O QUE É HERMENÊUTICA
- A palavra hermenêutica significa: “interpretação
do sentido das palavras; interpretação dos textos sagrados; arte de
interpretar leis” (Dicionário Aurélio).
- Em relação ao estudo bíblico: “Hermenêutica é
o estudo de princípios de interpretação bíblica e a aplicação destes
princípios no estudo bíblico”.
- Nas Escrituras é usada em quatro versículos:
Jo. 1.42; 9.7; Hb. 7.2 e Lc. 24.27. Esse termo pode ser traduzido por explicar
ou expor.
A LIBERDADE DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA.
- É um princípio defendido por nós, evangélicos,
o direito de todas as pessoas interpretarem por si mesmas o significado do
conteúdo da Bíblia Sagrada.
- Este princípio foi um dos fundamentos da
Reforma Protestante do século XVI.
- Essa liberdade não nos dá o direito
deinterpretá-la da maneira que quisermos, que mais nos agrade ou conforme
os nossos interesses.
Observações:
1) Quando a sua interpretação particular o conduzir
a uma conclusão diferente da posição evangélica histórica, deve ser considerada
suspeita. Na maioria das vezes, depois de mais amplo estudo, você verá que
errou em sua interpretação.
2) Somos devedores à história da igreja que
registra o que os crentes do passado malharam na bigorna da sondagem da alma,
da investigação escriturística e do debate.
3) A história da igreja é importante, mas não
decisiva na interpretação da Escritura (cuidado!!!).
A IMPORTÂNCIA DA BOA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA.
- Não podemos interpretar a Bíblia de forma
irresponsável. Ela contém material muito sério, não pode-ser tratada com
- Da boa interpretação bíblica depende o fazermos
ou não aquilo que Deus espera de nós.
- Os perigos nos últimos dias exigem uma
hermenêutica sólida (2Tm. 4.1-4; 1Tm.4.1-6; 2Pe. 3.16).
- Somos encorajados a “manejar bem” a Palavra de
Deus (2Tm. 2.15). A palavra traduzida “manejar bem” literalmente significa
“cortar direito”.
Observação: Estejamos atentos para descobrir o real
significado da mensagem bíblica para que não venhamos a ouvir, nós mesmos, a
seguinte repreensão ouvida por alguns profetas contemporâneos de Jeremias: “Eis
que sou contra esses profetas, diz o Senhor, que pregam a sua própria palavra,
e afirmam: Ele disse”. (Jr. 23.31).
MANEIRAS DE DISTORCER A MENSAGEM BÍBLICA.
- Existem três maneiras de distorcer a mensagem
bíblica:
1 – Acrescentando algo à sua mensagem (Ap. 22.18).
2 – Omitindo parte dela (Ap. 22.19).
3 – Forçando uma interpretação (Mt. 4.1-11; 2Co.
4.1-2; 2Pe. 3.16).
REGRAS BÁSICAS PARA SE OBTER UMA BOA INTERPRETAÇÃO
BÍBLICA.
1) Pedir constantemente a orientação divina.
- Deus nos deu a sua Palavra, a Bíblia, para que
conheçamos os seus planos para as nossas vidas. Desta forma, ninguém mais
apropriado para explicar o significado da Palavra de Deus do que o próprio
Deus (1Co. 2.14-16).
- Deve o intérprete permanecer em oração antes,
durante e depois do estudo de qualquer passagem bíblica.
- Deus providencia uma maneira para o intérprete
entender o texto bíblico Inclusive poderá providenciar pessoas mais
capazes e experientes para ajudá-lo nesta tarefa.
Exemplo: O caso do etíope em relação a Filipe (At.
8.26-40).
Obs. O deus deste mundo, Satanás, faz o máximo que
pode para impedir que as pessoas compreendam a verdade espiritual (2Co. 4.14).
2) Abordar todas as passagens com humildade.
- Ao tratar com a palavra de Deus, seja humilde,
esteja consciente de que dificilmente alguém atinge um completo
conhecimento de qualquer texto bíblico.
