INTRODUÇÃO
Elias (Meu Deus é Yahweh) nasceu na cidade de Tisbe - cidade esta que ninguém sabe ao certo onde estava localizada - ele foi
levantado por Deus como profeta para confrontar a idolatria em que
vivia o povo de Israel. Governado pelo rei Acabe e sua esposa Jezabel
os israelitas se afastaram do Deus vivo e começaram a adorar Baal.
No confronto com o rei Acabe, Elias disse que durante três anos e
meio não choveria sobre a face da terra e que nem orvalho cairia (1Rs 17.1; Tg 5.17). É
interessante destacar que o orvalho simboliza as bênçãos espirituais
que caem sobre nós todos os dias que não vemos e nem percebemos
A seca profetizada por Elias era o reflexo da sequidão do coração
povo de Israel em relação a Deus. A Palavra de Deus não inundava
mais o coração do povo, pois a idolatria havia tomado por completo
a vida deles. A Palavra de Deus era, para o povo de Israel, como a
chuva do céu, mas há muito que o coração do povo havia se tornado
sequidão de estio.
Veja a comparação da Palavra de Deus com a chuva (Dt 32.1,2; Is
55.10,11):
Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as
palavras da minha boca. Goteje a minha doutrina como a chuva, destile
a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como
gotas de água sobre a relva (Dt 32.1,2).
Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá
não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar
semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra,
que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará
o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei (Is
55.10,11).
Baal foi só mais um deus a ser adorado com a ida de Jesabel para
Israel. E este se tornou o principal deles (1Rs 18.19). Baal quer
dizer “senhor” e “marido”, e esta entidade estava usurpando o
título que o Deus de Israel tinha. Baal era conhecido também como o
deus da fertilidade, por isso que foi profetizado que não choveria
sobre a face da terra. Se Baal é o senhor e o deus da fertilidade
então ele tem poder para fazer chover sobre a face da terra. O
SENHOR usou de lógica nessa batalha, ou seja, destronou Baal naquilo
que ele dizia ser senhor e deus.
Depois de profetizar a respeito dessa seca, Elias foi levado por Deus
a se esconder junto ao ribeiro de Querite e ali o Senhor o sustentou
com pão e carne através dos corvos, de manhã e a noite, durante
muitos dias. Não sabemos quanto tempo Elias esteve ali, mas sabemos
que ele fico neste lugar até que o ribeiro secasse. Esses ribeiros
eram formados pelas chuvas e pela neve que derretia, como não chovia
há muito tempo, o ribeiro secou. Dali o Senhor o envia a Serepta,
onde havia ordenado a uma viúva que o sustentasse (1Rs 17.9).
Observe que em todo o tempo o Senhor é quem orienta o que Elias
devia fazer, quando fazer e para onde deveria ir. Em momento algum
Elias tomou a iniciativa, mas foi guiado pelo Senhor.
O profeta Elias foi um homem que ousou desafiar o rei Acabe e sua
esposa Jesabel. Desafiou os profetas de Baal e de Aserá. Orou e
durante três anos e meio não choveu, orou de novo e a chuva voltou
cair em abundância sobre a terra de Israel; orou e o Senhor fez cair
fogo do céu. Orou e o Senhor ressuscitou o filho da viúva. Enfim,
Elias era não só um homem de oração, mas um homem que orava
segundo a vontade de Deus. Como nos fala 1 João 5.14:
“E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma
coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”.
Mas diante de tudo isso Elias fraquejou diante da ameaça de Jezabel.
É sobre este assunto que quero pensar com você e quais as lições
que podemos tirar desse episódio na vida de Elias. Vejamos:
1 – A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR NÃO DÁ SUA
GLÓRIA A OUTREM (Is 42.8).
A Bíblia nos fala em Isaías 42.8: “Eu sou o Senhor; este é o
meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu
louvor às imagens de escultura”.
Diante de tanta idolatria que havia em Israel e diante de tantos
milagres realizados por Elias, para o povo se voltar para Elias de
forma a adorá-lo era só uma questão de tempo. Hoje temos visto
isso acontecer em nosso meio. Quantos líderes são comparados a
“deuses” e fazem questão de serem vistos assim. Como foi o caso
de um determinado “apóstolo” que sofreu um atentado e depois
começaram a dizer que o sangue dele operava milagres. O ser humano,
como um todo, vive em busca do divino e tem necessidade de estar em
sintonia com algum ser espiritual. Por isso que é tão comum
encontramos as pessoas mergulhadas na idolatria, pois além de
buscarem um ser divino, a maioria quer ver e tocar nesse “ser” ou
naquilo que o represente. Por isso vemos as vendas de objetos
consagrados por aí.
