Estimado Ennis
Ao longo dos últimos seis anos tenho escrito cartas
para você. E você tem sido um verdadeiro cavalheiro, bom cristão e honesto –
sempre as tem publicado. Sou o Filipe, de Santa Catarina. Sabe, acho os
adventistas verdadeiramente cristãos e um povo maravilhoso. No entanto, não se
dão conta de que sofreram uma lavagem cerebral e estão completamente
aprisionados em um paradigma enganoso.
Ennis, diante disso, estou deixando a Igreja após
32 anos de batismo. Por favor, publique minha carta.
Caso algum adventista possa rebater de maneira
consistente e com base na Bíblia as colocações que faço, eu humildemente voltarei
para a Igreja.
Então, esta carta é para você que é adventista, membro,
líder ou pastor. Peço-lhe com carinho que leia até o fim e analise as questões,
afirmativas e ponderações abaixo. Depois, com sinceridade, veja se você
consegue responder ou reagir a elas a partir de parâmetros bíblicos.
1. Quando os reformadores do século XVI desafiaram
a autoridade da Igreja Católica e fundaram um novo movimento (Reforma
Protestante), eles não aceitaram nenhuma autoridade, senão a Bíblia. No
protestantismo, esse princípio é definido com a expressão sola scriptura. Na
Igreja Adventista, a Bíblia é a única autoridade? Em que tipo de sola scriptura
você acredita?
2. A Palavra de Deus não coloca em nenhum verso, um
a autoridade maior em um mandamento do que nos outros. Estamos falando da Lei Moral
(dez mandamentos). Por que os adventistas em seus escritos e no seu nome
institucional dão maior importância ao 4º mandamento? Há base bíblica para essa
pretensa superioridade? Se você pessoalmente não acredita nessa superioridade,
porque os escritos da Igreja mostram essa distorção?
3. Historicamente a Igreja admite que passou por
crises de legalismo e que vários líderes se esforçaram para fazer a Igreja
Adventista abandonar essa tendência e viverem com base na justificação pela fé.
Exemplos desses esforços (dos líderes) são os períodos de 1888 (Estados Unidos)
e a década de 1980 com os líderes Morris Venden (América do Norte) e Alejandro
Bullon (América do Sul). Essa não é uma clara demonstração (e admissão
inconsciente) de que a Igreja e seus membros são legalistas que se esforçam
para não sê-lo?
4. Paulo diz que ninguém deve ser julgado por causa
do sábado (Colossenses 2:16). Deduzimos que as demais Igrejas não devem julgar
os que guardam o sábado, mas também não é verdade que os adventistas não
deveriam julgar os outros porque eles não guardam o sábado da mesma forma que
os ASD?
5. Sendo que a Bíblia afirma que a verdadeira
religião consiste em visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se
isento da corrupção do mundo (Tiago 1:26 e 27), qual é a base bíblica para a
afirmação adventista de que ela é a Igreja Verdadeira? A igreja adventista
cuida dos órfãos e das viúvas mais do que as outras igrejas?
6. Considera a Igreja Adventista as outras
denominações protestantes como inferiores a ela? Acreditam os adventistas que
os demais protestantes beberam do vinho de Babilônia? Se sim, porque os
adventistas utilizam e dividem os mesmos Templos que pertencem a outras Igrejas
nos Estados Unidos (usando-o no sábado, ao passo que eles o utilizam aos domingos)?
Se não, por que não convidam os demais cristãos e seus conjuntos musicais para
cantarem nas Igrejas Adventistas? Vocês acham que eles não são bons o
suficiente?
7. Poderia um profeta comercializar um dom dado por
Deus? Faz sentido a profetiza da Igreja Adventista tornar seu dom uma fonte de renda,
recebendo direitos autorais que em muito ultrapassavam o salário de um líder
denominacional? Seria moralmente correto repassar esse direito autoral a
filhos, netos e bisnetos que nada tiveram a ver com o dom que ela dizia
possuir?
8. Os adventistas têm que fazer um voto antes de
descer às águas batismais? Não é necessário apenas “Crer no Senhor Jesus e seguir
seus ensinamentos” como pregam os demais protestantes? Fazem os
adventistas voto de obediência às 28 doutrinas?
adventistas voto de obediência às 28 doutrinas?
9. Há um voto no qual os adventistas têm que
afirmara crença em Ellen White? Se não, porque a doutrina de número 17 (e
consequente voto batismal do mesmo número) diz que “um dos dons do Espírito
Santo é a profecia. Este dom é uma característica da Igreja remanescente e foi
manifestado no ministério de Ellen G. White.”?
