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domingo, 17 de fevereiro de 2013


Erros e contradições na teologia unicista

No final do segundo século, a heresia conhecida como Monarquianismo se opôs ferozmente contra a teologia trinitariana. Eles se dividiam em dois grupos: a) Monarquianismo Dinâmico: defendia que Cristo era apenas um homem, adotado por Deus por ocasião de seu batismo; b) Monarquianismo Modalista: sustentava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo seriam três “modos” sucessivos segundo os quais Deus se “manifestava” e trazia salvação aos homens. Alguns dos mais proeminentes defensores do Modalismo nessa época foram Noetos, Praxeas, Calixto e Sabélio. Do outro lado, Tertuliano, Hipólito e Orígenes formaram uma frente única contra o unicismo.

Em virtude dos intensos debates travados no segundo século e durante os séculos seguintes, o unicismo desapareceu da História, vindo a se recuperar muito tempo depois. Hoje, mais de cem anos depois dos primeiros “avivamentos” que varreram os Estados Unidos, o unicismo encontra-se em todo o mundo, tendo diversas ramificações em nosso país.

Origem e história

A origem do unicismo se prende aos primeiros séculos da Era Cristã. Os mais antigos relatos que se têm noticia é de Praxeas ensinando na Ásia Menor, enquanto Noetos aparece pregando em Roma. Noetos foi quem primeiro formulou uma teologia essencialmente unicista. Ele foi bispo de Esmirna, quando por volta de 180 d. C começou a ensinar o que mais tarde seria conhecido como Monarquianismo. Expulso da Igreja de Esmirna por causa de sua insubmissão ao ministério, Noetos se refugiou em Roma, onde mais tarde conheceria Epigonus, primeiro discípulo e propagador de sua ideias.

Outro destacado líder do unicismo por essa época foi Praxeas. Oriundo da Ásia Menor, Praxeas era conhecido por seu gênero inquieto, arrogante e perspicaz. Ele chegou a Roma de maneira sutil, passando despercebido até mesmo pelo experiente Hipólito. Formado aos pés de Noetos, Praxeas desenvolveu boa parte de seu ministério em Cartago, onde encontrou forte oposição por parte de Tertuliano. Praxeas negava a preexistência do Filho, usando o termo Filho aplicado apenas à encarnação. Segundo este bispo, o Filho seria carne; o Pai Espírito (Deus). Era assim que Praxeas entendia as duas naturezas do Filho, sendo hoje um dos principais artifícios do unicismo. Essa doutrina foi combatida por Tertuliano em Contra Praxeas, quando pela primeira vez o apologista Tertuliano usa o termo trinitas (“trindade”) para a divindade. [1]

O unicismo, enquanto tentativa de explicar a natureza de Deus, ganhou corpo a partir do terceiro século. Movido pelo racha do Monarquianismo em Dinâmico e Modalista, ainda no fim do segundo século, Sabélio – um bispo de uma igreja cristã do norte da África -, saiu em defesa do Modalismo. Sabélio estabeleceu novas diretrizes ao unicismo, do que lhe valeu o título de “maior defensor do Modalismo (unicismo) da História”. Muitas das definições que conhecemos hoje, como “modos do Pai”, “modos do Filho” e “modos do Espírito Santo”, tiveram origem em Sabélio. Apesar da forte oposição encontrada por parte de alguns lideres da igreja na época, entre eles Tertuliano e Orígenes, Sabélio “progrediu”, encontrando na massa dos fiéis seus principais seguidores. Sabélio foi excomungado em 220 d.C. pelo Papa Calixto, que muitos em sua época diziam ter aderido ao unicismo. A doutrina unicista foi condenada de maneira definitiva pelo Papa Dionísio de Alexandria, quando em 263 d.C derrotou o sabelianismo.