- Sempre pode haver mais alguma coisa que Deus
deseja mostrar através dele, e você só aprenderá quando concluir que
existe a possibilidade de desconhecer alguma parte.
- O intérprete ao pensar que já sabe tudo, de
forma arrogante, acaba por não enxergar as verdades ainda não
descortinadas para a sua mente.
- O conselho bíblico é claro: seja humilde,
porque “adiante da honra vai a humildade” (Pv. 33b), da mesma forma
que “a altivez do espírito precede a queda” (Pv. 16.18b). Em suma,
só aprendemos quando sabemos que não sabemos.
- Notamos muitas vezes que passagens bem
familiares da Bíblia são interpretadas de forma errada, simplesmente
porque o intérprete está acostumado com elas. Talvez até as conheça de
cor, só que não percebeu o significado verdadeiro. Trata-as com descuido,
na ilusão de que já as conhece muito bem, não precisa se esforçar para
aprender mais nada a respeito delas.
Exemplo: Mt. 6.25-34 – Existe um Cântico que diz o
seguinte: “Buscai primeiro o reino de Deus e toda a sua justiça, e todas as
coisas vos serão acrescentadas, aleluia, aleluia”. O texto bíblico não
contém a frase “e todas as coisas vos serão acrescentadas” mas sim “e
todas estas coisas”. Lendo o texto, desde o versículo 25 até o 34,
percebemos que a conversa é em torno do que comer, beber e vestir, nada mais do
que isto, e Jesus está dizendo que seus discípulos não devem ficar ansiosos por
estas coisas. Devem é buscar em primeiro lugar, o seu reino e também a justiça,
confiantes que todas estas coisas: comida, bebida e vestuário serão
acrescentadas.
3) Observar o texto com muita atenção.
- A falta de atenção é um dos principais fatores
que levam à má interpretação bíblica no meio do povo de Deus.
- Os membros das igrejas, em muitos casos, fazem
uma leitura rápida do texto e tiram conclusões mais apressadas ainda,
baseados não naquilo que está escrito, mas sim naquilo que eles acham
estar escrito.
- O texto deve ser observado de todos os
ângulos, buscando-se as palavras-chave, aquelas que mostram a base central
do assunto, e o significado da passagem como um todo.
Exemplos:
1) Zc. 12,13 e 14. Observe a repetição da expressão
“naquele dia”. Isto pode estar mostrando que o assunto básico deste três
capítulos, tão difíceis, não é outro senão os acontecimentos daquele dia. O que
vem a ser isto já é outro assunto e dificuldade, mas, chegando a essa conclusão,
ainda que parcial, estamos no caminho certo para a interpretação correta e
final.
2) SI. 101.6. O salmista é quem afirma que
procuraria encontrar pessoas fieis para serem seus companheiros. Não é Deus
quem faz esta citação.
3) Lm. 3.22-23. Observe que são as misericórdias do
Senhor que são novas a cada manhã e não a sua Palavra, como muitos afirmam
citando estes versículos.
4) Observar o contexto com muito cuidado.
- Observar os versículos que precedem e seguem
ao texto que se estuda;
- Em qualquer trabalho de interpretação devemos levar em conta o contexto:
1) Imediato. Capítulo ou passagem completa.
2) Próximo. O livro que se encontra.
3) Geral. A Bíblia como um todo.
Exemplos:
1) Filipenses 4.13. Uma gravura de uma pequena formiga carregando uma enorme maçã, citando
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Essa forma de
utilização do texto fora do contexto não passa de um pensamento positivo, sem
base bíblica aceitável. O texto bíblico dentro de seu contexto (Fp. 4.10-13)
mostra que Paulo podia, ou estava acostumado, a suportar qualquer situação,
fosse ela de fartura ou de escassez, o que é muito diferente de poder fazer o
que quiser.
