundidos com Martinho Lutero e John Wesley. As diferenças são
significativas. Um reformador, em contraste com o fundador de uma seita, lidera
as pessoas através do amor, e não do medo. Influencia por amor, não por ódio.
Procura motivar os corações mas não tenta controlar os pensamentos.
Lidera
os seus seguidores como um pastor lidera ovelhas; não as conduz como bodes.
Exclusivismo — Outra característica das seitas é um exclusivismo que declara: “Somente
nós temos a verdade”.
Os
mórmons acreditam que são a comunidade exclusiva dos salvos na terra. As
Testemunhas de Jeová acreditam que são a comunidade exclusiva dos salvos.
Alguns
grupos manifestam o exclusivismo através de sua prática de vida em comunidades.
Sob tais condições, é mais fácil manter controle sobre os membros da seita.
Exemplos desse tipo poderiam incluir os Meninos de Deus e a Branch Davidian.
E
importante observar que existem alguns grupos religiosos que praticam a vida em
comunidade, porém não são seitas. O grupo The Jesus People USA (O povo de Jesus
nos EUA), em Chicago, constitui um exemplo de um bom grupo cristão que vive em
comunidade.
Dogmatismo — Relacionadas de perto com o exposto acima, muitas seitas são
dogmáticas — e esse dogmatismo é frequentemente expresso de forma
institucional. Por exemplo, os mórmons declaram ser a única igreja verdadeira
na terra. As Testemunhas de Jeová dizem que a Sociedade Torre de Vigia é a
única voz de Jeová na terra. David Koresh declarou-se a única pessoa capaz de
interpretar a Bíblia.
Muitas
seitas acreditam ter a verdade dentro de uma pasta, como se ela ali estivesse.
Pensam que somente elas estão de posse dos oráculos divinos.
Mentes
fechadas
— De mãos dadas com o dogmatismo está a
característica de possuir mentes fechadas. Essa indisposição de ao menos
considerar qualquer outro ponto de vista tem frequentes manifestações radicais.
Um mórmon educado que encontramos nos disse que não lhe importaria se pudesse
ser provado que Joseph Smith foi um falso
profeta;
ele ainda assim continuaria sendo um mórmon.
Um homem testemunha-de-Jeová que certa vez
encontramos recusou-se a concluir a leitura de um artigo que provava a
divindade de Cristo porque, disse ele: “Isso está incomodando a minha fé”.
Susceptibilidade — O perfil psicológico de muitas pessoas que são “sugadas” para
dentro de seitas não é do tipo bajulador. Com certa frequência, as pessoas que
se juntam a uma seita são altamente incautas. Algumas vezes são até mesmo
psicologicamente vulneráveis. Mas, acima de tudo, a mentalidade nas seitas é
caracterizada por uma compartimentalização não saudável (isto é, elas “põem em compartimentos”
fatos conflitantes e ignoram qualquer coisa que contradiga as suas afirmações).
Muitos mórmons possuem uma “chama em seu seio” que faz com que seja
praticamente impossível argumentar com eles sobre a sua fé.
Membros
de seitas frequentemente aceitam ensinos conforme um tipo de fé cega, que é
insensível à argumentação sensata. Um missionário mórmon declarou que
acreditaria no Livro de Mórmon, ainda que o livro dissesse que existem círculos
quadrados!
Isolamento — As seitas mais extremistas criam às vezes fronteiras
fortificadas, frequentemente precipitando finais trágicos, tais como o desastre
em Waco, no estado do Texas, com a seita Branch Davidian. Desertores são
considerados traidores, passando a correr risco de vida e sendo perseguidos pelos
membros mais zelosos da seita. Em muitos casos, diz-se aos membros da seita que
se abandonarem o grupo serão atacados e destruídos por Satanás. A construção de
tais barreiras, seja de caráter físico, seja de caráter psicológico, criam um
ambiente de isolamento que, por sua vez, leva ao antagonismo.