Por isso que o Senhor sempre condenou a idolatria. No entanto, apesar
dessas ordenanças estarem bem claras nas Escrituras (Êx 20.1-5; 1Co
10.14-21), acabam caindo no esquecimento de muitas pessoas, e,
infelizmente, isso têm ocorrido entre muitos cristãos. Os seres
humanos são propensos à adoração de heróis, à idolatria,
a atribuir às criaturas aquilo que só pode ser conferido ao
Criador. Por essa razão é que frequentemente se deparam com
frustrações e desapontamentos, e descobrem que o seu ídolo querido
é, como eles mesmos, feito de barro. Assim, a expressão “Devagar
com o andor, que o santo é de barro”, serve para todos nós.
Por esta razão que o Senhor escolheu como seu próprio povo “as
coisas loucas do mundo”, as “coisas fracas do mundo”, as
“coisas vis” e as “aquelas que não são”, “a fim de que
ninguém se glorie na presença de Deus” (1Co 1.27-29). E ele
chamou homens pecadores, embora regenerados, e não anjos santos,
para serem pregadores do seu Evangelho, para que fique absolutamente
evidente que, ao chamar pecadores das trevas para a sua maravilhosa
luz, “a excelência do poder” não é deles nem procede deles,
mas que é somente Ele quem dá o crescimento à semente espalhada
por eles. “De modo que nem o que planta (o evangelista) é
alguma coisa, nem o que rega (o mestre), mas Deus, que dá o
crescimento” (1Co 3.7).
Diante disso não deveríamos nos surpreender ao olharmos para os
heróis da Bíblia, pois os melhores dentre os homens nunca passaram
de homens. Não importa quão cheios de talentos eles sejam, quão
eminentes no trabalho de Deus, quão grandemente honrados e usados
por Ele, basta que o seu poder sustentador seja removido deles por um
só momento, e logo se verá que eles são “vasos de barro”.
Nenhum homem fica de pé um minuto sequer, sem ser sustentado pela
graça de Deus. Até mesmo o santo mais experimentado, quando
é entregue aos seus próprios cuidados, logo mostrará quão frágil
e tímido ele é. “Na verdade, todo homem, por mais firme
que esteja, é pura vaidade” (Sl 39.5).
Então, por que a surpresa, por que achar que é impossível,
quando lemos a respeito dos fracassos e das quedas dos mais
favorecidos dos santos e dos servos de Deus? A embriaguez de Noé,
a carnalidade de Ló e suas filhas, as prevaricações (má
fé) de Abraão, a raiva de Moisés, a inveja de Arão,
a precipitação de Josué, o adultério de Davi, a
desobediência de Jonas, a negação de Pedro, a
contenda de Paulo com Barnabé – são tantas ilustrações
da solene verdade que “Não há homem justo sobre a terra que
faça o bem e que não peque” (Ec 7.20). A perfeição
só se encontra no céu. Na terra, não a encontramos em lugar
nenhum, exceto no Perfeito Homem – Jesus.
Contudo, queremos deixar claro que os fracassos desses homens
não estão registrados nas Escrituras para nos escondermos atrás
deles, para usá-los como desculpa da nossa própria infidelidade.
Pelo contrário. Eles nos são apresentados como sinais de perigo,
para prestarmos atenção, como solenes advertências para levarmos
em conta (1Co 10.1-13). Ler a respeito desses fracassos deve
levar-nos à humilhação e conduzindo-nos a sermos mais desconfiados
de nós mesmos. Eles devem imprimir em nosso coração o fato que
nossa força se encontra unicamente no Senhor, e que sem ele não
podemos fazer nada. Eles devem nos levar a clamar constantemente:
“Sustenta-me, e serei salvo” (Sl 119.117). E não
somente isso. Eles deveriam nos afastar da indevida confiança nas
criaturas e libertar-nos de esperar demais dos outros. Eles
deveriam nos tornar diligentes na oração por nossos irmãos em
Cristo, especialmente por nossos pastores, para que Deus se agrade em
preservá-los de tudo aquilo que traria desonra ao seu nome e faria
com que os seus inimigos se regozijassem.
O profeta Elias, por cujas orações as janelas do céu se
fecharam completamente por três anos e meio, e por cujas súplicas
elas novamente se abriram, não era nenhuma exceção à regra.
Ele também era feito de carne e sangue, e Deus permitiu que isso se
tornasse evidente de forma dolorosa. Jezabel mandou uma mensagem para
informá-lo que, no dia seguinte, ele teria o mesmo destino dos
profetas dela. “O que vendo ele, se levantou, e, para escapar
com vida, se foi” (1Rs 19.3).