2) Lucas 10.4-7. Alguns defendem a ideia de que
todos os verdadeiros pregadores da mensagem de Cristo devem partir para os
campos missionários sem levar nada para a própria sobrevivência. Observando
esta passagem dentro do seu contexto:
– Contexto imediato (Lc. 10.1-12). Esclarece que
Jesus não estava dando uma fórmula fechada de como devem comportar-se os
missionários de todos os tempos e, sim, passando orientações para apenas um
pequeno grupo que deveria ir adiante Dele nos lugares e cidades por onde Ele
mesmo passaria em seguida.
– Contexto próximo (Lc. 22.35-38). Esclarece que a
mensagem aos setenta discípulos, em Lc. 10.1-12, e também aos doze, em Mt.
10.5-15 e Lc. 9.1-6, não são regras fixas em todos os tempos. Eram instruções
para tarefas imediatas e bem definidas.
– Contexto geral (a Bíblia toda). A Bíblia nos
esclarece que a igreja que envia deve manter de forma digna seu obreiro (1Co.
9.7-14). Em Jo. 13.21-30 observamos a presença de um tesoureiro no próprio
grupo de Jesus.
3) João 9.3: “Nem ele pecou, nem seus pais”.
O contexto limita o sentido da frase a que não haviam pecado para que sofresse
de cegueira como consequência, segundo erroneamente pensavam os discípulos.
Entendemos pelo contexto que se trata da cura do corpo e não da saúde da alma,
como pretendem os católicos, que deixando de lado o contexto imaginam encontrar
aqui apoio para a extrema unção.
4) Mateus 26.27-29. Compreendemos pelo contexto que
a palavra ‘sangue’ deve ser tomada em sentido figurado, desde o momento
que Jesus, no dito contexto, volta a chamar ao vinho de fruto da videira,
embora o tivesse abençoado. Percebemos que não vem de Jesus o ensino da
transformação do vinho em sangue verdadeiro de Cristo.
5) Descobrir o pano de fundo da passagem.
- Não basta conhecermos o texto em si.
Precisamos conhecer muito daquilo que não está no texto, mas, sim por trás
do mesmo, na tentativa de interpretá-lo corretamente.
- Quanto mais pormenores o intérprete conseguir
do pano de fundo da passagem, maior a possibilidade de um bom
entendimento.
- Deve-se procurar determinar, no mínimo, quem
foi o autor da passagem, em que ocasião a proferiu, em que época viveram
os personagens envolvidos, em que época foi escrito, por que foi escrito,
qual a localização geográfica, qual a situação econômica, social,
religiosa e política da época dos acontecimentos e além de outros itens
esclarecedores.
- Devemos buscar estas informações nos dicionários bíblicos, comentários disponíveis na atualidade e nas boas introduções, já publicadas.
Exemplo: Amós 4.1 “Ouvi esta palavra, vós, vacas
de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que esmagais os
necessitados, que dizeis a vossos maridos: dai cá, e bebamos”. Pelo
contexto imediato, percebemos que Amós está dirigindo a palavra às mulheres de
Samaria, que faziam parte da classe alta, e que oprimiam o pobre cada vez mais,
com a intenção de manter intacta a própria situação social que era extremamente
vantajosa para elas. O problema é descobrir o por quê dele as tratar pelo
título “Vacas de Basã”. Seria isto uma forma de xingamento? Quando descobrimos
ainda, por outros textos, que Amós era boiadeiro antes de ter sido chamado por
Deus para ser profeta, e que Basã era uma região conhecida em Israel como
excelente para a criação de gado, fica mais fácil de se entender o apelido. Ele
estava se referindo às mulheres bem tratadas de Samaria, aquelas que se alimentavam
do bom e do melhor e conseguia com isto uma aparência exuberante, na mente de
Amós, o boiadeiro, semelhantes às vacas criadas na região de Basã.
6) Identificar os tipos de literatura.
- A Bíblia é composta de diferentes gêneros
literários.
- A variação nos métodos de transmissão não
altera a qualidade e a procedência da mensagem bíblica.