Antagonismo — Em um contexto de isolamento, são gerados tanto o medo como o
sentimento de hostilidade em relação ao mundo exterior. Todos os outros grupos
são considerados apóstatas, “o inimigo” e “as ferramentas de Satanás”. Em casos
extremos, esse fato pode levar a conflitos armados, como aconteceu em Jonestown
e em Waco.
Características morais de uma seita
No
topo dos traços doutrinários e sociológicos das seitas existem também algumas
dimensões morais a serem consideradas. Em meio às seitas que brotam, estão
muito presentes o legalismo, a perversão sexual, a intolerância, abusos psicológicos
e até mesmo físicos. Vale lembrar que nem todas as seitas manifestam cada uma
dessas características.
Legalismo — Para muitas seitas, é comum o estabelecimento de um rigoroso
conjunto de regras que devem ser obrigatoriamente vividas pelos devotos. Esses
padrões são usualmente extrabíblicos.
O
ensino mórmon que proíbe o uso de café, chá, ou qualquer bebida que contenha
cafeína é um caso típico. O requisito imposto pela Sociedade Torre de Vigia para
que as Testemunhas de Jeová distribuam literatura de porta em porta é outro
exemplo. O ascetismo do tipo monástico, com sua rigorosa obrigatoriedade de
cumprimento de regras, é frequentemente visto como um meio de se alcançar o
favor de Deus. Como tal, é a manifestação da rejeição comum das seitas à graça
de Deus.
Perversão
sexual
— Lado a lado com o legalismo, o vício gêmeo
da perversidade moral é bastante encontrado nas seitas. Joseph Smith (e outros
líderes mórmons) teve muitas esposas. David Koresh afirmou possuir todas as
mulheres em seu grupo, até mesmo as meninas mais novas. De acordo com uma
revelação através de uma reportagem em 1989, meninas da idade de dez anos
estavam incluídas. A seita Meninos de Deus tem utilizado, através de sua
história, técnicas de “pescaria através do flerte”, com a finalidade de atrair
pessoas para a seita, com apelos sexuais. Foi denunciada a prática de sexo
entre adultos e crianças dentro dessa seita.
Abuso
físico
— De forma trágica, algumas seitas empenham-se
em aplicar diferentes formas de abuso físico. Ex adeptos de seitas acusam com
frequência seus ex-líderes de concentrarem-se em espancamentos, privação do
sono, severa privação de alimentos e agressões a crianças até que estas
ficassem queimadas ou sangrando. As vezes, há acusações de abusos ritualísticos
satânicos, embora tais fatos raramente sejam levados a conhecimento público.
Contudo, os abusos psicológicos como o medo, a
intimidação e o isolamento são mais comuns. O abuso físico em seu máximo grau é
ilustrado na pessoa do líder Jim Jones, que levou todos os membros de Jonestown
a beber ponche envenenado.
Intolerância
para com as outras pessoas —
Tolerância religiosa não é uma das virtudes da mentalidade das seitas. A intolerância
é frequentemente manifestada através de hostilidades, culminando algumas vezes
com assassinatos. A história tanto dos mórmons como da seita Branch Davidian possuem
exemplos desse tipo de intolerância violenta. Certamente outros grupos
religiosos, como os muçulmanos radicais, são conhecidos pelo mesmo tipo de
comportamento.
Mais
próximo ao lar, a Inquisição Hispânica é uma manifestação de zelo de seitas
cristãs.
A METODOLOGIA EMPREGADA PELAS SEITAS
As seitas são bem conhecidas pelo emprego de
seus métodos questionáveis. Por exemplo, as seitas se concentram em decepções
morais e processos agressivos de proselitismo.
Vamos
analisar isso de forma resumida.
Decepção
moral
— Os seguidores da seita Moon são conhecidos por
sua chamada decepção celestial. Duplicidade e mentiras são usadas para ganhar
adeptos ao movimento.