O pentecostalismo unicista no vigésimo século

Embora não exista consenso quanto a data exata do reaparecimento do unicismo no vigésimo século, alguns autores têm proposto o ano de 1913 como o marco de sua restauração. Foi durante um acampamento em Los Angeles, em 15 de abril, que um pregador canadense o Rev. R. E. Masclester passou a ensinar que o “verdadeiro” batismo é em nome de Jesus. Sua mensagem foi recebida por uns e rejeitada por outros. Entre eles estava John S. Sheppe, fundador de um movimento conhecido como “Só Jesus”, e o evangelista Frank Ewart, outro expoente do movimento. Homens como Glen A. Cook, G. T. Hoywood, E. N.

Em 1916, por ocasião da Convenção Geral das Assembleias de Deus, a doutrina bíblica da Trindade foi reafirmada, resultando na exclusão de 156 pastores e suas respectivas igrejas. Surgia a Assembleia Geral das Assembleias Apostólicas (AGAA), que se uniu, em 1918, a um outro grupo conhecido como Assembleias Pentecostais do Mundo (APM). Dessa junção surgiriam duas outras organizações: as Assembleias Pentecostais de Jesus Cristo, liderada por W.T. Witherpson e a Igreja Incorporada, liderada por Hoywoord A. Gss. Essas se uniram para fundar, em 1945, a Igreja Pentecostal Unida Internacional (IPUI). Eles adotaram a seguinte doutrina fundamental.
“A doutrina básica fundamental desta organização será o padrão bíblico de salvação completa, o que significa o arrependimento, o batismo por imersão em águas em nome do Senhor Jesus Cristo e o batismo com o Espírito Santo com o sinal inicial de falar em outras línguas de acordo com a direção do Espírito. Procuremos manter a unidade do Espírito até que cheguemos à unidade da fé, ao mesmo tempo advertindo a todos os irmãos que não provoquem polêmica pelos seus pontos de vista diferentes para a desunião do corpo”. [2]

Principais ramificações no Brasil

Hoje existem várias ramificações do unicismo no mundo. No Brasil, quatro principais grupos se destacam, a saber a Igreja de Deus no Brasil, a Igreja Local de Witnees Lee, o Ministério A Voz da Verdade e os Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes. Vejamos cada um desses grupos distintamente.

A Igreja de Deus no Brasil

A presença do unicismo em nosso país esta primeiramente ligada ao ministério do chileno Juan Bautista Álviar. Vamos conhecer um pouco de sua vida e o que levou ao unicismo. O testemunho a seguir foi publicado no jornal Voz Apostólica, Edição V – ano II – 2004, pág. 11.

Era 11 de outubro de 1933. Em Santiago do Chile, entre as 19 e 20 horas, estava em andamento um culto ao ar livre, comum naqueles dias de “avivamento”. Naquele mesmo lugar, uma jovem senhorita, Maria Susana Álviar, entrava em trabalho de parto. Seu marido, Luiz Antonio Álviar, de igual modo se encontrava em um outro bairro num culto semelhante, alheio da chegada de seu primogênito. Ao regressar para casa encontrou um bilhete comunicando que sua esposa estava na maternidade; sabendo que não poderia vê-la de imediato, pois já era tarde da noite, orou ao Senhor e perguntou a Deus qual era o sexo da criança e qual nome deveria lhe dar. Ao abrir a Bíblia, seus olhos se detiveram na passagem de Lucas 1.63 “João – Juan em espanhol – será seu nome”. Na maternidade do Salvador, Susana, com seus olhos fitos em seu filho, orava a Deus e pedia um nome para aquele bebê e, naquele mesmo instante, Deus lhe disse em alto e bom som: “seu nome será Juan Bautista”.

Por várias vezes em sua infância foi “visitado” por anjos de Deus em sua humilde casa. Na noite em que seus pais saiam para pregar, como filho mais velho, cuidava de seus irmãos. Seu “amor” pela obra de Cristo vinha do grande testemunho de seus pais, como também das experiências vividas por ele. Assim, ainda jovem, menino até, já anunciava Jesus. Em 15 de julho de 1954 casou-se com Doroty Jean, filha de missionários americanos e tiveram seis filhos.