- Cada gênero literário tem suas
particularidades que influenciem na interpretação.
- A atenção ao gênero literário impede-nos de
transformar uma passagem no que ela não é. Entre os gêneros literários que
fazem parte da Bíblia temos: leis, relatoshistóricos, alegorias,
provérbios, parábolas, orações, cartas, cânticos, visões, dramatizações,
profecias, narrativas, genealogia etc.
Exemplos:
1) Interpretar Ez. 37.1-14 como sendo uma narrativa
histórica. Trata-se de uma visão.
2) A dramatização é uma forma de se transmitir uma
mensagem bíblica (Jr. 13.1-13; Ez. 4.1-13).
- Não interpretar passagens figuradas como
literais e vice-versa.
- Uma passagem literal não tem mais importância
do que uma figurada.
- Podemos ensinar uma verdade descrevendo-a
literalmente ou de forma figurada, sem com isso diminuir o seu valor.
- Alguns interpretam passagens literais como
figuradas, porque elas não se enquadram na sua tendência teológica
preconcebida.
- Todas as vezes que interpretamos passagens
figuradas como se fossem literais, e literais como se fossem figuradas,
não estamos dizendo aquilo que a Bíblia diz.
Exemplos:
1) Zacarias 4.10 (Figurada).
A passagem não descreve Deus como um ser monstruoso, possuidor de sete olhos. O
que ele está mostrando é a capacidade divina de observar toda a terra.
2) Malaquias 4.5-6 (Profecia figurada).Verificar Mt. 11.13-14 e Mt. 17.10-13.
3) Mateus 14.13-21
(Literal). Alguns intérpretes afirmam que o real significado da passagem é que
Jesus extraiu das multidões um latente espírito de generosidade. Quando viram
que o menino compartilhou o seu almoço, seguiram o seu exemplo tirando os
alimentos de sob os seus mantos.
4) Mateus 26.26 (Figurada).
Jesus partiu pão e não seu próprio corpo, e portanto ele mesmo, santo e
inteiro, lhes deu o pão, e não parte de sua carne. Usa, pois, Jesus, a palavra
em sentido simbólico, dando-lhes a compreender que o pão representa seu corpo.
5) Mateus 16.19 (Figurada).
O reino dos céus não é um lugar terreno onde se penetra mediante chaves
materiais. As chaves estão simbolizando autoridade. Veja Jo. 20.23 e Mt.
18.18).
6) SaImo 91.4; SaImo 8.3; 2Crônicas 16.9 (Figuradas). Deus não tem corpo tangível – Jo. 4.24; Lc. 24.39.
7) Mateus 8.22 (Figurada).
Aqueles que estão mortos, no sentido espiritual da palavra, podem assistir aos
funerais dos que têm falecido no aspecto físico.
- Descobrir os diversos significados de uma
palavra.
- Na linguagem bíblica, como em outra qualquer,
existem palavras que variam muito em seu significado, segundo o sentido da
frase ou argumento em que ocorrem.
- Uma palavra só pode ter um significado correto
dentro do contexto que ocorre. Seria um grande erro atribuir-lhe outros
sentidos, ainda que verdadeiros em outros locais.
Exemplos:
1) A palavra manga, em português.
Isoladamente ela não diz de forma clara a que se refere. Dentro do contexto
poderemos descobrir se descreve uma fruta, uma parte do vestuário, um filtro
afunilado, ou outra coisa qualquer.
2) Sangue:
. At. 17.24-26 – significa um grupo de pessoas;
. Mt. 27.25 – sentido de culpa e suas
consequências, por matar um inocente;
. Hb. 9.6,7 – se refere ao fluído que circula nas
veias e artérias dos animais levando nutrição ao corpo;
Ef. 1.7 e Rm. 5.9 – aqui a palavra sangue equivale
à morte expiatória de Cristo na cruz.