O fundador da seita mórmon, Joseph Smith,
também se envolveu em táticas fraudulentas que, no devido tempo, o levaram aos
tribunais, onde foi uma vez declarado culpado' e multado. Líderes modernos da
Meditação Transcendental também usaram de engano na tentativa de levar adiante
sua causa. Muito mais comum é o emprego de termos cristãos pelas seitas, porém
infundidos com novos significados. Dessa maneira, cristãos destreinados são
enganados e conduzidos a pensar que a seita é cristã. Por exemplo, seitas da
Nova Era algumas vezes utilizam os termos “ressurreição” e “ascensão” quando na
realidade querem expressar a “ascensão” da conscientização cristã no mundo. O
tão familiar termo cristão “nascido de novo” é muito empregado pela Nova Era para
dar suporte à doutrina da reencarnação. O termo "o ( a isto” é utilizado
pelos adeptos da Nova Era visando obter aprovação dos cristãos quando, para
eles, o atual e verdadeiro significado desse termo expressa o oficio oculto desempenhado
por vários gurus através da história.
Proselitismo
agressivo
— Existe, sem dúvida, uma boa percepção no
tocante ao trabalho de proselitismo de cada religião. Ou seja, cada uma delas
emprega esforços para trazer outras pessoas para a sua fé. O cristianismo, o
judaísmo, o islamismo e até mesmo certas formas de hinduísmo e budismo procuram
converter pessoas às suas crenças.
As seitas, contudo, levam as atividades
proselitistas ao extremo. Seu excessivo esforço proselitista constitui uma tentativa
de obtenção da aprovação de Deus. Trabalham para a graça, ao invés de trabalhar
a partir da graça, como a Bíblia ensina (2 Co 5.14). Algumas vezes os seus
esforços são empregados em favor da satisfação de seus próprios egos.
Muitas
vezes seu proselitismo ultrazeloso envolve evangelismo impessoal ou pessoas
escusas. Os membros da igreja de Cristo em Boston são conhecidos por seus
esforços direcionados a tentativas ultrazelosas para conseguir a conversão de
pessoas nas diversas escolas de segundo grau espalhadas pelos Estados Unidos. Tanto
os mórmons como as Testemunhas de Jeová possuem extensos programas de
proselitismo porta a porta, embora sejam usualmente menos ofensivos em sua
abordagem.
E importante notar que enquanto quase
todas as seitas são agressivamente evangelizadoras, nem todos os evangelizadores
agressivos são de seitas. As organizações intituladas Campus Crusade for Christ
(no Brasil Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo) e Jews for Jesus
(Judeus para Jesus) são ministérios zelosos pelo evangelismo, mas não são
seitas. Na verdade, se a igreja cristã fosse mais zelosa pelo verdadeiro
evangelismo, o mundo teria menos proselitismo praticado por seitas.
POR QUE AS SEITAS ESTÃO CRESCENDO?
Um pesquisador de importante reputação na
área de seitas observou que elas são “as contas não pagas da igreja”.
A
igreja tem fracassado em oferecer o devido treinamento doutrinário a seus
membros e falhado em termos de fazer uma verdadeira diferença moral na vida de
seus discípulos; não tem ido ao encontro das mais profundas necessidades das
pessoas, e não tem oferecido a elas o sentimento de "fazer parte”, de
pertencer. A falha da igreja é ampla e profunda, e isso tem facilitado o
florescimento de seitas.
Porém,
certamente o crescimento das seitas pode também ser atribuído a muitos outros
fatores. Dentre outras razões, as seitas estão se multiplicando por causa do
crescimento do relativismo, do egocentrismo, do subjetivismo e do misticismo.
