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terça-feira, 1 de junho de 2010

Novo Espiritismo

A revista Época publicou uma reportagem de capa intitulada “O Novo Espiritismo” (03/07/2006, edição 424, p. 66-74). O semanário afirma que esse novo espiritismo no Brasil tem o rosto da top model Raica Oliveira, namorada na época do craque Ronaldo.

É um espiritismo que se distancia dos copos que se movimentam sozinhos sobre mesas brancas, das operações com canivete e sem anestesia do médium Zé Arigó e as sessões de exorcismo coletivo. Segundo a revista, esse novo espiritismo procura apresentar um lado menos místico e mais racional.

O espiritismo vem crescendo, principalmente entre os jovens de classe média. No site de relacionamentos Orkut já existem centenas de comunidades sobre “espiritismo” e em torno de 1000 quando se busca a palavra-chave “espírita”.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula que o espiritismo tem 20 milhões de adeptos no Brasil, sem contar os que o professam como segunda religião. Além de Raica Oliveira, a revista cita outras celebridades que aderiram ao espiritismo: a atriz Cleo Pires, que herdou a fé de seu pai, Fábio Júnior e o tenista Gustavo Kuerten.

Como explicar a adesão da classe média brasileira ao espiritismo? De acordo com o artigo, há três razões principais. A primeira razão é que a doutrina espírita se baseia num conjunto de idéias muito bem sistematizado, sendo, portanto, passível de aceitação racional.

O artigo informa que quando Allan Kardec codificou a doutrina espírita, deu-lhe um revestimento científico. Essa roupagem racional garante o sucesso do espiritismo no mundo moderno.

É o que afirma o presidente da Federação Espírita Brasileira, Nelson Masotti: “Razão e fé não estão em pólos opostos. Cremos em algo lógico, não místico. Seria difícil seguir uma religião que não estimula a discussão e o conhecimento”.

A segunda razão é a flexibilidade da doutrina espírita. Os novos adeptos desse novo espiritismo são avessos aos fundamentalismos, hierarquias, exigências na atitude, na forma de se vestir ou cobrança financeira. Em outras palavras, os adeptos não querem se envolver com uma fé que exija compromissos, e entre eles, o financeiro.

A terceira e principal razão para o sucesso do espiritismo no Brasil é a forma como a sua doutrina trata a questão da morte. Segundo Allan Kardec, é possível, após a morte, voltar a este mundo muitas vezes para se redimir dos pecados cometidos nas existências passadas. Trata-se da reencarnar-se.

Morrer e voltar num outro corpo. Tal crença não é exclusiva do espiritismo. O budismo e o hinduísmo também apregoam algo semelhante. Pretendo analisar, de forma sucinta, essas razões, não necessariamente na mesma ordem em que aparecem na revista.

Compromisso light

Primeiro, a questão sobre a flexibilidade da doutrina espírita, que não exige compromisso das pessoas. Não se trata de um privilégio do espiritismo. É o mal da época. A falta de compromisso, o crescimento da economia informal, a quebra de contratos (e aqui entra também a multiplicação dos divórcios), o enfraquecimento da pertença ou filiação religiosa (chamada de trânsito religioso), mostram como a falta de compromisso hoje está em alta.

Uma boa parte do mundo evangélico também vive a fé cristã de acordo com o que for mais conveniente e não de acordo com o que é correto à luz da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Portanto, isso não pode ser apresentado como uma característica positiva de fidelidade religiosa.

Ao contrário, homens e mulheres da Bíblia e muitos vultos ao longo do cristianismo sofreram e deram as suas vidas pela fé que abraçaram. É o que declarou o apóstolo Paulo: “Trago em meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gálatas 6.17). Ao seu discípulo Timóteo escreveu: “Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Jesus Cristo” (2 Timóteo 2.3).

Paulo explica ainda: “Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2Coríntios 12.10). Pedro afirma numa suas cartas que o sofrimento é necessário (1Pedro 1.6). Entretanto, esses ensinos, revelados por Deus nas Escrituras, não combinam com o espírito hedonista que tomou conta da sociedade atual, dominada pelo prazer e egoísmo.

