CONTRADIÇÕES
NA DOUTRINA RACISTA DA IGREJA MÓRMON
É interessante observarmos que, mesmo
durante a política de impedir que os negros e seus descendentes obtivessem o
sacerdócio ou entrassem no templo da igreja, os discursos e mesmo as escrituras
contém várias contradições.
Abaixo, citarei algumas destas:
Livro de mórmon:
Nefi 26:33
“Pois nenhuma destas iniquidades vem do Senhor, porque ele faz o que é
bom para os filhos dos homens; e não faz coisa alguma que não seja clara para
os filhos dos homens; e convida todos a virem a ele e a participarem de sua
bondade; e não repudia quem quer que o procure, negro e
branco, escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos pagãos;
e todos são iguais perante Deus, tanto
judeus como gentios”.
1863: Presidente Brigham Young
“Negros devem ser tratados como seres humanos e não como animais brutos
e irracionais. Pelo abuso desta raça, os brancos serão amaldiçoados, a menos que
se arrependam”.(Journal of Discourses, 10:111)
Dois ensinamentos?
Dois discursos?
Duas revelações diferentes pelo mesmo profeta?
Dois discursos?
Duas revelações diferentes pelo mesmo profeta?
1946:John A. Widstoe (Apóstolo)
“As alegações de 'raça superior' são puramente cacarejos de galo, usadas
por homens sem caráter em benefícios de seus próprios interesses. Nunca houve
um monopólio da superioridade das realizações humanas por qualquer nação.
Declarar isso é simplesmente permitir que o nacionalismo sem lei corra solto e
selvagem (em relação a ideologia nazista). A doutrina da 'raça superior' da
última guerra foi uma horrível enganação, concebida pelos poderes do mal, cujo
príncipe é Satã, o demônio”. (Evidences and Reconciliations, pp. 3-4)
1951: Presidente David O. McKay
“George Washington Carver [famoso cientista afro-americano] foi uma das
mais nobres almas que já veio a esta terra. Ele se manteve em próxima
intimidade com o Pai Celestial e proporcionou um serviço tão excelente aos
concidadãos que poucos se igualariam a ele.
"A cada projeto religioso, a cada impulso nobre e a cada boa obra
realizada em sua vida altruística, George Washington Carver será recompensado,
e da mesma forma será qualquer outro homem, seja ele vermelho, branco, negro ou
amarelo, pois Deus não faz acepção de pessoas”.(Home Memories of David O.
Mckay, p.231).
1962: Presidente Joseph Fielding
Smith
"Os Santos dos Últimos Dias, comumente chamados 'Mórmons', não têm
animosidade alguma em relação ao Negro. Nem também o descrevem como pertencente
a uma alguma raça 'INFERIOR'". (Deseret News June 14, 1962, p.3)
1963: “A Igreja Mórmon não acredita, nem ensina, que o Negro seja um ser
inferior. Física e mentalmente, o Negro é capaz de grandes realizações, tão
grandes e em alguns casos até superiores do que as potencialidades da raça
branca”. (LOOK magazine, Oct. 22, 1963, p.79)
Como explicar? Eles ensinam que os
negros eram amaldiçoados e inferiores, e depois negam?
1972: Presidente Spencer W.
Kimball
“Preconceito Racial é do demônio. Preconceito Racial vem da ignorância.
Não há um lugar para isto no Evangelho de Jesus Cristo”. (Teachings of Spencer
W. Kimball, p.237)
“A intolerância por membros da Igreja é desprezível. Um problema em
especial existe com respeito aos negros porque eles não podem hoje [1972]
receber o sacerdócio. Alguns membros da Igreja justificariam suas próprias
discriminações não-cristãs contra os negros devido à regra a respeito do
sacerdócio, mas enquanto esta restrição foi imposta pelo Senhor, não cabe a nós
adicionar qualquer fardo sobre os ombros de nossos irmãos negros.
"Aqueles que receberam Cristo pela fé através de um batismo
autorizado são herdeiros do reino celestial junto com todos os homens de outras
raças. E aqueles que permanecerem fiéis até o fim podem esperar que Deus possa
finalmente lhes garantir todas a bênçãos que merecem por sua retidão.
"Tais questões estão nas mãos do Senhor. Cabe a nós estender nosso
amor a todos”. (De um discurso em 1972 reimpresso em The Teachings of Spencer
W. Kimball, Deseret Book, 1982.)
1986: O Quórum dos Doze Apóstolos emitiu esta declaração
“Nós repudiamos os esforços em negar a
qualquer pessoa os seus direitos e dignidades inalienáveis baseados na
abominável e trágica teoria da superioridade de uma raça sobre outra”. (LDS
Global Media Guide)
1993: Élder John K. Carmack
(Membro do Primeiro Quórum dos Setenta)
“Nós não acreditamos que qualquer nação, raça ou cultura seja de uma
prole inferior ou menor aos olhos de Deus. Aqueles que acreditam em tais
doutrinas não possuem autoridade do Senhor nem de seus servos autorizados”.
(Tolerance, p.3)
Então... Todos os profetas mórmons que
ensinaram as doutrinas já citadas... "Não possuem autoridade do Senhor nem
de seus servos autorizados"?