2 – A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE ELIAS PENSOU QUE OS
MILAGRES ERAM O FIM EM SI MESMO (1Rs 19.3).
No meio do glorioso triunfo
sobre os inimigos do Senhor, no exato momento em que o povo precisava
dele para liderá-los para abandonar completamente a idolatria e para
estabelecer a verdadeira adoração em Israel, ele se vê terrificado
pela ameaça da rainha e foge.
Creio que Elias não havia entendido que o seu ministério não havia
acabado no momento que a chuva havia começado a cair. A chuva era o
início do grande avivamento que o Senhor começaria em Israel
através dele. Muitas vezes agimos tal qual o profeta Elias, pensando
que o nosso ministério se limita a alguns episódios de sucesso.
Muitas pessoas têm perdido a visão do todo, da continuidade, da
perseverança, do ir mais além quando contemplam algum milagre em
seus ministérios.
O milagre não é o fim em si mesmo, mas muitas vezes eles ocorrem
como uma porta que se abre para que algo maior aconteça, o
verdadeiro milagre, a conversão de almas. Podemos ver isso em Atos
dos apóstolos quando Pedro e João estão indo ao templo para orar e
encontram aquele coxo mendigo em uma das portas do templo, e, pela
misericórdia e graça, ele alcança a cura através de Pedro e João.
Mas a cura não foi um fim em si mesmo, tanto o mendigo quanto uma
multidão através do discurso de Pedro alcançam a salvação. Esse
era o verdadeiro milagre que o Senhor queria operar naquele lugar.
Mas a porta para que isso ocorresse foi a cura do coxo mendigo.
Paulo escrevendo ao seu filho na fé, Timóteo, disse para ele
cumprir “cabalmente” ou “plenamente” o seu ministério (2Tm
4.5). Devemos tomar cuidado para não realizarmos somente uma parte
do “todo” que o Senhor quer realizar através de nós. Podemos
ver isso na vida de Elias, observe o que nos diz em 1Rs 19.15-19.
Depois que Elias comissiona Eliseu ainda ficou mais quatro anos
exercendo o seu ministério. Entenda uma coisa, o tempo e a hora de
encerrarmos o ministério que o Senhor colocou em nossas mãos
pertence a Ele. Não nos compete dar fim aquilo que o Senhor ainda
não disse nada.
Da mesma maneira como o Senhor que tinha trazido o profeta Elias a
Jezreel (1Rs 18.46), ele não recebeu nenhuma indicação de Deus
para sair dali. Com toda certeza, era tanto privilégio como dever de
Elias buscar a proteção do seu Senhor contra a fúria de Jezabel,
assim como ele fizera em relação à ira de Acabe. Se Elias tivesse
confiado a própria vida nas mãos de Deus, este não o desampararia;
e, provavelmente, um grande benefício se concretizaria, se Elias
permanecesse na posição em que o Senhor o havia colocado.
3 – A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE ELIAS TITUBEOU NA SUA
FÉ (1Rs 19-1-3).
Em Tiago 4.17 nos diz que “Elias era homem sujeito as mesmas
paixões que nós...”.
A Bíblia não nos deixa esquecer
isso para que não venhamos a pensar que a nossa força é suficiente
para alcançarmos os picos mais altos da fé. Elias, pela graça de
Deus, operou grandes sinais e prodígios, e entrou para a história
dos grandes profetas de Israel. Mas entenda uma coisa, ainda que os
homens ímpios não saibam, mas é pela graça comum que muitos
chegam a algum lugar de destaque na sociedade e na história. Como
disse o Senhor Jesus a Pilatos: “Disse-lhe, pois,
Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te
crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum
poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado
(João 19.10,11).
Por Elias ser como cada um de nós ele também titubeou na sua fé.
Ele passou a olhar para a força do vento em meio “ao mar revolto”
e tirou os olhos do Senhor, assim como Pedro o fez anos mais tarde
(Mt 14,30).
Os seus olhos não estavam mais fixos em Deus; ele só via a
furiosa Jezabel. Ele se esqueceu daquele que o tinha
alimentado milagrosamente no ribeiro de Querite, daquele que tão
maravilhosamente o tinha sustentado na casa da viúva em Sarepta,
aquele que de forma tão destacada o fortalecera no Carmelo. Pensando
apenas em si mesmo, Elias foge do lugar do testemunho.
