A Sessão em En-Dor - O Peregrino

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sábado, 8 de maio de 2010

A Sessão em En-Dor

Seminarista Miguel Ângelo Luiz Maciel

CETEBRAM - Centro de Estudos Teológicos Batista Regular do Amazonas
Manaus – Am

“...Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou”.- I Samuel 28:14b (ACF)



O Apelo dos Espíritas

Costumam os espíritas apelar para o trecho de I Samuel 28 para dar apoio às suas convicções de que é possível consultar os mortos. E sendo parte de um trecho da Bíblia tal prática seria obviamente apoiada por Deus. Muitos cristãos fundamentalistas defendem que realmente foi o profeta Samuel que apareceu à feiticeira argumentando que as Escrituras se referem por cinco vezes a Samuel, que aquilo que foi predito pela feiticeira se cumpriu e que a médium ficou aterrorizada, significando que Deus, de forma sobrenatural, interviu na sessão fazendo uma concessão para que o profeta Samuel realmente aparecesse à feiticeira. O trecho referido mais fortemente enfatizado é: “Samuel disse a Saul...”, no versículo 15. Esta ênfase é dada por aqueles que dizem que, se não fosse realmente Samuel aquele espírito que apareceu à feiticeira, a Bíblia teria mentido e ficaria assim comprovado que as Sagradas Escrituras não são de fato a Palavra de Deus. Seria tudo isso realmente possível? Devemos observar o fato dentro de todo o contexto bíblico e nunca isoladamente.

Gostaria de expor meu ponto de vista sobre o assunto à luz da Bíblia, começando por:


Algumas poucas palavras sobre Saul...

Apóstata, decadente, degenerado, desastrosamente obstinado, praticante de feitiçaria e por fim um suicida. Sua vida em crescente declínio nos mostra que Saul entregara-se à sua vil natureza humana. Mesmo diante de todos os conselhos de Deus, jamais teve sua natureza transformada. Jamais verdadeiramente arrependido de seus erros. Jamais obediente. Saul foi orgulhoso e irreverente (I Samuel 13), obstinadamente adentrou pelo erro (I Samuel 14), desobediente e mentiroso (I Samuel 15), finalmente entregue ao tormento maligno que aceleraria seu triste fim (I Samuel 16:14). Parece aqui se cumprir o que nos diz o apóstolo Paulo sobre o homem carnal e inconverso em Romanos 1:24a “Por isso Deus os entregou às concupiscência de seus corações, à imundícia...”

Saul foi rejeitado por Deus (I Samuel 15:26) como o Senhor Jesus Cristo rejeitará aqueles que dizendo-se seus seguidores nunca fizeram parte do eleitos de Deus, nunca jamais nasceram de novo, mesmo tendo ouvido da Palavra do próprio Deus (Mateus 7:15~27; Lucas 13:23~28; João 3:3~5; Hebreus 12:17; Romanos 9:13~23).

Saul é o homem carnal que não pode obedecer a Deus, mesmo diante de Suas maravilhas claramente expostas. Seu pecado de desobediência a Deus, tão grave é, que o Senhor nos faz uma esclarecedora declaração que nos mostra o caminho que o coração de Saul estava trilhando: “Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado da feitiçaria , e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” ( I Samuel 15:22 e 23, ACF - ênfase minha).

Já não havia diferença entre Saul e um feiticeiro, pois seu coração, sua natureza degradada, jaz diante de Deus, destituído da Sua Glória (Romanos 3:23). Não há diferença entre os homens, sejam eles ricos ou pobres, reis ou plebeus, religiosos ou feiticeiros, idólatras ou ateus. Todos diante de Deus estão mortos espiritualmente e carecem da misericórdia de Deus. Precisava ele buscar uma feiticeira para ser rejeitado por Deus? Não. Em seu vil coração, não havia diferença entre Saul que desfrutou da palavra de Deus e a rejeitou, e um idólatra que nunca houvesse tido o privilégio de receber das ricas instruções do Senhor. É assim a realidade humana para todos aqueles que estão debaixo do pecado e da ira de Deus (João 3:18 e 36). Saul, portanto, em seu coração já havia cometido o pecado da feitiçaria, assim como o adúltero o é primeiramente em seu coração (Mateus 5:28).

Queres tu, pois, amado leitor, que ainda não és crente, saber a diferença entre o salvo e o perdido? Jesus Cristo, o Filho de Deus. Arrepende-te verdadeiramente, pois posição alguma neste mundo, inteligência alguma, obra alguma pode justificar-te diante de Deus, a não ser o Senhor Jesus Cristo (João 3:16, Atos 2:21, 37 e 38; 4:12, 16:30 e 31; Romanos 10:9 e 13).



Razões Bíblicas que nos mostram que a Sessão de En-Dor foi forjada por Satanás

A primeira pergunta que poderíamos fazer é: Porque Deus deixaria registrado nas páginas das Sagradas Escrituras algo que não nos trouxesse uma preciosa lição? Não é a Bíblia toda apta para o ensino (2 Tim. 3:16)? Ora, é evidente que sim.