10. Porque a Igreja no citado voto ‘restringe’ o
dom da profecia ao ministério de uma única pessoa (que viveu e morreu no
passado distante [quase cem anos atrás])? Deus deu o dom à igreja ou a uma
pessoa? Não veem nisso os adventistas um claro direcionamento da liderança e um
impeditivo para que ninguém mais apareça com esse dom?
11. Alguém na Igreja adventista tem o dom da cura,
ou de falar em outros idiomas (pelo Espírito Santo), ou de expulsar demônios,
ou da revelação, ou ainda outro dom espiritual dos citados no Novo Testamento?
Sendo que em Marcos 16 e em Atos 2 há versos que dizem que vários sinais
acompanharão os que creem, não acha você estranho que a Igreja Adventista
manifeste apenas um dos dons especiais (e especificamente numa pessoa)?
12. Numa teoria criada por Ellen White e outros líderes
da Igreja Adventista, os adventistas creem que ‘todos’ os que já viveram
passarão por um juízo investigativo que começou em 1844. Qual é base bíblica
para isso? A Bíblia diz que os santos não passarão por juízo (João5:24). E a
profetiza da Igreja, Ellen White, afirma que nossos pecados só estarão apagados
depois do Juízo Investigativo, mas a Bíblia afirma que os nossos pecados são
apagados no momento em que nos arrependemos e os confessamos. (Isaías 44:22;
Atos 3:19; I João 1:7). Faz sentido essa contradição? Cristo não morreu pelos
nossos pecados e os cravou na cruz?
13. EllenWhite afirma que o trabalho de expiação de
Jesus está quase terminado, mas ainda não foi completado. Já que a Bíblia
afirma que não há nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”,
para quê juízo investigativo? Por que haveria necessidade de juízo
investigativo de pessoas que foram declaradas salvas antes de começar o Juízo
Investigativo? (o Ladrão na Cruz (Lucas 22:43), Abraão (Rom.4:2-5), Isaque e
Jacó Mateus (8:11),Moisés (Judas 9). Como explicar que pessoas que ainda teriam
que passar pelo juízo investigativo a partir de 1844, foram levadas ‘salvas’
por Deus para o céu (Moisés, Elias e Enoque)? Não parece uma contradição
absurda essa crença inventada ou reforçada pela profetiza Ellen White?
14. I João 5:13 fala claramente da segurança da
salvação. Para uma pessoa que crê no juízo investigativo, como ela pode se sentir
segura de sua salvação? Observe querido irmão adventista, não quero catequizar
você, pois vocês são chamados de o povo da Bíblia. Só quero fazê-lo pensar. Não
parece estranho que a sua Igreja, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, sempre tão
pronta a analisar os versos bíblicos, enxergando sempre ‘diferentes
interpretações’ e variados pontos de vista, no caso de I Pedro 4:17 só consiga
ver ali um juízo amedrontador até para os que já foram salvos?
15. Têm os adventistas o direito de interpretar por
sua própria conta os versos bíblicos ou há uma comissão, um diretório, uma
junta de pastores e teólogos que define as doutrinas e o que se deve crer? Não
foi justamente isso uma das coisas que Martinho Lutero criticou na Igreja
Católica?
16. Sendo que nós não vivemos em um Estado
Religioso (como os judeus viviam), por que os adventistas não aceitam o
conselho dos apóstolos de cobrar (exigir) dos que aceitam o evangelho apenas e
tão somente o que foi decidido em Atos 15? (“Por isso julgo que não se deve
perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas
escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição,
do que é sufocado e do sangue.”) E olha que os discípulos repreenderam os que
queriam que eles seguissem os ensinamentos judaicos (“Agora, pois, por que
tentais a Deus, pondo sobre a cerviz deles um jugo que nem nossos pais nem nós
pudemos suportar?”).Por que os adventistas seguem leis judaicas que não estão
nos dez mandamentos? (dízimo, carne de porco, ofertas pelo pecado…) Se a crença
de vocês no vegetarianismo é justificada pela modernidade (mais saudável),
então ótimo isso basta. Para quê então baseá-la no Velho Testamento, em leis
que já foram abolidas (Colossenses 2:14-17)? E depois os adventistas não querem
ser tachados de legalistas…
17. Será que a sua Igreja não percebe que está
perdendo o bonde da história? Será que os adventistas percebem que sua Igreja
(afora as Escolas e os Hospitais) parece ser apenas uma Igreja que reflete as
crenças e costumes do ambiente histórico dos Estados Unidos do século XIX, pois
não aceitam pastoras (têm um ministério da mulher, mas vocês não ordenam
mulheres), não se misturam com outros evangélicos (mas gostam de ser chamados
de protestantes), gostam de ter uma profetiza (outras igrejas que surgiram na
mesma época nos Estados Unidos também têm profetas), acreditam em decreto
dominical (ocorreu nos Estados unidos em lugares restritos no século XIX), não
aceitam nada que tenha caráter ecumênico (mas amaram ser aceitos na organização
mundial das Igrejas), têm crenças absurdas para os padrões protestantes – bode Azazel,
1844, juízo investigativo, leis cerimoniais… (mas não gostam de ser chamados de
seita). Você, caro amigo adventista, nunca parou para pensar nisso?