Juan e sua esposa são enviados ao Brasil

Em 17 de março de 1958, já missionário, Juan e sua esposa, após “ouvirem” a voz do Senhor por várias vezes os “enviando” ao Brasil, voavam de Deatle para Nova Yorque, de lá para Caracas, na Venezuela, chegando ao Brasil em 19 de março. Sua vinda ao Brasil coincidiu com os primeiros anos da Igreja Brasil para Cristo. Inicialmente radicado a essa igreja, Álviar permaneceu por muitos anos alheio as suas crenças. Foi somente no começo da década de 60 que decidiu romper com seu silêncio, dando inicio a uma “revolução” que o levaria a fundar um movimento que ficou conhecido como “Marcha para Jesus”. Atualmente esse movimento é conhecido como “A Igreja de Deus no Brasil”, que é unicista e batiza apenas em nome de Jesus.

Em 1994 foi convidado para pastorear uma igreja nos Estados Unidos, a Apostolic Tabernacle Churche. Atendendo o “chamado” divino, Juan e sua família mudam-se para Berkerfild, Califórnia, onde passaria os últimos dias de sua vida. No começo de 2003, mesmo sob severas recomendações de seus médicos e amigos de ministério, Aliviar decide empreender sua última viagem ao Brasil, quando participaria da Convenção Geral da A Igreja de Deus no Brasil. Já de volta aos Estados Unidos, em 10 de dezembro de 2003, Juan Bautista Álviar vem a falecer. Com a presidência da igreja ficaria seu irmão, o Rev. Adan Álviar, que teria pela frente uma dura tarefa – decidir o que fazer com os que se opunham a “grande revelação da unicidade”. Como nada mais poderia ser feito, foi decidido, unâmimente, que os tais deveriam se afastar da igreja. Desorientados, fundaram um movimento conhecido como “Igreja de Deus no Brasil” (sem a vogal “A” antes de “Igreja de Deus no Brasil”), os quais passaram a fazer franca oposição ao unicismo.

A Igreja Local

Mantenedora do jornal Árvore da Vida, a Igreja Local não se explica por si mesma. Na verdade, não existe um termo próprio para essa organização. Eles são conhecidos como a “Igreja de São Paulo”, a “Igreja de Los Angeles”, a “Igreja de Taiwan” etc. Essa definição teve origem a partir dos ensinos de Watchman Nee.
“Este termo, a base da igreja, foi usado pela primeira vez pelo irmão Watchman Nee em 1937. Antes de 1937, jamais havíamos ouvido ou visto este termo, e a questão da base da igreja, tanto quanto fomos capazes de determinar, não era conhecida (…) A base é o terreno sobre o qual é colocado o fundamento. Há muitas assim chamadas igrejas em São Paulo. Uma, a Igreja Católica Romana, proclama estar edificada em Cristo como o seu fundamento. Outra, a Igreja Presbiteriana, também proclama que seu fundamento não é outro senão Cristo. Os batistas, os quakers, os metodistas, os episcopais, os luteranos, os nazarenos e muitos outros proclamam a mesma coisa. Na verdade, não há uma assim chamada Igreja cristã que não faça isto. Todas proclamam que Cristo é o fundamento delas, mas têm negligenciado totalmente a questão da base (…)
As Escrituras mostram claramente que em cada localidade a expressão do corpo de Cristo, isto é, a Igreja Local, deve ser uma. Não há lugar nas Escrituras que se registre mais de uma Igreja Local numa determinada cidade. Se você esta vivendo em São Paulo, deve ser edificado juntamente com os irmãos de São Paulo, como a igreja naquela localidade. Se você esta em Tóquio, devera ser edificado com aqueles que são salvos em Tóquio, como a igreja naquela localidade. Como cristão vivendo numa localidade, você deve ser edificado com os outros cristãos naquela localidade, como a única igreja ali, a qual deveria ser chamada a Igreja Naquele Lugar”. [3]