Além disso, a rebelião moral e o colapso de famílias têm contribuído para o
aumento do número de seitas em todo o mundo. Considere o seguinte:
Fracasso
doutrinário
— Walter Martin disse certa vez que o aumento
das seitas é “diretamente proporcional à ênfase oscilante que a igreja cristã
colocou no ensino da doutrina bíblica para os cristãos leigos. De forma mais
correta, alguns pastores, professores e evangelistas defendem adequadamente as
suas crenças. Mas a maioria deles — bem como a
maioria dos cristãos leigos comuns — teria dificuldade
de confrontar e refutar adeptos bem treinados de praticamente todos os tipos de
seitas” (The
rise of the cults, pág.24). A falha da igreja no ensino da sã
doutrina leva as pessoas à aceitação de falsas doutrinas. Uma pessoa não é
capaz de reconhecer o errado a menos que primeiramente compreenda a verdade. Só
se pode reconhecer as imitações através da comparação com aquilo que é genuíno.
Aumento
do relativismo
— O crescimento do relativismo em nossa
cultura também tem contribuído para o crescimento das seitas. As afirmações do
tipo: “Isso pode ser válido para você, mas não para mim” e “Tudo depende da
situação” são atualmente quase proverbiais. Essa praga do relativismo tem quase
inundado a terra. Com a mentalidade do “Faça o que achar melhor” tem vindo a
síndrome do " tenha a sua própria religião”. A negação feita pelo humanismo
secular em relação a toda a soberania dada por Deus tem conduzido a um vácuo do
tamanho de Deus em nossa sociedade, e nesse vácuo o misticismo oriental tem se movido
rapidamente.
Volta
ao misticismo oriental— The turn east (A volta para o Leste) como Harvey Cox, da Universidade de Harvard,
intitulou o seu livro, tem sido tão natural quanto fenomenal.
A partir do momento em que a sociedade
americana rejeitou suas raízes judaico-cristãs, preferindo o humanismo secular
que não é capaz de satisfazer os desejos do coração das pessoas a única força
significativa que restou foi o misticismo oriental. O teísmo cristão afirma que
Deus criou tudo. O ateísmo secularista declara que Deus não existe. Sendo ambas
as afirmações tidas por alguns como insatisfatórias, nossa cultura tem se
voltado agora às seitas orientais que proclamam que Deus é tudo, e tudo é Deus.
O ato de voltar-se para o Oriente tem sido
acompanhado de um retorno às coisa do íntimo. As seitas místicas, salientando
experiências subjetivas e sentimentos interiores, têm crescido rapidamente no
despertamento do misticismo.
Passamos
da condição de cultura que explora o universo lá fora para uma de exploradores
do universo aqui mesmo dentro de nós. O foco não está tanto no espaço externo
como no espaço interno. Isso, com certeza, é o que os místicos orientais sempre
ensinaram, e se adapta como luvas nas mãos das seitas da Nova Era.
Ênfase
no próprio ego
— O crescimento do amor próprio em exagero tem
também contribuído para a proliferação das seitas. A mentalidade do “Faça o que
achar melhor para você mesmo” conduz naturalmente ao movimento “Inicie a sua
própria seita”. Cumpre-nos dizer que as seitas são a liberdade religiosa
espalhada como sementes. A filosofia humanista “Cada homem por si mesmo” é o
fertilizante perfeito para o crescimento de novas religiões que supram as
necessidades sentidas pelos indivíduos ao invés de as reais necessidades deles.
Ênfase
nos sentimentos —
Outro fator que conduz ao aumento das seitas é o crescimento do subjetivismo e
do existencialismo. Tendo por certo o aparentemente insaciável apetite por
religiões, a síndrome do “Se você se sente bem, faça-o” conduz naturalmente à
busca de religiões que façam a pessoa se sentir bem. Enquanto alguns ainda buscam
o atalho psicodélico para o nirvana através de drogas que ampliem o pensamento,
outros buscam uma experiência mística subjetiva que transcenda as rotinas da
vida cotidiana. Isso explica em grande parte o crescimento de seitas da Nova
Era, tais como a meditação transcendental.