Para tal Deus nos mostra claramente como Satanás pode forjar uma aparição enganosa, transfigurando-se e até mesmo dando poder aos falsos apóstolos (II Coríntios 11:13-16; I Timóteo 4:1; Apoc. 16:14; 2 Tess. 2:9). Os crentes não se devem, pois, se deixar levar pelos enganos de Satanás, nem mesmo se maravilhar ou espantar com estes, mas perseverar na verdade. Paulo não permitiu que as pessoas tivessem por confirmada a obra de Satanás quando este usou uma mulher para atormentá-lo (Atos 16:16~18). Ora, o espírito de adivinhação, claramente um demônio, falava uma verdade, para que as pessoas tivessem a mulher como alguém em quem confiar, daí procedendo a mentira e o engano. Daí a importância da repreensão de Paulo. Oh, amados irmãos, quão importante é a atitude do cristão em denunciar o erro, não sendo conivente com ele e continuando a batalhar pela fé, custe o que custar (Judas 3).

A Bíblia nos mostra que a sessão de En-Dor foi uma ação forjada por Satanás, pois:

§ O Senhor Deus jamais agiria em contrário a Si mesmo e à Sua Palavra. Deus sempre condenou feiticeiros e necromantes, e nunca jamais poderia fazer concessões de Suas verdades reveladas, pois isso seria contrário a Sua Natureza e Deus não seria Deus. (Êxodo 22:18; Deut. 18:9~14; Malaquias 3:6; Hebreus 13:8 e 9; Isaías 8:20, 40:8; Lucas 16:17, 21:33). Se isto tivesse ocorrido então haveria espaços para os atuais novos apóstolos, para as mulheres pastoras, para os casamentos homossexuais, para os adultérios permissivos dos casamentos abertos, para as músicas profanas e para todas as outras sortes de abominações condenadas claramente por Deus em Sua Palavra revelada. Se Deus tivesse permitido tal endosso a uma sessão condenada por Ele anteriormente, teria dado a impressão que a consulta aos mortos não seria algo tão mau assim e seria contrário ao que diz a Palavra de Deus de que não é possível o contato dos vivos com os mortos (Jó 7:10; Eclesiastes 9:6; Isaías 63:16; Lucas 16:31).


§ Se Deus em Sua Soberania se recusou a responder a Saul enquanto Samuel vivia e, mesmo depois de sua morte, pelos meios que Ele próprio havia estabelecido (“E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profeta”. I Samuel 28:6, ênfase minha - ver também I Samuel 15:35, 16:14.), por que responderia a Saul quando este apelou a um meio proibido, fazendo algo que Deus nunca duplicou? Deus jamais teria cedido ao desejo de Saul de receber outra revelação pelos meios lícitos. Muito menos então cederia a Saul pelos meios ilícitos.


§ A Bíblia afirma claramente que a feiticeira viu “deuses” subindo da terra (I Samuel 28:13). A palavra hebraica aqui usada é”elohim” (no plural) e indica que a mulher viu “anjos com aspectos divinos”. Eram de fato espíritos familiares ou demônios. Eles com “prodígios de mentira” (II Tess. 2:9) se fizeram passar por Samuel.


§ Saul disse a mulher quem ela deveria chamar (I Samuel 28:11). Se tivesse algum poder já saberia de imediato a quem Saul queria invocar. Os demônios mostraram a mulher quem era o homem que estava com ela (I Samuel 28:12).


§ Importante: Ambas as frases mal interpretadas pelos defensores do espiritismo “Vendo, pois, a mulher a Samuel...” do versículo 12 e “Samuel disse a Saul...” do versículo 15, podem ser claramente entendidas conforme nos explica J. K. Baalen: Elas são na verdade ‘a tradução do que a mulher falou a Saul, ou seja, que ela estava vendo a Samuel e que foi chamado de Samuel aquilo que se parecia com Samuel, tal como os anjos que se parecem como homens são chamados de homens (Gênesis 18:1, 2; Daniel 9:21), ou como os homens são chamados de deuses porque se assemelham a Deus ou O representam sob certos aspectos ou posições (Gênesis 1:26 3 27; Salmos 82:6)’ [ “O Caos das Seitas”, pág. 43]. Isto também pode ser compreendido ao investigarmos na Bíblia a frase: “E se arrependeu Deus...” - Gênesis 6:6 ; Êxodo 32:14 ; Juízes 21:15; 1 Samuel 15:35; 2 Samuel 24:16; 1 Crônicas 21:15; Jeremias 26:19; Amós 7:3 e 6; Jonas 3:10. Logo compreendemos ao lermos os textos que quando é utilizada a palavra hebraica “nacham” (traduzida por “se arrependeu”) ela tem o sentido de que Deus teve pura compaixão, ou compadeceu-se. Seria uma discrepância assimilarmos a palavra no sentido que somente pode ser aplicada aos homens, pois nós sabemos que “aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa”. (I Samuel 15:29 - ACF).


