1) Em que ano você entrou em contato com as Testemunhas de Jeová e o que lhe convenceu que era a verdadeira religião de Deus?
No início dos anos 80, as regulares visitas das TJs às casas iludiu-me a pensar que representavam a "única religião verdadeira".
2) Dentro da Organização você era uma pessoa atuante, obediente e sempre disposto a defender sua fé?
Sim. Servi como pioneiro e ancião por vários anos. Presidi reuniões, discursei em salões, assembléias e congressos. Como pioneiro e superintendente do serviço, organizava "saborosos arranjos" para pregação em território pouco trabalhado e/ou isolado.
3) Qual era sua visão sobre as outras religiões e sobre as pessoas que não eram TJs, inclusive pessoas de sua família.
Acreditava realmente que as demais crenças/religiões eram aquilo que a STV diz: instrumentos satânicos. Nossos entes queridos deveriam necessariamente se tornar TJs para usufruírem a vida eterna no paraíso restabelecido na Terra.
4) Qual foi o momento decisivo que lhe fez pela primeira vez duvidar dos ensinamentos da Torre de Vigia?
Não lembro. De certo, não foi um único artigo que me fez duvidar dos ensinamentos da Torre. Progressivamente, à medida que lia e analisava mais e mais as matérias dissidentes, o véu era retirado de minhas vistas.
5) Que sentimentos iniciais surgiram no momento em que você passou a duvidar de algo que era considerado como a VERDADE e que você tinha depositado toda a esperança?
Simplesmente senti-me enganado, desiludido. Hoje sinto pena dos que estão acorrentados e amordaçados sob o domínio unilateral da Torre.
6) O que lhe motivou a continuar pesquisando sobre a Torre de Vigia e seus erros? Você comentou isso com alguém?
Em secreto, a curiosidade natural e o desejo de provar que a suposta "organização de Jeová" estava certa - e os dissidentes errados - alimentava minhas intensas pesquisas. Não comentei com outros.
7) Quando surgiu a Internet para você e se você fez uso dela para pesquisas sobre erros da Torre de Vigia?
Meus primeiros acessos à web visavam buscar unicamente material interessante para acrescentar aos discursos. Não pesquisa sobre as TJs.
8) Já havia alguma informação na língua portuguesa sobre os desmandos da Torre de Vigia na Internet? Você se lembra qual site? E qual a importância do mesmo nas suas novas idéias sobre a Torre?
Como não possuía computador, meu primeiro acesso para este fim foi usando secretamente o computador na casa de meu pai. Minha intenção, entre outras, acredito, é similar a várias TJs que acessam a estes sites: preparar-se para enfrentar/rebater as supostas "críticas destrutivas à organização de Jeová". Recordo que o primeiro site que achei foi o do Irmão Brasileiro. Em seguida, o indispensável site do Osarsif.
De início, cria que os escritores destes artigos nada ou pouco entendiam de TJs para que escrevessem aquelas coisas. Eu simplesmente lia as matérias superficialmente e não dava importância. Como não tinha computador em casa e Lan House era algo raro, esqueci o assunto. Mas os fatos não deixam de existir só porque são ignorados...
Durante meses, ficou martelando em minha mente a denúncia contra certas imagens estranhas nas publicações. Era uma semente que germinava... A dúvida, por hábito, é defeito; a dúvida, por princípio, é qualidade. Assim, tempos depois, voltei a acessar aquela matéria das figuras estranhas visando conferi-las direto nas publicações (o que eu não havia feito antes). A partir daí foi que eu prestei a merecida atenção às demais matérias destes sites - e também do Odracir e do Cid. Não pude fechar mais os olhos àquelas denúncias. É pela lógica que provamos, mas é pela intuição que descobrimos. Finalmente começava a entender que era eu quem nada sabia...
9) Como foi sua saída da Torre de Vigia? O que foi falado sobre você nos bastidores da Congregação? Mais pessoas saíram com você? Conseguiu algum contato com TJs mais próximas para tentar mostrar suas descobertas? Sua família de alguma forma foi influenciada por tudo isso?