Rebelião
moral
— Sob todos os fatores sociais e psicológicos que
dão ocasião ao crescimento das seitas, está a depravação moral. A Bíblia deixa
muito claro que os seres humanos estão na condição de rebeldes diante de Deus (Rm
1.18). Uma das dimensões dessa rebelião é moral. Pessoas se voltam às religiões
mais confortáveis quando o estilo de vida que escolheram é contrário aos
imperativos morais de um Deus incomparavelmente superior e soberano. A perversão
moral existente em várias seitas constitui-se em amplo testemunho da depravação
encontrada no mundo delas. Os seguidores do líder hindu Rajneesh dedicaram-se a orgias no estado de Oregon. A seita Os Meninos de Deus, de David Berg,
é bem conhecida por suas perversões sexuais. De fato, a perversão moral é
característica de muitas seitas. Essa rebelião moral foi manifestada no
movimento antiinstitucional, antigovernamental e antifamiliar surgido nos anos
60, e a sua inércia tem levado tal movimento até aos anos 90.
Colapso
social das famílias —
Walter Martin disse certa vez: “Vemos uma geração sem o senso de história desligada
do passado, alienada do presente e que possui um conceito incompleto em relação
ao futuro. A geração de ‘agora’ e, na realidade, uma geração perdida” (The new cults,
pág.28).
Muitas
seitas tiraram proveito do colapso de famílias em nossa sociedade, tornando-se
famílias substitutas para a “geração perdida”.
Não é à toa que muitos adeptos de seitas
dirigem-se a seus líderes com termos paternos ou maternos. Por exemplo, a
profetisa da Nova Era, Elizabeth Clare, que dirige a Igreja Universal e Triunfante,
é carinhosamente conhecida entre os seus seguidores como “Mamãe guru”. David “Moisés”
Berg, fundador da seita Os Meninos de Deus, era frequentemente chamado de “Pai
David” pelos adeptos da seita. Da mesma forma, o reverendo Moon é chamado de “Pai
Moon” por membros da Igreja da Unificação.
POR QUE AS SEITAS SÃO PERIGOSAS?
As seitas representam muitos perigos tanto
para a Igreja como para as pessoas. Esses perigos são espirituais, psicológicos
e até mesmo físicos. Considere o seguinte:
Os perigos espirituais
representados pelas seitas
As
seitas estão envolvidas em sérios enganos, e os enganos são sempre perigosos,
pois desencaminham as pessoas.
A Bíblia declara que o diabo é o pai da
mentira: “Ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque
não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio,
porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Finalmente, todo engano é
inspirado no diabo. Conforme colocado pelo apóstolo Paulo: “Mas o Espírito
expressamente afirma que nos últimos dias alguns apostatarão da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1).
Aqueles que dão crédito a mentiras já
estão enganados. E se agirem conforme essas mentiras, estarão em perigo. Alguns
exemplos do cotidiano esclarecem esse ponto. Se alguém acreditar que o sinal de
alerta de uma ferrovia está piscando apenas por estar com algum defeito, estará
correndo um sério risco de ser atropelado por um trem. Se uma pessoa acredita
que o gelo que cobre um lago é grosso o bastante para que possa caminhar sobre
ele, e na realidade a camada
de gelo for delgada, estará correndo o risco de afogar-se. Se alguém acreditar
que está transitando por uma rua de mão única, quando na realidade tratar-se de
uma rua de mão dupla, estará sob o risco de uma horrível colisão frontal.
O perigo espiritual de acreditar em uma
mentira é ainda mais sério — ele tem consequências eternas! Morrer crendo no
Jesus das Testemunhas de Jeová ou no do Mormonismo é morrer crendo em um Jesus
falsificado, que prega um Evangelho falsificado e que produz uma salvação falsificada.
Os perigos psicológicos
representados pelas seitas
Os
danos psicológicos causados por seitas podem ser imensos. Elas geralmente têm
como presa pessoas vulneráveis.
