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O Peregrino

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quinta-feira, 28 de março de 2013


UMA NEGRA CHAMADA JANE

Escrito por Connell O'Donovan - website em inglês: http://www.connellodonovan.com/

Em 1980, apenas uns poucos meses antes de sair para a minha missão no Rio Grande Do Sul, Brasil, eu era dançarino e cantor em duas peças musicais grandes, como parte da celebração do aniversário de 150 anos da Igreja Mórmon na cidade de Salt Lake. "Vale Prometido" e "Dentro desses Muros" eram musicais sobre a busca Mórmon por uma "Sião" dos últimos dias - um lugar de paz para "os puros de coração", onde os Santos poderiam morar em segurança. Durante aquele verão mágico de 1980, uns 100,000 Mórmons e turistas em Utah me viram nas duas peças. A experiência foi incrível para mim. O pessoal nas peças era bem agradável e eu abracei a nossa mensagem sobre Sião com todo o meu coração.

Antes de cada apresentação, o pessoal reunia-se numa sala para oferecer orações de gratidão pelo privilégio de compartilhar cantos de redenção em Sião com tanta gente de todas as partes do mundo. 

Eu precisei acreditar desesperadamente que eu tinha encontrado aquela Sião ilusória. Minha própria vida era tempestuosa, com um profundo desânimo, e frequentemente com pensamentos suicida. Em minha simplicidade, não tinha ideia nenhuma das agonias que eu sofreria por causa desta igreja durante a próxima década, nem quão profundamente a falência da igreja em fornecer a Sião prometida influenciaria o restante de minha vida.

Também naquele verão de 1980, eu estava completando um projeto de pesquisa através do Departamento Histórico SUD, sobre "Os Negros e o Sacerdócio".


Durante a pesquisa, eu tive o privilégio de ter nas mãos o manuscrito autobiográfico de Jane Elizabeth Manning James (foto ao lado), uma negra que foi convertida ao mormonismo no estado de Connecticut em 1842, e um ano mais tarde andou a pé descalça desde Nova Yorque até Nauvoo, Illinois, a sede da igreja naquela época. 

Ao chegar em Nauvoo, ela encontrou a profeta Joseph Smith, que abraçou-a e disse, resumindo uma passagem do livro do Apocalipse 7:17, "Seja bem vinda a Sião, Jane! Nós enxugamos toda lágrima aqui!".

 O relato dela – e especialmente as palavras de Joseph à ela - me aqueceram a alma! Como Jane James, eu era um membro marginalizado da sociedade. Como Jane, no fundo da alma eu busquei aquele lugar de refúgio seguro, aquele espação certo de asilo onde eu poderia ser curado e ter todas as lágrimas enxutas. Como Jane acreditou, nenhum valor seria alto demais por aquele lugar.

Quando eu fui ao Brasil para servir como missionário, eu recontei a história de Jane muitas vezes às congregações locais (especialmente ao dar as boas vindas aos membros novos), mas eu sempre terminei aí, com Jane no abraço de Joseph, tendo as lágrimas secadas em Sião.

Mas isso não é tudo do relato dela. Minha propria necessidade de encontrar refúgio no Mórmonismo me deixou cego a certos fatos desagradáveis sobre a vida de Jane. Por exemplo, a razão que Jane andou a pé até Nauvoo foi porque os Mórmons brancos não dariam à ela uma carroça, nem a ajudariam a pagar sua passagem de trem e barco. E quando ela chegou em "Nauvoo a Bela", aquela "Sião no rio Mississippi", ela foi ou rejeitada ou evadida pelos Santos brancos. Finalmente uma pessoa encaminhou-a à casa de Joseph Smith.

Ao conhecer o profeta finalmente, Joseph empregou Jane como criada de casa (quase escrava), e quando Smith foi morto em 1844, Brigham Young então empregou-a como sua criada também. A despeito de seu serviço fiel à igreja e aos presidentes ricos, ela viveu a maior parte de sua vida em pobreza abjeta. 

