Por vezes as inconsistências e contradições na
literatura da Torre de Vigia parecem quase inacreditáveis. A duplicidade de
critérios dos escritores da Torre de Vigia parece não ter limites.
Uma das explicações para esse fato é que alguns
artigos da Sentinela tratam de como as Testemunhas de Jeová
querem ser vistas e como querem ser tratadas pela sociedade em geral, e os
artigos contraditórios tratam de como as Testemunhas de Jeová “fiéis” e “leais” devem
encarar os seus inimigos e pessoas de fora. Vejamos alguns exemplos desta
tradição altamente contraditória.
A edição de 15 de junho de 1995 da revista A Sentinela fez a pergunta: “O ódio terá fim algum dia?” Entre outras coisas, a revista fez esta declaração:
A edição de 15 de junho de 1995 da revista A Sentinela fez a pergunta: “O ódio terá fim algum dia?” Entre outras coisas, a revista fez esta declaração:
“A tradição oral dos judeus sustentava que ‘odiar o
inimigo’ era a coisa certa a fazer. Mas Jesus disse que nós temos de amar os
inimigos, não apenas os amigos. Isso é difícil, mas não impossível.” (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 5)
Quando examinamos a literatura da Torre de Vigia,
vemos que esta “tradição oral dos judeus” está bem viva e recomenda-se, com a
diferença de que na Sociedade Torre de Vigia essa é uma tradição escrita. Os
judeus do tempo de Jesus tinham um objeto de ódio favorito — os samaritanos. As
Testemunhas de Jeová têm um objeto de ódio similar: a “cristandade” e os
“apóstatas”.
“Tão forte era o sentimento contra os samaritanos,
que alguns judeus até amaldiçoavam publicamente os samaritanos nas sinagogas e
oravam diariamente para que os samaritanos não ganhassem a vida eterna.” (A Sentinela, 15 de setembro de 1993, p. 4)
A Sentinela menciona
isso como um exemplo do preconceito e discriminação que os judeus mostravam em
relação aos samaritanos. Claro que nenhuma Testemunha de Jeová hoje gostaria de
encontrar tal atitude vinda de outros. Mas será que as Testemunhas de Jeová se
importam em mostrar o mesmo tipo de atitude em relação aos “apóstatas”?
Vejamos:
“A obrigação de odiar o que é contra a lei
aplica-se também a todas as atividades dos apóstatas. Nossa atitude para com os
apóstatas deve ser a de Davi, que declarou: “Acaso não odeio os que te odeiam
intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam contra ti?
Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se para mim verdadeiros inimigos.” (Salmo
139:21, 22)” (A Sentinela, 15 de julho de 1992, p. 12, §19)
Como podemos ver, o ódio dos judeus pelos
samaritanos é igualado pelo intenso ódio das Testemunhas de Jeová em relação
aos “apóstatas”. Este ódio, como podemos ver, é uma
“obrigação” para as Testemunhas de Jeová leais. Uma coisa muito estranha
é que essa “obrigação” inclui “todas as
atividades dos apóstatas”. Isso evidentemente significará que quando os
apóstatas conduzem um automóvel, lavam a roupa, lavam os pratos, tomam um
banho, etc., a Testemunha de Jeová “fiel”
aparentemente tem de odiar essas “atividades”.
Geralmente a literatura da Torre de Vigia é rápida
em dizer que o objeto do ódio não deve ser a pessoa, mas antes as ações da
pessoa. Mas como podemos ver na próxima citação, o caso não é realmente esse. A
obrigação das Testemunhas de odiar vai para além disso. Também inclui a pessoa:
“Depois há o sentido da palavra “odiar” que nos
interessa especialmente aqui. Contém a ideia de ter um sentimento tão intenso de repugnância ou de forte aversão a alguém ou
a alguma coisa, que evitamos por completo ter algo que ver com tal pessoa ou com tal coisa. No Salmo 139
chama-se a isso de “ódio consumado”. Davi disse ali: “Acaso não odeio os que te
odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam contra
ti? Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se para mim verdadeiros inimigos.” —
Salmo 139:21, 22.” (A Sentinela, 15 de julho de 1992, p. 9, §5)
Conforme podemos ver nessa citação, a velha
tradição judaica de odiar tudo o que não é judeu, está bem viva e recomenda-se
entre as Testemunhas de Jeová. Os líderes delas em Brooklyn consideram uma
“obrigação” odiar “apóstatas”. Veja esta próxima citação da Sentinela e repare como assenta bem à Sociedade
Torre de Vigia:
“The International Standard
Bible Encyclopaedia declara: “Encontramos, nos tempos do
N[ovo] T[estamento], a mais extrema aversão, desprezo e ódio. Eles [os gentios]
eram encarados como impuros, com
quem era ilícito travar quaisquer relações amistosas. Eram
inimigos de Deus e do Seu povo, a quem se negava o conhecimento sobre Deus, a
menos que se tornassem prosélitos, e mesmo então não podiam, como nos tempos
antigos, ser acolhidos para plena associação. Os judeus estavam proibidos de
dar-lhes conselhos, e, caso perguntassem sobre coisas divinas, deviam ser
amaldiçoados.”" (A Sentinela, 15 de setembro de 1993, p. 5)
Agora leia a próxima citação e compare com a
anterior:
“Queremos ter a lealdade que o Rei Davi evidenciou
ao dizer: “Acaso não odeio os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho
aversão aos que se revoltam contra ti? Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se
para mim verdadeiros inimigos.” (Salmo 139:21, 22) Não queremos confraternizar com pecadores deliberados, porque não
temos nada em comum com eles. Não deve a lealdade a Deus impedir que
mantenhamos contatos sociais com tais inimigos de Jeová, quer em pessoa, quer
por meio da televisão?” (A
Sentinela, 15 de março de 1996, p. 16)
Claro que nenhuma Sentinela estaria
completa se não lançasse algum desdém e condenação sobre a “concorrência”.