1993: Élder Alexander Morrison
(Membro do Primeiro Quórum dos Setenta)
“Não há lugar para racismo na Igreja. Nós o abominamos” (Salt Lake
Tribune, June 6, 1998)
FINAL DA
POLÍTICA RACISTA
Por quase 140 anos, o mormonismo
("A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias") ensinou que
todas as pessoas de descendência africana eram "inferiores" e
"amaldiçoados" por Deus por causa de pecados cometidos antes de seu
próprio nascimento.
Eles eram considerados indignos de
receberem o sacerdócio Mórmon, e mesmo "uma gota de sangue negro" era
suficiente para desqualificar qualquer um para uma posição de autoridade
verdadeira dentro do mormonismo.
Consequentemente, missionários mórmons
eram instruídos a evitar negros nas várias partes do mundo onde estivessem.
Porém, grandes mudanças estavam à
caminho.
Entre os dias 24 de outubro a 28 de
novembro de 1978, ocorreu a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura, realizada em Paris. Obviamente, muito
se falou no ano de 1978 sobre esse encontro.
Também em 1978, ocorreu a I Conferência
da ONU pelo Combate ao Racismo e a Discriminação Racial, ocorrida em Genebra,
que mobilizou atores envolvidos com luta pela promoção da igualdade racial em
diferentes países.
Ainda, maiores dificuldades para manter
tal doutrina eugênica apareceram com a expansão da igreja na América latina:
foi anunciada a construção do 17º templo da igreja e primeiro na América
Latina, na cidade de São Paulo, Brasil.
As obras iniciaram-se em 20 de
março de 1976. Porém, os líderes da igreja perceberam a dificuldade de
restringir pessoas com descendência africana de receberem o sacerdócio e
entrarem no templo.
Ainda, a ONU tinha acabado de lançar
uma manifestação contra o racismo e a Igreja temia as mesmas consequências da
época da poligamia.
Assim, Spencer W. Kimball, N. Eldon
Tanner e Marion G. Romney, a primeira presidência da igreja na época,
realizaram uma reunião e anunciaram, em 08 de junho de 1978, o desempredimento
do negro ao sacerdócio.
Isto foi feito através de uma carta aos oficiais do sacerdócio em todo mundo e apoiada durante a 148º Conferência Geral Semestral em 30 de setembro de 1978. [86] É interessante notar que o templo de São Paulo foi dedicado (santificado para o uso de alguns membros da igreja) em 30 de outubro de 1978, cerca de 4 meses após a “revelação divina”.
Isto foi feito através de uma carta aos oficiais do sacerdócio em todo mundo e apoiada durante a 148º Conferência Geral Semestral em 30 de setembro de 1978. [86] É interessante notar que o templo de São Paulo foi dedicado (santificado para o uso de alguns membros da igreja) em 30 de outubro de 1978, cerca de 4 meses após a “revelação divina”.
Por causa das circunstâncias em que
essa revelação foi recebida, muitos acreditam que foi mais “uma revelação de
conveniência”.
No dia 2 de junho de 1979 a Seção de
notícias da Igreja informou que a declaração da Primeira Presidência contando a
revelação que estende o sacerdócio para os membros masculinos dignos da Igreja
também seria acrescentado em Doutrina e Convênios. Notem que apenas a
"declaração.. contando a revelação" foi acrescentada à Doutrina e
Convênios.
Alguns mórmons disseram que o poder de
Deus foi manifestado como no dia de Pentecostes quando o Presidente Kimball deu
a "revelação". No entanto o próprio Kimball parece dispersar esta ideia.
Durante algum tempo depois que a
doutrina anti-negros foi mudada, os líderes mórmons eram ainda relutantes em
informar os detalhes que cercaram a "revelação".
Finalmente, seis meses depois do
evento, o grupo do “Church News“ perguntou ao Presidente Kimball se ele
gostaria de compartilhar com os leitores as notícias da igreja ou qualquer
informação acerca da ocasião da revelação.
A resposta do presidente Kimball é
muito reveladora. Ele não faz nenhuma referência à uma voz ou qualquer
revelação escrita. Na realidade, a declaração dele dá a impressão que era só um
sentimento ou uma “garantia” que ele recebeu:
”.... Nós celebramos uma reunião regular do Conselho dos Doze no templo.
Nós consideramos isto com muita seriedade e meditando em oração...
"Eu pedi aos Doze para não irem para casa. Eu disse:
" 'Agora vocês estariam dispostos a permanecer no templo conosco?’
"Eu ofereci a oração final e falei para Deus se não estivesse
correto, se Ele não quisesse esta mudança na Igreja, que eu seria fiel a Ele
para o resto de minha vida, e eu lutaria contra todo mundo se fosse esse o Seu
desejo. Nós tivemos este círculo de oração especial, então soube que o tempo
tinha vindo".
Porém, o único documento apresentado
foi a carta da Primeira Presidência, datado em 8 de junho de 1978 (veja A
Bandeira, Nov. 1978, pág., 16).
