As Consequências da Escuridão
Espiritual
Esta escuridão espiritual leva os
crentes a um estado de dor e pecado, pois, primeiro, haverá
desânimo. A luz dos olhos é boa e alegra o coração. Por outro lado, os dias
negros são dias de tristeza; a noite envolve tudo e oprime o coração. Isso
também é verdade para os crentes que viram a luz, que estavam acostumados a
andar na luz do rosto de Deus, e se regozijaram na luz, mas agora precisam
perder essa luz e estão cercados por trevas espessas. Tudo isso afligirá o
coração, e uma tristeza sombria irá subjugá-los, de modo que tudo, por assim
dizer, os entristecerá. Eles pensam sobre os dias anteriores, quando o Senhor fez
Sua luz brilhar sobre eles, quando atravessaram as trevas com a Sua luz. Isso
agora desapareceu e há uma escuridão opressiva.
Segundo, durante a escuridão, as feras selvagens saem de seus buracos. Da mesma
forma, todos os tipos de atos pecaminosos se manifestam nesta escuridão, como
incredulidade, desânimo, irritabilidade e murmúrios. Mesmo pensamentos ateístas
fugazes surgem no coração, assim como todo tipo de raciocínio pecaminoso, para
trazer a alma para outras trevas.
Terceiro, a escuridão é uma coisa terrível. Há um terror noturno e uma flecha
que voa de dia (Salmo 91:5). É a mesma coisa aqui. Nós, dificilmente, seremos
capazes de discernir o que é a graça, e não somos capazes de percebê-la em nós
mesmos. Teremos medo da ira de Deus e da condenação. O diabo irá disparar suas
terríveis flechas; nossos pensamentos e sonhos irão nos aterrorizar e não
encontraremos descanso nem lugar de refúgio.
Quarto, aquele que, na escuridão, atravessa um pântano em que há muitas
trilhas, não se desviará facilmente. O mesmo se aplica aqui. “Quem anda nas
trevas não sabe para onde vai” (João 12:35). Quando está sozinho, seus
pensamentos vagam e, quando ele está entre as pessoas, tropeçará em suas
palavras. Se ele deve empreender algo ou se uma decisão precisa ser tomada, ele
vai errar em sua escolha, e o resultado de sua tentativa estará errado. Em
todos os lugares ele é enredado, e estará em escravidão em tudo o que fizer.
Quinto, aquele que anda em trevas tropeçará facilmente em algo que se encontra
em seu caminho, não podendo vê-lo – e as irregularidades fazem com que ele
tropece prontamente. O mesmo é verdade aqui. Os caminhos de Deus não estão mais
em seu coração, e ele caminha sobre estradas árduas. Aqui ele vê algo, e lá ele
ouve alguma coisa, e isso o ofende imediatamente. Aqui há tentações para errar
em doutrina, lá para pecar, e a oposição se revela. Em toda parte há
armadilhas, mas ele não as enxerga. Isso faz com que ele seja facilmente preso,
e quanto mais ele se move, mais se torna enredado. Ele não pode livrar-se,
porque não sabe onde pisar.
Sexto, a escuridão é uma estação infrutífera. Na escuridão do inverno, as
árvores ficam estéreis, como se estivessem mortas. Perto dos polos sul e norte,
quase nenhuma vegetação ou grama cresce, e tudo o que é semeado ou plantado em
um lugar que não pode ser alcançado pelo sol não pode crescer e ficará em um
estado triste. É o mesmo caso aqui. Quando uma densa escuridão envolve a alma,
ela não produz frutos dignos de arrependimento. Ela é estéril e fraca, não dá
ao Senhor que a plantou qualquer deleite, não é um ornamento para a igreja, e
essa plantação do Senhor não é motivo de alegria para outras pessoas piedosas
nem atraente para os não-convertidos. Durante essa época, ela não responderá ao
objetivo para o qual foi designada.
Sétimo, o período de escuridão é frio. Durante o inverno, tudo se torna imóvel
devido à geada. Essa mesma verdade se aplica aqui. Quando alguém entra em um
estado de escuridão, ele rapidamente cai em um estado de frieza, rigidez e
insensibilidade.
Autor: Wilhelmus à Brakel
Trecho
extraído de The Christian’s Reasonable Service, volume 4.
Tradução: Leonardo Dâmaso
Fonte: defesaapologetica.blogspot.com
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