§ O verdadeiro Samuel jamais mentiria. O espírito que a mulher viu, no entanto, mentiu duas vezes. Primeiro: afirmando que Saul o teria perturbado em seu descanso. Se Deus tivesse feito Samuel aparecer, isso não seria jamais atribuído a Saul ou à feiticeira. Deus era o único que poderia ter ordenado tal coisa (I Samuel 28:15). Segundo: afirmando que Saul estaria com ele. Se fosse realmente Samuel que estivesse presente não poderia afirmar que Saul iria para o mesmo lugar que o profeta (Lucas 16:26).


§ O verdadeiro Samuel jamais teria aceitado a adoração de Saul, quando este s prostrou com o rosto em terra (I Samuel 28:14b). Os verdadeiros enviados de Deus nunca aceitariam tão honraria que somente pode ser dirigida a Deus (Atos 10:25 e 26, 14:10~15; Apoc. 19:10, 22:8 e 9).


§ Saul NUNCA viu a Samuel e a Bíblia deixa isso muito claro no versículo 14, quando diz “Entendendo Saul que era Samuel...”. Ou seja, Saul acreditou nas mentiras dos demônios e na mulher, chegando à conclusão própria e convicta de que ela invocava verdadeiramente ao profeta e que ela não mentiu quando afirmou que era realmente Samuel quem ela estava vendo ou incorporando. Saul não obedeceu a Deus, mas acreditou nas obras dos demônios. Isso pode ser facilmente diferenciado em Mateus 17 e Lucas 9, quando apareceram Moisés e Elias a Jesus. Os apóstolos viram a manifestação de Deus naquele dia. Se fosse algo vindo de Deus, Saul teria visto a Samuel assim como Pedro, Tiago e João viram a Moisés e Elias.


§ A Bíblia afirma claramente que Saul morreu por causa daquilo que Deus não lhe outorgou realizasse (I Crônicas 10:13).


§ O que os demônios disseram a Saul, por meio da feiticeira, não era algo novo, não era uma nova profecia e por isso não pode ser argumentado como o cumprimento de uma predição inédita. Deus já havia dito a Saul o que lhe sucederia por meio do profeta ainda vivo (I Samuel 15: 16, 23, 26 e 28). Os demônios que se faziam passar por Samuel falaram por intermédio da médium, lembrando de uma profecia verdadeira de Samuel usando-a para que Saul acreditasse tratar-se de algo divino.


§ No fim da reunião macabra e satânica Saul e seus servos comeram com a feiticeira, o que significou comunhão íntima nas obras das trevas (I Samuel 28:21~25). Nenhum servo de Deus pode ter tal comunhão com o profano (I Reis 13:8,9 e 18 a 24; Efésios 5:11; I Coríntios 10:21).


Porque então Deus deixaria registrado nas Sagradas Escrituras tal cena, tão contrária àquilo que Ele mesmo proibiu, algo que Ele determinou que fosse punido com a morte? O Senhor não deixou tal fato para confundir seus santos ou para dar permissividade a algo que Ele abomina, como pretendem os espíritas. É justamente o contrário. Seu propósito é o de alertar aos seus servos que os demônios fazem prodigiosas aparições para atender aquilo que os que rejeitam Deus procuram encontrar – revelações longe do Criador. Deus nos mostra que as feiticeiras têm parte com demônios e que elas são usadas por satanás para ludibriar aqueles que nunca foram transformados pelo poder de Deus, nunca nasceram de novo.

Não podemos defender que seja verdadeiro e vindo de Deus uma ação vinda do inferno e pela eficácia de satanás. Devemos discernir espiritualmente e não ter parte com o cálice dos demônios. (I Coríntios 2:14; I Coríntios 10:21). Se isso acontecesse poderíamos, quem sabe, de vez em quando, participarmos de sessões ecumênicas com os espíritas esperando que talvez Deus nos desse outra revelação através dos profetas, apóstolos ou pastores que já partiram para a eternidade. Meditemos um pouco a respeito disso e não queiramos deturpar a palavra de Deus para defender doutrinas de demônios ou, pelo menos, estranhas e diversas das Sagradas Escrituras.

As Sagradas Escrituras nos mostram claramente que:

§ Buscar os mortos é prática proibida: Êxodo 22:18; Levítico 20:6;

§ A prática do espiritismo destruiu nações e, em conjunto com outros pecados, causou a morte de Saul (I Crônicas 10:13);

§ Israel sempre conviveu com esta apostasia e adultério espiritual assim como convive a igreja atual (I Tim. 4:1 e II Tim. 4:3 e 4);

§ Nos últimos dias espíritos de demônios sairão a enganar as nações pela boca do anticristo (Apoc. 16:13 e 14).

O espiritismo abertamente rejeita a Cristo e jamais poderia Deus compactuar com tais práticas (I João 4:1-3). Poderiam, pois seus filhos, os salvos, eleitos, nascidos no reino, verdadeiros crentes defender tais ensinos? Não queiram, pois os ministros de Deus ensinar tal contradição à Palavra de Deus. Isso só serviria para gerar confusão e tormento no meio da igreja e nunca edificação.

Que Deus abençoe a todos, santificando-nos em Suas verdades (João 17:17).

Em Cristo Jesus,

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