Veja como os católicos têm sido maus:
“O ódio terá fim algum dia?
Alguns líderes religiosos foram além de tolerar o
ódio, eles o consagraram. Em 1936, com o irrompimento da Guerra Civil
Espanhola, o Papa Pio XI condenou o ‘genuíno ódio satânico a Deus’, dos
republicanos, embora houvesse sacerdotes católicos do lado republicano.” (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 4)
Claro que a Torre de Vigia e as Testemunhas de
Jeová nunca se envolveriam em tal atividade abominável. Elas nunca seriam como
esses líderes religiosos detestáveis de “Babilônia”, certo? Elas nunca diriam
que alguém tem um “ódio satânico a Deus” apenas porque esse alguém defende uma
opinião diferente da Torre de Vigia, ou diriam? Bem, vejamos:
“À mesa de quem se está alimentando?
A Sentinela de 1.° de outubro de 1909 (em inglês) disse: “Todos os que se separam da Sociedade e da obra dela, em vez de prosperarem ou de edificarem outros na fé e nas graças do espírito, pelo visto fazem o contrário — procuram prejudicar a Causa a que antes serviam, e, com mais ou menos barulho, afundam aos poucos no esquecimento, prejudicando apenas a si mesmos e a outros possuídos por um espírito contencioso similar…. Parecem contaminados com demência, com hidrofobia [raiva] satânica. Alguns deles nos espancam e depois afirmam que nós o fizemos a eles. Estão prontos para dizer e escrever falsidades desprezíveis e se rebaixam a usar maldades.”" (A Sentinela, 1.º de julho de 1994, p. 12, §11)
A Sentinela de 1.° de outubro de 1909 (em inglês) disse: “Todos os que se separam da Sociedade e da obra dela, em vez de prosperarem ou de edificarem outros na fé e nas graças do espírito, pelo visto fazem o contrário — procuram prejudicar a Causa a que antes serviam, e, com mais ou menos barulho, afundam aos poucos no esquecimento, prejudicando apenas a si mesmos e a outros possuídos por um espírito contencioso similar…. Parecem contaminados com demência, com hidrofobia [raiva] satânica. Alguns deles nos espancam e depois afirmam que nós o fizemos a eles. Estão prontos para dizer e escrever falsidades desprezíveis e se rebaixam a usar maldades.”" (A Sentinela, 1.º de julho de 1994, p. 12, §11)
“Esquadrinha-me, ó Deus”
“Sobre estes, o salmista disse: “Acaso não odeio os
que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam
contra ti? Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se para mim verdadeiros
inimigos.” (Salmo 139:21, 22) Foi por odiarem intensamente a Jeová que Davi os
encarava com repugnância. Os
apóstatas estão incluídos entre os que mostram seu ódio
por Jeová por se revoltarem contra ele. A apostasia é, na realidade, uma
rebelião contra Jeová. Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus,
mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam
crer na Bíblia, mas rejeitam a “organização” de Jeová e tentam
ativamente obstaculizar a sua obra. Quando
eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de
conhecerem o que é correto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna
parte inseparável de sua constituição, o
cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os
cristãos verdadeiros compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais
apóstatas; não são curiosos a respeito das ideias dos apóstatas. Ao contrário, ‘sentem aversão’ para com os que se fazem
inimigos de Deus, mas deixam que Jeová execute a vingança.” (A Sentinela, 1.º de outubro de 1993, p. 19, §15)
Não consegue sentir o ódio vitriólico que emana de
cada uma das palavras dessas Sentinelas?
Portanto agora sabemos que os líderes da Sociedade
Torre de Vigia também estão entre aqueles “líderes religiosos [que] foram além
de tolerar o ódio, eles o consagraram”.
Todos sabemos como a Sociedade Torre de Vigia
sempre aponta o exemplo dos “primitivos cristãos”. Como qualquer seita
fundamentalista, eles gostariam muito de “congelar” a sociedade exatamente como
ela era naqueles dias. Ora veja:
“O fim do ódio no mundo todo.