O que cremos

O jornal Árvore da Vida, ano 13, número 128, página 6, traz assim o seu artigo de fé:
1) A Bíblia Sagrada é a revelação divina, verbalmente inspirada pelo Espírito Santo;
2) Deus é único e triúno – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – coexistindo em igualdade de eternidade a eternidade;
3) O Filho de Deus, sendo o próprio Deus, encarnou-se para ser um homem, de nome Jesus, nascido da virgem Maria, para ser nosso Redentor e Salvador;
4) Jesus, um homem genuíno, viveu trinta e três anos e meio para tornar Deus Pai conhecido dos homens;
5) Jesus, o Cristo ungido por Deus com seu Espírito Santo, morreu na cruz por nossos pecados e derramou seu sangue para o cumprimento de nossa redenção;
6) Jesus Cristo, depois de sepultado por três dias, ressuscitou dos mortos, e que, em ressurreição, tornou-se o Espírito que dá vida para transmitir a si mesmo para dentro de nós como nossa vida e tudo para nós;
7) Após sua ressurreição, Cristo ascendeu aos céus e Deus o fez Senhor de todas as coisas;
8) Após sua ascensão, Cristo derramou o Espírito de Deus para batizar seus membros escolhidos para dentro do único corpo e que o Espírito de Cristo esta se movendo na terra para convencer os pecadores, regenerar o povo escolhido de Deus, habitar nos membros de Cristo para seu crescimento em vida e para edificar o corpo de Cristo com vistas a sua plena salvação;
9) No fim da presente era, Cristo voltará para arrebatar os cristãos vencedores, julgar o mundo, tomar a posse da terra e estabelecer seu reino eterno;
10) Os cristãos vencedores reinarão com Cristo no milênio e que todos os cristãos participarão das bênçãos divinas na Nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra, pela eternidade.

Para um espectador comum, essa parece ser uma “verdadeira” declaração de fé evangélica. Entretanto, quando examinamos suas crenças, descobrimos uma série de divergências com a fé cristã universal (1) Conhecida como “regeneração batismal”, a Igreja Local, juntamente com outros grupos unicistas, associa a salvação ao batismo nas águas; (2) São contra o estudo das Escrituras. Eles ensinam uma pratica que ficou conhecida como “orar-ler as Escrituras”; (3) “Satanás habita em nós”. Segundo Witnees Lee, o “próprio Satanás, como a natureza maligna e como a lei do pecado, habita em nós para corromper o nosso corpo”.

Unicismo

Herança dos ensinos de Emmanuel Swedemborg (1688-1772), famoso escritor e filósofo sueco, Witnees Lee desenvolveu uma espécie de “unicismo oculto”. Swedemborg costumava usar o termo Trindade, mas observando que significava apenas “três modos” e não uma Trindade de pessoas. Em um de seus livros, A Economia Divina, Lee deixa evidente essa influência.
“O nosso Deus não é apenas o Deus da criação, mas o próprio Deus que se tornou homem viveu nesta terra por trinta e três anos e meio, morreu na cruz e foi ressuscitado. Hoje, Ele é o próprio Deus Triúno – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – em ressurreição”. [4]

Contrariando o que diz o Credo Atanasiano, no seu quarto artigo de fé, Witnees Lee prossegue:
“Alguns teólogos tradicionais nos dizem que as três pessoas na trindade divina: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não devem ser confundidos e devem ser confundidos e devem ser mantidos claramente separados o tempo todo. Mas a Bíblia ensina que Jesus, o Filho de Deus, tornou-se o Espírito. Quando Jesus nasceu, Ele se tornou carne. Quando ressuscitou, tornou-se o Espírito”. [5]

O movimento A Voz da Verdade

Mais conhecida por causa do conjunto do mesmo nome, a Igreja Evangélica A Voz da Verdade (IEVV) é um dos movimentos que mais cresce no Brasil; são exclusivistas e não medem palavras ao nos chamar de “desviados”. Embora não possa ser comparada a Igreja Tabernáculo da Fé – que também professa o unicismo – a IEVV é, sim, uma seita.

