“Vivam entre os não cristãos de modo exemplar.”
– 1Pe.2.12
As
vezes tenho a impressão de que a igreja vive de olhos bem fechados para a
realidade ao seu redor. Iniquidade, injustiça e opressão fazem parte do nosso
dia-a-dia. Fome, sofrimento e morte estão bem perto de nós, mas nós preferimos
não enxergar. A apatia da igreja ante as mazelas da nossa sociedade parecem
apontar para o fato de que o problema da igreja não falta de visão, mas a
capacidade de ignorar a realidade que ela teme encarar.
Os
cristãos tem a Glória de Deus como principal motivo da sua existência
(1Co.10.31), e o amor irrestrito a Ele como maior mandamento (Dt.6.4).
Entretanto, o Deus que amamos e servimos se opõe à injustiça. Ele é Pai para os
oprimidos (Sal.68.5), o guardião dos que
sofrem (Jer.49.11), quem atenta para o
fraco e protege o aflito e desamparado (Sal.82.3).
É ele quem exige que Seus filhos aprendam a fazer o bem, atentar à justiça,
repreender ao opressor, defender o direito dos órfãos e pleitear a causa das
viúvas (Is.1.17). É ele quem nos convida a atender a causa do pobre (Zac.7.10)
e lutar em favor da paz (Zac.8.16). Nós não podemos nos manter inertes diante
do sofrimento dos desfavorecidos do nosso país. Não podemos ignorar o divino
convite a nos juntarmos a Ele no cuidado do fraco, pobre e oprimido. Não
podemos manter os olhos fechados a realidade a nossa volta.
Lembre-se
também que o segundo mais importante mandamento cristão é amar ao próximo como
nós amamos a nós mesmos (Mat.22.39). Lembre-se
que o amor que recebemos de Deus nós devemos aos homens (Rom.13.8). Lembre-se de que somos convidados
por Cristo Jesus a fazer aos outros somente aquilo que gostaríamos que eles nos
fizessem (Mat.7.12). É por isso que manifestar o amor transformador que
recebemos de Deus por meio de Cristo em benefício do próximo é normativo para o
cristão. Até quando vamos observar o sofrimento alheio calados? Como podemos
falar sobre o amor de Deus, quando não conseguimos manifestar seu amor àqueles
que dele tanto necessitam?
Lembre-se
que nosso Deus ama a justiça (Sal.11.7),
que Seu caráter sempre está em acordo com a justiça (Sal.33.4-5) e que Ele ama de modo especial
aqueles que exercem Sua justiça (Pro.15.9).
Lembre-se que conhecer a verdade e não se manifestar em conformidade com ela é
uma atitude passível de reprovação divina (Luc.12.47).
Lembre-se que aquele que sabe o bem que deve fazer e não o faz está em pecado
(Tia.4.17).
Lembre-se
que aqueles que professam amar o Deus que ama a justiça deveriam, por amor a
Ele amar a justiça. Lembre-se que encarnar os valores do Rei é muito mais que
proclamar a mensagem do Reino. É viver entre os não cristãos de modo a
manifestar a graça divina (1Pe.2.12), nos esforçando para fazer o bem a todos
os homens (Rom.12.17), mantendo honesto
nosso procedimento diante de Deus e dos homens (2Cor.8.21). É cuidar dos
necessitados e carentes (Tia.1.27), é atender ao pobre (Pr.29.7), socorrer o que precisa de ajuda (Sal.41.1), é executar o direito e a justiça e
livrar o oprimido das mãos do opressor (Jer.22.3).
É viver de tal modo que até mesmos os não cristãos venham a reconhecer que
somos um povo sábio e inteligente (Deu.4.6), seguidores do Deus que se
manifesta através do Seu povo (Mat.5.16), como um povo cuja manifestação de Sua
graça e amor convide os não cristãos a glorificá-lo (1Pe.2.12), ou que lhes
cale a ignorância (1Pe.2.15). Não permita que seus olhos continuem fechados.
Obra os olhos, estenda as mãos e manifeste a graça divina através do amor ao
próximo. Siga o exemplo de Cristo e nunca permita que a mensagem do Reino seja
desassociada dos valores do Rei.
“Abra a boca a favor do mudo,
pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abra a boca, julgue
retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados” (Pro.31:8-9).
Fonte: https://marceloberti.wordpress.com/2014/12/11/de-olhos-bem-fechados/
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