Apesar de serem alvo de ódio, os primitivos
cristãos resistiram à tentação de vingar-se da injustiça. No famoso Sermão do
Monte, Jesus Cristo disse: “Ouvistes que se disse: ‘Tens de amar o teu próximo
e odiar o teu inimigo.’ No entanto, eu vos digo: Continuai a amar os vossos
inimigos e a orar pelos que vos perseguem.” — Mateus 5:43, 44.” (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 5)
Conforme documentado, é claro como água cristalina
que a Sociedade Torre de Vigia prefere a atitude pré-cristã de odiar quando se
trata de “inimigos” como os “apóstatas”. Conforme documentado, eles citam
sempre o rei judeu Davi, que evidentemente estava a seguir a tradição judaica,
bem viva nos dias de Jesus. Então por que é que a Torre de Vigia se dá ao
trabalho de citar as palavras de Jesus? Bem, as Testemunhas de Jeová citam-nas
quando acham oportuno, porque é desse modo que querem que todas as outras
pessoas as tratem! Quando elas publicam os seus artigos raivosos de ódio contra
os “apóstatas”, nunca encontramos qualquer referência às palavras de Jesus,
nessas alturas o que conta são só as palavras e atitude de Davi. Quando
mencionam como querem ser vistas e tratadas por outros, é isto que as
Testemunhas de Jeová escrevem:
“Que excelente resultado por Jesus não estar preso
à atitude que prevalecia entre seus contemporâneos judeus! — João 4:4-42.” (A Sentinela, 15 de setembro de 1993, p. 5)
“A palavra grega que aparece no relato de Mateus é
derivada de a·gá·pe, que descreve o amor que age em harmonia com princípios. A
pessoa que manifesta o amor a·gá·pe, que se baseia em princípios, faz o bem até
a um inimigo que o odeia e maltrata. Por quê? Porque essa é a maneira de imitar
a Cristo e de vencer o ódio.” (A Sentinela, 15 de
junho de 1995, p. 5)
Conforme documentado, a Sociedade Torre de Vigia de
fato está “pres[a] à atitude que prevalecia” entre os contemporâneos judeus de
Jesus. Eles ainda estão “congelados” na atitude pré-cristã para com os
“gentios”. Eles ainda estão aderindo ao velho costume judeu: ‘Deves amar o teu
vizinho e odiar o teu inimigo’. Elas deixam para todos os outros a tarefa de
seguir o exemplo de Jesus, e esperam que todas as outras pessoas “amem” as
Testemunhas de Jeová.
A Sociedade Torre de Vigia realmente vive à altura
disto:
“O ódio terá fim algum dia?
Há mais de dois séculos, o autor inglês Jonathan
Swift observou: “Temos bastante religião para fazer-nos odiar uns aos outros,
mas não o bastante para que nos amemos uns aos outros.”" (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 4)
Esta atitude hipócrita, muito óbvia, fica ainda
mais clara quando lemos a próxima citação da Sentinela:
“Dito de outro modo, a eliminação do ódio requer a
criação de uma sociedade em que as pessoas aprendam a se amar por se ajudarem
mutuamente, uma sociedade em que as pessoas esqueçam toda a animosidade causada
por preconceito, nacionalismo, racismo e tribalismo. Existe uma sociedade
assim?” (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 7)
Sim, quem julga o leitor que esta Sentinela vai nomear como a sociedade que baniu o
ódio? Adivinhou corretamente! Veja:
“As Testemunhas de Jeová formam uma sociedade
internacional e provam além de dúvida que o ódio pode ser eliminado. Não
importa qual a formação que tenham tido, as Testemunhas se esforçam para trocar
o preconceito pelo respeito mútuo e eliminar qualquer vestígio de tribalismo,
racismo, ou nacionalismo. Um dos fundamentos de seu sucesso é a determinação de
imitar a Jesus Cristo em demonstrar amor guiado por princípios.” (A Sentinela, 15 de junho de 1995, p. 8)
Sim, sim, com certeza. Conforme documentado, as
Testemunhas de Jeová preferem imitar Davi, não Jesus. Elas preferem imitar a
atitude judaica que prevalecia entre os contemporâneos de Jesus. Veja só a
próxima citação da Sentinela e sinta o “amor” que emana tão
ricamente dela:
“À mesa de quem se está alimentando?
Em breve irromperá a grande tribulação, chegando
rapidamente ao clímax na “guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso”.
(Revelação 16:14, 16) Atingirá o ponto alto quando Jeová destruir este sistema
de coisas e a mesa figurativa à qual as nações do mundo se alimentam. Jeová
derrubará também toda a organização invisível de Satanás, o Diabo, e suas
hostes de demônios. Aqueles que tiverem continuado
a se alimentar à mesa espiritual de Satanás, a mesa dos demônios, serão
obrigados a tomar parte duma refeição literal, não, não como participantes, mas
como prato principal — para a sua destruição! – Veja
Ezequiel 39:4; Revelação 19:17, 18.” (A
Sentinela, 1.º de julho de 1994, p. 13, §16)
Extraído do blog corior.blogspot.com/ em
02/12/2013
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