A falta de fé que o levou a ficar com medo. Elias esperava
resultados imediatos do milagre que havia ocorrido. Ele esperava que
não somente a nação se voltasse para Deus, mas também a
liderança. O erro de Elias é o mesmo nosso, esperarmos das outras
pessoas aquilo que Deus tem feito em nossas vidas. Esperamos que as
pessoas correspondam ao chamado de Deus com o mesmo afinco que nós.
Mas, infelizmente, isso não ocorre, por isso nos decepcionamos com
as pessoas, ou seja, nós criamos falsas expectativas em relação as
outras pessoas.
Foi a sua preocupação com as circunstâncias que provocou a
triste queda de Elias. A filosofia deste mundo diz: “O homem é
produto do seu meio (das suas circunstâncias)”. Não há dúvida
de que isso se aplica muito bem ao homem natural, mas não deveria
ser verdade a respeito do cristão, pelo menos não o é enquanto as
suas virtudes permanecerem em condição saudável. A fé se ocupa
com aquele que ordena as nossas circunstâncias, a esperança olha
além da cena atual, a paciência concede força para suportar as
provas, e o amor se deleita naquele que não é afetado pelas
circunstâncias. O apóstolo Paulo é um exemplo disso (Fl 4.10-13).
Enquanto Elias tinha o Senhor diante de si, não temeu, embora se
acampasse contra ele um exército. Mas quando ele olhou para a
criatura e ponderou no perigo que corria ele pensou mais na própria
segurança do que na causa de Deus.
Estar ocupado com as circunstâncias é andar por vista, e
isso é fatal tanto para nossa paz como para nossa prosperidade
espiritual. Por mais desagradáveis ou desesperadoras que sejam
nossas circunstâncias, Deus é capaz de nos preservar nelas, como
ele fez com Daniel na cova dos leões e com seus companheiros na
fornalha de fogo. Sim, ele é competente para fazer o coração
triunfar sobre tudo isso, como testemunham os cânticos dos apóstolos
na prisão em Filipos.
Como é grande o contraste entre a fuga de Elias e a fé de
Eliseu! Quando o rei da Síria enviou uma grande multidão para
prender Eliseu e o seu servo disse: “Ai! Meu senhor! Que faremos?”,
o profeta respondeu: “Não temas, porque mais são os que estão
conosco do que os que estão com eles” (2Rs 6.15,16). Quando a
Imperatriz Eudósia (ano 440 d.C) enviou uma mensagem ameaçadora a
Crisóstomo, ele disse ao oficial dela: “Vá, diga a ela que eu
nada temo além do pecado”. Quando os amigos de Lutero
insistentemente lhe suplicaram que não comparecesse à Dieta de
Worms, à qual tinha sido convocado pelo Imperador, ele replicou:
“Ainda que cada telha das casas daquela cidade fosse um demônio,
eu não me acovardaria”, e ele foi, e Deus o libertou das mãos dos
seus inimigos. Contudo, as fraquezas de Crisóstomo e de Lutero se
manifestaram em outras ocasiões.
Oh! Como precisamos clamar: “Senhor, aumenta-nos a fé”, pois
somente somos fortes e estamos salvos enquanto exercemos fé em Deus!
Se ele é esquecido e não percebemos a sua presença conosco no
momento em que somos ameaçados por grandes perigos, então, com
certeza, agiremos de forma indigna da nossa confissão cristã. É
pela fé que estamos em pé (2Co 1.24):
“Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos
cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé”.
4 – A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR ESTAVA
QUEBRANDO O ORGULHO DE ELIAS (1Rs 19.8-10,14,18,19).
Muitas vezes corremos o risco de confundirmos zelo com orgulho. Vemos
isso de forma clara na vida de Elias de três formas:
1o – Em primeiro lugar, que ele tinha
um conceito demasiadamente elevado da sua própria importância (Só
eu fiquei).
2o – Em segundo lugar, que ele estava
excessivamente envolvido em seu trabalho: “eu, somente eu,
fiquei” para cuidar da tua causa.
3o – E, em terceiro lugar, que ele
estava decepcionado com a ausência dos resultados que esperava que
acontecessem.
As operações do orgulho abafaram a prática da fé – a tripla
insistência no “Eu”.. Observe como Elias repetiu essas
declarações (v. 14), e como a resposta de Deus tem como objetivo
descrever a doença que havia tomado o seu coração, o ego – Elias
foi posto no seu lugar!
Jonathan Edwards (1703-1758) descreve o que é o orgulho espiritual.