Ela chegou na nova Sião de Utah no meio dos Santos pioneiros em Setembro de 1847, a primeira negra livre no território, somente para descobrir que a escravidão ainda era praticada lá. Até mesmo o Apóstolo Mórmon Charles C. Rich possuía negros cativos em Utah, o que deve ser sido uma prova grande de sua fé (como foi da minha quando eu o descobrí).

Muitos anos antes da morte de Jane, ela começou a escrever cartas aos líderes Mórmons (inclusive apóstolos e presidentes), implorando que eles a deixassem entrar no templo de Salt Lake para ser selada à Joseph e Emma Smith como sua filha adotiva; Jane contou que Emma Smith fez este pedido à ela pessoalmente em Nauvoo, mas Jane demorou a responder, e logo depois Joseph foi assassinado. 

Ela tinha uma forte fé na religião SUD, pois era vedado aos homens de sangue africano possuírem o sacerdócio Mórmon, era negada a entrada nos templos à Jane James e todos os negros, uma lembrança dolorosa de seu estado inferior na hierarquia eclesiástica Mórmon – na verdade a mesma situação de qualquer criança Mórmon de apenas oito anos.

Mas Jane James era persistente na petição de ser selada á família Smith. E finalmente, na primavera de 1894, ela recebeu notícias que seria selada a Joseph Smith e sua família no templo de Salt Lake no dia 18 de maio. Porém, mais uma vez, lhe foi negada a entrada na "casa do Senhor".

Ao invés disso, líderes eclesiásticos tinham providenciado uma branca (Bathsheba W. Smith) para representar a Jane James, porque a mera presença física dessa mulher negra, forte e fiel difamaria a santidade do templo recentemente terminado.

Em seguida, para acrescentar insulto à injúria, em vez de ser selada à Joseph Smith como uma filha, como ela esperava, Jane foi selada pela substituta à Joseph como sua "Serva" eterna (a única vez na história de mormonismo que este tipo de cerimônia foi realizada entre dono e criado). 

As palavras recitadas nesta cerimônia eram que Jane seria "ligada como Serva para a eternidade ao profeta Joseph Smith e desta forma ser ligada a sua família e ser obediente a ele em todas as coisas no Senhor como Serva fiel"

Em essência, uma escrava eterna, sentenciada a servir um dono branco por toda a eternidade.

Não derrotada por este gesto humilhante, ela continuou exigindo de seus líderes SUD sua permissão para entrar no templo, até sua morte em 1908, com a idade de 95 anos.

Quando eu leio as petições sinceras mas inúteis aos líderes eclesiásticos, eu sei que Sião não tinha secado suas lágrimas como prometido, mas aumentou-as em magnitude. Sião não podia cumprir sua promessa a nós dois, mas de fato piorou a ferida; os que prometeram e professaram Sião amarram-nos com as cadeias de injustiça e depois fazem um desfile de nosso cativeiro.

Onde ficava Sião para essa bela, perseverante, e fiel mulher?

4 comentários:

Marcos disse...

E você abandonou a Igreja e a sua crença na restauração por causa dos erros humanos de líderes e membros? E quanto ao seu testemunho?

O Peregrino disse...

Eu sigo a Jesus e não igreja.

Marcos disse...

Eu não perguntei se você segue ou não a Jesus. Eu quero saber porque você deixou de ser mórmon, o que aconteceu? Você orou a respeito do livro de mórmon como sugere Moroni?

O Peregrino disse...

Meu amigo, eu não sou mórmon e nunca vou ser; a doutrina da SUD não é cristã, sendo assim, os seguidores de Joseph Smith não são cristãos pois a doutrina da SUD é contrária às escrituras. Na verdade vocês mórmons estão sendo enganados por um falso evangelho, com todo o respeito que tenho por você. Smith não restaurou igreja alguma; isso é falso, Jesus disse que as portas do inferno não prevalecerão contra sua igreja, isso significa a Igreja de Jesus, não a SUD, está ativa desde os primitivos, não precisando de restauração.


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