Muitas seitas buscam as pessoas
“solitárias” e generosamente lhes dedicam afetos (algumas vezes chamados de "bombardeios
de amor”) até que sejam “fisgadas”. Os líderes das seitas se tornam as
autoridades absolutas para os indivíduos fracos, que tiveram pouca ou nenhuma
autoridade em sua formação familiar. Em alguns casos essa autoridade pode se
estender a cada área da vida — quanto tempo dormir, o que comer, que tipo de
roupas usar e assim por diante. Tais indivíduos se tornam psicologicamente
escravizados pelos caprichos do líder da seita.
Os perigos físicos representados
pelas seitas
Tendo
em vista as recentes ocorrências, todas as seitas deveriam ter um rótulo de
advertência: “AVISO: Esta religião pode ser prejudicial à sua saúde e à sua
vida”. Em 1983, Hobart Freeman, líder da Assembleia da Fé em Fort Wayne, no
estado de Indiana, morreu após lançar fora os seus remédios para o coração.
Cerca de outros 52 membros de seu grupo morreram, sendo muitos deles bebês e
crianças.
Jim
Jones persuadiu 900 de seus seguidores a fazerem um pacto de suicídio. Do mesmo
modo, David Koresh conduziu cerca de 80 de seus seguidores a um suicídio impetuoso
em Waco, no estado do Texas, em 1992.
Não é de admirar que a Bíblia
constantemente previna as pessoas contra as falsas doutrinas. Jesus disse: “Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15).
A DETURPAÇÃO DAS ESCRITURAS E AS SEITAS
Tendo em vista esse dilúvio de
falsificações, os crentes têm uma necessidade ímpar de compreender
profundamente o autêntico cristianismo. Isso porque é impossível reconhecer uma
fraude a menos que tenhamos o conhecimento do genuíno. Os enganos só podem ser
corretamente medidos quando contrastados com a verdade da infalível Palavra de
Deus.
O fato é que as seitas são notórias deturpadoras das Escrituras. Quando se
estiver lidando com seitas, deve-se ter em mente que elas são sempre edificadas
não sobre aquilo que a Bíblia ensina, mas sobre o que os fundadores ou líderes das
respectivas seitas dizem que a Bíblia ensina.
O presente livro foi escrito para ajudar
você, leitor, a virar a mesa com amor sobre os adeptos de seitas e “desfazer” o
que foi por eles torcido a respeito das Escrituras, para que possam enxergar
aquilo que as Escrituras realmente ensinam. Jesus disse que as suas palavras
conduzem à vida eterna (Jo 6.63). Mas para que recebamos a vida eterna através
de suas palavras, essas devem ser recebidas como Ele planejou que fossem
recebidas. Uma reinterpretação das Escrituras feita por uma seita, que tenha
como resultado um outro Jesus e um outro Evangelho (2 Co 11.3,4; G1 1.6-9)
trará apenas a morte eterna (Ap 20.11-15). Este livro também foi escrito para
ajudá-lo a “desfazer” as interpretações defeituosas de grupos que são
verdadeiras aberrações, difíceis de serem classificados até mesmo como seitas.
Ao ler este livro, você verá que ele o ajudará a responder às aberrações de
tais grupos.
Devemos nos lembrar de que uma das maneiras
de brilharmos como luzes em nosso mundo (Mt 5.16) é dar perante as outras
pessoas um consistente exemplo do significado de manusear corretamente a
Palavra da Verdade (2Tm2.15). Fazendo isso, outras pessoas deverão nos imitar
nessa área. E à medida que outros aprendem a nos imitar quanto à maneira
correta de se manusear as Escrituras, também poderão ser usados por Deus para
dar exemplo diante de outros.
O processo começa com uma única pessoa,
você!
Juntos
somos capazes de reprimir o crescimento de seitas e grupos repletos de erros.
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