3) 1Coríntios 7.1 – Este versículo fala da
necessidade de abstenção da imoralidade sexual. Seria errôneo
concluir que o homem nunca deve tocar mulher, como um aperto de mãos
cumprimentando-a.
4) Rins: SI. 16.7; SI. 7.9; Ap. 2.23;
Pv. 23.16. Os hebreus costumavam dizer que os desejos vinham dos rins (BLH ‘a
minha consciência’).
5) Coração (órgão): 2Sm. 18.4; At.
16.14; 2Co. 3.3; Ef. 6.6: o centro de nossas emoções.
6) Lombos: Lc. 12.35; 1Pe. 1.13 -A
expressão “cingidos os lombos” vem do hábito dos judeus de amarrar suas roupas
compridas quando queriam trabalhar ou andar depressa, para que não lhes
atrapalhassem. Essa ação de amarrar as roupas significa estar preparado, pronto
para agir – BLH – ‘…estejam prontos para agir’.
7) Camelo: Mt. 19.24; Mc. 10.25; Lc.
18.25. O Dr. Jorge M. Lamsa explica que a palavra aramaica ‘gamla’ pode
significar uma corda grossa, um camelo ou uma viga, e afirma que a palavra
camelo é uma tradução errada, primeiro do aramaico para o grego e
posteriormente para outras línguas, entre elas o português. Acrescenta que o
Senhor quis dizer foi o seguinte: “Mas eu vos digo, que trabalho mais leve é
passar uma corda grossa pelo fundo de uma agulha, que entrar um rico no reino
dos céus”.
9) Buscar o significado para o receptor original.
- Devemos buscar o significado da mensagem no
seu contexto antigo ou próprio em que foi revelada, e separar aquilo que é
a vontade de Deus para todos os tempos daquilo que dizia respeito somente
ao receptor original.
- Se não descobrirmos o sentido primário, não
teremos como aplicar o ensino de forma correta.
Exemplos:
1) Lucas 18.18-22. Jesus não estava ensinando que para herdar a vida eterna é preciso
vender tudo o que temos e dar aos pobres. Ele viu, naquele caso específico, a
necessidade do jovem desfazer-se de tudo aquilo que o estava atrapalhando para
obter a vida eterna. Embora a ordem para vender tudo tenha sido dada somente
àquele jovem, a mensagem do valor do Reino de Deus, o qual ultrapassa qualquer
riqueza, e vale mais do que tudo que venhamos a perder ou ter que deixar é para
todos, em todos os lugares e em todos os tempos.
2) Atos 5.35-40. Os
primeiros ouvintes desta história entenderam que Deus estava ao lado dos
discípulos, que Ele tem poder para livrar e que os próprios discípulos eram um
grande exemplo de obediência ao Senhor, a qualquer preço. Em nossos dias,
porém, alguns têm fechado os olhos para estes ensinos tão claros que os receptores
originais receberam, e têm procurado aplicar para situações atuais as palavras
nos versículos 38 e 39, com o sentido de que, em matéria de religião, a obra
procedente de Deus prospera e que não procede dEle não prospera. Não é difícil
perceber, inclusive em nosso país, o quanto estão prosperando falsas seitas,
como por exemplo o Espiritismo, entre outras, totalmente contrárias à Bíblia e,
sendo assim, não procedentes de Deus.
- Tirar ideias do texto e não buscar
textos para as
- Tenhamos todo o cuidado possível para não
fazer da Bíblia um instrumento de apoio para as nossas próprias mensagens,
ideias e pensamentos.
- Os pregadores são os que mais correm o risco
de apresentar suas próprias ideias como se fossem da Bíblia.
- Não fale em nome dEle aquilo que Ele não
disse. Isso pode render-lhe o desonroso título de falso profeta e as
consequências dele decorrentes.
Exemplo: Basta ligarmos o rádio ou a televisão e
sintonizarmos em algum dos canais ou das estações chamadas “evangélicas”, para
percebermos o quanto isto é praticado em nossos dias.