Fundação

A IEVV foi fundada por Freud Moisés, após uma revelação que o tornaria conhecido como o “homem que encontrou Jesus no cinema”. Filho de libaneses, converteu-se em 1953. Antes foi um farrista, um jogador viciado, mulherengo e sem paz. Teve um chamado “especial”, Jesus apareceu-lhe na tela de um cinema e disse que o faria pescador de almas. Transformado e arrependido começou a anunciar que existe somente um Deus e seu nome é Jesus. Dezenove anos depois, em 1973, Freud Moisés daria inicio ao conjunto Voz da Verdade, na antiga Igreja Pentecostal Unida do Brasil, da vila Paraíso, Santo André (SP). Depois de alguns conflitos surgidos entre o conjunto e a Igreja local, envolvendo questões de usos e costumes, se desligam, para fundar, na rua Casa Branca, 168, no bairro do mesmo nome, a Igreja Evangélica Voz da Verdade. Ali permaneceu, até se mudar para o seu atual endereço, no antigo cinema Tangara II, no Studio Center, no centro de Santo André. [6]
Como parte de seu programa anual, realizam periodicamente acampamentos em que são ministrados estudos e outras atividades da Igreja, sempre regadas ao som do conjunto A Voz da Verdade.

Declaração doutrinária

O Estatuto da Igreja Evangélica A Voz da Verdade (IEVV) assim declara:

1. Quando a Bíblia se refere a Deus, esta falando no Espírito Santo que é o Pai, criador e sustentador de tudo;
2. Jesus tanto é o Pai, como é o Filho;
3. Antes da manifestação de Jesus como homem, não havia Filho de Deus (somente os anjos eram tidos como filhos de Deus);
4. Jesus pode ser Pai e também Filho? É muito lógico que sim, pois Ele é Deus. [7]

Literatura

A única “obra” impressa pela IEVV é o pequeno livrete “Revelação do Amor”, de Rita de Cássia Moisés. Com um total de 48 páginas, esboça de maneira superficial a doutrina unicista. É uma obra que, diferente do livro A Unicidade de Deus – de David K. Bernard -, não pode ser considerada uma “jóia” da literatura unicista. Dentre os principais temas abordados, destacamos:

1. Conheça a Bíblia Sagrada;
2. Cristo, a Palavra Viva;
3. Quem afinal é o Senhor?
4. Quem é Deus senão o Senhor?
5. A natureza de Jesus: divina e humana;
6. O que Deus diz de si mesmo?
7. O batismo segundo a Bíblia;
8. O mistério de Deus: Cristo;
9. Deus estava em Cristo reconciliando o mundo com sigo mesmo;
10. Deus em Jesus.

Os Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes

Um pouco mais ousados do que a maioria dos unicistas, os adeptos do Nome Yehoshua (também conhecidos como as “Testemunhas de Yehoshua”), são os mais exóticos dentro da unicidade. Fundado em 1987, em Curitiba, Paraná, por Ivo Santos de Camargo, possue cerca de 200 membros em todo país. É um movimento sincretista, que reúne em sua doutrina elementos do Judaísmo, Modalismo e da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

De origem religiosa desconhecida, Ivo Santos de Camargo arroga para si à façanha de ter “descoberto” a verdadeira pronúncia do nome sagrado YHVH.
“No velho concerto o nome de Deus foi representado pelo tetragrama IOD –HE – VAU – HE (YHVH), que no novo concerto foi vocacionado pelo anjo a Miriam. “E darás à luz um filho e chamarás o seu nome Yehoshua” (Mt. 1.21). Portanto, o nome original do salvador é o que foi dado pelo anjo a Miriam é um nome de origem hebraica, não o nome colocado pelos bispos romanos”. [8]