Diz ele assim:
“A primeira e a pior causa de erro que prevalece nos nossos dias
é o orgulho espiritual. Essa é a principal porta que o diabo usa
para entrar nos corações daqueles que têm zelo pelo avanço da
causa de Cristo. É a principal via de entrada de fumaça venenosa
que vem do abismo para escurecer a mente e desviar o juízo. É o
meio que Satanás usa para controlar cristãos e obstruir uma obra de
Deus. Até que essa doença seja curada, em vão se aplicarão
remédios para resolver quaisquer outras enfermidades.
O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que qualquer
outra fonte de corrupção porque, por sua própria natureza, leva a
pessoa a ter um conceito alto demais de si própria. É alguma
surpresa, então, verificar que a pessoa que pensa de si acima do que
deve está totalmente inconsciente desse fato? Ela pensa, pelo
contrário, que a opinião que tem de si está bem fundamentada e
que, portanto, não é um conceito elevado demais. Como resultado,
não existe outro assunto no qual o coração esteja mais enganado e
mais difícil de ser sondado. A própria natureza do orgulho é criar
autoconfiança e expulsar qualquer suspeita de mal em relação a si
próprio.
O orgulho toma muitas formas e manifestações e envolve o coração
como as camadas de uma cebola – ao se arrancar uma camada, existe
outra por baixo dela. Por isto, precisamos ter a maior vigilância
imaginável sobre nossos corações com respeito a essa questão e
clamar àquele que sonda as profundezas do coração para que nos
auxilie. Quem confia em seu próprio coração é insensato.
A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia de
luz, não necessitando assim de instrução. Assim, terá a tendência
de prontamente rejeitar a oferta de ajuda nesse sentido.
As pessoas orgulhosas tendem a falar dos pecados dos outros: o
terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos
que têm amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A
pessoa espiritualmente orgulhosa critica os outros cristãos por sua
falta de crescimento na graça.
As pessoas espiritualmente orgulhosas falam frequentemente de
quase tudo que percebem nos outros em termos extremamente severos e
ásperos. É comum dizerem que a opinião, conduta ou atitude de
outra pessoa é do diabo ou do inferno. Muitas vezes, sua crítica é
direcionada não só a pessoas ímpias, mas a verdadeiros filhos de
Deus e a pessoas que são seus superiores”.
Deus então retirou de Elias a sua força por um momento para que
pudesse ser visto em sua fraqueza natural. Ele assim o fez com
justiça, pois a graça só é prometida aos humildes (Tg 4.6):
“Portanto diz: Deus resiste
aos soberbos, mas dá graça aos humildes”.
Deus atua nisso de forma soberana, pois é somente por sua graça que
o homem é mantido humilde e de pé na sua presença. O Senhor
reparou o coração de Elias que estava cheio de si, cheio de
orgulho, cheio de zelo, mas vazio da graça do Senhor. Elias não era
diferente de nenhum de nós. Por isso devemos vigiar para não
cairmos nos mesmos erros que ele cometeu.
CONCLUSÃO
Muitas pessoas acham estranho quando leem que os mais destacados e
dignos santos da Bíblia fracassam justamente naqueles que são os
seus pontos mais fortes. Abraão se destaca por sua fé, sendo
chamado “o pai daqueles que creem”; contudo, a fé dele
desmoronou no Egito, quando mentiu a Faraó a respeito da sua esposa.
Somos informados que Moisés era “mui manso, mais do que todos os
homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3); contudo, ele foi
impedido de entrar em Canaã porque perdeu a paciência e falou de
forma imprudente com os seus lábios. João era o apóstolo do amor;
contudo, em uma explosão de intolerância e impaciência, ele e o
seu irmão Tiago queriam pedir fogo do céu para destruir os
samaritanos, pelo que o Senhor os repreendeu (Lc 9.54,55). Elias era
famoso por sua coragem; contudo, foi a coragem que lhe faltou nesse
momento. Que evidências são essas, de que ninguém pode exercer as
graças que mais distinguem o seu caráter sem a direta e constante
assistência de Deus, e que, quando em perigo de se exaltar acima da
medida, os homens de Deus são muitas vezes deixados a lutar com a
tentação sem o seu costumeiro auxílio. É somente quando estamos
conscientes da nossa fraqueza e a reconhecemos, que somos
fortalecidos.
Pense nisso!
Pr. Silas Figueira
Obras consultadas:
A. W. Pink. A Vida do Profeta Elias. Editora os Puritanos, Santo André, SP, 2019.
R. N. Champlin, Ph. D. O Antigo Testamento Interpretado, Volume 2. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2001.
W. W. Wiersbe. Editora Geográfica, Santo André, SP, 6a reimpressão, 2012.
Fonte: http://ministeriobbereia.blogspot.com
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