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quinta-feira, 3 de março de 2011

A questão do cabelo e do véu

Alguns religiosos dizem que a mulher que corta os seus cabelos vai para o inferno. Outros ainda acrescentam que é importante e necessário o uso do véu no culto. Alguns chegam a arvorar que o cabelo quando cortado, devido a sua importância e santidade, é misteriosamente guardado em uma caixa de ouro celestial! Isso é absurdo! Não passa de uma lenda para provar uma doutrina sem o devido embasamento teológico! O texto mal interpretado é I Co 11.1-16.

Logo abaixo iremos mostrar que o cabelo e o véu, ou qualquer doutrina que o homem possa engendrar, jamais poderá substituir a graça de Deus.

Todavia para extrairmos uma interpretação correta do referido texto, iremos analisar a opinião de alguns teólogos e historiadores, que com toda segurança e sinceridade escreveram sobre o assunto.

Segue o comentário do livro do - Dr. OPINAM C. Stamps: “Paulo sustenta que o homem é a cabeça da mulher. Este fato subentende a subordinação da mulher. Deste modo, estabelece-se uma cadeia de comando: Deus, Cristo, o homem, a mulher. A partir desta proposição deduzem-se decorrências práticas. As mulheres estão erradas, se de qualquer forma, modificam suas diferenças em relação aos homens. Esta admoestação é verdadeira em qualquer circunstância. Paulo dá o exemplo da diferença no vestir. Uma das maneiras de se ver esta diferença estava na maneira dessas mulheres manterem o cabelo. Este devia permanecer de tal maneira que distinguissem os homens das mulheres. O cabelo da mulher simbolizava sua submissão e lealdade a seu marido (por causa do costume da época). Paulo também declara que o cabelo longo é uma vergonha para o homem.”

O Comentário da Bíblia Explicada:
“A mulher cobria a cabeça nos dias de Paulo, como sinal de modéstia e subordinação ao marido, e para demonstrar a sua dignidade. O véu significava que ela devia ser respeitada e honrada como mulher casada. Sem véu, ela não tinha dignidade; os homens não respeitavam mulheres sem véu, pois deste modo elas se exibiam pública e indecorosamente. Sendo assim, o véu era um sinal do valor, da dignidade e da importância da mulher conforme Deus a criou (conceito da época). O princípio subjacente no caso do véu, ainda é necessário hoje. A mulher cristã deve vestir-se de modo modesto e cuidadoso, honroso e digno, para sua segurança e seu devido respeito aonde quer que for. A mulher , ao vestir-se de modo modesto e apropriado para a glória de Deus, ressalta a sua própria dignidade, valor e honra que Deus lhe deu. Era costume oriental, no tempo dos apóstolos, a mulher cobrir o rosto com o véu quando andava nas ruas , porém podia dar-se o caso, enquanto ela lavava roupa no córrego, passar algum homem, e encará-la. Mesmo assim, no caso de não ter o véu disponível, teria um recurso: cobrir o rosto, com o seu cabelo comprido. Assim ela ter cabelo comprido lhe era “honroso”, mostrando que não era mulher destituída de pudor.”

Citarei ainda o Manual Bíblico do Dr. Halley:
“Era costume nas cidades gregas e orientais as mulheres cobrirem a cabeça, em público, salvo as mulheres devassas (prostitutas). Corinto estava cheia de prostitutas, que funcionavam nos templos (de Afrodite). Algumas mulheres cristãs, prevalecendo-se da liberdade recém achada em Cristo, afoitavam-se em por de lado o véu nas reuniões da igreja, o que horrorizava as outras mais modestas. Diz-lhes o apóstolo que não afrontem a opinião pública com relação ao que é considerado conveniente à decência feminil. Homens e mulheres têm o mesmo valor a vista de Deus. Há, porém, certas distinções naturais entre homens e mulheres, sem as quais a sociedade humana não poderia existir. Mulheres cristãs vivendo em sociedade pagã (pessoas que não conhecem a Deus), devem ser cautelosos sem suas inovações, para não trazer descrédito à sua religião. Geralmente vai mal quando as mulheres querem parecer homens.”

Não devemos dar valor ao que não é valorizado

A verdade é que o uso do véu era algo peculiar da igreja dos Coríntios, era um problema local. Não podemos transformá-lo em doutrina universal para a igreja! Mesmo porque, o apóstolo dos gentios nunca ensinou sobre o uso do cabelo e do véu para outras igrejas. Em nenhuma outra epístola iremos encontrar tal ensinamento. Contudo se as mulheres de hoje fossem praticar o uso do véu, teriam que usá-lo fora da igreja também como fazia as mulheres da época, e não somente durante o culto! Tudo isso mostra a incoerência de alguns em sustentar uma doutrina extra-bíblica.

É oportuno chamar a atenção para dois textos do V.T sobre esse tema:

“Então, se rapará”
(aqui está se referindo a purificação do leproso, independentemente do sexo)- Levítico 13.33

“Então, a trarás para a tua casa, e ela (a mulher) rapará a cabeça”.
(lei acerca da mulher prisioneira) - Deuteronômio 21.12

Nestes dois textos vemos a Lei de Deus determinar que o cabelo da mulher fosse rapado.

No primeiro caso temos a purificação da mulher leprosa, que quando curada da lepra tinha que rapar totalmente a sua cabeça. Depois, o caso da mulher que era presa nas guerras e trazida para o meio do povo de Deus, esta para ser recebida entre o povo, deveria rapar a cabeça.

Deus poderia curar a mulher leprosa sem ser necessário determinar que sua cabeça fosse rapada. A mulher capturada na guerra poderia ser recebida entre o povo judeu sem precisar ter o seu cabelo cortado. Conjecturamos, diante dos textos bíblicos, que “se o cabelo fosse tão importante, como muitas vezes é pregado, será que nesses dois textos Deus ordenaria o seu corte a ponto de que essas mulheres ficassem totalmente rapadas?”

A exegese correta, do referido texto (I Co 11.1-16), ocorre quando fazemos uma contextualização antropológica dos costumes dos povos primitivos (Cf. Gênesis 38.14-15). Comparando o texto da carta de Paulo com o livro de Gênesis chega-se a conclusão que o cabelo e o véu são uma questão de cultura e costumes de tempos bíblicos. Para os coríntios o cabelo (que era dado em lugar do véu), é sinônimo de santidade e honra, mas o mesmo véu em Gênesis é usado como disfarce para Tamar (nora de Judá) passar-se por uma prostituta. Não podemos entender isso se não levarmos em conta os costumes da época e seus valores culturais.

Endossamos plenamente o que Paulo disse: “Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus” (I Co 11.16).


Autor : Prof. João Flávio Martinez

Um comentário:

Nuno disse...

Muito bom tema!
Concordo com ele !


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