A morte e a vida além

Segundo a revista, uma outra razão para o sucesso do espiritismo é a sua doutrina de que a vida não termina na morte, mas é seguida pela reencarnação. De acordo com o espiritismo, “reencarnar é voltar ao corpo físico” e que a reencarnação é “o maravilhoso instrumento que Ele [Deus] nos oferece para a nossa própria redenção”. [1] No túmulo de Kardec está escrito o seu lema: “Nascer, morrer, renascer e progredir sempre; está é a lei”.

Para que serve então a reencarnação? Segundo o espiritismo, ela serve como um meio de purificação de pecados e progresso contínuo até a perfeição. O objetivo da reencarnação é, pois, “expiação, prova, melhoramento progressivo da humanidade” [2] .

O alvo de cada existência é que o espírito procure redimir as faltas e os males cometidos na vida anterior: “Toda falta cometida, todo mal realizado, é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não o for em uma existência se-lo-á na seguinte ou seguintes...” [3]

Salvação e reencarnação

É impossível conciliar a doutrina da salvação e purificação de pecados apresentada na Bíblia Sagrada com a crença reencarnacionista. Se a reencarnação for um sistema de expiação, o que estava então Jesus fazendo na cruz? Estava se divertindo? Ou não sabia o que estava fazendo ao morrer uma morte tão cruel?

Sem dúvida que não, pois até mesmo o espiritismo o considera o mais elevado de todos os mestres. A Bíblia ensina a impossibilidade da reencarnação ao comentar sobre o tratamento que Deus deu ao povo de Israel no deserto: “Contudo, ele foi misericordioso; perdoou-lhes as maldades e não os destruiu.

Vez após vez conteve a sua ira, sem despertá-la totalmente. Lembrou-se de que eram meros mortais, brisa passageira que não retorna” (Salmo 78.38,39). Sobre uma criança que nasceu entre a vida e a morte e que depois de alguns dias faleceu, Davi comentou: “Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim” (2 Samuel 12.23).

Esses textos mostram claramente que é impossível alguém voltar à este mundo como ensinam os reencarnacionistas. O apóstolo Paulo escreveu que tinha desejo de partir (morrer) e estar com Cristo (Filipenses 1.23) e não de reencarnar. Aos crentes da cidade de Corinto escreveu: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5.8).

As Escrituras Sagradas afirmam abertamente que Cristo morreu pelos desígnios eternos de Deus ao mencionar o Cordeiro (Jesus) que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13.8). Segundo as Escrituras, para ser salvo, é preciso crer em Cristo (Atos 16.16), nascer de cima, do alto (João 3.3, 5), ser uma nova criatura ou criação (2Coríntios 5.17).

Observe o que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Roma: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é o Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para a justiça, e com a boca se confessa para a salvação.

Como diz a Escritura: Todo que nele confia jamais será envergonhado. Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam, porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Romanos 10.9-13).

A Bíblia diz com muita clareza que o ser humano só pode ser perdoado ou purificado dos seus pecados através da morte e do sangue de Jesus Cristo. O autor da carta aos Hebreus afirma a importância do sangue e da morte de Cristo na cruz para a nossa salvação ao escrever: “Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hebreus 10.19, 20).

O apóstolo Pedro também declara que o cristão não é redimido por meio de coisas perecíveis como prata e ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito (1 Pedro 1.18, 19). O apóstolo João afirma que é o sangue de Jesus que nos purifica dos nossos pecados (1 João 1.7 e Apocalipse 1.5). Há muitos outros textos na Bíblia que corroboram essa verdade.

Onde entra a reencarnação em todos esses textos bíblicos, escritos, não por inspiração de espíritos que nem se sabe de quem são, mas por inspiração do Espírito Santo, como declarou o apóstolo Pedro: “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém da interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.20, 21)?

O espiritismo é racional?

Quanto à doutrina espírita basear-se num conjunto de idéias muito bem sistematizado, sendo, portanto, passível de aceitação racional, precisa de uma resposta. O espiritismo procura firmar-se em três pilares principais: a comunicação com os mortos, a reencarnação e a salvação pela prática das boas obras.