Eles rejeitam terminantemente o nome Jesus, alegando que ele teria sido introduzido nas Escrituras no III século, por Jerônimo.
“Nesta ocasião o nome original Yehoshua foi substituído pelo nome grego-romano Jesus (IESUS). Esse nome lembra a divindade grega Zeus”. [9]

Essa é uma declaração perigosa, pois além de descartar Jesus das páginas sagradas, vai mais além, ao associar seu nome com o sinal da besta.
“A santíssima Trindade, o dualismo e o ídolo romano Jesus é o sinal da besta (falsa religião). Liberte-se destes dogmas romanos e receba em sua testa o sinal eterno, YEHOSHUA”. [10]

Segundo eles, Jeová, Javé, Yehov ou Yaveh são todas pronúncias errôneas das letras hebraicas YHVH, cuja pronúncia correta seria Yehoshua. Como as Testemunhas de Jeová, eles criaram sua própria versão das Escrituras. Com efeito, dizem que a salvação esta condicionada ao conhecimento do nome Yehoshua. Afirmam que muitos perderão a salvação pelo simples fato de fazerem “vista grossa” para certas verdades recebidas, ou então por estarem presas a um sistema religioso apóstata.
“Precisamos nos convencer a nós mesmos que se não recebermos o nome Yehoshua não seremos salvos, porque assim dissera os santos profetas. Faça, pois, como os irmãos de Beréia, não tenha medo da verdade, e receba em sua vida o nome verdadeiro de nosso Senhor Yehoshua, que é o nome que veio do céu para nossa salvação”. [11]

Quanto a isso são irredutíveis, estando dispostos a dar tudo de si pela causa de Yehoshua. Dizem eles:
“Nós, as Testemunhas de Yehoshua, estaremos prontas e conscientes da responsabilidade que nos foi confiada. Assim sendo, defenderemos nem que seja com a nossa própria vida. Os santos na terra são a espada de Yehoshua contra o paganismo”. [12]

PRINCIPAIS ASPECTOS DOUTRINÁRIOS

A principal diferença que separa cristãos trinitaristas e unicistas é a inconsequente doutrina unicista das manifestações, e é justamente aí que mora todo o perigo. Eles creem em um tipo de “ministério divino” segundo o qual Pai, o Filho e o Espírito Santo seriam “manifestações temporárias de um mesmo ser”, e não uma distinção de pessoas.

O monoteísmo radical

“A base da teologia unicista é um conceito de monoteísmo radical. Simplesmente declara: Deus é absoluta e indivisilvemente um. Não há distinções ou divisões em sua natureza divina”. [13]

Embora seja verdade que tanto o Antigo Testamento, quanto o Novo, sustenta a existência de apenas um Deus, o conceito trinitarista é igualmente monoteísta. O erro, porém, é que toma por certo que a doutrina da Trindade sugere alguma divisão em sua natureza divina. Isso ocorre porque os opositores da sã doutrina possuem um conceito errôneo da divindade. A maneira mais correta para se entender à divindade é a de uma essência divina, ou seja, a divindade, como a sua própria definição sugere, é a que une as pessoas do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, fazendo que seja um único Deus. Essa foi à definição exposta no credo atanasiano, no seu 4o artigo de fé. A substancia é essa essência única de Deus que não se pode separar, dividir ou multiplicar.