Não saí oficialmente da organização. Meu 'status' é de afastado. Alguns irmãos, logo após meu afastamento, me animavam para retornar às reuniões. Alguns ainda o fazem. Penso que outros suspeitam que eu tenha cedido "à conversa apóstata". [Certo jovem, anos atrás, em particular, disse-me ter acessado sites apóstatas e eu, naturalmente, já sabedor do passado sujo do "escravo", incentivei-o a continuar pesquisando. Hoje o rapaz vai esporadicamente às reuniões para agradar aos pais... Outro rapaz, já influenciado por este, também começa a abrir os olhos do entendimento.] Infelizmente não posso ir mais além e agir abertamente pois minha mãe é TJ e é alguém bem doente. Não sei se aguentaria saber que o filho agora, como diria a Torre, "É apóstata! É apóstata!" e – pior ainda – mantêm um site "contra o povo de Deus". Já pensou? Eu já. Por isso, prefiro o anonimato.
10) Por quê resolveu criar um site na Internet para expor os erros da Torre de Vigia? Qual ano da criação de seu site? Já existiam outros sites em português de dissidentes da Torre na época, e se sim, quais? Você entrou em contato pela Internet com Ex-TJs? Seu contato com donos de sites dissidentes é regular ou não tem intimidade com nenhum?
O indicetj deveria 'nascer' em 2002. Cheguei até preparar alguma coisa. Abortei. Finalmente, o parto se deu em agosto de 2004 com a firme intenção de promover e facilitar o acesso a alguns dos excelentes artigos críticos espalhados pela web. Assim como no início, na maioria dos casos, os visitantes do INDICETJ.COM são direcionados à vários artigos dos sites alistados ao pé da página. O forte do site é promover/divulgar links por assunto. Os créditos são para os autores dos artigos indicados.
Infelizmente não conheço pessoalmente nenhum dos responsáveis por estes materiais e apenas vez ou outra troco algum e-mail.
11) O que você diria sobre a atuação dos dissidentes da Torre na Internet no tempo em que você começou e agora em 2008: quais pontos positivos e negativos na sua visão?
Neste novo milênio, através dos sites, acredito que a grande maioria dos antigos 'podres' da Torre já veio à tona. Por isso não vemos hoje abundância de artigos novos denunciando algo do passado. Por outro lado, o surgimento e a manutenção de um Fórum organizado tal como o TJ Livres - discutindo uma grande diversidade de temas ligados ao mundo TJoteano - vem se tornando um marco nesta nova geração de dissidentes.
Felizmente, o que temos publicado hoje na web já é suficiente para retirar a máscara da Torre. O que falta é estas matérias realmente chegarem ao conhecimento das TJs, de seus simpatizantes e do público de uma forma geral. A questão é: como fazer isso? (Particularmente, pensando em como despertar interesse nas matérias da web, preparei e disponibilizei um estudo e alguns folhetos para distribuição pública. [Num cálculo por alto, já xeroquei e distribuí pessoalmente mais de 4.000 deste material e sempre carrego uma pequena quantidade deles.] A conversa informal incentivando a pesquisa na web também é valiosa.)
12) Até quando você pensa em atuar como dissidente da Torre? Nunca cansou desse assunto e pensou em parar tudo e viver sua vida longe de tudo isso? Independente de sua resposta anterior: o que o motiva a continuar mostrando as inverdades da Torre de Vigia?
Durante os primeiros meses de vida do site, por mais de uma vez, pensei retirá-lo do ar. Com internet discada, era muito fatigante mantê-lo. Não raro a conexão caía quase no fim do envio das páginas ao provedor gratuito - na época, o Yahoo – e eu tinha que reenviar tudo novamente.
Porém, à medida que e-mails chegavam elogiando a iniciativa e mencionado a facilidade de encontrar as matérias, resolvi continuar por mais tempo.
Mais tarde, com o aumento dos acessos, surgiu outro problema: com frequência excedia-se o limite permitido de acessos simultâneos oferecido pelo provedor. Por um lado, isso era ruim já que os interessados deveriam voltar cerca de uma hora depois. Por outro, indicava que o site estava chamando alguma atenção.
Meu desejo natural de ajudar (fui pioneiro regular por mais de 14 anos) me impulsiona a manter o site no ar, e quando possível, atualizá-lo. A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.
13) Qual sua atual posição sobre religião, espiritualidade e Deus? E qual mensagem você gostaria de passar para TJs e Ex-TJs que estarão lendo essa sua entrevista?
Ainda quero crer em um Criador. Porém, não mais pretendo fazer parte de alguma denominação religiosa. A fé é a força da vida. Se o homem vive é porque acredita em alguma coisa. Buscando o bem de nossos semelhantes, encontramos o nosso.