Todos esses pilares do espiritismo são condenados pela Palavra de Deus. Sobre a comunicação com os mortos, veja Deuteronômio 18.11, 12 e Isaías 8.19, 20. A crença na salvação pela prática das boas obras é amplamente refutada nas Escrituras. Basta ler Efésios 2.8, 9; 2 Timóteo 1.9 e Tito 3.5-7. Agora, abraçar a tais doutrinas do espiritismo, claramente condenadas pela Palavra de Deus, é algo racional?

Mas, há outras questões intrigantes no espiritismo. Um delas é o ensino de Allan Kardec de que outros planetas são habitados: “De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente; Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter, muito superior, em todos os sentidos...

Muitos Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados em Júpiter” (O Livro dos Espíritos, capítulo IV, 188, nota 1). Os espíritos também ensinaram a Kardec que o planeta Marte não tem qualquer satélite, que Saturno só tem um anel formado pelo mesmo material do planeta, e que algumas estrelas como Sírio são milhares de vezes maiores do que o sol (A Gênese, capítulo VI, 27).

Ao contrário do que os espíritos ensinaram a Kardec, a ciência já descobriu que Marte possui dois satélites, que o anel de Saturno não é formado da mesma matéria do planeta e que Sírio tem um tamanho entre 13 a 15 vezes maior do que o sol. Tudo isso é racional? É lógico que não. Trata-se, então, de espíritos mentirosos.

Diante das informações mencionadas acima, pode-se confiar nos espíritos que influenciaram e revelaram as doutrinas espíritas a Allan Kardec? A resposta lógica e racional é não. Se os espíritos por trás de Allan Kardec não são confiáveis quando tratam das coisas deste mundo, muito menos o serão ao tratar de coisas espirituais, coisas relacionadas com a salvação da alma e com a vida eterna.

Os espíritos também ensinaram Allan Kardec e outros expoentes do espiritismo como Léon Denis, a atacar a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Kardec declarou: “A Bíblia contém evidentemente narrativas que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia aceitar hoje em dia” (A Gênese, IV, 6).

Léon Denis afirmou: “Daí segue que não poderia a Bíblia ser considerada ‘a palavra de Deus’ nem uma revelação sobrenatural. O que se deve nela ver é uma compilação de narrativas históricas e legendárias, de ensinamentos sublimes, de par com pormenores às vezes triviais”. [4]

Ora, usar a Bíblia para formular doutrinas e atacá-la ao mesmo tempo é racional? Trata-se, no mínimo, de uma contradição. Seria como namorar uma jovem, desejar casar-se com ela e difamá-la ao mesmo tempo.

Léon Denis

Quanto à salvação em Cristo, Léon Denis afirma: “Não; a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo.

É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo”. [5] Basta comparar essa declaração de Léon Denis com Atos 20.28 para se constatar o engano do espiritismo: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”. Há muitos textos na Bíblia que demonstram os equívocos de Léon Denis (veja Efésios 4.13, 15 e Hebreus 9.11-15). Insistir com Léon Denis é racional? É óbvio que não.

Como pode alguém afirmar que a doutrina espírita se baseia num conjunto de idéias muito bem sistematizado, sendo, portanto, passível de aceitação racional, pois quando Allan Kardec codificou a doutrina espírita, deu-lhe um revestimento científico?

Como afirmar que o espiritismo se vale de uma roupagem racional no mundo moderno se as suas doutrinas são condenadas pela Palavra de Deus? E por que as pessoas não conseguem perceber isso? A resposta pode ser encontrada em 2 Coríntios 4.4: “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. O testemunho das Escrituras Sagradas permanece, afirmando que só Jesus Cristo pode salvar do pecado e da morte eterna (João 14.6 e Atos 4.12).


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[1] NÁPOLI, Allan Eurípedes Rezende et alli. O Espiritismo de A a Z. Brasília. Federação Espírita Brasileira. 1995, p. 424, 425.

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, capítulo IV, pergunta 167.

[3] KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, capítulo 7.9.

[4] DENIS, Léon. Cristianismo e Espiritismo. Rio de Janeiro. FEB. 9ª edição, 1992, p. 267.

[5] Ibid, p. 85.

Dr. Paulo Romeiro

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