Em julho de 1978 “The Messenger of Salt
Lake City” trouxe a seguinte notícia:
"Uma coisa que deveria ser notada sobre a nova revelação é que a
Igreja não tem reproduzido uma cópia dela. Tudo que nós temos é uma declaração
pela Primeira Presidência que diz que uma revelação foi recebida".
Em uma carta ao Editor da Tribuna de
Lago Salgado, 24 de junho de 1978, Eugene Wagner observou:
"... esta mudança na doutrina realmente foi uma revelação de Deus,
ou os líderes da igreja agiram por conta própria? Por que eles não publicam
aquela revelação e deixaram que Deus falasse nas próprias palavras Dele?
"Tudo que nós vimos foi uma declaração da Primeira Presidência, e
isso não é como uma revelação. Quando Deus fala, o começo da revelação vem com
as palavras: 'Assim diz o Senhor'...
"Parece que quando Deus decide mudar uma doutrina de tão grande
importância é óbvio que ele falará também com as pessoas da igreja Dele.
"Se tal revelação não pode ser apresentada aos membros é óbvio que
a primeira presidência agiu por conta própria, provavelmente debaixo do medo da
pressão pública, para evitar problemas de consequências sérias e manter a paz e
a popularidade com o mundo".
Perceba ainda que A DOUTRINA RACISTA
NÃO MUDOU, isto é, nada foi alterado em relação à crença que os negros são a
descendência amaldiçoada de Caim!!!!
Aqueles que eram contra o final da
política racista tiveram que mudar suas opiniões, discursos e
reescrever/retirar partes de livros para a Igreja não sofrer perseguições.
Presidente Kimball:
"...Claro que eu tive que lutar em grande parte contra isso, porque
tinha crescido com este pensamento de que negros não deveriam ter o sacerdócio
e eu estava disposto até a morrer por isso. Mas esta revelação e garantia
vieram tão claramente a mim que não houve nenhuma dúvida sobre isto".
(Deseret News, Seção de Igreja, 6 de janeiro de 1979, página 19)".
O apóstolo da igreja Bruce R. McConkie
afirmou:
"Eu gostaria de dizer algo sobre a nova revelação relativo a levar
o sacerdócio a todas essas nações e raças... Há declarações em nossa literatura
feita pelos irmãos antigos que nós interpretamos como significando que o negro
não receberia o sacerdócio na mortalidade.
"Eu disse as mesmas coisas, e as pessoas me escrevem cartas dizendo:
'Você disse tudo aquilo, e agora? O que nós fazemos com tudo isso?' - E tudo
que eu posso dizer quanto a isso... Esqueçam tudo o que eu disse (grifo
nosso), ou que o Presidente Brigham Young ou o Presidente George... disse no
passado e que está contrariando a revelação presente.
"Nós falamos com uma compreensão limitada e sem a luz e o
conhecimento que temos agora... e não faz a mínima diferença o que qualquer
pessoa sempre disse sobre o assunto do negro antes do primeiro dia de junho
deste ano (1978). É um dia novo e um arranjo novo, e Deus deu a revelação que
esclarece o mundo sobre este assunto agora".
O mesmo apóstolo McConkie precisou
fazer várias mudanças no livro "Doutrina Mórmon”. E não foi a primeira vez
que foi forçado a revisar o seu livro. Em 1958, a edição original foi suprimida
porque continha material contra os católicos.
Quando a 25ª Impressão do livro de
McConkie apareceu em 1979, a maioria do material contra os negros foi retirada
ou foi mudada.
Por exemplo, a seção: " NEGROS”
(pp. 526-28 da nova impressão) fora completamente reescrita e já não contém a
declaração de McConkie de que os negros não são iguais a outras raças. Nem
contém a explicação longa de como os negros eram "menos valorosos" na
preexistência e então tiveram impostas restrições espirituais durante a
mortalidade.
Ainda, na edição de 1979 do mesmo
livro,, ao ser comparada com a edição de1958, na página 314, o Apóstolo
McConkie mudou as declarações a respeito dos negros de forma que não se lê que
"os negros são amaldiçoados" com uma pele negra. Na impressão de 1979
McConkie ainda fala de "pele escura”, mas ele chama isto de
"marca" em lugar de "maldição".
“Deus colocou em Caim uma marca de uma pele escura, e ele se tornou o
antepassado da raça negra”.
Embora o apóstolo McConkie tenha o
direito de mudar seus próprios escritos, estas mudanças tendem a arruinar a
reivindicação dele de ter "as chaves do reino de Deus na terra".
Entretanto, a seção intitulada, SISTEMA
DE CASTA ainda contém resquícios desta doutrina racista:
"Porém, em geral, o sistema de casta têm sua raiz e origem no
próprio evangelho... As restrições de segregação são certas e próprias e têm a
aprovação do Deus bíblico.
"Para
ilustrar isso: Caim, e sua descendência que são os negros foram amaldiçoados
com uma pele preta, a marca de Caim, assim eles podem ser identificados
separadamente como uma casta, pessoas com quem os outros descendentes de Adão
não deveriam casar dentro da família". (Doutrina mórmon, 1979, página 114)
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