Deuteronômio 6.4

Com o intuito de dar a sua doutrina uma roupagem tipicamente bíblica, os unicistas frequentemente citam Deuteronômio 6.4 como uma base de sua crença.
“Tanto crentes unicistas como judeus encontram a expressão clássica de sua fé em Deuteronômio 6.4” “Os judeus ortodoxos obedecem literalmente essa ordem, amarrando o Tefillin (plylacteries) em seu braço esquerdo e na testa, quando oram, e colocando o Muzuzzah em suas portas e portões (Tefillin são pequenas atadas ao corpo com tiras de couro e Muzuzzah são pequenos recipientes contendo pequenos rolos das Escrituras)… Durante uma viagem a Jerusalém, onde colhemos as informações citadas acima, tentamos comprar o Tefillin, o mercador, judeu ortodoxo, afirmou não vender Tefillin aos cristãos porque eles não acreditam nele nem tem a devida reverência a esses versículos das Escrituras. Quando citamos Deuteronômio 6.4 e explicamos nossa total concordância com o mesmo, seus olhos se iluminaram, e prometeu vendê-lo a nós sob a condição de que tratássemos o Tefillin com cuidado e respeito. Sua preocupação mostra a extrema reverência e fé profunda que os judeus tem pelo conceito de um único Deus. Revela, também, que uma das maiores razões porque os judeus têm rejeitado o Cristianismo, através da história, é a percepção distorcida da mensagem monoteística.”. [14]

Se para um judeu é difícil compreender a doutrina da Trindade, essa mesma dificuldade poderia ser sentida se um unicista tentasse explicar que o Deus Jeová do Antigo Testamento (Pai) é o mesmo encarnado em Jesus no Novo. De maneira que seria difícil para o unicismo conciliar sua doutrina com o monoteísmo tardio.

Eles negam a preexistência do Filho

O unicismo nega qualquer possibilidade da preexistência do Filho. Por quê? Porque isso colocaria em risco sua doutrina das Manifestações.
“A filiação – ou papel de Filho – começou com o nascimento da criança no ventre de Maria.” [15]

“Antes da manifestação de Jesus como homem, não Filho de Deus. Somente os anjos eram tidos como filhos de Deus”. [16]

Uma coisa é dizer que a natureza humana do Filho não preexistiu à encarnação, e outra é dizer que Jesus, como Filho eterno do Pai, não existia desde toda a eternidade passada. Pressupor, como o faz David K. Bernard, que João 3.16 não significa o “envio do Filho ao mundo”, mas apenas de uma “natureza enviando outra”, seria um erro grossante, por exemplo, argumentar que os judeus esperavam a vinda do próprio Pai em carne.

Além de negar a preexistência do Filho, os unicistas apontam para o dia quando Deus “deixará de assumir seu papel de Filho e a filiação será, mais uma vez, absorvida pela grandeza de Deus, que retornará a seu papel original como Pai, criador e soberano de tudo”. O que não se entende com relação ao unicismo, é o porquê de todo este malabarismo divino. A descrição que eles fazem de Deus é, sem dúvida alguma, uma verdadeira encenação teatral. É justamente esse o conceito que se tem do Filho – a de um personagem usado temporariamente pelo Pai. Consequentemente, não haveria Filho de Deus como pessoa espiritual.

As duas naturezas

A doutrina das duas naturezas do Filho – divina e humana – tem sido mal entendida pelos unicistas. Ela significa duas naturezas distintas no Filho, mas jamais pode ser vista como significando Pai e Filho. Não existe qualquer tipo de relação afetiva, moral ou de qualquer outra natureza entre elas. A compreensão unicista neste sentido, entretanto, é a mais devastadora possível. De uma maneira pouco racional, eles veem as duas naturezas do Filho da seguinte maneira.

·         Natureza humana – Filho
·         Natureza divina – Pai

Daí atribui as mais mirabolantes interpretações possíveis. Eles vão de um extremo ao outro das Escrituras procurando dar um sentido a sua interpretação. Argumentam que se há alguma distinção em Deus, essa é apenas no que se refere à distinção de “funções” na divindade. Essa distinção surgiu como um meio de fuga para alguns pontos difíceis das Escrituras que, interpretados de outra maneira, poderia dar a entender uma “dualidade de pessoas”. Por exemplo, quando questionados sobre algumas distinções no Antigo Testamento, simplesmente declaram:
“Qualquer dualidade vista nesses versículos das Escrituras indica uma distinção entre Deus e a humanidade”. [17]

Essa é a mesma praxe seguida no Novo Testamento.
“Os crentes unicistas enfatizam as duas naturezas de Cristo, usando este fato para explicar as referências no plural ao Pai e ao Filho contidas nos evangelhos. Como Pai, Jesus às vezes agia e falava de sua auto-consciência divina; como Filho Ele algumas vezes agia e falava de sua auto-consciência humana”. [18]

A passagem de Mateus 18.10 fere frontalmente a doutrina unicista das naturezas.