No início dos anos 80, as regulares visitas das TJs às casas iludiu-me a pensar que representavam a "única religião verdadeira".
2) Dentro da Organização você era uma pessoa atuante, obediente e sempre disposto a defender sua fé?
Sim. Servi como pioneiro e ancião por vários anos. Presidi reuniões, discursei em salões, assembléias e congressos. Como pioneiro e superintendente do serviço, organizava "saborosos arranjos" para pregação em território pouco trabalhado e/ou isolado.
3) Qual era sua visão sobre as outras religiões e sobre as pessoas que não eram TJs, inclusive pessoas de sua família.
Acreditava realmente que as demais crenças/religiões eram aquilo que a STV diz: instrumentos satânicos. Nossos entes queridos deveriam necessariamente se tornar TJs para usufruírem a vida eterna no paraíso restabelecido na Terra.
4) Qual foi o momento decisivo que lhe fez pela primeira vez duvidar dos ensinamentos da Torre de Vigia?
Não lembro. De certo, não foi um único artigo que me fez duvidar dos ensinamentos da Torre. Progressivamente, à medida que lia e analisava mais e mais as matérias dissidentes, o véu era retirado de minhas vistas.
5) Que sentimentos iniciais surgiram no momento em que você passou a duvidar de algo que era considerado como a VERDADE e que você tinha depositado toda a esperança?
Simplesmente senti-me enganado, desiludido. Hoje sinto pena dos que estão acorrentados e amordaçados sob o domínio unilateral da Torre.
6) O que lhe motivou a continuar pesquisando sobre a Torre de Vigia e seus erros? Você comentou isso com alguém?
Em secreto, a curiosidade natural e o desejo de provar que a suposta "organização de Jeová" estava certa - e os dissidentes errados - alimentava minhas intensas pesquisas. Não comentei com outros.
7) Quando surgiu a Internet para você e se você fez uso dela para pesquisas sobre erros da Torre de Vigia?
Meus primeiros acessos à web visavam buscar unicamente material interessante para acrescentar aos discursos. Não pesquisa sobre as TJs.
8) Já havia alguma informação na língua portuguesa sobre os desmandos da Torre de Vigia na Internet? Você se lembra qual site? E qual a importância do mesmo nas suas novas idéias sobre a Torre?
Como não possuía computador, meu primeiro acesso para este fim foi usando secretamente o computador na casa de meu pai. Minha intenção, entre outras, acredito, é similar a várias TJs que acessam a estes sites: preparar-se para enfrentar/rebater as supostas "críticas destrutivas à organização de Jeová". Recordo que o primeiro site que achei foi o do Irmão Brasileiro. Em seguida, o indispensável site do Osarsif.
De início, cria que os escritores destes artigos nada ou pouco entendiam de TJs para que escrevessem aquelas coisas. Eu simplesmente lia as matérias superficialmente e não dava importância. Como não tinha computador em casa e Lan House era algo raro, esqueci o assunto. Mas os fatos não deixam de existir só porque são ignorados...
Durante meses, ficou martelando em minha mente a denúncia contra certas imagens estranhas nas publicações. Era uma semente que germinava... A dúvida, por hábito, é defeito; a dúvida, por princípio, é qualidade. Assim, tempos depois, voltei a acessar aquela matéria das figuras estranhas visando conferi-las direto nas publicações (o que eu não havia feito antes). A partir daí foi que eu prestei a merecida atenção às demais matérias destes sites - e também do Odracir e do Cid. Não pude fechar mais os olhos àquelas denúncias. É pela lógica que provamos, mas é pela intuição que descobrimos. Finalmente começava a entender que era eu quem nada sabia...
9) Como foi sua saída da Torre de Vigia? O que foi falado sobre você nos bastidores da Congregação? Mais pessoas saíram com você? Conseguiu algum contato com TJs mais próximas para tentar mostrar suas descobertas? Sua família de alguma forma foi influenciada por tudo isso?