- Lembrar que a Bíblia é um livro de religião e
não de ciência.
- E um erro tratar a Bíblia como se fosse um
livro de ciências, e, mais ainda, um livro de ciências que está sempre
atualizado, sem necessidade de nenhum acerto, independentemente da época e
do local em que está sendo utilizado.
- Os autores humanos da Bíblia não eram
cientistas e falaram de maneira compreensível, dentro dos conhecimentos da
época.
- A Bíblia é livro de religião e não de
ciências. Esteja de acordo ou não com as ciências modernas ou futuras, ela
continua sendo a mesma em matéria de religião.
Exemplos:
1) Levítico. 11.13-19 (morcego é mamífero ou ave?).
2) Jó 38.29 (a geada vem do céu ou ela se forma no
próprio local em que a notamos quando pronta?).
- Não valorizar em demasia as divisões
oferecidas pelas versões bíblicas.
- Os textos originais da Bíblia não tinham
pontos, vírgulas, capítulos, assim como vários títulos de passagens
bíblicas.
- Estas divisões foram colocadas no texto
bíblico para facilitar a nossa compreensão e são muito úteis para isto.
- Estas divisões podem levar o intérprete a
conclusões erradas. Busque sempre a unidade da mensagem e o significado de
cada porção da Palavra de Deus.
Exemplos:
1) Jó 3.1-3. O versículo
dois esta incompleto, não tendo sentido se for lido separadamente dos três. Os
dois juntos deveriam formar apenas um.
2) Gênesis 1,2. O capítulo
primeiro se encerra com o versículo trinta e um falando do sexto dia da
criação, deixando, arbitrariamente, de fora o sétimo dia que vem logo em
seguida. Para manter a unidade da mensagem, a divisão deveria ser feita após o
versículo três do segundo capítulo. Veja como os próximos versículos não dão
sequência aos anteriores, mas iniciam um novo assunto.
3) SaImo 42,43. Não são
dois Salmos como a divisão sugere, mas apenas um.
4) 2Coríntios 7.1 está ligado
ao fim do capítulo 6.
5) Isaías 52.13-15 devia fazer parte do capítulo 53.
13) Interpretar textos difíceis à luz de textos
fáceis.
- Entre a interpretação de uma passagem mais obscura
e a de mais clara, sobre o mesmo assunto, preferimos a interpretação da
mais clara para explicar a partir desta a mais obscura.
- Passagens difíceis, com termos raros, ou
aparentemente contraditórios, devem ser interpretados à luz de outros mais
abundantes e claros, nos quais se percebem facilmente os ensinos gerais da
Bíblia.
- A Bíblia é o seu melhor intérprete. Este
princípio segue naturalmente e necessariamente a pressuposição de que a
Bíblia não se contradiz, e que Deus é o autor deste livro divino.
Exemplos:
1) Lamentações 2.1-6. Interpretando à luz do que está escrito de forma tão clara em Lm.
3.22-26, e do ensino geral da Bíblia, entendemos que para o autor de
Lamentações Deus continua sendo bom, mesmo derramando sua ira sobre o povo de
Jerusalém.
2) Atos 2.38. Lendo At.
10.43-48 entendemos que o dom do Espirito Santo pode ser recebido por pessoas
que ainda não se batizaram nas águas.
3) Lucas 14.26. Se esta
declaração fosse tomada em forma literal, constituiria uma completa contradição
com outras Escrituras que nos ensinam que devemos amar a nossos familiares Ef.
5.28. Lendo Mt. 10.37 já não só desaparece a contradição, mas compreendemos o
verdadeiro sentido do texto.
Bibliografia:
- Princípios de Interpretação
da Bíblia – Walter A . Hennchsen . (Ed. Mundo Cristão).
- Hermenêutica – E. Lund/ P.
C. Nelson. (Ed. Vida).
- Como Entender a Biblia –
Antonio Renato Gusso (Ed. E. D. Santos).
- Bíblia Apologética (ICP
Editora).
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