A teologia do nome

A unicidade dá forte ênfase à doutrina do nome de Deus como revelado tanto no Antigo como no Novo Testamento. Enquanto os trinitaristas veem o nome de Jesus como o nome humano de Deus Filho, os crentes unicistas veem este nome como o nome redentor de Deus no Novo Testamento. Eles recorrem às passagens de Isaias 52.6; Zacarias 14.9; Mateus 1.21; João 17.26 e Filipenses 2.10 com o intuito de provar que Jesus é o “único nome da divindade, dado entre os homens”. Segundo eles, Deus no Antigo Testamento não possuía um nome especifico (Ex. 6.3). Eram atribuídos diversos títulos, como Eloah, Elohim, Jeová, mas pelo seu próprio nome – Jesus – não foi perfeitamente conhecido por eles. Jesus é a culminância de todos os nomes de Deus, no Antigo Testamento. Ele é o mais alto, o mais exaltado jamais revelado à humanidade.

O batismo em nome de Jesus

O movimento unicista ensina que o batismo nas águas deve ser administrado na fórmula mágica de Mateus 28.19. “A Teologia do nome e a rejeição do trinitarismo exige uma fórmula Cristocêntrica. [19]

Eles chegaram a essa conclusão após uma “revelação” do texto hebraico de Mateus 28.19.
“A gramática do versículo denota um nome singular. Sendo que Jesus é ao mesmo tempo Pai, Filho e Espírito Santo, e sendo que Ele veio em nome de seu Pai e enviará seu Espírito em seu nome, o único nome de Mateus 28.19 tem que ser Jesus. A igreja primitiva, que incluía Mateus, cumpriu as instruções de Cristo, batizando em nome de Jesus”. [20]
Veja Atos 2.38; 8.12,16; 10.48; 19.5; 22.16. Citam Paulo como tendo seguido essa suposta “instrução” de Cristo.

Referências Bibliográficas
1. SILVA, E.S. Manual de Apologética Cristã, CPAD, pág. 317.
2. Folheto Explicativo, A Verdade sobre a Igreja, CPP, Alvorada – RS.
3. LEE, W. A Base da Igreja, Árvore da Vida, págs. 6-10.
4. LEE, W. A Economia de Divina, São Paulo – SP: Editora Árvore da Vida, 4ª edição, outubro de 2000, pág. 24.
5. Ibidem, pág. 79
6. MOISES, R.C. Revelação do Amor, A Voz da Verdade, pág. 6.
Ibidem, pág. 6
7. A Igreja Evangélica a Voz da Verdade e o Unicismo, Defesa da Fé, ano 3, número 20, março de 2000, pág. 54.
8. Folheto Explicativo, O Nome Sagrado, pág. 1.
9. Ibidem, pág. 2.
10. Folheto Explicativo, O Inefável Nome Sagrado, pág. 2.
11. Ibidem, pág. 2.
12. Id. Ibidem, pág. 3.
13 BERNARD, David K. Essenciais da Teologia Unicista, pág. 6
14. BERNARD, David K. A Unicidade de Deus, pág. 17
15. Estatuto da Igreja Voz da Verdade, número 2
16. Ibidem
17. BERNARD, David K. A Unicidade de Deus, pág. 152
18. BERNARD, David K. Essenciais da Teologia Unicista, pág. 18
19. Ibidem, pág. 22
20. Id. Ibidem, pág. 21
Fonte: INPR

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