Não saí oficialmente da organização. Meu 'status' é de afastado. Alguns irmãos, logo após meu afastamento, me animavam para retornar às reuniões. Alguns ainda o fazem. Penso que outros suspeitam que eu tenha cedido "à conversa apóstata". [Certo jovem, anos atrás, em particular, disse-me ter acessado sites apóstatas e eu, naturalmente, já sabedor do passado sujo do "escravo", incentivei-o a continuar pesquisando. Hoje o rapaz vai esporadicamente às reuniões para agradar aos pais... Outro rapaz, já influenciado por este, também começa a abrir os olhos do entendimento.] Infelizmente não posso ir mais além e agir abertamente pois minha mãe é TJ e é alguém bem doente. Não sei se aguentaria saber que o filho agora, como diria a Torre, "É apóstata! É apóstata!" e – pior ainda – mantêm um site "contra o povo de Deus". Já pensou? Eu já. Por isso, prefiro o anonimato.
10) Por quê resolveu criar um site na Internet para expor os erros da Torre de Vigia? Qual ano da criação de seu site? Já existiam outros sites em português de dissidentes da Torre na época, e se sim, quais? Você entrou em contato pela Internet com Ex-TJs? Seu contato com donos de sites dissidentes é regular ou não tem intimidade com nenhum?
O indicetj deveria 'nascer' em 2002. Cheguei até preparar alguma coisa. Abortei. Finalmente, o parto se deu em agosto de 2004 com a firme intenção de promover e facilitar o acesso a alguns dos excelentes artigos críticos espalhados pela web. Assim como no início, na maioria dos casos, os visitantes do INDICETJ.COM são direcionados à vários artigos dos sites alistados ao pé da página. O forte do site é promover/divulgar links por assunto. Os créditos são para os autores dos artigos indicados.
Infelizmente não conheço pessoalmente nenhum dos responsáveis por estes materiais e apenas vez ou outra troco algum e-mail.
11) O que você diria sobre a atuação dos dissidentes da Torre na Internet no tempo em que você começou e agora em 2008: quais pontos positivos e negativos na sua visão?
Neste novo milênio, através dos sites, acredito que a grande maioria dos antigos 'podres' da Torre já veio à tona. Por isso não vemos hoje abundância de artigos novos denunciando algo do passado. Por outro lado, o surgimento e a manutenção de um Fórum organizado tal como o TJ Livres - discutindo uma grande diversidade de temas ligados ao mundo TJoteano - vem se tornando um marco nesta nova geração de dissidentes.
Felizmente, o que temos publicado hoje na web já é suficiente para retirar a máscara da Torre. O que falta é estas matérias realmente chegarem ao conhecimento das TJs, de seus simpatizantes e do público de uma forma geral. A questão é: como fazer isso? (Particularmente, pensando em como despertar interesse nas matérias da web, preparei e disponibilizei um estudo e alguns folhetos para distribuição pública. [Num cálculo por alto, já xeroquei e distribuí pessoalmente mais de 4.000 deste material e sempre carrego uma pequena quantidade deles.] A conversa informal incentivando a pesquisa na web também é valiosa.)
12) Até quando você pensa em atuar como dissidente da Torre? Nunca cansou desse assunto e pensou em parar tudo e viver sua vida longe de tudo isso? Independente de sua resposta anterior: o que o motiva a continuar mostrando as inverdades da Torre de Vigia?
Durante os primeiros meses de vida do site, por mais de uma vez, pensei retirá-lo do ar. Com internet discada, era muito fatigante mantê-lo. Não raro a conexão caía quase no fim do envio das páginas ao provedor gratuito - na época, o Yahoo – e eu tinha que reenviar tudo novamente.
Porém, à medida que e-mails chegavam elogiando a iniciativa e mencionado a facilidade de encontrar as matérias, resolvi continuar por mais tempo.
Mais tarde, com o aumento dos acessos, surgiu outro problema: com frequência excedia-se o limite permitido de acessos simultâneos oferecido pelo provedor. Por um lado, isso era ruim já que os interessados deveriam voltar cerca de uma hora depois. Por outro, indicava que o site estava chamando alguma atenção.
Meu desejo natural de ajudar (fui pioneiro regular por mais de 14 anos) me impulsiona a manter o site no ar, e quando possível, atualizá-lo. A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.
13) Qual sua atual posição sobre religião, espiritualidade e Deus? E qual mensagem você gostaria de passar para TJs e Ex-TJs que estarão lendo essa sua entrevista?
Ainda quero crer em um Criador. Porém, não mais pretendo fazer parte de alguma denominação religiosa. A fé é a força da vida. Se o homem vive é porque acredita em alguma coisa. Buscando o bem de nossos semelhantes, encontramos o nosso.
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