18. Como explicar o fato de que vocês se julgam a
única Igreja que guarda o sábado como um mandamento de Deus, mas há pelo menos
umas vinte Igrejas que também guardam o sábado e são cristãs? E olha que os
Batistas do Sétimo Dia creem só no evangelho, não nas leis cerimoniais abolidas
do Velho Testamento. Não é estranho vocês diante disso vocês se considerarem a
“Igreja verdadeira”?
19. Você já percebeu que no próprio site da Igreja,
a Igreja Adventista do 7º Dia, há informações que, se levadas a sério, te
afastariam da Igreja? Por exemplo: a) que Ellen White mentiu para José Bates para
que ele aceitasse que ela era profetiza, e assim entrasse para a sua Igreja? b)
que Ellen White escreveu um livro que dizia que a masturbação era responsável
por quase todos os males da humanidade e esse livro foi tirado de circulação ainda
no século dezenove? c) que a profetiza Ellen White disse que foi Deus que
enganou Guilherme Miller, encobrindo dele a verdade, levando-o assim a enganar
multidões com a falsa mensagem de que Jesus voltaria em 1844? Que Ellen White
copiou inúmeros trechos de outros autores, sem dar-lhes crédito, chegando uma
vez a copiar até quatorze páginas seguidas de um autor sem citar a fonte e dizia
que isso “foi o Senhor que me revelou”? Que Ellen White fez pelo menos doze
profecias que não se cumpriram? Que ela acreditava que deixar crianças sem
comer por três dias era uma boa forma de disciplina?
20. Você sabia que um livro escrito por um teólogo,
professor da principal Universidade da sua Igreja afirma que se os pioneiros da
sua Igreja estivessem vivos, eles não entrariam para a Igreja Adventista de
hoje, pois a Igreja aceita doutrinas que não aceitava quando eles eram membros da
Igreja, como a trindade e o fato de o Espírito Santo ser chamado e considerado
como Deus, entre outras?
Caro adventista, seja sincero com você mesmo. Caros
pastores, esqueçam por um momento seus empregos, pensem apenas na Palavra de
Deus. Não há algo errado com suas crenças?
Muitos anos atrás, um proeminente líder adventista,
estudioso da Palavra de Deus, bom cristão, viveu uma situação muito
interessante e eu passo a narrá-la para vocês:
Albion F. Ballenger havia servido fielmente a
igreja durante muitos anos e em 1905 era o administrador encarregado da Missão
Adventista Irlandesa.
Ele era um orador e escritor capaz, e um estudioso
diligente das Escrituras. Quem afirma isso é outro adventista, chamado Raymond
Cottrell.
Ballenger, estudando o livro de Hebreus descobriu
que partes da doutrina adventista da forma como Ellen G. White e os pioneiros
as defendiam, não podia ser sustentada pelas Escrituras.
A sua consciência o levou a escrever uma longa
carta para a sra. White expondo-lhe todas as suas dúvidas e solicitando
esclarecimentos.
Ao final da carta ele expôs o dilema no qual se encontrava:
“E agora, irmã White, que posso fazer? Se aceito o
testemunho das Escrituras, se sigo as convicções de minha consciência me
encontrarei debaixo da sua condenação, você vai me chamar de lobo com pele de
ovelha, advertirá a meus irmãos e aos membros da minha família contra mim. Mas,
quando em minha tristeza me volto a Palavra de Deus, essa palavra me diz o
mesmo, e temo recusar a interpretação de Deus e aceitar a sua. Oxalá pudesse
aceitar ambas.
Mas se tenho que aceitar uma, não seria melhor
aceitar a do Senhor? Se recuso a palavra dEle e aceito a sua, poderá você
salvar-me no juízo?
Quando estivermos um ao lado do outro diante do
grande trono branco, se o mestre me perguntar porque ensinei que “dentro do
véu” significava o primeiro compartimento do santuário, o que responderei?
Direi: por que a irmã White, que afirmava ser comissionada para interpretar as
Escrituras, disse-me que esta era a interpretação correta, e se eu não aceitasse
e assim ensinasse estaria debaixo da sua condenação?” (A. F. Ballenger, Cast Out for the Cross of
Christ, 1909)
Diante dos argumentos de Ballenger esperava-se que
Ellen G. White apresentasse a evidência bíblica que respaldasse a interpretação
que ela havia estabelecido para a doutrina do santuário.
Mas ela não fez assim e na carta que escreveu como
resposta, ela chega ao absurdo de dizer que a interpretação dela estava correta
mesmo que houvessem evidências e passagens bíblicas que provassem o contrário:
“Não devemos aceitar a palavra daqueles que vêm com
uma mensagem que contradiz os pontos essenciais de nossa fé. (…) Ainda que as
Escrituras sejam a palavra de Deus e tenham de ser respeitadas, a aplicação
delas, se tal aplicação move uma só coluna do fundamento que Deus tem
sustentado nestes cinquenta anos, essa aplicação é um grande erro.” (…)“… os
pontos que está tentando provar por meio da Escritura não são sólidos”(…)
“Temos a verdade, fomos dirigidos pelos anjos de
Deus.” (…) “É eloquência de cada um guardar silêncio com respeito às
características de nossa fé …” “Deus nunca se contradiz.”
(Ellen White, Carta 329, 1905, Selected
Mesages,Vol. 1, pp. 161-162)
Comentar a carta de Ellen G. White é uma tarefa
ingrata para um adventista: ela simplesmente não aceita uma interpretação
diferente da dela, ainda que vinda de claras evidências bíblicas e ainda pede
“silêncio”.
O irmão adventista Ballenger continuou sem
mencionar“ em público seus pontos de vista sobre o santuário, e um comitê de 25
membros nomeado pela Conferência Geral para escutar-lhe informou que ele
sustentava posições pessoais contrárias às da Igreja. Ele reconheceu a
possibilidade de que estivesse errado e pediu que alguém indicasse a ele na
Palavra de Deus onde ele havia se equivocado, mas ninguém o fez, nem nesse
tempo, nem mais tarde. Ele foi privado de suas credenciais e cortado da igreja,
não porque houvesse dito algo para os membros ou tivesse feito algo contra a
igreja, mas porque ele cria de forma diferente.” (R. Cottrell, “A Doutrina do
Santuário, ativo ou passivo?”)
Ele foi expulso da Igreja Adventista por recusar-se
a pregar a doutrina do santuário. Muitos anos mais tarde, em 1984, Henry F.
Brown, que foi pastor adventista por 60 anos até a aposentadoria, visitou a
filha de Ballenger, uma senhora de 80 anos. Henry Brown disse que ela era uma
pessoa agradável e que ela contou a ele um pouco da história do pai, de como
ele foi despedido sem receber absolutamente nenhum centavo de indenização.
Abandonados à própria sorte a família chorava e perguntava como seria o futuro,
mas a despeito dessa dificuldade inicial depois superada, ele foi um cristão
piedoso até o final de sua vida. (ElderH. F. Brown´s Personal Testimony, Dec. 5, 1984, citado en Ellen G.
White – TheMyth and the Truth, por Asmund Kaspersen, capítulo 6)
Vinte e cinco anos mais tarde, W. W. Prescott
(membro dos comitês ad hoc da Conferência Geral nomeados para reunir-se com os
dissidentes) comentou numa carta a W. A. Spicer, que era naquela época
presidente da Conferência Geral:
“Tenho esperado todos estes anos que alguém
contestasse adequadamente a Ballenger, Fletcher e outros em relação a suas
posições sobre o santuário, mas não vi nem ouvi nada.”
Finalizo com as palavras do próprio Ballenger, que
explicou seus pontos de vista no livro Cast Outfor the Cross of Christ (Expulso
por causa da cruz de Cristo]:
“Ninguém que não o tenha experimentado pode dar-se
conta da angústia de espírito que envolve aquele que, durante o estudo da
Palavra de Deus, encontra verdades que não se harmonizam com o que creu e
ensinou durante toda a sua vida e que é vital para a salvação de almas.” (Albion F. Ballenger, Cast
Out for the Cross of Christ, introdução, pp.i-iv, 1, 4, 11, 82, 106-112)
Que pena!!!
Humildemente espero que me provem o contrário do
que coloquei. Provando pela Escritura, voltarei humilde ao redio. Todos os
trechos que mencionei, posso dizer onde se encontram nos sites da oficiais da
Igreja.
Ennis, um grande abraço, Filipe
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